SEJA MINHA

Nota: Desculpe a longa ausência em postar esse fic...momentos de falta de inspiração são uma chatice...--""" (odeio esses Hiatos!)

Esse fic é um presente para a minha amiga Megawinsone.

CAPÍTULO 4:

Tetis entrou no quarto que usava, fechando a porta atrás de si, e respirando profundamente. Como se deixou ser seduzida assim? Deveria ter resistido mais. Mas como negar o tremor que sentia toda vez que mirava aqueles olhos tão belos quanto melancólicos?

Do calor que seu corpo sentiu ao ser tocada por ele, beijada por ele. As lembranças da sua primeira noite com Hades a fizeram ruborizar.

"O que eu fiz?"-murmurou sentando-se no chão e abraçando as pernas, sentindo as lagrimas aflorarem.-"Preciso ir embora daqui."

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Hades fitava a paisagem da janela dos aposentos destinados a ele em seu templo. Era a visão agradável do mar, sob o sol da manhã. Mas o imperador não encontrava beleza alguma naquilo. O mar o lembrava da sereia no quarto não tão longe dali, que ela desejava retornar para ele, para bem longe de sua pessoa.

Por que se incomodava com essa idéia? Não já teve o que desejava? Possuiu a mulher, satisfez sua paixão...mas por que a idéia de deixa-la ir causava uma incomoda sensação ao seu estomago?

"Tolice."-resmungou dando-lhe as costas a paisagem.-"Esses sentimentos são tolices."

Já passara pela desventura de ter amado loucamente uma mulher e pela dor de ser rejeitado por ela. Como se arrependera do que fizera a Perséfone e a si mesmo. De imputar-lhe a doce deusa a infelicidade de viver na escuridão de seu reino. Nem o paraíso que fizera com seu poder nos Elíseos não foi capaz de fazer com que Perséfone lhe dirigisse um único olhar de gratidão, nem um sorriso doce...Só a sombra de tristeza e a revolta por sua condição,recebera em milênios de convivência. Uma união tão infeliz, que nem um filho sequer fora gerado, aumentando sua tristeza. Tornando-o cada vez mais frio e distante.

Até que finalmente cedera aos apelas de sua esposa e lhe deu a liberdade que tanto ansiava. Com profunda dor libertou-a de seu casamento infeliz, e permitira que ela partisse para o Olimpo, com a sua mãe Demeter. Voltou a ser Cora...e a solidão foi sua companheira desde então.

Jurou que jamais voltaria a permitir que o amor, esse tolo e inútil sentimento que Afrodite e seu indomável filho Eros tanto celebram e defendem, que Atena proclama ser sua maior arma, o dominasse novamente. Jurou jamais amar novamente.

"Não posso estar amando aquele mortal!"-dizia a si mesmo.-"Não posso."

Então se lembrou da maneira sensual que se rendera a ele. Dos gemidos, sussurros e suspiros que demonstravam o quão prazeroso havia sido ter compartilhado aquela noite de amor.

Amor! Novamente essa palavra o perseguia. Por todos os deuses, estaria realmente desenvolvendo esse sentimento por Tetis?

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Tisiphone cobria seu rosto e seu corpo com uma pesada capa, ao se aproximar das ruínas de um templo abandonado pelo tempo e pelo povo. Esperou ansiosa a chegada das pessoas que chamara. Ouviu o som de passos e virou-se para ver a chegada de vários homens mal encarados.

"Você é Tisiphone?"-um deles perguntara.

"Sim."-ela jogou uma bolsa de moedas de ouro antigas e preciosas.-"Ha mais destas, se realizarem um pequeno serviço para mim."

"Diga qual?"-perguntou o que era provavelmente o líder, um homem rude com um tapa olho sobre o olho esquerdo, enquanto examinava as moedas.

"Quero que levem uma pessoa para longe daqui. Para longe de meu senhor Hades."

"Quem?"

"Uma mulher chamada Tetis. Ela é uma sereia de Poseidon e..."

"Espere! Uma sereia?"-pediu o líder desconfiado.-"Sereias não são pessoas comuns. Uma sereia pode matar a todos aqui com um golpe só!"

"Não sou tola e sei que você não é também. São soldados que serviram Poseidon antes dele cair derrotado por Atena, que fugiram do Santuário Marinho para não morrerem."-afirmou com um sorriso maligno.-"Em todos os anos que serviu naquele lugar, não sabe como pegar uma sereia?"

"Acaso a mulher a que se refere, chama-se Tetis?"-perguntou interessado.

"Sim."

"Lembro-me dela."-e sorriu.-"Uma mulher linda! O preço que nos ofereceu triplicou."

"O que!"-Tisiphone espantou-se.

"Eu disse que a conhecia. E sei que ela não é uma simples mulher."-cruzou os braços.-"Diga-me, por que quer se livrar dela?"

"Não interessa!"-resmungou a sacerdotisa de volta.

"Se não me interessasse não perguntava. E não minta, saberei se tentar me enganar."

"Ela...se tornou amante de Hades. E eu a odeio por isso."-falou entre os dentes.

"Mulheres. Sabem ser vingativas quando ciumentas."-o homem comentou e deu uma gargalhada.-"O preço vai ter que aumentar mais...afinal, é a concubina de um deus. E se ele se enfurecer?"

"Conheço meu lorde."-deu um sorriso irônico.-"Logo se cansara dela."

"Então por que quer ..."

"Eu não gosto dela. Apenas isso."-sorriu novamente, de maneira maligna.

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Um dia se passou desde aquela noite em que se entregara a Hades, e Tetis preferiu afastar-se do deus dos mortos, mas isto se provou ser uma tarefa difícil. Primeiro por estar em seu templo e por conseqüência, sua propriedade. E em segundo, a tentação de revê-lo era maior que sua força de vontade no momento.

Caminhando pelos jardins, viu Tisiphone dando ordens a um servo. Quando a sacerdotisa a viu, sorriu como se visse uma boa amiga.

"Parece-me mais bem disposta."

"Estou bem."-olhou para os lados como se não quisesse que mais ninguém as ouvisse.-"Tisiphone, o deus Hades disse que eu poderia partir quando estivesse recuperada. Pois bem, estou recuperada. Quando haverão barcos para me levarem ao continente, ou terei que sair daqui a nado?"

"Pretende voltar ao Santuário Submarino?"

"Não."-e baixou o olhar.-"Meu dever é com Poseidon. Devo partir o quanto antes."

"Eu posso providenciar isso."-falou Tisiphone seria.-"Embora eu já estivesse acostumada com sua presença. Tem sido uma companhia agradável, Tetis."

"Não posso ficar!"-falou com convicção.-"Tenho que ir."

"Partir?"-a voz profunda de Hades a assusta. Não havia percebido sua aproximação.

"Sim!"-respondeu sem encarar seus olhos.

Hades faz um sinal para que Tisiphone os deixasse a sós, e foi obedecido. Mas a sacerdotisa amaldiçoou a sereia por estar sendo tratada como uma reles criada diante de seu deus. Sozinhos, Hades refletiu antes de reiniciar uma conversa.

"Não quero que parta."-fala de uma vez.

"Prometeu que ao me curar, poderia partir."-ela o lembrou, já irritada.

"Sim...mas isso foi antes de compartilharmos minha cama."-respondeu com frieza.

"Quer me manter aqui como sua amante?"-perguntou perplexa.

"Não a considero uma amante qualquer, Tetis."-jamais a consideraria assim.-"Gosto da sua companhia, do seu jeito prepotente de se dirigir a mim, me tratando como um homem, ao invés do respeito que um deus mereça."

"Se espera que eu baixe a cabeça para você, esqueça."-virou o rosto.

"Eu não desejaria isso."-ele toca em seu queixo, e com vagar a obriga encara-lo.-"É exatamente este espírito indócil que me atrai em você. Sua beleza incomum...seus doces lábios."

Tetis engoliu em seco.

"Não quero que parta. Quero que fique, comigo."-precisava conquista-la...principalmente sua confiança.

Decidiu que o primeiro passo para conquistar sua confiança, era pedir sua permissão e não ordenar.

"Posso beija-la, Tetis?"

Tetis ficou estática, mas ao contrario do que ele esperava, ela não recuou. Um tímido passo para frente e o fitou, entreabrindo os lábios. Esse gesto, o deus do Submundo interpretou como um sim.

Conduziu-a para as sombras de seu jardim, e Tetis não ofereceu resistência quando a tomou nos braços. Escondidos pelas heras que cobriam muros e estatuas, sentindo o odor das flores, segurou-a pela nuca e inclinou a cabeça, beijando-a com ardor e sendo correspondido com igual entusiasmo.

Hades a pressionou contra uma coluna, seu corpo inteiramente colado ao dela. Tetis acariciava os cabelos longos e negros dele, fazendo com que o deus ousasse em suas caricias, tocando-a exatamente nos pontos que a fizeram suspirar e gemer de encontro a sua boca.

Por um instante a razão e o pânico falaram mais alto e ela murmurou:

"Vamos parar com isso...por favor..."

Porém, o que lhe restava de bom senso desapareceu quando ele acariciou seu rosto, os dedos seguindo a curva do pescoço e repousando atrevidos em seu seio.

"Quero você agora..."

O deus determinou, estreitando-a nos braços, e sem a menor pressa roçou-lhe os olhos e a boca com os lábios, ela não conseguiu mais resistir. Se entregou novamente a Hades...de corpo e alma.

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Tisiphone entrou em seus aposentos com a fúria de uma tempestade, jogando ao chão os objetos que estavam em cima de sua penteadeira, quebrando-os. Depois mirou-se no espelho...tocando em seu rosto.

Sua beleza não era a mesma de quando chegara na ilha, e como tantas antes dela, caíram nos encantos do seu imperador, satisfazendo seus desejos carnais...mas todas eram na manhã seguinte esquecidas. Ele as usava para tentar apaziguar as saudades que sentia da esposa que amou e nunca fora correspondido.

Para Hades, Tisiphone era mais uma que compartilhou seu leito...por que não era assim com a sereia? Sentia ciúmes de todas as jovens que foram suas amantes...mas nunca sentiu ódio como o que sente por Tetis. Havia algo mais, um brilho no olhar de Hades todas as vezes que a via. Um brilho que nunca outra despertara...nem ela.

"Por que?"-murmurou ao tocar em uma marca de expressão em seu rosto.-"Por que não despertei aquele brilho em seu olhar?"

E com toda a raiva que mantinha dentro de si, quebrou o espelho jogando-o ao chão.

"Eu me livrarei dela."-murmurou.

Continua...