CAPÍTULO 4

"Eu não acredito!", exclamou Chloe, ao telefone, à sua mesa na seção de obituários e classificados do Planeta Diário, em Metropolis.

"Pra você ver", disse Lois, do outro lado da linha, ao celular, no carro, ainda no estacionamento da Universidade Central do Kansas. "A sorte é que eu consegui sair daquele auditório cheio de alunos e que parecia o inferno sobre a Terra bem rapidinho, inclusive a tempo do nosso amiguinho agro-boy me ver!"

"Refere-se a Clark?", perguntou Chloe, sorrindo, ajeitando-se na cadeira e batendo a ponta do lápis sobre uma pilha de papéis para analisar.

"É... por pouco ele não me pega vestida de Katherine Hepburn em Mulher do Ano. Já imaginou? Eu ia virar chacota por um bom tempo, além de ficar totalmente desmoralizada e não poder mais criticar as camisas xadrez dele, que nem se comparam ao figurino cafona que tive que usar", disse Lois, que já havia tirado o blazer, os óculos e ajeitava os cabelos recém soltos.

"Pena que você não encontrou nada", comentou Chloe, ressentindo-se pela prima.

"Eu acho que o jovem magnata dos fertilizantes já deu um jeito para que ninguém encontrasse coisa alguma mesmo", comentou Lois.

"Como assim?", perguntou Chloe.

"Logo que cheguei ao campus, eu o vi saindo. E aquela funcionária estava muito estranha. Ninguém pode ser tão zeloso com uma PhD de Harvard. Pode ser implicação minha, mas acho que tem alguma errada nisso tudo".

"Bem vinda ao clube, Lois", disse Chloe, já querendo desligar.

"Pode ser. Mas tenho certeza que na estrada de ladrilhos amarelos nosso pequeno grande homem de negócios deve ter deixado um rastro de sujeita bem insignificante que ainda pode nos levar a algo maior", finalizou Lois.

"Só toma cuidado, viu", advertiu-a Chloe.

"A gente se fala depois", desligou Lois.

Ao finalizar a ligação, Lois viu Clark descendo pelo pátio do campus. Mais do que depressa, antes que ele pudesse vê-la, deu a partida e saiu.

Horas mais tarde, no Talon...

"Pensei ter visto você hoje no campus", disse Clark a Lois, que atendia fregueses ao balcão. "No estacionamento".

"Pensou errado, Smallville", disse ela, terminando de encher uma caneca de capuccino, desviando dele, e saindo pelo Talon com uma bandeja vazia para recolher as mesas.

Clark sorriu e foi logo atrás.

"Você e Chloe estão aprontando alguma coisa que eu não saiba?"

Lois parou o que estava fazendo, virou-se para Clark, e ele completou:

"Só não quero que vocês duas se metam em confusão como da última vez no Windgate Club".

Lois bateu em Clark com o pano de limpar pratos que estava no seu ombro, e antes que ele perguntasse qual era o problema, ela sussurrou:

"Falei para esquecer esse assunto, Smallville".

Clark sorriu.

"Ah, esse assunto... achei que se referia ao episódio do seu striptease", disse ele, em tom mais baixo.

Lois levantou as sobrancelhas, e se afastou de Clark antes que ele continuasse. Jurou a si mesma que se ele entrasse nos detalhes dela ter se sentado ao seu colo, seria um homem morto.

"Olha, Smallville, você está ficando muito saidinho comigo. Isso é péssimo para a sua reputação", comentou ela ao balcão, enquanto ele se sentava ao lado, numa das banquetas, cruzando os braços, sem tirar os olhos do que ela fazia. "Além do mais, eu ainda posso trazer a público o seu abajur do Hortelino."

"O que quer que seja que vocês duas estejam aprontando, tomem cuidado", disse ele.

Lois encarou-o por baixo:

"Será que já não me basta um pai General pra pegar no meu pé?"

"Até mais, Lois", disse ele, então, com um pequeno sorriso no canto dos lábios, levantando-se e saindo.

Lois ficou parada, pensativa. Já eram duas vezes que Clark a deixava sem o privilegio das últimas palavras. E isso a irritava profundamente.

Continua...