Capítulo 9 – Os Pensamentos de Hiei
Hiei não respondeu nada e Kurama continuou esperando que ele falasse alguma coisa, mas ele não conseguia mover os lábios para dar sua resposta, e mesmo se conseguisse iria acabar xingando Kurama e batendo nele! Levantou-se, acalmou-se e encarou o amigo 'Não sei o que responder...', andou até a beirada da encosta em que estava e sentou-se sozinho, longe de todos.
Sua mente estava vazia, olhava para a escuridão do céu e não conseguia pensar em nada, somente a pergunta de Kurama ecoava em sua mente, mas ele ainda não queria pensar na resposta porque não sabia qual era o significado da pergunta, o que era "amar"? Para ele era uma coisa que apenas os mais tolos, mais cretinos e mais idiotas faziam, e ele não sabia o que ela aquilo porque ele não era tão tolo, nem tão cretino e nem tão idiota, ou será que era e não sabia? Não, não, isso era impossível! Um youkai frio como Hiei "amar" alguém... Hiei riu. Não sabia nem conjugar o tal verbo "amar", nunca tinha usado essa palavra em pensamentos como fazia agora.
Olhou para baixo e continuou a pensar, - Hn... Se eu amo a Yami? Eu não sei! O que eu sinto quando eu estou perto dela? É estranho... Arrgh... Porque o Kurama foi me perguntar isso? Agora não sai da minha cabeça e eu tenho que ficar pensando nela quando eu já estava esquecendo! Que raiva! Eu não sei o que é essa droga de "amar", e também não quero saber! Eu nunca fui amado na minha vida, e posso dizer que a única pessoa que eu gostei um pouquinho foi a minha irmã Yukina, mas isso é coisa de família, e só. Não esse tal de amor que eles ficam falando, que as duas pessoas se gostam e vivem felizes! Arrgh... Eu não quero sentir isso, é nojento! – parou um pouco e refletiu no que estava pensando, riu quando percebeu que achava aquilo horrível.
- Será que ela sabe? Será que ela sabe como se deve sentir quando você "ama" alguém? Eu acho que não. Ela é que nem eu! Mas muitas pessoas já a amaram, Ookami, Ewan... Será que ela também já os amou? Hn... Se já amou também, o que me importa? A vida é dela! – suspirou e olhou para trás, não conseguia ver nada além das sombras dos meninos, que conversavam e riam, enquanto ele vivia um dilema. Ninguém o compreenderia, nem mesmo Kurama, ele não podia contar seus pensamentos para ninguém, era tudo muito estranho. – Eu sou um tolo! Porque eu estou aqui pensando nessas coisas? Pois, mesmo se eu a amasse, ele me odiaria! Depois do que eu fiz... – interrompeu seu próprio pensamento com uma pergunta - Porque eu fiz aquilo? – analisou por muitos instantes, lembrou-se de quando ele havia a beijado e examinou como ele havia se sentido no momento em que aconteceu. – Que raios eu estava pensando quando eu a beijei? Calma aí... Eu não estava pensando! Foi uma ação espontânea que alguma força maior me mandou fazer, que droga, eu não teria feito aquilo se eu tivesse parado para pensar! – então se lembrou de que não tinha tempo para parar e muito menos para pensar. Então se julgou estúpido, ela estava indefesa e ele, praticamente, se aproveitou.
- Ela deve realmente me odiar! – pensou, - E o que me importa? – tentava fazer essa pergunta diversas vezes, para tentar afastar os pensamentos sobre ela. Negava interiormente tudo sobre aquela cena, e se perguntava "porquês". – Hn... Já estou enjoado disso, mas eu não posso voltar pra lá, eles irão notar tudo, assim como Kurama já notou. – parou – Notar o que? Que eu estou preocupado? Mas eles também estão!! Grrr... Não se esqueça Hiei, você nunca se preocupou com ninguém e se você está se preocupando com aquela youkai baka é estranho... -.
Neste momento o rosto de Hiei estava com uma expressão de dúvida. Ele estava falando consigo mesmo em pensamentos?! Aquilo era muito estranho! Teve vontade de rir, mas desistiu, estava parecendo um louco e não era nada engraçado ser louco. – Tudo culpa dela! – pensou – Foi ela quem passou a loucura pra mim, só pode ser! Depois que eu a conheci, comecei a pensar coisas estranhas, a ter sonhos bizarros, a não conseguir dormir porque o rosto dela não saia da minha mente e a querer que ela sempre estivesse ao meu lado. QUE RAIOS É ISSO? Droga... – irritou-se, lembrando do sorriso sarcástico que ela apenas mostrava para ele, do jeito cínico que ela o tratava, exatamente da mesma forma que ele fazia. Estava quase sorrindo enquanto lembrava do rosto de Yami, cada detalhe que ele havia percebido, a cor dos olhos, da pele, dos cabelos, também lembrava de quando havia tocado seu rosto com as mãos ásperas e sentido a pele macia, seus cabelos tinham um cheiro doce e suave. Levou uma das mãos até sua boca, lembrando-se do toque dos lábios dela, seu coração batia tão forte que pensou que dava para escutar as pulsações a quilômetros de distancia. Parou novamente. Estava completamente acabado e sentindo-se um palerma. Só de pensar em momentos assim parecia que se derretia, e isso era uma coisa muito confusa para a cabeça dele.
- Eu a amo? – perguntou novamente, para conseguir se lembrar do porque estava ali. Queria poder responder logo "NÃO", mas não podia. Não odiava a Yami, mas não sabia o que era amor, ninguém tinha explicado pra ele e ele tinha medo de descobrir sozinho. Na verdade, ele estava travando uma batalha para conseguir entender o que era isso. Irritou-se. – DROGA! SAI DA MINHA MENTE! – começou a bater em sua cabeça, com muita força, não estava mais agüentando aquilo.
