Unidos pelo cosmo

A batalha das doze casas acabara há tão pouco e novamente sentia-se que a paz na Terra fora restabelecida, graças aos cavaleiros de bronze e aos cavaleiros de ouro que haviam ficado ao lado de Athena, reconhecendo Saori Kido como a reencarnação da deusa.

Após o derramamento de sangue no solo do Santuário, a paz retornara ao lugar, mesmo tendo levado a vida dos cavaleiros Saga de Gêmeos, Mascara da Morte de Câncer, Shura de Capricórnio, Camus de Aquário e Afrodite de Peixes.

Realmente após tantas vitimas do banho de sangue que o Santuário sofrera, tudo parecia em paz entre os cavaleiros.

Tudo. Menos o coração e a mente de Shun de Andrômeda.

oOo

Os cavaleiros de bronze estavam reunidos na mansão de Saori, no Japão. Podiam finalmente descansar e meditar sobre tudo o que acontecera no recente combate.

Ouviam-se risos na sala de estar, onde os cavaleiros jogavam, comiam e brincavam. Mas notava-se a ausência de dois cavaleiros: Shiryu de Dragão e Shun de Andrômeda.

- Onde estão Shiryu e Shun? – perguntou Marin ao chegar.

- Shiryu foi ver o Mestre Ancião, nos Cinco Picos Antigos. Queria recuperar as energias lá. – respondeu Saori. – E o Shun... Ikki, onde está o seu irmão?

Antes que ele respondesse, Hyoga levantou-se e anunciou:

- Vou treinar um pouco. Preciso me distrair... esquecer certos fatos. – disse a ultima frase mais para si mesmo do que para os outros.

- Bem Hyoga, vou lhe acompanhar até lá fora. – disse Ikki e voltando-se para Saori e Marin. – O Shun disse disse que ia dar uma volta. Vou ver se o encontro.

Hyoga assentiu com a cabeça e os dois cavaleiros se retiraram.

Na sala, alguns comentavam o quanto Hyoga devia estar abalado por ter tirado a vida do mestre de seu mestre. E todos sabiam que Shun ainda estava se recuperando de sua batalha contra Afrodite na Casa de Peixes.

Seiya se juntou à Saori e a sua treinadora Marin. Marin contava que Shina ainda estava triste pela morte de Cassius e ficaram relembrando os tempos em que Seiya treinava com Marin e da batalha contra os cavaleiros de prata.

Enquanto eles estavam nessa discussão animada. Hyoga se aquecia dando golpes leves, tentando – em vão – não lembrar da batalha contra Camus.

- Camus de Aquário. – murmurrava. – Mestre do meu mestre.

E via em sua mente a imagem do mestre Crystal e do imponente cavaleiro de Aquário mortos. Por quê?

E então Hyoga lembrou-se de sua mãe e teve de liberar mais do seu cosmo nos golpes contra as arvores para não chorar.

oOo

Sentado na margem do lago, o vento fazia com que seus cabelos verdes esvoaçassem. Ao mesmo tempo que pensava na batalha contra o cavaleiro de peixes, pensava em algo que o aflingia ainda mais. De repente, a imagem em sua mente mudou. Não era a casa de Peixes que via... era a de Libra... e toda aquela lembrança o fazia estremecer.

"Por que me sinto assim? Por quê parece ainda mais complicado do que ter que ferir alguém?"

Seus olhos estavam cheio de lágrimas. Foi quando ouviu a voz conhecida dizer:

- Shun, meu irmão, está tudo bem?

Voltou-se para Ikki e respondeu:

- Sim Ikki.

- Estavam perguntando por você. Ainda está pensando na batalha do Santuário?

"Na verdade meu irmão, isso não é nada perto do que estou sentindo."

- Um pouco. Que bom que conseguimos proteger a Saori! – disse, desviando o assunto.

- Sim, é verdade. – concordou Fênix.

Shun pareceu pensar um pouco. Então resolveu arriscar.

- Ikki, você nunca me contou direito sobre a Esmeralda...

Neste momento, algo pareceu mudar nas feições do cavaleiro de Fênix. Seu olhar era nostálgico.

- Ela era a lua no meio da escuridão. Me fazia sentir algo de bom em meio aquele inferno.

- Você a amava?

- Acho que sim. Seu sorriso era tão doce que me fazia sorrir também. Na presença dela, meu coração acelerava contra a minha vontade. A dor de perde-la me deixou insano. Era como se eu jamais pudesse sair daquele lugar terrível.

"Meu coração acelerava contra a minha vontade." , pensou Shun, repetindo mentalmente as palavras do irmão. "Contra a minha vontade, pois sei que não deveria me sentir assim! Não sei se isso pode ser o amor, o mesmo amor que Ikki sentia por essa garota!"

oOo

Hyoga estava perdendo o controle sobre o seu cosmo.

- Por que o Camus? Por quê teve de mata-lo? Mestre do meu mestre... é tão injusto!

A arvore que atingiu rachou de forma a desabar logo. O Cisne percebeu e parou. Sentou-se no chão, desconsolado. Foi então que sem que percebesse, seu pensamento se deslocou até a Casa de Libra, quando Shun o aquecera com seu próprio cosmo.

- Shun... o mais sensível entre nós cavaleiros de bronze. Como deve ter sido difícil para ele enfrentar essa batalha! Mas ele é um cavaleiro de Athena e é muito poderoso... e é um grande amigo... mas então por quê?...

Balançou a cabeça afastando a idéia e voltou a treinar.

oOo

- Mas Shun, por quê quis saber sobre a Esmeralda? – perguntou Ikki intrigado.

- P...por nada Ikki, apenas curiosidade.

Fênix estava ao lado do irmão, sentado, mas então levantou-se.

- Shun, meu irmão, se você ama alguém deve dizer a essa pessoa. Só não deixe que esse sentimento te atrapalhe nas batalhas. Devemos acima de tudo proteger a Saori e você deve honrar sua armadura, vencendo as batalhas como tem feito até agora.

"Devo dizer a essa pessoa... mas será que é amor o que sinto? Eu só sei que... daria a minha vida..."

- Ikki... você daria a sua vida pela Esmeralda? – perguntou finalmente.

Ikki olhou para o mar e quase pôde ver Esmeralda refletida nele. Seus olhos brilharam e Shun percebeu.

- Sim Shun. – respondeu dando as costas para Andrômeda. – Eu daria a minha vida por ela... Usaria até o último do meu cosmo por ela.

"Então... será que estou realmente amando? Sim! Só pode ser! Mas se eu disser..."

- Bom Shun, vou voltar para descansar um pouco. Você vem?

Shun pensou um pouco.

- Sim, vamos!

Os dois saíram caminhando de volta à mansão e no caminho, já podiam sentir o cosmo de Hyoga. Logo podiam ouvir as investidas que ele dava contra a árvore. Quando viu os irmãos se aproximarem, parou.

- Estão voltando para a mansão?

- Sim, vou descansar. Você também deveria Hyoga. – disse Ikki.

- Preciso afastar certas coisas da minha mente e só treinando eu consigo. – "Se bem que nem treinando vou conseguir afastar você do meu pensamento, Shun."

- Certas coisas devemos encarar de frente. – disse Ikki se afastando. – E Shun, não se esqueça do que eu te disse.

"Será que ele sabe?" – pensou Shun.

Nesse momento o olhar dele e de Hyoga se encontraram e ele rapidamente baixou o olhar. Hyoga voltou a investir contra a árvore.

"O que está acontecendo?" – pensou Hyoga. "Por quê o olhar do Shun me desconcertou?"

Shun estava estático, olhando apenas para o chão sem conseguir sair dali ou dizer algo. Sem que pudesse evitar, o episódio na Casa de Libra voltou-lhe a mente. E as palavras de Ikki ecoaram-lhe nos ouvidos. "Shun, meu irmão, se você ama alguém deve dizer a essa pessoa."

- Hyoga!

O cavaleiro de Cisne parou instantaneamente os seus golpes mas demorou um pouco para virar-se para Shun.

Novamente, o olhar dos dois se cruzou. Hyoga corou levemente e Shun baixou o olhar mais uma vez, mas se aproximou um pouco do amigo.

"O que está acontecendo?", ambos pensaram.

- Hyoga eu... – Shun ainda olhava para o chão.

Os dois quase podiam ouvir seus corações baterem, acelerados. Era como se vissem ao mesmo tempo, em suas mentes, o que se sucedera na Casa de Libra.

Shun sentia seu rosto queimar. Devia estar totalmente vermelho. Hyoga também estava com as faces coradas e aguardava, ansioso.

- Ahn... Hyoga eu... queria dizer que... eu preciso te contar que...

- Shun. – disse Hyoga suavemente, fazendo Andrômeda olhar.

Estavam se olhando, olhos nos olhos... Seus corações pareciam prestes a saltar pela boca. Hyoga não conseguiu pensar em mais nada, apenas deu mais um passo e beijou Shun.

O cavaleiro de Andrômeda a principio arregalou os olhos, incrédulo com a atitude do Cisne. Mas logo em seguida fechou os olhos e começou a desfrutar daquele beijo. Os lábios de Hyoga eram macios e quase o fazia ficar sem chão. Se agarrou ao loiro e pôde sentir o corpo forte em contato com o seu. O calor que emanava entre eles teria facilmente acabado com o gelo que enfraquecera Hyoga na Casa de Libra.

As línguas se tocavam com avidez e o beijo ia ficando cada vez mais intenso. Quando finalmente se afastaram, estavam respirando ofegantes.

Se entreolharam novamente e desta vez, os lábios de ambos estavam úmidos e avermelhados. Antes que pudessem dizer algo, Shun abraçou Hyoga encostando a cabeça em seu ombro. Se sentia protegido e querido nos braços do Cisne. Poderia ficar ali para sempre...

Shun era totalmente encantador e doce. Muito calmo, suave e amoroso. Abraçado com ele, Hyoga se lembrava ainda mais vividamente de como Shun o aquecera devolvendo o calor e a vida ao seu corpo na sétima casa do Santuário. Mas de repente, achou que não deveria ter feito aquilo.

- Me desculpe, Shun.

- Shhh... – Shun silenciou-o. – Eu só quero que você saiba Hyoga, que eu teria dado até o último do meu cosmo para que você sobrevivesse.

- Mas se você extinguisse seu cosmo Shun, eu não suportaria... porque quando você me devolveu a vida, colocando a sua em risco, trouxe mais do que minha vida de volta. Você trouxe meu coração que eu estava deixando em uma fortaleza de gelo. Eu estava me tornando frio, batalha após batalha. Estava esquecendo do sentido verdadeiro do amor. Mas você despertou isso em mim, Shun. Se você tivesse se sacrificado por mim... – Hyoga abraçou-o mais forte. – Eu não sei se teria conseguido lutar com todas as minhas forças.

Shun sentia como se fosse explodir de felicidade ao ouvir aquelas palavras. Achava que Hyoga ia repudiá-lo por saber como se sentia. Mas não! Hyoga sentia o mesmo! Tudo o que queria era sentir o beijo do russo de novo... Olhou para ele e aproximou seu rosto.

"Meu Zeus, como ele é lindo!" , pensou Hyoga, que também queria muito beijar Shun de novo.

- Shun, eu... – Hyoga ficou vermelho.

- O que foi, Hyoga? – o olhar de Andrômeda era meigo e apaixonado.

- Eu queria, uhn, é, você sabe... te beijar de novo mas... não sei se devo.

Shun jogou os braços em volta do pescoço de Hyoga.

"É claro que você deve." , pensou. "Nem imaginava que o Hyoga fosse assim, tão tímido."

Dessa vez Shun beijou Hyoga, que o apertou mais contra seu corpo.

"Zeus, o Shun é totalmente perfeito. A boca dele é deliciosa, o rostinho dele é lindo e tem um jeitinho encantador... estamos muito próximos, chego a temer essas sensações que estão a me dominar."

Os dois podiam sentir seus corpos fervendo. Mas ambos tinham receio de avançar. Shun não resistiu e colocou a mão dentro da camiseta do loiro, alisando-lhe as costas. Hyoga sentiu um arrepio por todo o corpo com a caricia.

- Shun você está me... ah, enlou...quecendo!

Shun sorriu. Suas faces estavam coradas. Ele deslizou então sua mão pela face do amado.

- Eu te amo, Hyoga.

- Eu também... te... te amo, Shun.

A felicidade que eles sentiam era imensa. Certamente naquela noite suas constelações brilhariam mais do que as outras.

oOo

"Será que era mesmo o que eu estava pensando? O meu irmão está apaixonado pelo pa...", pensava Fênix.

- O que houve Ikki? – perguntou Saori observando o ar sério e pensativo do cavaleiro.

- Nada demais Saori, estou apenas pensando.

Saori reconheceu naquele tom de voz que ele não queria falar sobre o assunto.

- E o Shun? Você o encontrou? – perguntou Jabu.

- Encontrei. Agora ele deve estar treinando com o Hyoga.

"Treinando... Se ele realmente seguiu meus conselhos, a última coisa que eles estão fazendo é treinar.", pensou Ikki. Se sentia estranho com a idéia. Desconfiar, ele já desconfiava, mas agora tinha quase certeza de que seu irmão caçula estava apaixonado pelo Cisne. Ia ser um pouco estranho se adaptar a idéia.

Foi até a janela e ficou olhando para o horizonte, pensando em Esmeralda. Fazia tempo que essas lembranças não afloravam...

oOo

Hyoga estava sem a camiseta e a alça do macacão de Shun estava caída no ombro. Eles mal conseguiam manter suas bocas longe uma da outra.

- Ah Hyoga! Eu te amo! – dizia Shun, logo em seguida recebendo beijos nos lábios, no queixo e no pescoço.

Shun acariciava o cabelo de Hyoga carinhosamente. Não queria mais sair dali, só queria ficar bem perto do seu querido Cisne. A boca de Hyoga ia acariciando sensualmente o pescoço dele, que sentia aquelas sensações cada vez mais fortes...começou a sentir a mão do russo deslizar por seu peito... estava pirando com aquilo então beijou Hyoga desesperadamente, deixando-o sem fôlego.

Finalmente, se olharam nos olhos e viram que compartilhavam no mesmo desejo intenso.

"Bem, esse não é o melhor lugar para isso.", pensou Hyoga.

- Shun... é melhor nós voltarmos para a mansão. – disse tentando se conter e vestindo a camiseta.

"Será que ele mudou de idéia?", pensou Shun, olhando com ar magoado.

Hyoga percebeu e acariciou o rosto dele, olhando ternamente.

- É melhor, Shun. Aqui não é o melhor lugar e não estamos nos controlando.

Shun sorriu.

- É verdade. Vamos voltar então!

- Tá quem chegar primeiro ganha!

- Ganha o que?

- Vários beijos!

Logo os dois saíram em disparada.

Hyoga estava na frente então Shun pulou nas costas dele, para pará-lo.

- Hey, isso não vale Shun, é trapaça! – disse rindo.

- Claro que não! Assim nós vamos chegar juntos e nós dois vamos ganhar!

Hyoga encarou Shun.

- Bem, se você quer um empate... tenta me alcançar!

E saiu em disparada de novo.

Shun tentou a estratégia de pular nele de novo, mas acabou caindo. Quando Hyoga se abaixou para ajuda-lo, ele puxou o loiro pela mão, derrubando-o também.

Ikki estava observando tudo.

"Nunca os vi tão felizes assim! Mas será que realmente...?"

Shun ficou por cima de Hyoga.

- Como eu ia chegar primeiro de qualquer jeito, pode ir me pagando.

- Aih! Seu patinho pretensioso!

- Patinho? – rolou para cima de Andrômeda.

- É... meu patinho de gelo!

E então os dois começaram com os beijos, entre risos. Nada mais parecia existir ao redor deles.

oOo

Ikki se afastou da janela. Então era tudo verdade, o que desconfiava. Seu irmão e Hyoga se amavam.

"Pato maldito... é melhor eu fingir que não sei de nada."

Fênix saiu da janela e foi e foi para seu quarto, tentando esquecer aquele assunto.

oOo

- Na verdade Shun... eu mudei de idéia. – disse Hyoga sorrindo, enquanto bagunçava os cabelos de Andrômeda.

"Ai meu Zeus, só falta ele querer fazer essas coisas aqui, em frente a mansão da Saori!", pensou Shun, ficando vermelho.

Os dois estavam ainda deitados na grama, de lado, se olhando.

- O que foi meu patinho?

- Cisne.

- Patinho!

- Hunpf! Shun... de onde você tirou isso? Sério, patinho... não posso com isso! – disse rindo.

- Oras... eu tirei isso da minha cabeça! – Shun riu. – Para os outros você é Cisne, mas para mim, vai ser patinho!

- Hn... então tá né!

Shun fez Hyoga se deitar, e apoiou a cabeça no peito dele.

- Assim está melhor...

- Vai me aquecer com seu cosmo de novo?

- Mais ou menos isso... só que dessa vez, você vai acabar me esquentando também. – Shun ficou vermelho de novo.

Ficaram um tempo assim. Shun ouvia o coração de Hyoga bater, um pouco mais acelerado que o normal. Hyoga sentia a respiração de Shun.

De repente, idéias tentadoras começaram a rondar a mente dos dois.

"O Hyoga podia tirar a camiseta... assim eu ia sentir melhor o calor dele... Estava tão bom aquela hora."

"Como o Shun é lindo... é tão bom ter ele assim, nos meus braços. Tudo o que eu queria era estar em algum lugar longe daqui, longe de todos... e poder beijá-lo todo..."

Shun olhou para Hyoga quando sentiu as batidas do coração dele aumentarem. Percebeu que o russo estava corado assim como ele.

- Shun... vem aqui.

Mais do que rápido, Andrômeda se deitou sobre Hyoga, que segurou seu rosto entre as mãos, puxando-o para um beijo. Quando Cisne começou a explorar a boca de Shun com a língua, eles perceberam o contato entre seus corpos e as reações que isso causava. Queriam descobrir tudo aquilo juntos, mas sabiam que não estavam num lugar próprio para isso.

Hyoga olhou para Shun e passou a mão lentamente no rosto dele.

- Shun, vamos sair daqui... vamos... dar um passeio.

- Claro! – respondeu Shun, saindo de cima do loiro e se levantando.

Saíram de mãos dadas, trocando sorrisos, olhares e selinhos apaixonados.

oOo

Seiya dava socos no ar, brincando sozinho em seu quarto.

- Haa! Tome essa!

Até que cansou e sentou na beira da cama.

"As coisas sem o Shiryu estão chatas. Quer saber, vou treinar com o Hyoga e o Shun."

E saiu do quarto, dando mais socos no ar.

oOo

- Shun... você gostaria de ir para a Sibéria comigo? – perguntou Hyoga olhando para o chão.

- Eu... claro que sim Hyoga! Vou adorar conhecer o lugar onde você treinou para conseguir a armadura de Cisne.

Hyoga ficou radiante. Abraçou Shun erguendo-o no ar.

- Calma patinho!

Mas Hyoga nem ligou. Girou Shun no ar e quando o pôs de volta no chão, o puxou para mais um beijo.

- Ahh Hyoga! Desse jeito vou querer ficar aqui para sempre! – disse Shun sorrindo com os lábios avermelhados após o intenso beijo.

- Ah não Shun! Lembre-se de que vamos para a Sibéria.

- É mesmo!

Os dois continuaram a andar, de mãos dadas, fazendo planos para a viagem. Iam andando tranquilamente até que um certo Pegasu pulou sobre eles, enlaçando o pescoço de cada um com os braços.

- Oi Shun! Oi Hyoga!

O casal se entreolhou. Era só o que faltava: o Seiya ali!

- Uhn...err... oi Seiya!

- Eh... oi Seiya!

- Eu vim treinar com vocês... – Seiya olhou para os dois. Eles não pareciam estar treinando. – Bem, o Ikki disse que vocês estavam treinando...

De repente, parece que caiu a ficha para Seiya.

- Espera aí! Vocês estão... juntos?

Os dois olharam para o chão. Seiya deu um tapinha amigável nas costas de cada um.

- Ahh... não precisam ficar com vergonha! Eu e o Shiryu também...

- VOCÊ E O SHIRYU?

Essa era mesmo espantosa!

Seiya coçou a cabeça e sorriu.

- Err... é! Mas não contem a ninguém! – foi se afastando. – Agora vou indo! Não quero atrapalhar os pombinhos!

Seiya voltou por onde tinha vindo. Shun estava vermelho da ponta do cabelo até a unha do pé.

- O que foi, Shun?

- Er... nada patinho!

Hyoga ficou encantado vendo Shun corado daquele jeito. Deu-lhe um beijo.

- Não liga para o Seiya não! Vamos falar sobre nossa viagem!

Sorriu e abraçou Shun, que retribuiu. Logo faziam uma série de planos!

oOo

- Vão para a Sibéria? – perguntou Saori.

Estavam sentados na mesa enorme, na sala de jantar. A refeição já ia ser servida, enquanto isso, os cavaleiros de bronze conversavam animadamente.

- Sim, para a Sibéria! Vou conhecer o local de treinamento do Hyoga! – disse Shun animado.

Ikki observava tudo. Estava bem calado essa noite.

- E depois encontrem o Mu para que ele conserte suas armaduras!

- Tudo bem Saori. – respondeu Shun.

- Por que está me encarando, Ikki? – perguntou Hyoga, já irritado com aquela cara feia do Fênix. – Eu não vou deixar o Shun perdido na Sibéria! Ele já está bem crescidinho, não precisa de ninguém cuidando dele! – "mas bem que vou adorar fazer isso"

Ikki apenas lançou mais um olhar raivoso na direção do loiro e se levantou, saindo da sala de jantar sem dizer palavra.

- Ué? O que deu no Ikki? – perguntou Seiya.

Shun e Hyoga se entreolharam, então Shun se levantou.

- Com licença gente. Vou falar com meu irmão.

Hyoga o segurou pelo braço.

- Espera Shun!

O garoto de cabelos esverdeados corou e puxou o braço, se desvencilhando de Hyoga.

- Hyoga... vou falar com ele.

- Tá. – o Cisne também ficara envergonhado ao se dar conta dos olhares indagadores lançados aos dois.

Logo depois que Shun saiu, Hyoga se levantou também.

- Vou para meu quarto arrumar as minhas malas. Eu e Shun partiremos amanhã.

O loiro saiu em passos largos, com o intuito de encontrar Andrômeda antes que este fosse falar com o irmão. Mas quando chegou no corredor, não avistou ninguém.

"Droga... espero que o Ikki não diga nada que magoe o Shun. Aposto que se ele souber o que há entre nós, vai querer me matar."

Resolveu entrar em seu quarto e arrumar as malas. Ele e Shun sozinhos na Sibéria seria perfeito...

oOo

Ikki estava de costas para o irmão, tentando controlar a raiva. Embora se sentisse feliz ao ver que o irmão estava bem, havia uma parte nele que sentia uma irritação profunda ao ver Shun com Hyoga. Talvez ciúmes, talvez a não aceitação do tipo de relação que Shun tinha com Hyoga. Fazia um esforço tremendo para não proferir palavras que na certa partiriam o coração de Andrômeda.

- Ikki... o que houve?

- Nada.

- Por que saiu daquele jeito?

- Porque já havia acabado a refeição.

- Você nem ao menos pediu licença.

- Porra Shun, não enche!

Os olhos verdes do cavaleiro se encheram de lagrimas.

- Me desculpe Ikki. Só quero saber o que há.

- Nada Shun, agora me deixe em paz.

Andrômeda ficou mais alguns minutos ali parado. Não havia o que dizer.

- Boa noite, Ikki.

- ' noite Shun.

Saiu do quarto, magoado, querendo se aninhar nos braços de um certo Cisne e ser consolado...

oOo

Hyoga terminou de arrumar as coisas para a viagem. Em sua mente, como um filme, passavam os momentos que ele sonhava em ter com Shun na Sibéria.

O Cisne estava impressionado, pois mal ficara com Shun e já parecia que não conseguia mais ficar nem um segundo longe dele.

"Shun..."

Sussurrava aquele nome para si mesmo, abrindo um sorriso em seguida. Que sentimento bom era aquele!

oOo

Shun estava agarrado com seu travesseiro, ainda magoado.

"Por que o Ikki me tratou assim? Será que ele sabe sobre eu e o Hyoga?"

Só de imaginar que seu irmão os reprovava, sentia vontade de chorar. Ele amava Hyoga, mas Ikki era seu irmão e uma das pessoas mais importantes de sua vida. Não queria ser sujeito a escolher um dos dois.

Tentou desviar a mente daquele assunto, relembrando a tarde perfeita que tivera com o loiro.

"Ah Hyoga!"

Sussurrou um pouco antes de cair no sono.

oOo

Hyoga deu duas batidas na porta e, sem resposta, resolveu entrar.

O aposento estava escuro e silencioso. Cisne foi andando cautelosamente, para não esbarrar em nada e fazer barulho. Se aproximou da cama.

- Shun... – disse num fio de voz ao ver o garoto sobre a cama ainda com as roupas que usara no jantar.

Cautelosamente, o loiro procurou um lençol e cobriu seu amante. Sentou na beira da cama e ficou a acariciar o rosto e os cabelos de Shun.

"Tão lindo... você tocou algo tão profundo em meu coração, Shun. Eu daria minha vida só para te fazer feliz."

Nem que quisesse, Hyoga não conseguiria sair dali. Estava hipnotizado por aquela doce visão de Andrômeda entregue aos sonhos. Sabendo que não sairia dali tão cedo, tirou a camiseta e se deitou na cama, abraçando Shun, sem que esse ao menos acordasse.

Já estava quase dormindo também quando ouviu Shun dizer seu nome. Olhou e percebeu que o garoto estava sonhando. Sorriu e aconchegou Andrômeda em seus braços, pronto para se entregar ao sono e sonhar com aquele que estava tão próximo.

oOo

De manhã...

Shun abriu os olhos e em seguida esfregou-os com as mãos, tentando ter certeza de que o que via era real. Hyoga estava ali com ele? "Será que o Afrodite me matou e agora eu to no céu?", pensou rindo.

Hyoga começou a despertar.

- Hyoga?

- Bom dia Shun.

Shun apoiou a cabeça sobre o braço e olhou para Hyoga.

- Ótimo dia! O que está fazendo aqui patinho?

- Uhm... é que ontem eu vim falar com você, mas já estava dormindo e... quando me dei conta, já estava aqui com você! – sorriu.

Shun abraçou o russo.

- Que patinho espertinho hem! Quem disse que eu deixei você dormir no meu quarto?

Hyoga fez uma expressão magoada.

- Ah... eu pensei que um certo cavaleiro de Andrômeda ia ficar feliz...

Os dois riram.

- Claro Hyoga! Estou muito feliz!

O russo pulou para cima de Shun, dando-lhe um beijo apaixonado. Não resistiu e tirou a camiseta dele, já correndo a boca para aquele pescoço delicado e deixando leves marcas ali. A mão acariciava as coxas de Andrômeda. Os dois estavam em puro êxtase.

- Hyoga...ah...acho melhor não...

Hyoga silenciou-o com um beijo, mas batidas na porta interromperam o casal.

- Hey Shun! O café da manhã já está servido! – gritou Tatsume.

Hyoga se deixou sobre o travesseiro.

- Droga... – resmungou.

Shun se levantou, receoso.

- Vamos Hyoga, não podemos nos atrasar para a viagem.

Shun ainda estava um pouco assustado com as sensações que o loiro causara nele. Se vestiu longe das vistas do Cisne, enquanto este vestia a camiseta.

Alguns minutos depois...

- Vamos patinho! E com cuidado para ninguém te ver saindo daqui.

Hyoga assentiu com a cabeça.

- Venha! – exclamou Shun, puxando-o pela mão.

Conseguiram facilmente sair sem serem vistos pelos outros.

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Ikki não estava na mesa do café com os outros. Shun sabia que certamente não o veria por um longo tempo.

- Hyoga, Shun, já organizei tudo. O vôo de vocês sai daqui a duas horas. – disse Saori.

- Obrigado, Saori.

- Bom, então é melhor eu me apressar em arrumar minhas malas!

- Você ainda não as preparou Shun?

Shun coçou a cabeça, sorrindo.

- Err... não! Eu estava com muito sono, me desculpe Hyoga!

- Tudo bem.

- Bom, vou lá arrumar tudo. – disse, se levantando.

- Quer ajuda? – perguntou o loiro.

Shun hesitou. Não era muito seguro ficar no quarto com Hyoga. Provavelmente ia acontecer algo, mas que fosse na Sibéria.

- Er... não, obrigado. Eu não vou demorar.

Shun saiu correndo, enquanto Hyoga pensava: "Na Sibéria você não vai escapar, Shun."

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Algumas horas depois...

Shun e Hyoga estavam se despedindo dos amigos. O avião deles ia sair logo. Quando ouviram o sinal de que deviam embarcar, saíram apressadamente, acenando para Saori e Seiya. Ikki havia desaparecido de novo. Shun ficara triste, mas nada podia fazer a respeito.

- Vamos, Shun.

Hyoga puxou-o pelo braço e logo estavam embarcando rumo à Sibéria, onde os sonhos mais secretos de Hyoga poderiam se realizar.

E onde pesadelos inesperados poderiam acontecer.

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N/A: Suspense! Rs! Gente, a fic está pronta, mas falta passar o capitulo 2 pro pc! Prometo ser o mais rápida possível (non como com "O retorno de um cavaleiro"! XD)! Espero que tenham gostado até aqui! Reviews me deixam feliz! Faça a garota aqui feliz! Hauauahauaa