N/A: Agradeço a colaboração de vocês, 23 reviews! Estou realmente orgulhosa! Por isso, aqui está o capítulo três, o que deu problemas, mas que com certeza vale a pena ler! Porque é nele que a história começa a se desenrolar!
Espero que gostem e aliás, MUITO obrigada pela ajuda de vocês e agora, espero muitos reviews (há, há, há!) porque devido aos traumas bem recentes, eu mereço reviews só por ter continuado UU Então, REVIEWS!
Laços de SangueCapítulo 3
Harry Potter e a Estúpida Promessa
N/A: (segurando a cabeça com as duas mãos) Olha, vocês não sabem o quanto esse capítulo me custou. Não estou brincando. Altas horas no computador, digitando horrores e lutando contra o sono – já que Aly, minha amiga fofa e sádica me ajudou com o capítulo escrevendo o seguinte trecho:De: "Draco Malfoy pousou a taça no parapeito escuro." (...) Até... "-Malfoy! - ela gritou, e só percebeu que havia sido alto demais quando dois pares de olhos claros encararam-na." Pra facilitar, o que ela escreveu vai estar em negrito.
Ela só aparece de madrugada e como eu faço tudo por vocês, eu fiquei até as quatro da manhã digitando e pensando.
Sem dúvida, o melhor capítulo até agora.
Espero que aproveitem!
(--------O--------)
"Você volta?", ela perguntou com seus olhos azuis marejados.
"Acho que sim, mas eu não posso prometer."
Ela entendia no fim o que aquilo significava. Harry poderia voltar, mas nada seria como antes. Ele estaria mudado, talvez mais maduro. E ainda sim, ela achava que o amaria mesmo que ele voltasse realmente mudado. Afinal, o que importava? Ele sempre teria algo do velho Harry Potter consigo e isso fazia com que ela o amasse cada dia.
Mas quando o viu, tudo o que sentiu foi um ligeiro tremor e um estranho sentimento. Gina não soube defini-lo; e por um momento hesitou.
-Gin, você está linda. – ele falou beijando seu rosto levemente e um pouco rápido demais. Não foi o suficiente para que ela pudesse se lembrar das sensações surreais que sentia cada vez que ele lhe beijava.
-Você parece cansado, Harry. – ela disse segurando sua mão. –Talvez queira dormir um pouco. Deve ter sido uma longa viajem...
-Harry, querido! – Molly se apressou para abraçar o rapaz que ainda sorria. Mas os olhos dele pousaram nos frios e gélidos olhos cinzentos de Draco e Harry franziu o cenho para Gina.
-O que ele está fazendo aqui? – sussurrou para que ela, apenas ela, pudesse ouvir.
-Ah. Ele. – Gina revirou seus olhos, cansada. –Bem, é uma longa história, mas se quiser saber, conto a você uma outra hora. Eu estava mesmo querendo conversar a sós com você...
Estavam, todos eles, na ante-sala que levava para a sala de jantar, onde normalmente era servido o café da manhã e todas as habituais refeições. Uma sala grande, com uma mesa enorme. Gina achava um grande exagero já que ali já não moravam todos os seus seis irmãos; mas era normal uma família rica e com prestígio terem mesas de cristal grandes e retangulares para acomodar seus convidados importantes nos jantares de negócios...
Artur se levantou e foi até Harry, apertou a mão deste e sorriu dizendo algumas palavras. Então os dois foram rumo ao escritório. Molly suspirou emocionada.
-Harry, grande garoto. Está tão magro...Não deve ter sido difícil para ele se manter tão afastado da família.
Gina engasgou com o suco de abóbora, já sentada novamente ao seu lugar à mesa, em uma certa distância de Draco que continuava olhando para ambas com o mesmo olhar de sempre; vazio. Educadamente ele pediu licença e se retirou da sala, deixando Molly e Gina sozinhas.
-Gin, querida, sempre achei que você escolheria Harry para se casar. – ela comentou casualmente, mas ainda olhando atentamente para a filha querendo ver a reação desta.
-Hmm...As pessoas mudam, acho. – respondeu por um breve momento. –Eu também acho que seria mais feliz com Harry.
-Então porque aceitou se casar com o rapaz Malfoy?
-Bem, vocês não me deram escolha, não é mesmo? Afinal, papai nunca tinha me informado da possibilidade, eu fui pega de surpresa.
-Nós não estamos obrigando você a se casar com Draco. – sua mãe disse cautelosa. Gina pôde respirar profundamente, sentindo um grande alívio lhe apoderar. Ela estava quase sorrindo, mas as palavras da mãe interromperam seu momento de paz. –Mas você deve concordar que anular o casamento agora será no mínimo inaceitável.
-Quer dizer que não tem escapatória?
Molly balançou a cabeça.
-Não, querida. Você sabe como isso é importante para seu pai e para seu futuro.
Ela conseguia entender o quão importante era para os negócios do seu pai, aquela união. Mas sinceramente, ela não conseguia entender porque seria, para ela, tão importante.
-Mamãe, você sabe que eu não sou de aceitar ordens...
-Mas acho que você já tem idade suficiente para pensar como uma mulher.
E ela tinha. Aliás, no fundo estava bem tranqüila porque já tomara sua decisão. Ela iria fugir.
(--------O--------)
Ele estava começando a achar que seu dia seria razoável. Os elfos domésticos tinham feito tortas de chocolate e caramelo, sucos variados e uma grande quantidade de pães diversificados; no momento ele passava mel nas torradas, tentando ao máximo não se sujar.
Mas foi inevitável; o barulho fez com que seus dedos mergulhassem no mel espelhado pela torrada. Ele, silenciosamente, bufou, pegando o guardanapo e limpando rapidamente seus dedos.
Então ele ouviu passos vindo em direção a sala do café da manhã e viu meramente Gina Weasley, que por acaso era sua futura esposa, se jogar nos braços de alguém que seria o maldito Harry Potter, numa versão mais velha e...suja.
Os cabelos dele iam até os ombros, sem corte. Os mesmos olhos verdes bondosos e o olhar arrogante pousando por um momento sobre Draco que se esforçava para não se levantar e jogar todo o suco de amoras na cabeça daquele desgraçado.
Então, quem aquele cara pensava ser para se sentir no direito de estragar todo o seu dia?
Com certeza não correria o risco de ficar na mesma casa do que o Potter estúpido, mesmo que aquilo significasse cancelar aquele casamento ridículo. Aliás, aquela não parecia ser uma idéia ruim. Parecia ser a melhor idéia que ele tivera desde que fora para aquela casa de loucos.
Acompanhou os passos de Artur até o preciso Potter e viu os dois trocarem três ou quatro palavras para depois irem até o escritório do Ministro. Draco achou que se saísse agora, não seria como uma falta de educação vinda da parte dele; por isso pousou o guardanapo na mesa, mas aténs ouviu a voz amena de Molly Weasley.
-Harry, grande garoto. Está tão magro...Não deve ter sido difícil para ele se manter tão afastado da família.
Família? Desde onde ele sabia, os Potter tinham morrido quando aquele imbecil tinha um ano de idade. Os pais de Potter eram aurores famosos que morreram numa missão sigilosa do Ministério e desde então, Harry viveu entre os malditos Weasleys.
Sentiu-se enojado quando as palavras melosas de Molly voltaram a sua cabeça com uma repetitiva sonoridade angustiada: "Harry, grande garoto."
Então ouviu a Weasley menor engasgar e cobrir sua boca com o guardanapo. Draco viu as bochechas corarem furiosamente e os olhos azuis irem para debaixo da mesa, onde ele imaginou estarem suas mãos.
Aquilo foi o último fio. Draco não agüentaria aquele ataque ridículo daquela garota. Não mesmo.
-Com licença. Eu acabei. – disse polidamente antes de se retirar da sala.
Espero que esse seu plano idiota funcione, papai. Ou eu nunca vou perdoa-lo!
Ele caminhava já sem ocultar sua irritação tão visível na sua expressão. Ele ia em direção no jardim, respirar um pouco o ar limpo e esclarecer suas idéias e objetivos. Não queria, apesar de ser seu verdadeiro desejo, por tudo a perder; estava fazendo isso pela sua família e pelo prestígio que queria que os Malfoys tivessem – não que já não fossem importantes, mas ser Rei era algo muito mais importante do que ser um reles nobre...-.
-Como você está, Harry? – Draco ouviu a voz de Artur soar fraca, distante. –Eu sei como deve ter sido difícil para você saber tudo da maneira mais errada...
Draco sorriu instintivamente. Seria como nos tempos de Hogwarts, quando ele guardava um pouco do seu tempo para vigiar Potter e seus amigos desprezíveis e arrumar uma maneira de ferra-los.
Ele foi guiando-se pelas vozes.
-Desculpe, Sr Weasley. Eu não devia ter julgado. Não foi sua culpa, vocês apenas queriam o meu bem.
-Bom saber que você nos entende, Harry. – houve uma pausa incômoda. -Seu pai e sua mãe sempre foram aventureiros e adoravam as missões secretas do Ministério. Quando eu assumi, fiquei sabendo de todos os artigos confidenciais e... – Sr Weasley engoliu em seco. – eu lamento, Harry. Lílian e Tiago eram pessoas maravilhosas!
-Eu fui visitá-los. Eles não se lembram de mim, mas mesmo assim são tão gentis... – a voz de Potter soou fraca, como se fosse um sussurro. Draco se perguntou quem poderia ser as pessoas que Harry fora visitar, mas balançou a cabeço. Aquilo não importava – Mas eu vim exclusivamente para resolver todo esse problema com o Ministério. Eu quero saber de todos os detalhes da missão. Eu tenho esse direito.
-Claro, Harry. Não serei eu que vou impedir de você descobrir a verdade, mas... – a voz do Ministro se tornou alta e alegre, como a voz que Draco costumava ouviu quando Artur se dirigia a seus sócios ou amigos. E, um pouco chocado, percebeu que a voz anterior, com a qual conversava com Potter era como se fosse a de um pai falando com seu filho. -...suponho que vá ficar hospedado na minha humilde casa, hmm? Agora mais ainda com os atuais acontecimentos...Não, não vou contá-los. Gina deve querer fazer isso. Pelo menos fique até o Natal.
-Seria realmente bom, Sr Weasley. Mas você sabe, eu não sei se minha mulher vai se sentir confortável.
-Ela certamente irá se dar muito bem com Gina. Vou mandar prepararem um quarto para você e sua...mulher. – Artur hesitou por um momento. –Claro, vou exigir explicações sobre sua mulher mais tarde, Harry. Se não se importa.
Draco sorria incontrolável. Apesar de ter a asquerosa presença de Harry Potter sob o mesmo teto, ele encontrara uma ótima oportunidade para se divertir. E a pequena Weasley fazia parte dela.
(--------O--------)
O jantar seria servido dali a meia hora, o suficiente para que ele pudesse sentar e relaxar na sala do segundo andar. Draco sentou-se perto da lareira, num confortável sofá e deitou-se nele, fechando seus olhos a seguir. Vários quadros sussurravam, hora apontando para ele, hora dizendo que aquele era o noivo da mais nova Weasley. Mas sinceramente, Draco não se incomodava muito com o que eles diziam, apenas ignorava-os.
Passaram minutos que lhe pareceram longos naquela posição. Pensando em quanto infeliz seria ao lado daquela garotinha temperamental. Ficou ali, recluso do mundo, apenas viajando nos seus pensamentos e desejos. Isso até a porta ser aberta rapidamente e passos apresados entrarem na sala. Draco franziu as sobrancelhas.
-Estamos aqui. – a voz de Potter soou um pouco impaciente. –O que você queria falar comigo?
-Bem, certamente eu não poderia dizer o que eu quero na frente de Rony e Mione. Não faça essa cara, no fundo você deve saber o que eu quero.
-Você vai casar, Gin. Mesmo que seja com aquele estúpido, você não pode sair por aí e beijar...
-Não importa o que você acha, Harry. – Gina soou muito mais irritada do que Harry aparentava estar. –E é exatamente por isso que estou aqui.
Potter suspirou.
Draco daria suas melhores vestes, seus melhores relógios e a metade da fortuna Malfoy para ver a cara dos dois. Não que se importasse, apenas era divertido ver os dois naquela situação.
-Eu não quero me casar e você sabe disso. Estie pensando sobre minha atual situação e...Eu não quero me casar!
-Você já me disse isso. – Potter completou calmo.
-E é aí que você entra, Harry. – Draco franziu as sobrancelhas. –Eu não poderia me esquecer que você foi o primeiro... – ela não completou a frase e Draco perguntou-se como ela terminaria. –eu nunca poderia me esquecer o que passamos juntos e...- ele a ouviu engolir em seco. –parte de mim ainda ama você, e sempre amará, Harry. Você sabe. Tudo o que eu quero agora é ficar com você, fugir com você, entende? Você voltou agora e me encheu de esperanças, nós...
Fugir? A Weasley vai fugir?
(--------O--------)
-Gin, eu sei que deve ser no mínimo amedrontador se casar com o Malfoy, mas você não pode fugir comigo.
-E porque não, Harry? – ela perguntou impaciente. –Quando você foi embora, deixou claro que nada seria como antes e realmente não é. Mas você continua sendo o meu herói, o cara que eu amei e ainda amo!
Por que raios ele está deixando tudo mais difícil?, ela se perguntava sentindo seu desespero crescer.
Mas ao olha-lo, ela não viu seu velho Harry Encantado, olhando-a com seus olhos verdes, incrivelmente verdes que pareciam decora-la. Ela apenas viu um homem feito, cansado e impaciente.
-Durante esse tempo que estive fora, Gin, eu vivi coisas inesperadas, novos sentimentos. As pessoas mudam, você mesma costumava dizer isso e agora...- ele parecia realmente muito desconfortável. –Eu te amo, realmente amo, Gin. Mas não da maneira que eu costumava dizer. Meus sentimentos mudaram.
Gina não disse nada, apenas permaneceu com suas sobrancelhas franzidas, um quê de irritação expressa pelos seus traços faciais.
-Você quer dizer que não vai fugir comigo? – ela perguntou com emoção. Ergueu as sobrancelhas e continuou a fitá-lo.
-Eu quero dizer que eu me casei. – Harry respondeu por fim, evitando olha-la nos olhos.
(--------O--------)
-Que brincadeira é essa, Harry? O que diabos você está dizendo?
Ela parecia confusa, mas nunca poderia parecer sentida ou magoada. Apenas...surpresa. Draco tentou se levantar um pouco para ver onde estavam e o que estavam fazendo. Se aventurou a olhar rapidamente para ver que os dois estavam de frente para o outro; Potter parecia extremamente sem graça e desconfortável com a conversa e Gina indiferente.
Então ele se perguntou, surpreso, onde estaria toda a paixão que ele vira em Hogwarts, quando aqueles dois estavam se amassando. Pelo menos, ele pensou, ela não fugiria e não estragaria o plano do meu pai. Mas ele sabia que não era tão simples assim.
Gina não se casaria com ele se não fosse por livre e espontânea vontade. E só agora ele descobrira aquilo. Potter poderia não fugir com ela, mas certamente aquele detalhe não seria suficiente para faze-la mudar de idéia.
Ele teria, realmente que fazer o melhor de si para mantê-la com ele, feliz ou não – isso não lhe importava muito -, ela tinha que permanecer ali.
-Eu me casei, Gin. Você não a conhece, eu a conheci na França.
Draco ouviu Gina soltar um estranho barulho que poderia ser traduzido como irritação.
-E quem é ela?
-Ela se chama Marie, está hospedada no Caldeirão Furado. Acho que ela não gostou muito do lugar, porque pareceu bastante aliviada quando disse que seu pai tinha nos convidado.
-Ela vai ficar aqui? – Gina parecia incerta. –Espero que ela não seja muito ciumenta. – comentou.
-Não teria porque sentir ciúmes.
-Claro. Não teria. – ele poderia ter ficado louco, mas Draco tinha a impressão de que ela, Gina, a eterna namoradinha do Potter estava sorrindo. –Mas vou lhe propor algo, de qualquer maneira.
-O que é?
-Você vai dormir comigo hoje à noite.
(--------O--------)
Gina viu Harry arregalar seus olhos e corar furiosamente.
-Você sabe – retrucou ela rindo. -, como nos velhos tempos. Você e eu. Mas tenho que dizer, Harry. Quando sua mulher chegar, eu não vou mais querer saber de você.
As expressões tensas de Harry aos poucos foram relaxando. Agora ela podia ver claramente que ele a entendera.
-Claro, Gin. – Harry se aproximou um pouco mais para seus narizes se tocarem. –Mesmo que você não queira mais saber de mim...Eu sempre vou te amar, não como antes, mas como agora. – Gina fechou os olhos e sentiu a boca de Harry colar na sua. Por alguns segundos, ela sorriu querendo sentir o que costumava sentir antes, mas ao invés disso, vieram imagens da cara lavada de Malfoy lhe dizendo 'Você perdeu, Weasley. Não tem como fugir.'. E isso foi o bastante para faze-la abrir seus olhos.
Harry ainda mantinha seus olhos verdes fechados e ia passando a língua levemente nos lábios de Gina quando esta se afastou dele por um momento e o olhou com a ausência dos sentimentos antigos.
-Bem, acho melhor você voltar, Harry. Ou Ronald vai começar a procura-lo.
Harry assentiu e se virou de costas, saindo da sala sem mais nenhuma palavra.
O que diabos eu faço agora?, pensou ela começando a andar pela sala, olhando sem atenção para onde seus pés a levavam. Harry tinha sido a única esperança que ainda lhe restara e agora, não seria ele que a salvaria.
Agora é com você, Weasley, pensou ela sentindo seu corpo tremer de raiva. Ou seria Malfoy?
Sem pensar, pegou um porta-retrado dourado que possivelmente seria ouro egípcio e sem pensar duas vezes lançou-o ao encontro de uma sólida e fria parede. E tudo o que restou foi a foto dos Weasley no chão, junto ao que seria pedaços do porta-retrato.
Isso e mais a expressão cômica de Draco Malfoy.
Gina levou um sobressalto e arregalou os olhos.
-Ah, MERLIN! – gritou levando suas mãos para o peito que arfava. –O que raios você está fazendo aqui, Malfoy?
Draco pareceu pensar numa resposta e parecia de fato compenetrado em faze-lo.
-Bem, agora eu estou com medo de responder e acabar sendo morto por porta-retratos flutuantes.
Gina revirou os olhos.
-Não é nada educado ouvir a conversa dos outros. Mas você não deve saber disso, não é?
-Seria muito pior se eu interrompesse, não acha, Weasley? Como eu poderia interromper um momento tão louvável? – ele riu.
-Você. Não. Conte. Nada. Para. Ninguém. – ela murmurou cerrando o punho, olhando nos olhos que parecia rir da raiva dela.
-E o que eu ganharia não contando?
-O que você acha?– ela disse numa voz bem baixa, que Draco mal pôde ouvir. –Tem alguma coisa que você queira?
(--------O--------)
"Tem alguma coisa que você queira?"
Ah, sim, pensou malicioso. Realmente muitas coisas. Como você, por exemplo. Mas Draco balançou a cabeça. Não era hora para pensar em certas coisas; agora ele precisava agir de forma racional, não o contrário.
-Tem uma coisa sim, Weasley. Eu quero que você não fuja.
Gina abriu a boca várias vezes, parecendo ter sido apunhalada pelas costas.
-Mas você não quer se casar comigo! Você quer o que eu quero, distância entre nós.
-Você já pensou na possibilidade de que eu realmente queira me casar?
-Não comigo, espero.
Ele revirou os olhos.
-Olha, se você fosse loura ao invés de ruiva e fosse um pouco mais magra – ele comentou arrogantemente -, eu estaria completamente satisfeito. Mas não, é simplesmente você e eu tenho que me conformar com isso. Porque muito mais do que dormir com você e possivelmente transar com você, esse casamento envolve outros interesses. – ele ignorou o rosto tão vermelho quanto os cabelos dela, sorrindo. –E eu realmente estou interessado nesses outros interesses.
Ela não respondeu.
-Tudo bem. Pode contar, eu não ligo. Mas casar com um pervertido feito você, não caso mesmo!
E saiu da sala tão rapidamente que Draco imaginou que ela estava com medo do que um pervertido feito ele faria a ela.
Não se conteve, sorriu.
(--------O--------)
-Você não devia dar ouvidos para o que ele diz, Gina. Não mesmo. Aquilo só faz parte do que ele poderia chamar de charme. E, droga, quando ser tão direto e sincero virou charme para alguém?
Gina falava sozinha, sentindo-se a última das mulheres. O motivo, obviamente, era a irritação, juntada com o desespero e ainda mais a raiva que passara minutos atrás com seu noivo; transformava-se em uma bola de neve que caíra sobre sua cabeça. Ela gostava de pensar em neve porque costumava relacionar frio com Draco Malfoy.
-Ele é um estúpido e eu não devo dar ouvidos a ele. – murmurou ainda para si mesma. –Agora você tem que se acalmar, Gin. Ou ele vai conseguir o que quer!
Abriu o baú onde guardava seus vestidos e escolheu qualquer um, e esse qualquer um era, a propósito, um vestido de cor púrpura, que brilhava cegamente.
-Grande escolha. – resmungou sarcástica. –Já que não posso brilhar, vou deixar que o vestido brilhe por mim...
Então batidas na porta fizeram olhar com uma raiva evidente para a porta que agora se abria.
-Eu não vou precisar de ajuda para me vestir...- ia dizendo para a criada, mas parou no meio da frase quando constatou que não era a criada que viu, quando Draco entrou no quarto, fechando a porta atrás de si. –O que você está fazendo aqui? – perguntou com selvageria.
-Me certificar se ainda não fugiu.
-Você não tem esse direito! – ela gritou. –Agora saia daqui ou eu vou começar a gritar!
-Como se você já não tivesse gritando agora... – ele falou sem se importar com o rosto vermelho e a expressão de poucos amigos de Gina. Ao invés de ir pelo mesmo caminho que veio, entretanto, ele sentou-se na beirada da cama e a olhou um tanto quanto esnobe. –O que você decidiu?
-Isso te interessa?
-Claro que sim. Eu tenho que saber fingir muito bem quando seu pai vir me dizer que você desapareceu. Ou, se permanecer aqui, tenho que estar sorrindo. Aliás, você devia fazer como eu. Você sabe, as pessoas percebem quando a noiva não está radiante...
-Malfoy, eu vou fugir.
Ele arqueou as sobrancelhas.
-Nesse caso, você deve saber formas de fazer Potter mudar de idéia. Ele não parecia querer muito fugir com você.
-E quem disse que eu preciso dele para fugir? Eu odeio você. É claro que eu não vou me casar com uma pessoa como você.
-Então aonde você vai? – ele revirou os olhos fazendo com que ela mesma achasse suas palavras ridículas. –Seu pai é o Ministro da Magia e por um acaso, um dos homens mais importantes da Inglaterra. Você deve conhece-lo. Artur Weasley não parece ser do tipo que cruza os braços quando a filha caçula desaparece.
Tudo o que Gina conseguiu pensar foi em um grande palavrão. Aliás, naqueles segundos que passaram depois das palavras sinceras e arrogantes de Draco, sua cabeça encheu-se daquelas palavras.
O que, diabos, vou fazer agora? Ele tem razão. Não tenho como fugir!
-Para onde eu for, não vem ao caso. Eu só preciso saber se você vai comentar alguma coisa do que ouviu hoje.
Ela pensou que ele negaria veementemente, mas Draco apenas deu de ombros.
-Não vou contar. A menos que eu precise. – ele falou olhando-a estranhamente. Gina suspirou, achando que pelo menos isso ela não teria de se preocupar.
(--------O--------)
Draco acompanhou com seus olhos cinzas a língua de Gina umedecer a boca seca. Aquele era um dos momentos em que ele poderia dizer que sua sanidade mental era desligada e seus instintos – ou hormônios, como ele costumava acrescentar mentalmente – governavam seu corpo. A pequena Weasley parecia ser muito mais exótica do que atraente. Os cabelos ruivos estavam soltos, caindo sobre as costas e os olhos, tão azuis quanto um mar oceânico. Ele imaginou como seria tocar os lábios dela com os dedos e pensou em quão macios eram.
Ele viu quando os mesmos lábios observados entreabriram-se como se quisesse dizer alguma coisa. Qualquer que fosse o assunto, não o interessava. Afinal, os hormônios imperavam naquele instante. Draco Estava se levantando, e seus planos pareciam bem simples; ele a beijaria. Não importava se ela não quisesse beija-lo. Apenas saciaria sua vontade momentânea para logo voltar a ser o racional Draco Malfoy.
Mas então sentiu a frustração quando a porta se abriu num banque surdo, revelando uma mulher magra demais com os cabelos desgrenhados.
-Oh, Srta Weasley! Perdoe-me! Eu tive que ajeitar o vestido da Sra Malfoy, por isso demorei tanto. – ignorando completamente a presença de Draco, ela caminhou até Gina e começou a leva-la em direção à penteadeira. Só então reparou que o quarto não estava completamente vazio quando entrou. –Sr Malfoy, é melhor você ir. A pequena vai querer privacidade para se trocar.
Draco acenou cordial e foi a largos passos em direção a porta, fechando-a atrás de si.
Aqui, ele pensou irritado, é o que chamam de frustração.
(--------O--------)
Quando Gina desceu - tomando cuidado para não amassar seu vestido – pela escada de mármore, ela ouviu pessoas cochicharem a apontarem discretamente para ela. No entanto, ela sabia o que diziam ou pelo menos, fazia uma vaga idéia.
"Ali está a futura rainha da Bretanha!"
Gina amaldiçoou qualquer que fossem os comentários; maldosos ou não. Mas ainda sorria como se não estivesse xingando cada convidado.
Estavam no dia 27 de Setembro, faltavam poucos dias para que o mês terminasse. Era costume a família do Ministro fazer festas no final dos últimos meses do ano comemorando o natal e o ano novo. E lá estava ela, estreando um dos seus milhares de vestidos, todos feitos especialmente para ela. Sua mãe sempre lhe dizia que milhares de garotinhas costumam ter como exemplo a imagem alegre, bondosa e calma que ela representava.
E o que poderia ser mais desesperador do que milhares de criancinhas sonhando em ter a vida dela?
Ter que casar com Draco Malfoy?, pensou enquanto acenava para algumas pessoas que a minutos atrás estava xingando mentalmente. Ou não ter muita saída quanto a isso?
-Gin, querida! – a voz de Molly a despertou dos seus pensamentos. –Carlinhos e Gui estão aqui!
Foi aí que sorriu verdadeiramente. Aliás, a primeira vez que sorria de verdade em dias.
(--------O--------)
Draco Malfoy pousou a taça no parapeito escuro. Toda a varanda estava envolta em penumbra, e as árvores farfalhavam alegremente no jardim, alheias à seus problemas. E como ele tinha problemas. Na verdade, um único problema, que estava usando um vestido que combinava absurdamente com as sardas salpicadas em suas bochechas.
Gina Weasley era uma garota muito bonita, de olhos azulados, impenetráveis e os lábios rosados e brilhantes, de uma tonalidade naturalmente graciosa. Seus gestos eram delicados, e o cabelo cor de cobre chamava a atenção à milhas de distância. No entanto, tinha um gênio que Draco não desejaria nem para a esposa de Harry Potter. Bem, talvez só para ele.
O caso é que por muito pouco, Gina não se tornara realmente a esposa do Potter. E agora ele tinha menos de um mês para convencer uma Weasley de humor terrivelmente instável a não arruinar os planos de seu pai. Obviamente, também sairia ganhando com isso.
Draco encarou com desdém as árvores que balançavam ao vento que soprava.
-Slytheryns sempre saem ganhando.
Uma silhueta se moveu perto demais, assustando-o. Os olhos verde-esmeralda brilharam entre o aro fino dos óculos, saindo da escuridão.
-Você tem um ego gigantesco. - Harry comentou. -Sinceramente não sei o que o Sr. Weasley viu aí - apontou com o queixo para o peito do outro, coberto pelo terno escuro.
Parecia enojado com a mínima distância entre eles.
-Eu tenho sangue azul, Potter, coisa que você sequer seria capaz de compreender.
-E daí? Eu não tenho, e dentre nós dois, ainda prefiro eu mesmo. - Respondeu Harry, os olhos sinceros demais.
O vento soprou mais forte, jogando as folhas espessas umas contra as outras, exalando o cheiro fresco de neve misturada com terra. Afinal, o natal havia sido há poucos dias atrás. Seria estranho se a neve não cobrisse os bancos lá embaixo. A própria escuridão encarregou-se de encobrir o sorriso malicioso que se formava no canto dos lábios de Draco.
-Pelo menos meu ego não precisa se contentar com os beijos da mulher de outro para se auto-afirmar.
Houve um momento de silêncio, quando o som dos saltos no salão batendo no ritmo da música pareceu insuportável. Com o punho a suspenso no ar, a meio centímetro do nariz de Draco, Harry encarou o fundo daqueles olhos cinzentos.
-Autocontrole, Potter. A verdade dói. - Draco passou os dedos pelo finíssimo fio loiro que se soltou de trás da orelha. -A não ser que você queira resolver isso lá fora.
Os dentes de Harry brilharam quando ele sorriu. A idéia só lhe pareceria melhor se Draco a tivesse tido antes.
(--------O--------)
Gina se sentia alegre e sufocada, entre os irmãos mais velhos. O salão estava lotado, e não conseguira achar Draco entre os convidados. Não que estivesse interessada no que ele fazia, mas porque ele era Draco Malfoy. E nada de bom podia vir de Draco Malfoy.
Quando ela vislumbrou a mescla de cabelos louros demais desviando rapidamente entre os convidados, pensou em ir até lá sondá-lo. Desistiu no mesmo segundo, quando viu o rosto sereno de Harry apontar logo atrás. Agora tinha certeza. Draco Malfoy estava tramando algo.
Saiu correndo atrás deles, sem se preocupar com a expressão surpresa de Gui, ou sua taça de champagne, repousando nas mãos de Carlinhos. As pessoas reclamavam quando Gina se chocava contra uma delas, mas não tinha tempo de parar para se desculpar. Os dois moviam-se rapidamente, como duas cobras entre os convidados, e Gina ficou chocada por ter achado alguma semelhança entre Draco e Harry.
Cruzou a porta de entrada da mansão e esquadrinhou o jardim com os olhos, sentindo-se estranha. Não conseguia enxergar direito na escuridão, e talvez ela os tivesse perdido. Foi quando ouviu um baque surdo bem à sua frente, e a lua esfumaçada iluminou o rosto pálido de Harry, caindo em câmera lenta, o punho de Draco ainda erguido.
-Malfoy! - ela gritou, e só percebeu que havia sido alto demais quando dois pares de olhos claros encararam-na.
-Que diabos você está fazendo aqui, Weasley? - Draco fitou-a por alguns segundos, esperando uma resposta. Mas tudo o que Gina fez foi levar o punho cerrado até o peito e respirar bem fundo enquanto arregalava um pouco mais os olhos azuis em direção a Draco.
Foi então que ele sentiu alguma coisa colidir com seu rosto, mas precisamente na região do maxilar. Ele demorou dois segundos para perceber que tinha sido atacado.
-Depois dizem que Grifinórios sempre jogam limpo.
-Vocês dois! - Gina gritou correndo até eles, com a expressão mais aterrorizada que conseguiu fazer. Ela viu o nariz de Harry sangrar, sujando as vestes escuras. Olhou rapidamente para Draco que ainda cambaleava em sua direção -Parem com isso agora!
-Você, sai daqui. - Draco resmungou mal educadamente, afastando-a do seu caminho, mas ela permaneceu firme onde estava, entre os dois.
-Francamente, que cena estúpida é essa? O que você está pensando, Malfoy?
Mas Draco revirou os olhos e ficou calado, olhando fixamente para seu próprio punho.
-Desculpe estragar a festa, Gin. - Harry murmurou parecendo desconfortável. -Acho melhor eu ir concertar esse nariz ou vão desconfiar...
-Eu ajudo. - ela disse automaticamente procurando a varinha nas vestes. Demorou um tempo considerável para achá-las e quando as encontrou, foi até ele e murmurou um feitiço prático até que o rosto de Harry estivesse como antes; puro e limpo.
E depois, olhou para Draco que ainda mantinha os olhos bem longe dos dois.
-Você quer ajuda? - ela ofereceu já caminhando na direção dele, mas ele se afastou bruscamente e murmurou um palavrão enquanto ia em direção à festa. Aparentemente, não se importava com o que as pessoas poderiam dizer do estado deplorável.
-ARGH! - ela gritou dando um chute no nada. -Imbecil!
-Acho que ele sempre gostou de chamar atenção. - Harry comentou sorrindo ao mesmo tempo em que se aproximava furtivamente. -Acho que ele gosta de ter a imagem de rebelde sem causa.
-Ou talvez ele não se importe com as pessoas e o que elas pensam sobre ele. - ela respondeu rápido, sem poder evitar. Ela pensou em como aquelas palavras soaram frias em sua voz, mas estava cansada e tudo o que queria era um bom banho e cama. Ela se virou para Harry e deu um estalado beijo em sua bochecha.
-Acho que será melhor cada um dormir em sua própria cama, não acha?
Harry assentiu com a cabeça, apesar de não corresponder ao sorriso. Ela a assistiu andar graciosamente até a Mansão e sumir de visto.
-É, realmente uma ótima idéia, Malfoy.
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-Eu ajudo. - ela disse automaticamente procurando a varinha nas vestes.
Draco revirou os olhos.
Aqueles pequenos gestos a faziam parecer inocente demais, mesmo que ele soubesse que aquela garota não podia mais pensar em romantismo como pensava aos doze anos de idade.
Ele imaginou se ela teria o mesmo cuidado com ele e aquele pensamento o atormentou. O que diabos aquilo importava?
Ela estragara o que ele vinha querendo fazer há anos, bater naquele Potter Ridículo. Ele deveria estar com muita raiva por ela ter estragado a única e aparente forma de diversão que ele imaginava ter naquela noite.
E Draco estava realmente com raiva, mas por outro motivo. Pelo jeito que ele tocou ou olhou para Potter e sua cara estúpida. A forma em que se ofereceu para ajudá-lo...
-Você quer ajuda? - a voz dela interrompeu seu devaneio. Ela estava vindo em sua direção, com a varinha erguida.
Ah, claro. Até parece que vou querer que ela encoste em mim!, ele pensou se afastando bruscamente enquanto falava um sonoro palavrão. E foi assim que ele foi em direção à festa, ignorando a dor latejante no rosto.
Ela viu algumas pessoas dirigirem olhares curiosos em sua direção e sentiu-se desconfortável. Deveria ter entrado pelos fundos e assim evitaria os olhares indesejáveis. Um e outro comentário sobre o roxo em seu rosto lhe vinha aos ouvidos, mas ele aparentemente tinha coisas mais importantes com que se importar. Como por exemplo, convencer a pequena Weasley a casar-se com ele sem fazer uma das loucuras habituais.
Ele tinha ouvido as histórias dos escândalos que a Weasley tinha feito e das ofensas que dirigira aos possíveis pretendentes. Naturalmente, não havia gostado de nenhum dos seus noivos anteriormente, mas aquilo não importava. Harry Potter estava comprometido, e isso deixava seu caminho um pouco mais amplo.
Mas não o bastante para simplesmente achar que a batalha estava ganha.
-O que aconteceu com seu rosto, querido? - sua mãe lhe perguntou enquanto ele traçava um caminho estranhamente cumprido, na direção do seu quarto, no andar superior. -Você está bem?
-Sim - ele murmurou afastando delicadamente a mão de Narcisa do seu ombro. -apenas estou um pouco cansado demais.
E assim ele se guiou pelo habitual caminho onde dormiria horas e mais horas. Ou pelo menos assim ele desejava.
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Por mais que tentasse, sua cabeça não conseguia desligar-se e já faziam umas três da manhã quando Draco deu-se por vencido e se levantou da cama onde gastara as últimas horas revirando-se inquieto. Não sabia porque, mas simplesmente todas as vezes que tentava dormir, algo vinha e fazia com que ele abrisse seus olhos mais uma vez.
Draco perdera a conta de quantas vezes já fizera isso naquela mesma noite.
Ele colocou suas calças e pôs uma camisa de linho bordada; desde sempre fora acostumado a dormir nu e mesmo que não se sentisse em casa, era um hábito que ele não fazia questão de deixar.
E quando percebeu, já estava caminhando em direção a cozinha que naquela hora estava escura e desabitada. Ou pelo menos ele achava que estaria.
Mas seus olhos constataram algo diferente do esperado.
-É incrível como encontramos quem menos queria encontrar...Justamente nas horas mais erradas! - ele exclamou adentrando a cozinha fracamente iluminada por um fecho de luz vinda de uma varinha.
A varinha do Potter.
-O mesmo serve para mim - Harry respondeu sem se importar com a presença de Draco. -Sabe, Malfoy, foi realmente descortês o que você fez esta noite?
-O que? Te bater?
-Estou falando de Gina. - o moreno esclareceu dançando com os olhos verdes-esmeraldas e fitando-o com certo interesse. -Você não foi nada educado.
-Isso não é problema seu.
-Você está enganado. É muito mais problema meu do que seu.
Draco deu um meio sorriso. "O que foi? Não me diga que ainda gosta dela?"
-Eu amo Gina. Não como nos tempos de Hogwarts. Eu acredito que o amor que sentia ficou muito mais forte e duradouro. Amor de irmão.
-Ela já tem irmãos o bastante, creio eu. - Draco retorquiu. -E que eu saiba, irmão não se beijam e muito menos dormem juntos. - acrescentou com raiva, uma raiva ocultada perfeitamente em seu semblante frio e pálido.
-Eu e Gin não dormimos juntos, Malfoy. - Draco ergueu as sobrancelhas, zombeteiro. -Eu não sei como você soube, mas sim, nós nos beijamos.
-Eu sinceramente não quero saber. - Draco disse pegando uma maçã na cesta de frutas e mordendo-a com brutalidade. -E se não se importa, eu gostaria que você não comentasse o que você fez ou deixou de fazer com ela. Você sabe, vou ter que me casar com ela e possivelmente terei que conviver com a Weasley. Seria intragável lembrar que um dia vocês tiveram alguma coisa.
-Você não a ama - Harry comentou sem se surpreender. -Achei que não amava mesmo. Quando eu soube que vocês iriam se casar, tudo o que eu pensei foi em 'Como ela escolheu esse cara para passar o resto dos dias com ele?', tudo ficou bem claro quando Artur disse que essa união poderia significar negócios e não amor.
-Foda-se, Potter. - Draco resmungou sentando-se na mesa. A metade da maça já comida.
-Eu me importo com Gina. Morreria por ela, porque ela é especial, diferente de todas as mulheres com quem você irá vir a ter. Ela é...
-Irritante - Draco completou entediado. -mas mesmo assim atraente. Não vai ser muito difícil dormir com ela.
Draco ficou satisfeito em constatar que Harry cerrou o punho.
-Ela é incomparável. Você pode ter todas, Malfoy, mas nenhuma vai te beijar com tanto ardor quanto ela.
-Como vou saber? - Draco perguntou achando que aquela pequena e imensamente bizarra conversa já dera em tudo que ele suportaria aturar. Francamente, ele preferia ter ficado em sua cama, revirando-se a cada cinco minutos. Pelo menos, não teria que ouvir Potter e seus elogios a pequena Weasley. -Eu nunca beijei Virgínia Weasley.
-E nunca vai beijar se continuar tratando-a assim.
-O que você quer? - Draco explodiu jogando o resto da fruta em algum lugar não iluminado. -Quer bancar o idiota perfeito que quer o bem de todos? Vá se foder, Potter. Eu não preciso dos seus conselhos ridículos. Apenas vá se foder!
Ele deu as costas e ia a passos decididos para seu quarto, descansar e tentar esquecer aquela conversa ridícula.
Mas uma mão forte segurou seu braço, incapacitando-o de se mexer.
-Eu ainda não terminei, Malfoy. - Harry falou suavemente, apertando o braço de Draco. -Eu preciso que você me faça uma promessa.
Draco riu sem emoção, mas ficou calado, aparentemente esperando Harry dizer alguma coisa ou que Potter o largasse. E quando Harry o fez, Draco permaneceu ali, de costas para Harry.
-Me prometa, Malfoy, que você não vai machucar Gin.
-O que eu ganharia se eu prometesse isso? - Draco disse lenta e vagarosamente, enquanto uma idéia foi formulando em sua cabeça.
-Apenas prometa, Malfoy.
-Está bem, eu prometo.
Harry franziu a testa, mas por alguma razão decidiu não comentar nada. Apenas saiu da cozinha deixando Draco Malfoy sozinho em meio a escuridão.
De repente, tudo ficou absolutamente claro em sua cabeça.
"Eu nunca beijei Virgínia Weasley.", ele ouviu a própria voz de longe.
Ele precisava justamente daquilo. Se quisesse casar com Gina, tudo o que ele precisava é fazê-la se apaixonar.
"E nunca vai beijar se continuar tratando-a assim."
Draco sorriu. Harry Potter tinha sido útil, verdadeiramente útil no final das contas...
N/A: Tudo está claro nesse capítulo. Nele fica claro que será Draco quem vai tentar fazer as coisas melhorarem entre ele e Gin.
Um detalhe, isso não é uma fanfic de época, e sim alternativa. Sexo é uma palavra bem normal para o agora, não acha, dona Anita?
