Subiu o zíper da jaqueta de couro negro, gerando um irritante barulho metálico. Deu uma última checada no seu visual, tudo Ok, deslizou as mãos pelo cabelo mais uma vez e, abrindo a gaveta de madeira, retirou alguns preservativos. A maioria dos clientes não gostava de usá-los, mas também não tinham outra chance ao transarem com um prostituto: nenhum deles estava disposto a correr o risco de contaminar-se com alguma doença, já que sabiam que gente como ele "passava" por vários. Muito embora não era raro algum bêbado alterar-se demais a ponto de recusar-se a vestir a camisinha. Nessas vezes temia contrair AIDS ou outra DST, mas nada podia fazer, principalmente porque esses costumavam ser tipos violentos que o machucavam se tentava forçá-los a colocar camisinha.

Abriu a porta do apartamento e, assim que a transpôs, guardou a chave da mesma no único bolso do indiscreto e justo short de couro preto. Desceu os degraus cimentados sem pressa, não gostava mesmo daquela hora. Tomou a rua e, ao sentir o sereno tocar-lhe a pele, deixou um leve gemido escapar, abraçando os próprio braços numa vã tentativa de se aquecer na noite não tão fria assim. Caminhou tranqüilamente, volta e meia sendo alvo de provocações e xingos de drogados, desviando-se espertamente de alguma briga ou discussão acontecendo ali no seu percurso, principalmente entre as garota com seus namorados, até avistar o brilho néon dos letreiros da avenida a que se destinara. À sua frente o burburinho de pessoas aumentava, uma agitação comum àquela hora, foi ao seu ponto, frente a uma grande farmácia branca.

Parou, ajeitando-se melhor, enquanto buscava com os olhos por rostos conhecidos, queria saber quem seria o pessoal daquela noite. Viu de repente um garoto passando ao seu lado com certa dificuldade.

" Shane, o que houve? Esteve com Dilan de novo? " perguntou, preocupado.

O menino mirou seus olhos pouco mais claros que os de Duo em sua direção, sua expressão cansada estampada no rosto delicado.

" Não foi nada, tá tudo bem. " praticamente sussurrou as três palavras finais.

" Ahh, eu já não te disse para se afastar dele? "

" Vá cuidar da sua vida, Duo. "

" Olha aqui, se ele te bater de novo, eu vou mesmo vou falar com ele. "

Deu de ombros, não estava a fim de conversar agora, seu mau humor aumentara bastante depois da surra que levara. Alguns fios castanhos caíram sobre a face que tinha traços alegre para um rosto sempre triste e duro. Continuou andando alguns metros, parando no seu local de sempre. 1

Duo suspirou pesadamente, tinha ganas de esfolar o maldito que o machucava constantemente. No fundo, não queria que aquele jovem tivesse que passar por tudo aquilo, era tão novo, tinha só 16 anos... Voltou sua atenção para a rua, já que Shane preferia ostentar um ar indiferente, observando o movimento. Viu os travestis do outro lado, aquela era uma rixa que mantinham há tempos, numa disputa por clientes freqüente. Haviam acabado de chegar, com suas falas altas e trejeitos amalucados. Não eram más pessoas, contudo não podiam despender de seus "clientes", ainda tinham de competir com as mulheres de verdade e, mais aqueles garotos que se vestiam com roupas indecentes, provocantes, em suas aparências andróginas, mas sem usarem do transformismo como "elas", colocava a todos num páreo difícil. Era muita gente disputando poucas "ofertas"!

Mandy crispava os dedos nos cachos loiros, sorrindo de forma atrevida para o moreno, como se o desafiasse. Respondeu no mesmo tom, erguendo o queixo de forma convencida, o que irritou o travesti.

" Pro inferno, seu tratante! " gritou do outro lado, fazendo-lhe gestos obscenos.

Duo apenas riu, adorava provocá-la. Os outros travestis ao lado da loira acompanharam-na na saraivada de palavrões. 2 Ia devolver-lhes aquelas palavras tão gentis, quando sentiu uma mão tocando seu braço. A jovem vestia uma blusa tomara-que-caia azul-celeste, uma calça preta agarrada que delineava suas formas e uma sandália de salto fino, seu cabelo castanho claro caía-lhe sobre os ombros em grandes cachos, os olhos verdes apagados por uma maquiagem mais pesada. Pensou no quanto Isabelle ficava diferente daquele jeito.

" Bélly, o que tá fazendo aqui? " franziu o cenho, o ponto da amiga era bem mais adiante.

" Uns punks tavam mexendo com as meninas, acho que estavam meio grog . " sorriu sem graça " Não queria ficar sozinha lá. "

Passou um braço entorno da jovem, acolhedoramente.

" Fez bem de ter saído de lá. Vem, fica aqui comigo. " puxou-a para si.

" Ae, Maxwell, tá arrastando mais gente pro teu lado, é? " os travestis provocavam, rindo.

;-;-;-;-;-

" There's a peddler a pusher standing on the corner

There'a a junky on the streets with some crack to warm her

Down and out in the city she's working as a hooker

So the system took the freedom to overlook her

She don't exist that's made her feel the hate

She's just a victim of the world that we create

She didn't have a chance man she didn't want to do it

But she never got the choice so she just said screw it

She took it to the bottom just trying it all

Knowing that nobody even cared at all

Don't deny her needs take a look at yourself

Before you start talking 'bout anybody else "

xxx

" She came looking for some shelter with a suitcase full of

dreams

To a motel room on the boulevard

I guess she's trying to be James Dean

She's seen all the disciples and all the wanna be's

No one wants to be themselves these days

Still there's nothing to hold on to but these days "

( Ela veio procurar por algum abrigo

com uma mala cheia de sonhos

Por um quarto de motel na avenida

Acho que ela está tentando ser James Dean

Ela viu todos os discípulos

e todos os pretendentes.

Ninguém quer ser si próprio nestes dias

Ainda assim não há nada mais em que se segurar nestes dias.)

;-;-;-;-;-

Já estava cansado de ficar em pé, esperando, então largou-se na sarjeta, apoiando as mãos no chão. Isabelle sentou-se jeitosamente ao seu lado, erguendo a visão para o céu estrelado, mas ainda assim escuro. Nicco que passava rente a eles, seus curtos fios louros ondulados, que a esta hora estavam espetados com gel, contrastando com a pele morena, usando um conjunto moletom fino, em tom cinza, com um cigarro à boca, foi interceptado por Duo.

" Ae, Nicco, me vê um cigarro? "

Sorriu de canto, pegando o maço e tirando um cigarro de lá, que estendeu à Duo, enquanto que com a outra mão procurava o isqueiro. O moreno colocou a droga na boca, deixando que o loiro o acendesse, depois deu uma tragada, liberando a fumaça pela boca.

" Valeu, cara. " sorriu travesso.

" Por nada. Aí, Isabelle, se não 'pegar' ninguém, passa mais tarde lá no bar. "

" Pode deixar, Nicco. "

O loiro sorriu feliz e voltou a caminhar, seu corpo esguio se perdendo em meio às fortes luzes da cidade. Passaram mais um tempo conversando, alguns carros trafegavam por lá, outros vinham à pé ou mesmo de bicicleta, "levando" alguns dos jovens que se amontoavam nas ruas, principalmente as meninas mais novas. Mas muitos continuavam lá, as pessoas bebendo e conversando nos bares, saindo eventualmente alguma discussão, garotos se drogando nas ruas, outros sentados por lá mesmo, bebendo, casais passeando, transeuntes que precisavam ir a algum estabelecimento ou mesmo voltar para suas residências, garotas e garotos ficando, homens querendo arranjar confusão, gente de todo tipo pelas mais diversas razões estando naquele lugar imundo. O lugar da escória da cidade, ao menos uma delas, uma vez que problemas como esses se propagavam por outros bairros da enorme cidade.

Um carro velho estacionou às suas frentes, donde podiam ver um homem de uns trinta anos, bem conservado, aparecer pela janela do veículo.

" Oh, mas que beldade! Será que a donzela faz a honra de me acompanhar? " brincou, galanteador.

Isabelle sorriu e, colocando sua mão sobre a de Duo, lhe falou meigamente:

" Vou te deixar só, agora. "

" Vai nessa, princesa. Boa sorte. " correspondeu o sorriso, acenando-lhe um "tchau".

A morena retribuiu e foi até o carro, lançando um sorriso sensual, forçado obviamente, ao motorista, e, abrindo a porta, entrou. Pela cara do homem, ele lhe falara algo picante e, arrancando com o veículo, sumiu de vista.

" Ô, Maxwell, sobramos só nós, hein! " Mandy gritou do seu lado.

" Não sabem o que estão perdendo, Mandy. " sorriu amargamente.

;-;-;-;-;-;

Jogou-se na cama, estressado. De bruços, agarrou seu travesseiro fofo, rolando pelo colchão; ficara até tarde e não conseguira nem ao menos um cliente, já era quarta vez consecutiva na semana, desse jeito ficaria sem dinheiro para comida em pouco tempo. Apertou os olhos, cansado, não queria pensar mais naquilo, deixaria para outra hora, agora estava necessitado de um sono reparador. Até porque, quem sabe tudo não seria melhor na noite seguinte, já que com essa maré de azar teria de "trabalhar" mais para repor a perda? Assim, não precisaria se preocupar tanto, era só ser um pouquinho otimista e desejar atender bastante gente nas próximas vezes.

Engraçado como de tantos desejos que podemos fazer, tantas coisas boas a pedir, muitos ainda venham a ter vontades simples. Oras, se podia querer que houvesse algum milagre, algo que o tirasse daquela vida definitivamente, por que iria querer apenas mais clientes? Bem, talvez ele realmente já não acreditasse mais na possibilidade de deixar de ser o que era, ou talvez apenas estivesse com sono demais para sonhar acordado com rumos diferentes. Virou-se de lado, um facho de luz branca das poucas estrelas do céu atravessando a janela e caindo sobre o corpo magro, e entregou-se aos braços de Morfeus, ao sono dos puros que ele jamais teria.

;-;-;-;-;-;

Entregou os papéis à secretária loira, vestida num apertado conjunto uva, que os juntava agora, sorrindo-lhe.

" Pode deixar, senhor Yuy, vou entregar para o senhor Holmes num minuto. "

Assentiu com a cabeça, voltando ao seu escritório. Estava com a cabeça em outro lugar, de tão atarefado e ocupado, pretendia almoçar apenas uma saladinha em algum restaurante e voltar logo para a empresa, tinha um projeto urgentíssimo a terminar. Mal se lembrava de seus outros compromissos, do cinema que prometera pegar com Trowa e Quatre, ou muito menos de que acertara o carro de um estranho.

;-;-;-;-;-;

O Sol, já forte no céu, batia forte em suas pestanas, forçando-o a abrir os olhos, fechando-os com força em seguida, devido a claridade. Tornou a abri-los, o relógio no criado ao lado da cama indicando meio-dia e quinze. Bocejou, criando coragem para levantar e, assim que o fez, foi até a pequena geladeira, retirando uma garrafa com água gelada e bebendo no gargalo. Dois fios do líquido escorreram por seu queixo, ao que ele levou o pulso ao local, secando-o. Devolveu a garrafa ao seu lugar e vasculhou-a para ver se a comida que tinha ainda daria para mais algum tempo.

" Hun, droga! " fez um bico ao ver somente cinco congelados, uma caixa de leite e alguns ovos " Deixa eu ver o que eu vou comer hoje... Que tal uns ovos mexidos? Hahaha! " riu diante da falta de opções.

Pegou três ovos e os cozinhou 3, pegou uma laranja da mini-fruteira e fez um suco, sentou à mesa e comeu seus mexidos dentro da frigideira mesmo. Terminada a refeição, pegou sua sujeira e largou-a sobre a pia. Então deitou-se no sofá velho e ligou a TV, assistindo um seriado qualquer, passando em seguida para um canal de desenhos. Decidindo-se que deveria ir ao mercado, desligou o eletrônico e foi ao banheiro, escovou os dentes, lavou o rosto e foi ao quarto se vestir. Colocou uma calça azul puxada para o lilás de moletom, uma regata branca, tênis branco e penteou o cabelo, prendendo-o num baixo rabo-de-cavalo.

" Ainda bem que aquele crápula me pagou ontem. " pensou consigo mesmo, ao lembrar-se da tarde odiosa que tivera no dia anterior, quando discutira com aquele homem a quem julgava um mal-elemento dos piores. Ao pensar no dia de ontem, a imagem do jovem oriental lhe veio à mente, bem, exatamente dele não, mas sim de seu carro que o outro amassara. Precisava ir ver o negócio do seguro aquela tarde. Suspirou, pegou a carteira marrom sobre a mesa de dois lugares de madeira, com o dinheiro que o homem lhe deixara e saiu do apartamento.

Foi ao mercado mais próximo, comprou um pouco de comida saudável, pouca coisa. Saía de lá segurando duas sacolas plásticas numa mão quando foi interpelado por um garoto de pele escura, num tom canela, suado e com ar alegre.

" Duo, Duo! Meu tio quer que cê vá lá na mercearia ajudar ele a arrumar o estoque novo. "

O moreno sorriu, aquela proposta viera em boa hora, na realidade, ele dependia e muito dos bicos que fazia pelo bairro. E, por ser um rapaz carismático e gentil, vários dos habitantes não hesitavam em pedir seus serviços, que iam desde a ajudar como atendente nalguma farmácia a carregar compras de mercado. Seus vizinhos podiam não ligar muito para a situação e o bem-estar dos outros, pois também tinham seus próprios problemas, duvidava que alguém daquele lado da cidade não o tivesse, mas faziam lá suas bondades quando podiam. Sorriu, contente.

" Tá bem, Carlinho, diga pro seu tio que num instante estou lá. "

O moleque sorriu de volta e saiu em disparada. Duo também aproveitou para voltar pra casa e guardar suas compras, indo logo depois fazer o que prometera. Passou cerca de duas horas na mercearia, recebendo uma quantia de sete dólares pela pequena ajuda. Voltou satisfeito, mas ainda sim sabendo de que aquele pouco ganho extra não lhe serviria de muita coisa. O Sol já se punha e ele ansiava por um banho e uma janta quentinha, além de um descanso até dar a hora de se arrumar.

;-;-;-;-;-;-;

E com isso passaram-se dois dias sem que o assunto da batida fosse mencionada.

O jovem moreno terminou seu banho, como acabara de receber um cliente especial, isto é, um dos alguns que tinha, para os quais ele era como a um fetiche, que sempre vinham a ter as "sessões" somente com ele, e desta vez o senhor de idade avançada o pagara bem, na verdade, aquele senhor era deveras educado e bom com ele, sempre lhe pagava uma boa quantia que o sustinha por uma semana ou mais, não precisava se dar ao luxo de "trabalhar" por algum tempo. Se bem que preferia pegar aquela sexta e o sábado para o ofício e descansar no domingo e segunda, quando o movimento era menor, porque no início do fim de semana aumentava o número de pessoas dispostas a ter com prostitutos, garotos de programa.

Então, aproveitou a oportunidade para ir ver o homem que batera em seu carro, até temia que se não agisse logo, acabasse tendo algum problema para reaver seu veículo. Vestiu-se com uma roupa melhor, uma calça jeans desbotada, uma camiseta preta e um tênis preto, por sinal, o único seu além do branco. Arrumou-se cuidadosamente, passou o creme no seu cabelo e o secou, odiava ficar com aquela cabeleira toda molhada, penteando-o e o deixando solto, esvoaçante, colocou um discreto perfume e, pegando sua chave e sua carteira, na qual estava o cartão do rapaz, deixou sua casa.

Foi ao ponto de ônibus, retirou o cartão, vendo o endereço e o ônibus que teria de tomar. Quando partiu da rodoviária já eram seis da tarde, o que o deixou apreensivo sobre o jovem poder ter ido embora a essa hora. Contudo, seguiu caminho, saltando no ponto certo, donde teve que andar mais três quadras ainda para chegar à empresa Hawls.

Parou em frente ao prédio, erguendo a cabeça para ver melhor o enorme edifício. Ficou impressionado com aquela grandiosidade, uma curiosidade e admiração genuína tomando conta de seu peito. Respirou fundo e entrou, passando pelo porteiro e parando ao primeiro balcão com recepcionista que viu, esta, aliás, já estava para sair.

" O que o senhor deseja? "

" Ahn... Eu gostaria de falar com o Senhor Yuy. " pediu, meio constrangido.

" E o senhor é...? " franziu o nariz sardento.

" Duo Maxwell... Er, diga a ele que eu sou o dono do carro que ele bateu três dias atrás. "

Meneando a cabeça, a moça tirou o telefone do gancho, discando um número que foi prontamente atendido num escritório lá em cima.

" Senhor Yuy, tem um jovem aqui, de nome Duo Maxwell, que quer tratar com o senhor sobre o carro em que bateu. " ficou muda alguns segundos, tornando a falar " Sim, senhor."

Desligando o aparelho, voltou-se ao jovem que a aguardava ansiosamente, enrolando uma mecha castanha num dedo.

" Ele mandou o senhor subir, sua sala é no décimo andar, número 301. "

" Obrigado, senhorita. " sorriu.

A jovem riu-se por dentro pelo belo homem com quem acabara de falar, não que tivesse algum interesse nele ou que fosse dar em cima do coitado, apenas ficou espantada com aquela beleza exótica. Duo seguiu até o elevador e apertou o número dez no painel, esperando nervosamente que a porta se abrisse no seu destino. Era extrovertido e falante, mas situações como aquela o deixavam acanhado, estar no meio daquele luxo, de gente de classe o fazia sentir-se inferior, como se não valesse grande coisa. Assim que saiu do cubículo, passou a procurar pelo número indicado. Encontrou-o no fim do corredor, à esquerda. Indeciso, bateu duas vezes na porta. Escutou um barulho vindo de lá dentro e, em seguida, a porta foi aberta.

Heero aparecera à sua frente, vestia uma roupa mais social, num tom pouco mais claro que o azul marinho 4.

" Entre. " pediu, a voz grave, se afastando.

Duo abaixou levemente a cabeça, entrando. Aproveitou para observar o interior do cômodo: uma grande janela na parede à sua frente e, a frente desta, uma mesa de escritório bem trabalhada com um computador de tela de cristal líquido, plana, vários papéis, uma pasta amarela clara, um porta-treco com lápis e canetas, pelo que pôde ver, do lado direito havia um grande vaso cinza com detalhes em alto-relevo, da onde saía uma comigo-ninguém-pode bem cuidada, de folhas verdes escuras; fora isso não existiam muitos mais detalhes ou enfeites lá. Heero o acompanhou e sentou-se à sua mesa, indicando com a mão para que ele também se sentasse.

" Eu... " resolveu iniciar, sentando-se em uma cadeira de frente para a mesa, que não sabia que o japonês a colocara bem ali quando foi avisado pelo interceptor que receberia uma visita " Não pude vir antes, estive ocupado. "

" Tudo bem. Só um minuto. " dizendo isso, abriu uma gaveta e procurou por algo dentro dela. Quando o encontrou, estendeu-o ao mais novo " Aqui está o papel do seguro, creio que já saiba o que fazer 5. "

Duo esticou a mão fina e delicada, pegando o papel e o trazendo para próximo de seu rosto, a tentar lê-lo. Entretanto não passou da primeira linha, convencendo-se de que estava tudo certo. Heero não sabia como havia se esquecido deste ocorrido, para ele nunca tinha batido o carro em ninguém, teve até receio de os papéis não estarem lá quando a recepcionista lhe falara sobre Duo ali na empresa, mas por sorte eles estavam guardados na sua gaveta.

" Sim... Eu sei. "

" Bom, então... "

" Ah, claro, eu estou indo. O senhor deve estar muito ocupado. " falou, envergonhado, enquanto se levantava.

" Não, espera... " pediu calmamente, uma idéia lhe ocorrendo.

O moreninho ergueu uma sobrancelha, curioso para saber o que o outro queria.

" Não gostaria de jantar comigo? " pediu, meio sem jeito.

Agora sua reação foi arregalar os olhos, surpreso. Ficou em silêncio por um tempo, tentando entender o que acontecera, até se dar conta de que o rapaz estava ficando sem graça com sua demora e, corando, disse:

" Aw, desculpe! Eu... E por que não? " sorriu.

Mesmo que jantasse com ele, ainda dava tempo de voltar e "trabalhar". Mas então lembrou-se de alguma coisa, a qual não conseguiu segurar dentro de si, falando sem pensar, antes que pudesse inventar uma desculpa qualquer.

" Não trouxe muito dinheiro... " cobriu os lábios ao terminar de falar, percebendo que falara besteira. Suas bochechas ganharam um tom ainda mais rubro.

Heero não pôde deixar de apreciar aquela atitude, fôra tão espontânea e doce que ele deixou um leve sorriso escapar de sua boca. Não sabia direito por que o convidara, porém estava tão estafado do trabalho, cheio de problemas a resolver, um projeto a entregar o quanto antes... No momento só lhe passou que não pretendia passar a sexta-feira preso no escritório, trabalhando, como fizera nos dias anteriores, tinha vontade de sair um pouco, espairecer e refrescar a cabeça por um tempo. Mas sozinho tinha certeza que não se divertiria, seria mais agradável ter uma companhia, mas quem? Quatre e Trowa estavam ocupados demais nas suas intimidades e os outros não lhe agradavam, a maioria deles era interesseira ou falsa, gastar seu tempo com pessoas assim lhe era estorvante, desagradável. Já aquele estranho em quem batera com o carro, que lhe parecia tão inocente e adorável, não deveria ser tão ruim, afinal, como pensara, eram estranhos, provavelmente não se veriam mais e aquele jantar se tornaria apenas uma escapatória para seu atual nervosismo estressante.

" Fui eu que convidei, logo, sou eu quem paga. "

" Mas isto não seria certo! " protestou.

" Hun? Oras, a etiqueta funciona assim, garoto. "

Duo abaixou a cabeça, sentindo a face arder de vergonha. Lógico, como alguém como ele saberia de etiqueta e requinte, como aquele jovem bem educado e fino? Percebendo que o deixara sem jeito, tentou consertar.

" Claro, a etiqueta é algo realmente idiota. Mas deixe-me pagar para você, está bem? É o mínimo que posso fazer depois de te causar todo esse transtorno. "

" Er... Tá... Tá bem. " ainda estava envergonhado, mas agora sentira-se um pouco mais aliviado.

Heero sorriu, gostando daquela situação, ou melhor, daquela companhia.

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"Aos 13 anos sentia todo o peso do mundo nas minhas costas." (...) "Eu trabalhava feito um burro nos campos e só via carne quando roubava frango."

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Continua...

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1 Olha, na verdade, o Shane é pra ser imaginado como o Kira de Gundam Seed. Só que eu não queria que ele fosse um oriental, então tive de mudar o nome, só que aí ele deixaria de ser o Kira, pois como em todo bom disclaimer, eu infelizmente não criei este anime (e também se tivesse criado, tenham certeza que futuros bem obscuros estariam reservados para meu pobre Nicci, hehe ;-), portanto, não posso mudar seus nomes. Então, é só para imaginar o Shane com a cara e o físico do Kira, tá bem? Imaginem como se fosse uma sósia dele.

2 Pelo amor do Rei do Rock, eu não tenho absolutamente nada contra travestis! E pode até parecerem meio caricatos como eles foram descritos aí na fic, mas eu tomei por base os que eu conheço, que são bem assim. Mas isso de forma alguma quer dizer que eles são más pessoas, Ok?

3 Perdoem essa pobre autora que não sabe o que se faz quando se faz ovos mexidos, tipo, se você os frita, se cozinha ou qualquer coisa assim! oo"

4 Vocês naum tem noção do qnt eu sou ruim para diferenciar tons de cor! ¬¬

5 Bom, se ele sabe o que fazer, eu não faço idéia! o.o"" Por isso que eu naum detalhei a conversa sobre a parte do seguro.

Ufaaa! Finalmente um cap. novo! Yupiiii! Ah, mas pelo menos dessa vez eu escrevi sem pressão nenhuma, e isso faz toda a diferença, eu escrevi porque estava com vontade. Bom, mas vocês devem estar pensando "É, escreveu, mas foi só enrolação." Aí eu me explico: eu queria mesmo detalhar como era a vida do Duo e dos outros que taum nessa vida, por isso que tentei me centralizar nele nesse cap. Eu pretendia mostrar naum aqueles bordéis ou casas de prostituição como a gente vê na TV e essas coisas, mas como são aqueles "autônomos", que trabalham na rua, se oferecendo pros outros por conta própria. E não me culpe por isso, culpem "Uma Linda Mulher", hehe, não, tô brincando, eu odeio esse filme. Mas é verdade, tem muito gente que fica assim na rua, nos bairros mais pobres, tanto em cidades grandes qnt nas pequenas, até em estradas. E eu sei disso porque não sou nenhuma alienada...tá, isso excluindo a parte de naum saber sobre os ovos mexidos... a gente conhece vários casos assim, non? Claro que também tem aqueles que tem seus cafetões, o Shane, por exemplo, mas eles são a minoria nessa fic.

Quanto àquele trecho de música que tá só em inglês, é de uma música do Clawfinger, Wonderful World. Eu iria traduzi-la, porque eu naum peguei a tradução na net, mas acontece que eu iria colocar só um trechinho dela aqui no final, só que resolvi inverter de última hora e, com isso, deu que acabou não dando pra traduzir. Mas eu acho que dá pra entender o que tá escrito, não tá difícil... Mas ficô meio nada a ver... pra variar, só to pondo música e poesia nada a ver...o.O

Agora sim, eu queria dizer que fiquei muito feliz com o comentário da senhorita Hokuto - ! E também que tem uma fanfic em especial que me inspirou a escrever, chama-se " A garota do sorriso partido" da Perséfone. Ela é muito lindinha e doce!

Sim, e eu estou preparando algo bem fófis pro prox. cap., porque eu não estou numa fase dark e, como ela também naum vai ser útil tão já, vô aproveitar p fazer uma cenas mais meigas. E isso se deve a, principalmente, eu ter visto mts fanarts do Duo lindos de morrer nos últimos dias... Não, eu não o acho bonito, só em raras vezes, entretanto, como os fanarts têm um traço próprio, mts vezes acabo gostando deles, principalmente quando ele tá com as formas mais proporcionais... E, então, eu vi essas fotinhus que ele tá todo fofinho e meigo que eu não resisti e vou ter que fazê-lo assim... Eu espero.

E como eu escrevi porque tava com vontade, isso quer dizer que eu acabei gostando do cap. e que vou conseguir o prox. mais rápido. Eu me dei um prazo de duas semanas no máximo, porque até agora eu to sendo a autora que publica um cap. por mês, credo! . Então, não hesitem em me cobrar se eu começar a demorar, key?

Quanto a eu não ter colocado aqueles "pensamentos" e "reflexões" aqui, é que eu naum vi necessidade nesse cap., mas vou colocá-los futuramente. Além do mais, eu acho super babaca esses negócios de, como eu acabei de dizer, "pensamentos"... Sei lá, parece papo de gente da esquerda metido a sociólogo... Deu me livre! Então, eu também naum tava muito a fim de colocá-los por causa disso... Mesmo que eu naum precise forçar nada para que eles saltem da minha cabeça... Talvez eu seja metida a isso mesmo, saco. Ò.ó

E antes que esta nota fique maior que o cap., vou dizer uma última coisa: como já é de praxe desta autora, a fanfic não foi revisada por pura falta de tempo... Tipo, eu tenhu que terminar de digitar outra em duas horas no máximo e eu vou postar essa amanhã cedinho, então, realmente não deu para corrigir os erros. Enton, outra vez, perdão.

Comentários, onegai!

Feliz dia das crianças para todos vocês:P

Até mais, xauxau

11/10/05--- até três dias atrás eu estava datando tudo como 02/09/09... Pode um negócio desse, errar os três números?