Aqueles dez meses haviam passado rapidamente. Mas agora que o casamento se aproximava, o tempo começava a passar mais lentamente, os detalhes sendo definidos.

Era visível que ele não gostava de ir junto com ela. Ela sabia disso pelo olhar dele. Quando o olhar dele começava a vaguear pelo aposento, ela sabia que ele estava entediado. Mas quando ela lhe perguntava algo, sempre recebia umaresposta satisfatória. E o olhar dele imediatamente se desviava para ela.

Enquanto ia até a sala uma última vez, tentando fazer com que o tempo passasse mais rápido, ela viu que ele estava de negro. Ela não podia acreditar.

-Ah não!

-Ah não o quê?- ele tinha algo nos olhos que lhe dava a certeza de que ele sabia do que ela estava falando.

-Você não vai de preto!

-Por quê não?

-Porque não e pronto!

-Você quer que eu vá de vermelho?

-Não! Mas você podia pelo menos pôr uma camisa azul e uma gravata azul marinho.

-Essa é a roupa que eu vou pôr amanhã. Ou é preto hoje ou é preto amanhã.

-Tudo bem. Então hoje você vai de preto. Mas amanhã...

-Amanhã é outro dia.

-Está bem, está bem. Eu vou tomar banho.

-Angel, você ainda não tomou banho!

-Não. Estava cuidando do Julien, lembra?

Ela acabara de vestir o filho, que agora cochilava em sua cama. Antes que ele pudesse responder, ela saiu da sala, cansando-se de tentar fazer o tempo passar.

Ao terminar o banho, saiu do banheiro, os cabelos pingando, vestida com um robe. Entrou no quarto e trancou a porta. Por um instante, contemplou o filho, que ainda cochilava. Antes de se vestir, afastou uma mecha de cabelo do rosto de Julien.

Olhou-se no espelho. O reflexo a deixou satisfeita. Sentou-se ao lado do filho caçula de Lúcio Malfoy. Acordou-o gentilmente, sorrindo ao ver os olhos cinzentos embaçados de sono. Ele esfregava os olhos com a lateral das mãos fechadas. Pegou-o no colo, ajeitando a roupa dele.

Ao chegar na sala, viu que seu noivo estava na janela, esfregando levemente o antebraço esquerdo com o polegar, pensativo.

-Vamos?- ela percebeu que ele rapidamente interrompeu o que fazia e se virava para ela.

-Claro. A não ser que você tenha mudado de idéia.

-Eu não mudei de idéia. Por que? Você mudou?

-Não.

-Então vamos.

Ela viu que Julien estendia os braços para ele. Suspirou enquanto punha o filho no chão. Era visível que o garoto implorava, a seu modo, pela atenção dele. O que obtinha apenas algumas vezes. Ela não o culpava. Sabia o quão era difícil para ele. Sabia que Julien o lembrava do que um dia ele fora.

Apenas observou enquanto Julien andava até ele e o abraçava, pouco abaixo do joelho. Ele pegou o garoto no colo. Ela quase sorriu. Eles eram tão parecidos. E ainda assim tão diferentes. Julien deu ao irmão um sorriso feliz. Recebeu como resposta apenas um esboço de um sorriso. Ela nunca o vira sorrir totalmente. Mas já vira o olhar dele se iluminar.

-Flú?

-Você enlouqueceu? E sujar o meu vestido?

Antes que ele desaparecesse, ela pôde ver o dar de ombros que ele lhe dera. O que indicava que ele fizera a pergunta apenas por cortesia.

Ela desapareceu em seguida, deixando para trás um apartamento vazio. Ao aparecer no tabelionato, ela viu que Julien se virara para ela, visivelmente assustado. Ao reconhecê-la, ele foi até ela, com passos trôpegos, buscando segurança. Ela o pegou no colo.

Depois de quarenta minutos, ela tinha agora um novo sobrenome. Malfoy. Ela passara os últimos dez meses tentando se habituar a ele. Virginia Angélica Weasley-Malfoy.

Ela podia parecer uma garota tola e romântica que achara seu príncipe encantado. Mas se sentia feliz. Sufocara o máximo que conseguira as lembranças de uma masmorra de pedra. Embora as lembranças algumas vezes conseguissem vir à tona. Ao acordar do pesadelo, ela olhava freneticamente ao redor. Finalmente ela se aconchegava no calor dele e dormia novamente.

Mas duvidava que fosse conseguir dormir naquela noite. Duvidava que fosse conseguir dormir na véspera de seu casamento religioso.

Entretanto, quando a noite caiu sobre Londres, ela se sentia exausta. Deitou-se, e surpreendentemente, conseguiu dormir. Mas seu sono foi leve e agitado.


Ela agora se olhava em frente ao espelho. O vestido de seda creme, com o corpete coberto por renda florida, contrastava com os cabelos ruivos, presos em um coque frouxo.

Seu pai lhe dava um olhar orgulhoso. Ao se virar para ele, ele lhe deu um sorriso, incentivando-a a seguir em frente. Ela aceitou o braço que ele lhe oferecia.

Ao entrar na igreja, passando ao lado dos bancos, viu rostos conhecidos. Rostos de sobrinhos e de irmãos. No altar, atrás do sacerdote, sua mãe lhe sorria, com Julien no colo. Ao passar por ele, ela viu que ele fora despertado pelos acordes da marcha que agora preenchia o teto abobadado da igreja gótica. Ele lhe estendia um braço, enquanto esfregava os olhos com a outra mão. Sua mãe o acalmou antes que ele chorasse, ansioso por atenção.

Alex a ajudou a se ajoelhar. Quando deu por si, tinha uma varinha negra nas mãos. Era chegada a hora de conjurar as alianças. Ela associava Alex a uma faixa larga de platina. E assim seria a aliança que faria para ele. Um anel largo de platina.

Sentiu algo lhe circular o dedo anelar da mão esquerda. Olhou para a aliança que ele lhe fizera. Uma faixa estreita e delicada de platina agora lhe circulava o dedo. Sentiu o toque suave dele em sua cintura e ergueu o olhar para ele.

Deixou que ele a beijasse rapidamente, apenas um roçar de lábios e línguas. Mas não conseguiu evitar o rubor que lhe esquentava o rosto. Ela lhe sorriu. Sentia-se feliz. Apenas feliz.

Ele a conduziu até as portas da igreja. E então aparataram ao mesmo tempo.

O salão estava perfeito. Como ela sempre quisera e visualizara em seus sonhos infantis. Tulipas vermelhas traziam vida ao aposento, contrastando com as toalhas de seda creme. E realçando os talheres de prata e os castiçais de cristal.

Era a hora da valsa. Ele a conduzia pela pista, no compasso dos acordes do piano de cauda. Em instantes, dividiam a pista com outros casais. Quando a valsa dos noivos se retirou, começou a valsa da noiva e seu pai. Ele se afastou, permitindo que ela dançasse com seu pai. E após a valsa com seu pai, seus irmãos exigiram que ela dançasse com eles também.

-Sabe, Gin, sempre que você precisar, lhe daremos uma caixa de Cremes de Canário...

-Ainda não conseguimos fazer um Creme de Doninha, mas estamos tentando...

-Se esse... Não posso xingá-lo, ele é meu patrão, te machucar, fale comigo, que eu terei uma séria conversa com ele...

-Como você pôde, Gin? Justo ele? Eu preferiria que você ficasse solteira, sei lá, fosse para um convento ou algo assim...

-Não é por que estou na Romênia cuidando de dragões que não posso vir até aqui só pelo prazer de...

Ela ria durante a dança, ouvindo as bobagens que seus irmãos lhe diziam. Quando a valsa terminou, ela foi ter com sua mãe. Pegou Julien no colo, enquanto observava Tonks e Alex. Tonks se aproximara dele enquanto ela valsava com os irmãos. Enquanto ela os observava, Tonks quase derrubou uma bandeja de taças de champanhe.

Mas ela podia ver que a conversa estava tomando um rumo desconfortável para ele. Deixando Julien novamente com sua mãe, ela foi até eles, apanhando uma taça de vinho tinto seco.

-Vinho, Alex? Ah, Tonks, vejo que já encontrou seu primo.

Ela começou uma conversa animada com a amiga, impedindo que ela continuasse o assunto. Ele a abraçou pela cintura, puxando-a delicadamente para perto de si.

E então ele a deixou. E Tonks imediatamente mudou de assunto.

-Acho que ele não gostou de mim...

-Não diga isso! É a primeira vez que vocês se vêem! Sobre o que vocês conversaram?

-Bem... Sobre o Largo Grimmauld... Acho que ele não gostou de falar nisso...

-É... Acho que não... Com licença, sim?- ela disse, ao perceber que ele estava perto de si, com Julien no colo.

Antes que pudesse obter uma resposta, ela se virou para o esposo. Sabia que ele não devia estar feliz com Julien agarrado em seu pescoço. Ela abriu o paletó dele, procurando o relógio de corrente que ele tinha no bolso. Para facilitar a tarefa, ele transferiu Julien para o braço direito, dando a entender que o relógio estava no bolso interno esquerdo.

-Onze horas já! Não é à toa que o Julien está dormindo!

Pondo o relógio de volta no bolso dele, ela pegou o filho cuidadosamente no colo, para não acordá-lo. Foi até onde sua mãe estava, percebendo vagamente que ele a seguia.

-Mãe? Eu trouxe o Julien, tem certeza que não é incômodo nenhum?

-Não, de jeito nenhum. Eu cuidarei dele, e seus irmãos o adoram, você sabe disso. Pode ir, qualquer coisa eu te chamo pela lareira.

-Chame mesmo. Vamos indo, Alex? Já seguramos os convidados aqui por muito tempo.

-Ah, sim, claro.

Despediu-se dos irmãos enquanto ele anunciava que já estavam indo. Uma multidão de mulheres já se formava ao seu redor, esperando que ela jogasse o buquê. Quando ela se virou para jogar o buquê, viu que ele já entrava na lareira. O seguiu assim que atirou o buquê de tulipas por cima de sua cabeça.

N/A

ufa, capítulo novo!

Angel: na verdade eu fiz assim por causa da Gina, que sempre meio q conviveu com o mundo trouxa, e sempre sonhou com um casamento em uma igreja.

Karina Caitlin: eu acho q a fic q vc leu foi a Anjos Caídos, não foi? Essa é a mesma história, soh q com outro POV.

miaka: naum, falta escrever dois capítulo para eu terminar de escrever a história.

E para qm mandou review e não tinha perguntas, meu muito obrigada!

o próximo cap já tá pronto, soh preciso de 7 reviews pra postar ele.

Jinhus

G.W.M