Capítulo cinco - A Personalidade Hanyou
Estava amanhecendo na era feudal. Os pássaros começavam a apresentar sua música primaveril, enquanto humanos, hanyous e youkais levantavam para mais um dia de busca e aventuras.
"Ahh, que lindo dia! -Shippou foi o primeiro a sair da cabana, esticando os pequenos bracinhos."
"Sai da minha frente, pirralho."
"Kagome, ele me chamou de..."
"InuYasha, não fale assim com ele!"
"Pessoal, não briguem logo de manhã, por favor..." - Sango estava atrás de Kagome, com uma gota na cabeça.
Miroku conversava com a hanyou, que permanecia deitada.
"Senhorita Nayouko, acorde...Nós teremos de continuar a nossa busca. A senhorita deseja seguir conosco?"
"Como assim seguir conosco?" -InuYasha, já fora da cabana, gritou indignado - "Essa garota tentou me matar, é claro que eu não confio nela! A resposta é não!"
"Eu perguntei para a Nayouko, InuYasha." -o monge respondeu, virando o pescoço na direção do hanyou.
"Mas eu respondo! Não!"
"Eu estou acordada, monge" -Nayouko, sem nem se mover, disse. Estava analisando os fatos com frieza, conforme seu pai lhe ensinara. Ali estava um grupo que sofrera tanto quanto ela. O hanyou, que ela julgara culpado por suas dores, era em parte seu aliado, agora que decidira acabar com o maldito Naraku. Mesmo desconfiada por ter de seguir com humanos...Ela nunca fora bem-recebida por esta espécie de seres, mas parecia que aquelas pessoas -virou a cabeça e olhou para cada um- queriam-na bem. E ainda havia a detectora de Jóias, o que poderia ajudá-la no seu objetivo seguinte, assim que destruísse Naraku. Então decidiu:
"Eu sigo com vocês" -levantou-se de um pulo, e passou direto pelo monge.
"Que bom, senhorita Nayouko!"
Shippou estava novamente pulando atrás da cauda de Nayouko.
"Ei, não ligue para o que o Miroku disse, ele só está feliz por ter mais uma menina no grupo para assanhar." - A meia-youkai olhou por trás das costas para o monge, que estava com uma grande gota na cabeça.
"Shippou, você tem sempre que estragar tudo..."
"Eu já sabia disso" -ela respondeu secamente.
"Como, você já sabia que o Miroku é um tarado?" -perguntou Sango, com chamas na cabeça.
"Sim. Eu segui vocês durante um tempo."
"O que foi que você disse?" -InuYasha estava um pouco afastado, de costas para o grupo, com a Tessaiga apoiada no ombro. Ele se aproximou decididamente da menina - "Você nos seguiu, sua hanyou metida?"
"Sim." -ela encarou normalmente o olhar do outro meio-youkai - "Como acha que eu sabia os seus movimentos de luta, o Kazaana do monge tarado, o osso voador da ex-exterminadora de youkais; e que a menina que você gosta tem os fragmentos?" -ela perguntou como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo.
"Eu já disse que ela..."
"Se falar que sou apenas a sua detectora de fragmentos, InuYasha, vou gritar "aquela" palavra até você ficar com o nariz inchado. Isso me faz parecer um objeto!" -Kagome respondeu indignada, com Shippou no colo.
"Huum..." -a meia-youkai sorriu, com cara de quem já sabia do que estava acontecendo. Aquilo fez com o que o hanyou ficasse vermelho de raiva, e apertasse o punho da Tessaiga mais forte.
"Ei" -ela desmanchou o sorriso ao ver o leve movimento da mão do hanyou na espada - "Você ficou de me devolver minhas armas hoje. Quero-as de volta."
"Não vou devolver. Não confio no seu caráter."
"Como se eu confiasse no seu!"
"Estamos quites."
"Dobre a língua! Devolva as minhas armas agora, ou então..."
"Ou então o quê? -já perceberam que ele detesta ser ameaçado?"
"LÂMINAS EXTERMINADORAS!"
"GARRAS RETALHADORAS DE ALMAS!"
"OSWARI!"
Foram vários acontecimentos numa velocidade impressionante: A meia-youkai e o hanyou ativaram suas garras ao mesmo tempo. A hanyou desviou o rosto e deu uma cambalhota para trás, e assim escapou do ataque de InuYasha. Se Kagome não tivesse gritado "Oswari!" no momento em que as lâminas feitas pelas garras da hanyou iriam atingir InuYasha, ele estaria despedaçado naquele segundo mesmo. O meio-youkai caiu de cara no chão, e o destino que lhe seria reservado teve desvio para a casa da senhora Kaede, em cuja estrutura não sobrou palha sobre palha.
"Ooopss..." -a hanyou, que aterrisara um metro longe dali, olhou para o estrago que fizera - "Er...eu...Posso construir outra casa para a senhora que morava ali. Ela não irá se importar muito...Irá?" -ela perguntou para o grupo perplexo de amigos -ou quase- que fizera.
"Ah...ah...ah..." -Miroku olhava para os destroços do que antes fora uma cabana. Estava claro que este não era exatamente o seu tipo de garota. Desistiu dos assédios a ela naquele segundo, por que não queria imaginar o que ela poderia fazer com aquelas suas garras, se não gostasse de sua sutil "aproximação amorosa".
"Acho...melhor irmos embora daqui..Enquanto a senhora Kaede não chega..." -decidiu Sango.
"Ótima idéia! Vamos!" -Kagome pegou sua enorme mochila amarela, acomodou no bagageiro da bicicleta, e começou a pedalar o mais rápido que pôde, com Shippou em cima da mochila. Sango chamou Kirara, subiu em cima de sua youkai de estimação, junto com o monge, e foram atrás da colegial. A meia-youkai correu até eles, o que não foi muito difícil. Ela era veloz em seus passos, e alcançou-os rapidamente.
Não parece que esqueceram alguma coisa, ou melhor, alguém?
"Ei...ei...Maldição! Me esperem! Voltem aqui! Sua gata de lixo, eu vou acabar com você!" -InuYasha levantava o rosto do chão empoeirado onde aterrisara, e, ao ver seus companheiros já ao longe, levantou e ficou a pular indignado, até decidir ir atrás deles, com a intenção de retalhar o orgulho daquela meia-youkai metida!
Então...O seu nome é Kagome, certo? -perguntava a hanyou, correndo ao lado da colegial de bicicleta.
"Sim" -a menina ficou surpresa. Nayouko não falara muito durante a viagem - "E a que está na frente do monge é Sango, ela é exterminadora de youkais...Ao menos até seguir conosco. O monge é o Miroku, e, se quer saber a minha opinião, cuidado com ele..."
"Por quê? Ele tem muito poder com aquele Buraco do Vento?" -indagou a meia-youkai.
"Não é bem por isso...Olhe." -aconselhou Kagome, apontando na direção dos dois, emparelhados com eles.
Miroku estava com as mãos na cintura de Sango, para não perder o equilíbrio enquanto esta orientava Kirara. Mas, quando elas deram uma "inocente" descidinha, Sango ficou vermelha de raiva, e... PAFT! Ali tinham um monge com uma grande marca vermelha no rosto, e uma exterminadora tremendamente irritada.
(gota enorme na cabeça da hanyou) - "Eu...Acho que agora entendi por quê!"
"Miroku, você não pode se comportar enquanto a Nayouko estiver por aqui?" -perguntou Kagome, cheia de vergonha do que o monge fizera.
"Desculpe, senhorita Kagome, senhorita Sango...Mas vocês sabem do drama com o qual tenho que conviver...Eu...estou condenado de morte, acho que a senhorita Nayouko já sabe" -disse ele, fazendo a cara mais dramática que todos eles já viram.
"Ah, não ele vai começar de novo..." -choramingou Kagome para Shippou.
"O meu buraco do vento está destinado a aumentar cada vez mais, e eu serei sugado por ele algum dia" -continuou Miroku, ignorando o comentário de Kagome.
"Não vejo muito problema nisso, já que o mundo não precisa de mais monges tarados." -Nayouko respondeu indiferentemente, mas querendo saber aonde aquela conversa do monge a levaria. Enquanto isso, Shippou e Kagome trocavam comentários como telespectadores de um jogo de futebol, assistindo as reações da nova "presa" de Miroku: "Será que ela vai cair na conversa dele?", "Mas ele não esperou nem um dia!", "Ele bateu o record, esperou uma noite e meio-dia".
"...E assim como foi com meu pai e o meu avô, devorados por este maldito buraco do vento, eu devo continuar a minha linhagem, para que um dia meu descendente possa destruir Naraku, caso eu morra. Então espero, senhorita Nayouko, que entenda se eu pedir..."
"Ah, céus, é agora..." pensaram todos juntos.
"...Para ter um filho meu. Eu sei que você é uma hanyou, mas eu não a descriminarei por isso, e...Ei!"
A garota-hanyou, que estava atenta a cada palavra do monge, e que esperava tudo, menos esse tipo de proposta, ficou tão aturdida que tropeçou numa pedra e caiu de cara no chão. Todos os outros pararam, ela escutou aquela carruagem maluca da menina dos fragmentos freiando, e um grande "PLAFT!". Quando abriu os olhos, viu que o monge estava com o pescoço virado bruscamente para a esquerda, com a marca da outra mão de Sango na bochecha dele. Ela dizia bem alto: "Você não tem jeito, Miroku!". Kagome, Shippou e InuYasha estavam com uma grande gota, e, segundos depois, alguém perguntou se ela estava bem. Acreditam que o monge ainda teve a coragem de perguntar se ela aceitava a proposta? Outro tapa, mas que desta vez arrancou Miroku de cima de Kirara.
"Nem que minha vida dependa disto." -ela disse, vermelha, numa das raras ocasiões em que ficava sem jeito.
"Ei, Miroku, eu acho que isso significa "Não" -disse InuYasha calmamente, mas com grande tom de ironia na voz. - "E então, menina, o que achou da experiência de ficar com a cara no chão?" -ele estava sentado no bagageiro da bicicleta quando disse isso.
"Ora, seu..." -ela ia respondendo com fúria, quando viu o sorriso malévico do hanyou. Mudou de idéia e expressão- "Eu aposto que você consegue aproveitar mais do que eu." -deu uma boa risada, enquanto o hanyou ficava em chamas de raiva.
"Por falar nisso...Kagome." -ela dirigiu-se à colegial - "Por que o focinho de cachorro cai de cara no chão quando você diz 'senta' ?"
"Por culpa do maldito kotodama" -ele se ocupou em responder no lugar da menina.
"Kotodama?"
"Sim." -desta vez foi a colegial quem explicou toda a história. A hanyou estava atenda às palavras da garota, e, quando terminou, manteve a expressão pensativa.
"Por que ficou assim, Nayouko?"
"Nada...Só não acho isso bom."
"Por quê? É necessário para manter o mal-educado do InuYasha sob controle." -ela respondeu casualmente.
"Quem disse que sou mal-educado? E, além do mais, Kagome, eu sei porquê ela está assim..." -o riso do hanyou aumentou. Nayouko fuzilou-o com o olhar - "Ela tem medo que ponham um kotodama nela também, e que alguém possa controlá-la através dele, já que isso só funciona para hanyous. Não é, gata de lixo?"
"Cale a boca! Eu não tenho medo deste colar insignificante. Só hanyous no baka como você se deixariam dominar por isso!"
"Kagome, o que você acha de, ao invés de mim, este maldito kotodama ser colocado nela?" - InuYasha perguntou. Um raio de rivalidade transpassou pelos olhos dos dois hanyous.
"Mas será possível que todo hanyou tem um gênio como o de vocês?" -perguntou a colegial, com uma gota na cabeça. - "Parem de brigar, ou então eu chamo a senhora Kaede para reforçar o seu kotodama, InuYasha, e colocar um em você, Nayouko."
"Huumm..."-a hanyou, diante a ameaça de ter seu orgulho dominado por uma humana com fragmentos e que poderia mandá-la "sentar" a qualquer instante, preferiu voltar à sua corrida silenciosa. InuYasha, no bagageiro da bicicleta, ficava imaginando como seria ver a orgulhosa hanyou "sentar" obrigada, e soltava uma risadinha de vez em quando. Mas mantinha-se calado. Kagome poderia bem levar a ameaça a sério.
Eles continuaram a correr por um longo tempo em silêncio. Já era noite, e quando pararam para descansar, ocorreu a Nayouko a seguinte pergunta:
"Para onde estamos indo?"
"Para oeste, seguindo o curso do rio" -respondeu Sango - "Ouvimos dizer que as youkais que Naraku criou estão devastando aquela região em procura de mais fragmentos."
"Naraku..."-a meia-youkai voltou a ficar pensativa - "Certo. Vamos encontrá-lo, e eu acabarei com ele."
"Vá tirando o cavalinho da chuva, garota. Quem vai matar o Naraku sou eu." -InuYasha rebateu sem nem olhar no rosto da menina.
"Não vai mais, hanyou irritante. Meus assuntos são bem mais importantes que os seus."
"Como pode saber? Você não conhece nada dos meus assuntos a serem resolvidos com o Naraku!" -ele disse, recomeçando a se irritar.
"Ora, também não me importa! Mas aposto que aquele monstro não dizimou a sua família e matou o seu pai em menos de dez anos!"
"E eu também aposto que você não passou cinqüenta anos preso numa árvore e ganhou o ódio eterno de uma pessoa que gostava por causa daquele idiota, isso em menos de um século!"
Os dois se encararam, e saíram aqueles raios e trovões do encontro dos dois olhares.
"Garoto(a) idiota" -murmuraram ao mesmo tempo.
"Esperem! Ouçam!" -Ao aviso do monge, todos pararam bruscamente. No silêncio da noite, onde o vento produzia sutis sons pelas copas da árvores, algo começou a se agitar. O barulho das folhagens se intensificou -Uma energia maligna...Vêm...Em nossa direção! Protejam-se!
Mesmo antes que ele terminasse de falar, um monstro descomunalmente grande surgiu dentre as árvores ao redor da clareira onde pararam. Cada um protegeu-se como pôde. Miroku puxou Sango para fora do alcance do monstro, junto com Kirara; InuYasha passou o braços pelas costas de Kagome e pulou para cima da árvore mais alta na proximidade, sacando já a Tessaiga; enquanto Nayouko pegou Shippou no colo e fez o mesmo.
"Sinto cheiro de youkai!" -ela gritou para o outro hanyou de onde estava.
"Pior" -InuYasha respondeu, totalmente atento ao monstro que se erguia diante deles, maior que qualquer montanha "Sinto o cheiro do meu irmão".
Continua...
N/A: Capítulo curtinho, este, não? Eu apenas queria mostrar mais um pouco da personalidade da minha querida Nayouko. Temperamento "dócil", o dela! Tão calminha...rsrsrs... Mas não se preocupem, que o próximo será maior e, a partir do capítulo seis, a história ganhará novos personagens...Esperem e verão!
Gente, eu queria muito agradecer aos reviews! Puxa, fiquei tão imensamente feliz ao perceber que o público está gostando da Nayouko! \/ Isso me deixa muito satisfeita e mais disposta do que nunca a continuar! Obrigada, e continuem comentando!
A propósito, eu ainda estou tentando descobrir um meio de organizar as falas dos personagens sem os travessões... Para tudo não ficar uma grande salada mista, estou usando as aspas. Não peguei todas as manjas do mas devagar eu chego! rsrs
Abraços da Carol S.M.
P.S.: Quem tiver opiniões a mais para dar na fic, mandem e-mails ou comentários que estou aqui à disposição!
