Capítulo 8

Quando percebeu, já estavam em fevereiro. Finalmente, depois de muita resistência, ela conseguira fazer com que ele passasse a vestir tons escuros de azul e de cinza. Bem melhor que somente preto. Mas ele ainda insistia em usar alguma peça preta. Ele, inconscientemente, estava ajudando-a. Ajudando-a a esquecer o que acontecera no ano anterior. Mas ela ainda tinha pesadelos com aquele dia.

E, todas as noites, ela o chamava. E todas as noites ele ia. E ela sempre fazia como fizera com seus irmãos. Passava o braço pelo peito dele, pousando a mão em seu ombro, o rosto contra o pescoço dele.

Percebeu que ele não dormia antes que ela o chamasse. Ficava deitado no sofá, olhando as estrelas, esperando-a. E ela o acordava todos os dias. Enquanto hesitava em acordá-lo, ela o observava. Tão parecido e tão diferente de Lúcio Malfoy. As diferenças começavam no olhar. Os olhos eram iguais, mas o olhar era diferente. O olhar do herdeiro Malfoy era o de alguém perdido, angustiado, desolado. O de Lúcio Malfoy era iluminado pela loucura e pela obsessão. Os traços também eram diferentes. O queixo dele, que anos antes fora igual ao do pai, com os anos havia se suavizado.

Ela adorava acordá-lo correndo os dedos pelo cabelo fino e sedoso dele. Mas apenas o fazia após chamá-lo.

Eles saíam todos os dias, indo ao centro de Londres, comprar roupas para seu bebê. Na maior parte, ele nem sequer entrava na loja, preferindo esperar em um banco e entrando apenas na hora de pagar e pegar as compras. Ela ainda não dissera a ele quem realmente era. Não queria ser jogada na rua, grávida e solteira. Não que ela tivesse algo contra ser mãe solteira, mas seus irmãos definitivamente tinham.

Após as compras, eles haviam adquirido o hábito de observar o sol se pondo sentados debaixo de uma macieira, às margens do Tâmisa. Ela adorava aqueles momentos de silêncio.

Naquele dia ela não observou o sol mergulhando nas águas do rio. Observou os olhos de prata dele. Tão belos. O que ela apreciava era o brilho anormal deles. Era um brilho quase que insano. Mas estranhamente inocente e puro. E era tão reconfortante pousar a cabeça no ombro dele, sentindo-se protegida por seus braços. E olhando seus olhos.

Desde o primeiro dia ela fazia isso. E se lembrava perfeitamente daquele dia.

Ela se perdera novamente nos olhos dele. Tentava decifrar o que aqueles olhos diziam. Sabia que estava ali o que ela procurava. Só precisava encontrar. E ele abaixara o rosto, fazendo com que alguns fios loiros platinados filtrassem a prata de seus olhos. Ele lhe perguntara o que ela tanto observara. E ela não conseguira mentir. "Seus olhos." Ela respondera.

Ele parecera perceber a pouca distância que separava seus rostos. E ela também o percebera. Mas optara por aproveitar a proximidade da prata para contemplá-la melhor.

Quando voltou a si, percebeu que os lábios dele roçavam os seus. Ela não se afastou, percebendo que ansiava por aquele contato. Em instantes, o roçar de lábios se aprofundara, tornando-se um beijo calmo.

Ela também se lembrava daquele dia de janeiro. Os lábios haviam se encontrado novamente. Ao quebrarem o contato, ele ergueu o rosto, perdendo o olhar no horizonte. Ela apenas observava o fogo do céu poente refletido na prata dos olhos dele.

O que você diria se eu dissesse que te amo?

Ela se descobriu dizendo:

Eu também.

Ele arrancara subitamente os olhos do horizonte. E agora a fitava, com algo no olhar que ela agora sabia o que era. Amor. Ela o olhou, sabendo que seus olhos também tinham esse brilho.

Ele inclinou novamente o rosto. Novamente se beijaram. Mas aquele era diferente. Tinha o sabor de sentimentos finalmente revelados.


Agora eles caminhavam pelas ruas de uma Londres que se reerguia. Apenas eles e a noite. Ela se sentia aquecida pelo abraço dele. Eles caminhavam rumo ao prédio decadente onde moravam.

Aquela noite seria diferente. Ela decidira chamá-lo antes de se deitar. Não era lógico acordá-lo durante a madrugada sabendo que o faria. Foi até a sala. Odiava vê-lo dormindo no sofá. Ele já estava no sofá. O couro negro contrastava com o loiro de seus cabelos. Ele tinha o olhar perdido em algum ponto do céu londrino.

Você não vai dormir nesse sofá, vai?

Não. Eu vou ficar aqui, acordado, esperando você me chamar. Como eu sempre faço.

Vamos pular essa parte?

Como assim?

Por que você não vem agora?

Ele parecera considerar a proposta. E aceitara. Antes de dormir, ela sentiu que ele brincava com uma mecha do cabelo dela.

Depois de uma noite sem pesadelos, ela acordou. Ele estava acordado. O rosto dele lhe dizia que ele não havia dormido. Ela ficou preocupada. Se ele não dormira, era porque algo não o permitira. E não era saudável que ele mantivesse o motivo somente para si.

Você não dormiu?

Não.

Por quê?

Acho que o jornal lhe responderá.

Ela não resistiu quando ele se desvencilhou dela. Quando ele voltou, trazia o Profeta Diário. Ele lhe deu o jornal. Não foi preciso abrir o jornal. O motivo da insônia dele estava estampado na primeira página. Os Comensais capturados haviam sido condenados ao Beijo do Dementador, sem julgamento.

Largou o jornal sobre os lençóis. Ele estava sentado na beirada da cama, de costas para ela. De joelhos na cama, ela foi até ele. Abraçou-o por trás, pousando o queixo no ombro dele.

Não fique assim. Você sabia que isso iria acontecer.

Eu deveria estar lá.

Não. Não deveria. Sabe por quê? Porque você não teve uma escolha. Eles tiveram. E pagaram por ela. Você não tem o que pagar. Você fez coisas que não devia? Sim, fez. Mas era a única opção que você tinha. Sabe, eu até acho que você teve sorte.

Sorte? Como assim?

É simples. Você não estava em nenhuma aparição pública deles, estava?

Não.

Você não estava na batalha. Você nunca foi ligado a nenhuma morte. Você nunca foi visto com as vestes negras e a máscara. Os que podiam te condenar não tem mais como fazer isso. Você até pode ir a julgamento. Mas não há nada que te condene.

Lúcio. Ele pode me condenar.

Acho difícil. Esqueceu que ele é agora considerado insano?

Tem razão...Mas mesmo assim.

Esqueça, está bem? Simplesmente esqueça. É difícil, mas esqueça. Você sabe que não há o suficiente para que você seja condenado a Azkaban. O máximo que pode acontecer é confiscarem seus bens ou você ter que pagar uma multa. Venha, vamos tomar café.

Apesar dessa afirmação, ele permaneceu imóvel. Chamou-o, ele não poderia ficar ali o dia todo.

Venha. Vamos, Alex.

Alex?

Eu sempre achei que você tinha jeito de Alex. E como você me chama de Angel, eu achei que não teria nenhum problema te chamar de Alex. Agora levante dessa cama. Não é difícil.

Ela o puxava pelo pulso pelo corredor. Quando chegaram à sala, havia uma coruja na varanda. Pelo porte e pelo aspecto do pergaminho que trazia, era do Ministério. A coruja voou até ele, largando o pergaminho no ar, à frente dele. Ele soltou seu pulso da mão dela e apanhou a carta no chão. Ao ver o lacre, ela pôde confirmar: era do Ministério.

Ela o viu correr os olhos pelo pergaminho. Quando ele terminou a leitura, ela não se conteve. Arrancou o pergaminho das mãos dele e o leu rapidamente.

N/A

Sorry! Eu sei q demorei um pokinhu pra atualizar, mas eh q tive um pekenu blokeio...

Naum vai dar pra responder as reviews hj, toh completamente sem tempo e fazendo uma atualizaçaum em massa, entaum, fika pro próximo, q eu naum sei qdo sai...

Jinhus

G.W.M.