Ela apenas observou enquanto ele se deixava cair sobre a poltrona puída do quarto. Ela percebeu que ele agora desenterrava fatos de sua memória. E ela pôde ver que ele mergulhava em um transe, assim como pôde ver o leve brilho de dor nos olhos dele. Ele provavelmente pensava agora que poderia ter feito alguma coisa e não fizera. Achou melhor tirá-lo desse transe.

Alex?

Não foi o suficiente. Mas ele estava voltando à realidade.

Você está bem?

Estou. Apenas um pouco confuso. É um menino?

É.

Ele se levantou e foi até a cama. Em seu olhar, havia receio. Ela sabia que agora não tinha como fugir das perguntas.

Esse menino...Ele é filho de Lúcio Malfoy, não é? Ele é meu irmão, não? Ele é um Malfoy não apenas no nome, mas no sangue também, não é mesmo?

Ela sentia as lágrimas escorrerem por seu rosto. Sua visão estava embaçada pelas lágrimas que esperavam a sua vez de escaparem. Ele não a machucara com as palavras que dissera, mas sim com as lembranças que despertara.

Sentiu o peso morno se agitar levemente em seus braços. Ao olhar para o filho, que entreabrira as pálpebras, viu os olhos prateados. E sabia que ele também vira. As lágrimas ainda escorriam, deixando seus lábios com um gosto salgado.

Ele ergueu levemente sua cabeça. Não havia pena no olhar dele. Apenas conformação. Não havia mais o que fazer. E ele sabia disso. Ele enxugou suas lágrimas delicadamente com os polegares. Ela tentou se agarrar às sensações que aquele toque despertava, ansiando por mais.

Não chore. Apenas tente me contar o que aconteceu. Não quero detalhes.

Ele me prendeu nas masmorras. Me forçava a escrever para casa dizendo que eu estava bem. Ele me...Ele me...- ela chorava convulsivamente.

Não precisa terminar. Já entendi.

Ele puxou-a delicadamente contra si. Ela enterrou a cabeça no ombro dele, soluçando. Felizmente, o filho ainda dormia. Ela queria apenas ficar ali, sentindo-se acolhida pelo abraço dele, pelo calor dele. No entanto, ela percebeu que ele tremia quase que imperceptivelmente. Um estampido se fez ouvir. Ergueu a cabeça, assustada, a tempo de ver cacos se espalhando pelo chão.

Não se assuste. Não acontecerá de novo. Prometo.- ele disse, acalmando-a. Parara de tremer.

Ela voltou a afundar o rosto nas vestes dele. Finalmente conseguiu acalmar-se, com o compasso da respiração dele. Ergueu o rosto. Observando-o apenas. Ele parecia pensar em algo para dizer.

Como você vai chamá-lo?- ela ouviu a voz dele, e ao sentir a vibração no peito dele, se acalmou.

Eu tinha pensado em Christopher Julien.

É um ótimo nome. Christopher Julien Weasley-Malfoy. Posso ir registrá-lo?– ela assentiu.- Tente dormir OK? Você deve estar cansada. Deixe que eu cuido dele.

Só fique até eu dormir, por favor.

Eu ficarei. Não se preocupe.

Ela deitou-se novamente na cama. Ela se sentia subitamente exausta. Enquanto ele brincava com mechas de seu cabelo, ela adormeceu.

Ao acordar, ela viu que ele estava sentado na poltrona puída do quarto, com Julien no colo. Ele estava totalmente absorvido com a criança. Ela ficou apenas observando-o, Mechas de seu cabelo loiro platinado caíam por sobre seu rosto, escondendo os olhos cinzas que ela tanto admirava. Os admirava pela cor e pelo brilho que ostentavam.

Julien começara a se agitar, mas ainda estava adormecido. Ela decidiu quebrar o silêncio. Para sua surpresa, sua voz saiu sonolenta.

Alex?

Hm?

Como ele está?

Bem. Está dormindo, mas acho que deve estar acordando.

Um breve silêncio se instalou. Silêncio quebrado por ele.

Deve ser porque está com fome. Provavelmente. Fique com ele. Não vou saber o que fazer se ele começar a chorar.

Ela tinha novamente em seus braços o peso morno de Julien. Que após ser alimentado, voltara a dormir.

Quando vocês vão poder ir para casa?

Me disseram que amanhã.

Eu e seu irmão tivemos uma pequena discussão. Nada muito sério.

Com qual deles?

Aquele que vivia atrás do Potter...

O Rony?

Esse mesmo.

É, eu imaginei. É que quando eu disse que o Julien era seu filho, ele disse que ia tomar um café e saiu do quarto. Mas as orelhas dele não confirmavam a história. Então, mamãe foi atrás dele. O que aconteceu?

Não aconteceu muita coisa. Eu apenas tive um encontro com a parede e ele teve um encontro com o chão. Nada de mais.

Porque não deu tempo, não é mesmo?

Ela não pôde reprimir um sorriso. Tinha certeza de que se sua mãe não os tivesse interrompido, eles teriam se engalfinhado furiosamente. Mas era estranho. Nunca vira o outro aceitar provocações. Ele sempre as devolvia venenosamente. Mas nunca partia para confrontos físicos.

Mas o que ele fez para ir para o chão? Você é tão difícil de aceitar provocação.

Me chamou de doninha.- ele respondeu mordaz.

Essa foi fundo...

Foi mesmo. E você sabe como eu reajo.

Digamos que seja seu ponto fraco.

Exatamente. Então, um pouco de magia e ele foi pro chão. Foi aí que sua mãe chegou.

E os outros?

Bem, seu pai foi um pouco hostil, nada que eu não esteja acostumado. Seus irmãos ficaram me olhando com ódio e seus pais precisaram acalmá-los.

É o que dá ser a caçula de seis irmãos. Cinco, na verdade. Percy não conta. Você o conheceu?

Você está brincando, não? Percy, o insuportável monitor chefe da Grifinória? Vivia rondando os corredores das masmorras. Era um chato se você me permite.

Ela decidiu ignorar o comentário. Apenas para não admitir que nesse ponto ele tinha razão. Seu irmão Percy era realmente insuportável.

Na verdade, todos eles têm seus perigos. Carlinhos trabalha com dragões, então fisicamente não está nada mal...

Percebi...

O Gui é desfazedor de feitiços no Gringotes, então sabe montes de feitiços. Fred e Jorge têm uma loja de logros, então, se você não tomar cuidado, pode virar cobaia deles.

Muito promissor...

Aí, sobra o Rony. Ele jogou quadribol, você sabe, e tem um temperamento terrível.

E sobra você...

A mais singela e doce pessoa que você já conheceu.

Claro. Isso significa que eu posso me considerar morto?

Entenda como quiser. Mas veja bem: é só saber lidar com eles. Você pode dizer para o Carlinhos que realmente acha que os dragões são fascinantes. Nada abaixo disso. Para o Gui, você pode dizer que odeia os duendes do Gringotes.

E os outros?

Bem, ainda não descobri.

Ótimo. Eu continuo me considerando morto.

Não conseguiu conter uma risada.

Não seja dramático. É só você ganhar a simpatia do Gui e do Carlinhos.

E por que os dois?

Primeiro, porque são os mais velhos. E os mais ciumentos também. Mas também porque o Gui não hesita em estuporar alguém. É impressionante. Claro, tem algumas exceções. Eu, meus pais e a Fleur.

Fleur...Quem é essa?

É a esposa dele. Acho que você já a viu. Ela foi campeã de Beauxbatons no torneio Tribruxo.

A Delacour? Aquela que tem ascendência veela?

Como você sabe? Ela te contou?

Ciúmes?- ao dizer isso, ele lhe deu a sombra de um sorriso.

Eu? Não. Que idéia.

Eu finjo que acredito. Mas qualquer idiota percebe que ela tem sangue veela.

É, até o Rony percebeu...Mas, voltando, o Carlinhos estalando as juntas dos dedos cala qualquer um. É fácil.

Realmente, é tão fácil que estou até chocado.

Ela começou a rir novamente. Nesse momento, uma curandeira entrou no quarto.

Sinto muito mas o horário de visitas acabou. O senhor é o acompanhante dela?

Não.

Como não?

Uma onda de pânico a invadiu. Ele não ia deixá-la sozinha, ia? Ela o olhou, se sentindo confusa, perdida. Ele a tranqüilizou.

Deixe que sua mãe fique aqui com você. Você ficou meses longe dela. Eu fico na sala de espera. Qualquer coisa, sua mãe vem me chamar, está bem?

Ela aceitou.

Posso chamar a senhora Weasley então?- a curandeira perguntou.

Ele respondeu.

Sim, já estou saindo.

Ele sentou-se na cama, de frente para ela.

Fique bem, OK?- ela assentiu. Sua garganta ainda estava travada pela onda de pânico.- Eu não saio daquela sala de espera de jeito nenhum.

Ele se inclinou e lhe deu um leve beijo nos lábios. Como se temesse que ela se quebrasse. Quando ele se levantou da cama, uma batida soou.

Ela apenas observou enquanto ele abria a porta para sua mãe, deixando que ela entrasse e então ele saiu, fechando a porta atrás de si.

N/A

naum me matem!

prometu q tentu postar u prox mais rapidu, mas eu precisu do estimulo pra issu!

Jinhus

G.W.M.