Capítulo 4
A noite já havia caído. Ela decidira ir dormir. Dormir para esquecer. Sem perceber, estava coberta pelo cobertor negro.
Mas não conseguiu. As lembranças a perseguiam. Até em seus sonhos. Será que nunca se livraria desses sonhos?
Estava no Beco Diagonal. Passeando. Aproveitando o outono. E então alguém a puxara para um beco, sufocando o grito preso em sua garganta. O cenário mudava subitamente. Uma masmorra. Cabelos prateados na penumbra da masmorra. Olhos prateados. Então o tempo mudava. Passos em um corredor de pedra. Uma tempestade rugindo. Vento uivando. Cabelos prateados ao luar. Mãos a percorrendo. Obsessão. Loucura.
Então, o sonho mudara. Um aposento escuro. Algo gorgolejando. Ela virou-se. Havia uma luz pálida e tremeluzente em um dos cantos. Ela foi até lá. A luz tinha a forma de uma pessoa encolhida. Seus pés descalços chapinhavam em alguma coisa viscosa no chão. Quando chegou em frente à luz, viu o que era no chão. Era sangue. Ela ergueu o olhar. Buscava o rosto da pessoa. A pessoa ergueu o rosto. Ela pode apenas ver o olhar desesperado pedindo ajuda. E a pessoa tombou. A luz se fora. Estava sozinha no escuro.
Ela acordou ofegando. E pensar que aquele fora apenas o primeiro dia de um pesadelo real. Conteve as lágrimas que queriam escapar de seus olhos. Ela queria um de seus irmãos. Alguém que a confortasse. Mas só havia o herdeiro dos Malfoy.
Ela foi até a sala. Ele dormia no sofá. Ela se aninhou contra ele. As suas costas contra o peito dele. O sono a invadiu. Dessa vez, sem sonhos. Sem pesadelos.
Dessa vez foi acordada pelo alvorecer. Levantou-se e postou-se em frente à janela. Apreciava o sol subindo no céu, tingindo-o de vermelho e violeta.
Quando o sol havia terminado sua escalada, ela virou-se. Ele havia acordado. Ela não sabia se ele havia percebido o que ela fizera. Achou melhor desculpar-se.
-Bom dia! Desculpe-me por essa noite.
Era visível que ele tentava lembrar-se. Um lampejo de compreensão nos olhos prateados. Ela decidiu continuar.
-Foi um sonho. Um sonho estranho...
-Estranho como- ela percebeu que ele simulava interesse.
Decidiu ignorar o fato. Não lhe contaria a primeira parte de seu pesadelo. Se ele não sabia, ela não lhe contaria. Não naquele momento.
-Estava escuro. Algo gorgolejava lentamente em um canto. Eu fui até lá. Havia uma luz prateada na escuridão. Uma luz quase sumindo. Uma luz com a forma de uma pessoa encolhida. Cheguei mais perto. Era sangue! Era sangue o que gorgolejava. Sangue ao redor da pessoa. Ela ergueu a cabeça. Era como se suplicasse que eu a ajudasse. A cabeça dela tombou. A luz se apagou. Só escuridão. Nada mais. Apenas escuridão. Então eu acordei. Estava tão assustada...Vim para a sala. Queria olhar as estrelas. Você estava dormindo...
-O resto eu já sei.- ela foi interrompida.
Ignorou a interrupção.
-Hoje eu vou no Saint Mungus. Fazer os exames, você sabe.
-Precisa de dinheiro?
Não. Ela não precisava. Ele provavelmente gastava a quantia que lhe dera em dois dias. Mas não ela. Sabia economizar.
-Não. Ainda tenho. Sei economizar. Mesmo assim obrigada, Malfoy.
-Como você se chama?
Ele não sabia? Isso era surpreendente.
-Não sabe? Acho que não gostaria de saber...- não pôde evitar um sorriso triste.
-Não me interessa. Como se chama?
-Não lhe direi. Não agora.
-Tudo bem. Mas qual é a sua história?
-Você não sabe nada sobre mim?
-Não.
-Acho melhor que continue sem saber. Por enquanto.
Sabia que não poderia evitar as perguntas dele para sempre. Mas algum dia ela lhe contaria. Tinha medo de que ele a jogasse na rua.
Mas antes que pudesse dizer algo, ouviu um estalo. Ele se fora.
Após o almoço ele ainda não voltara. Foi até o hospital bruxo.
Durante o exame, milhares de perguntas foram feitas. Ela começava a ficar com medo de que algo estava errado quando lhe disseram que estava tudo bem.
Saiu do hospital feliz. Apesar de não escolhido quem seria o pai de seu filho, ela o amava mesmo assim. Enquanto caminhava pelas ruas, percebeu que o Natal se aproximava. Pessoas apressadas carregavam pacotes. As lojas estavam todas festivamente decoradas. Decidiu decorar o apartamento.
Ao entrar no apartamento, a primeira coisa que fez foi conjurar uma árvore de natal. Em seguida, caixas de bolas prateadas e vermelhas de vidro. Pôs-se a decorar a árvore. O lugar estava silencioso. Sentia falta da algazarra que seus irmãos faziam. Gui agora trabalhava em Londres. E Carlinhos estava de férias dos dragões. É. A árvore de Natal dos Weasley seria ruidosamente arrumada, em meio às brincadeiras de seus irmãos.
Enquanto decorava a parte de trás da árvore, ouviu a porta se abrindo. Escondida pela folhagem da árvore, podia ver o olhar confuso que ele dava à arvore. Provavelmente nunca tivera uma em sua casa.
-Gostou da árvore de Natal?
Ela decidira sair de trás da árvore. Ela viu o lampejo de compreensão passar novamente pelos olhos prateados dele. No entanto, ele não respondeu. Ela o viu dar de ombros. Aquilo a irritou.
-Ah, esqueça. Você não deve saber o que é Natal. Você não deve saber é o significado real por trás dos presentes. Afinal de contasé um Malfoy.
Ela viu um brilho raivoso nos olhos dele.
-Não me chame de Malfoy.- era quase uma súplica, mas com raiva por trás.
-Então te chamo do quê?
-Simples. Não chame. Ou de qualquer coisa.
Ela resolveu ir mais a fundo na ferida.
-Doninha, quem sabe?
Nada a prepararia para o estalo que veio a seguir. Uma das bolas vermelhas simplesmente explodiu.
-Tudo bem, tudo bem, doninha n, já entendi. Mas o quê então?
-Não me interessa.
-Que mau humor! Onde foram parar as suas tiradas sarcásticas?
-Que tiradas sarcásticas?
A irritação dele era visível. Quanto mais irritado ele ficava, mais seus olhos brilhavam insanamente. Mas ela estava decidida a ir até o fim.
-As da escola, obviamente.
-Aquelas? Tem certeza que quer saber?
-Claro. Não vejo por que não. Além do mais, qualquer coisa é melhor do que esse seu humor.
-Pois bem. Aquelas tiradas sarcásticas, como você chama, estão no inferno.
-Que dramático. Se bem que você sempre teve um talento para o melodrama. Me lembro claramente quando o Bicuço te deu um arranhão e você ficou fazendo drama durante semanas. Eu estava no segundo ano.
O que a deixou amedrontada na pequena discussão, fora que ele sequer erguera a voz. Ele impunha-se apenas pelos olhos. Ela já estaria gritando. Achou que a conversa daquele dia estava encerrada. Surpreendeu-se quando ele interrompeu o silêncio.
-Você ainda tem dinheiro?
-Sobrou um pouco. Dá para mais umas duas semanas.
-Um pouco quanto?
-Uns 20 galeões, acho. Preciso ir ver o jantar. Antes que queime.
Ela não estava tentando fugir dele. O jantar realmente estava em perigo. E ela não deixaria seu pudim de carne com rins queimar.
Finalmente, o jantar estava pronto. Mas onde ele estava agora? Não iria comer sozinha novamente. Ela ouvia água correndo no banheiro.
Foi até a porta do aposento e começou a bater, com cada vez mais força. Finalmente, foi até a cozinha.
Quando percebeu, ele estava ali. Com os cabelos ensopados. Em pleno inverno. E de preto. Ela não entendia aquela obsessão dele por preto. Ficava bem nele, mas cinza e azul também ficariam. Mas tinha algo mais importante com o que se preocupar.
-Você enlouqueceu? Estamos em pleno inverno e você com esse cabelo ensopado?
Fez um feitiço para secar o cabelo dele. Em instantes, mechas finas caíam por sobre seus olhos. Ele parecia não se importar.
-Pelo menos não está descalço.
Não, ele não estava descalço. Usava botas. Ele sentou-se em uma das cadeiras. Ele parecia não saber o que era o pudim de carne e rins.
Ela observou, surpresa, quando uma fatia do pudim começou a flutuar em direção ao prato dele.
-Deus!
-O quê foi agora?
-Você é paranormal?
-Eu? Não.
-Mas então como...
-O pudim?
-Exato.
Que outros segredos ele possuía?
-Eu apenas posso dispensar perfeitamente uma varinha.
-Qualquer feitiço?
-Qualquer um.
Ela ficou assustada. Será que seu filho também seria assim? Ela esperava que não. Não sabia por que, mas não queria.
A refeição foi feita em silêncio. Ela percebeu que era observada. Ignorou e continuou a refeição. Ao terminar, ele já havia terminado. Com um aceno da varinha, limpou os pratos. Com outro, guardou os pratos no armário.
Após terminar, ela recostou-se na cadeira. Ele continuava a observ�-la.
-Que foi- ela decidiu quebrar o silêncio.
- Qual é o seu nome?
Você não sabe- ela ficou surpresa. Então não era teatro?
-Não.
-Se você não sabe, acho melhor que fique sem saber por enquanto.
-Então te chamarei do quê?
-Qualquer coisa.
-Mas você deve ter um nome.
-Eu tenho. Mas acho melhor que você não saiba por um tempo.
-Tudo bem. E o...
-Bebê? Está bem.
Ela ficou angustiada. E apavorada. E se ele soubesse e estivesse apenas interpretando? E se ele quisesse eliminar o irmão, para impedir a já pouco provável divisão da herança?
Sem se perceber, ela havia se levantado. Fora para o quarto.
Ao entrar no quarto, sufocou um grito de surpresa. Havia várias corujas pousadas em sua cama. Uma de cada um de seus irmãos. Ao abrir as cartas não pôde evitar um riso. Era como se os cinco houvessem escrito as cartas juntos. Havia diversas provocações entre os autores das cartas, que eram rebatidas. Eram apenas cinco as corujas. Percy não era mais considerado parte da família.
Após guardar os presentes e as cartas, decidiu dormir. Novamente coberta pelo cobertor negro.
N/A
atendendo a pedidos, aqui esta o cap. Naum sei qdo vem o prox, vou tentar postar na sexta, ou no domingo.
Ana Paula: q bom q gostou da descriçaum do Draco! E eu fiz ela perceber rapidu q era u Draco e não o Lúcio, pq eles apesar de parecidos, saum mto diferentes e ela conheci bem o Lúcio...
Miri: realmente, na verdade, ele jah fez, tem alguns detalhes na otra fic
Sandrinha Potter: q bom q gostou! esperu q continue gostandu!
Pequena Kah: naum precisa ser o dia todo...umas 20 horas tah baum! Mas tah aqui o cap! Espero q goste!
Dark Bride: eh exatamente essa o objetivu da fic, dar um toque feminino pra história!
Jinhus pra todo mundo!
G.W.M.
