Curtindo a Vida Adoidado - Ano I - Mês Agosto
Capítulo anterior: No capítulo anterior, MM e Afrodite já são vistos juntos com maior freqüência. Kamus força uma amizade com o Pisciano para obter mais informações sobre a primeira vez do grego, mas em uma das visitas ao sueco, ouve um comentário de MM que o deixa mais confuso. Milo convida pessoalmente seus amigos para o show e conhece Giovanni, namorado de Ian. O Escorpiniano surpreende-se com o garoto.
...não era pelo dinheiro, mas Giovanni era uma pessoa maravilhosa. Milo gostara do namorado do francês. Ficara feliz pelo amigo. Ian merecia.
Dobrou o cheque com cuidado e colocou no bolso da jaqueta. Colocou o capacete e saiu.
A "pequena doação" era de dois mil e quinhentos euros.
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Curtindo a Vida Adoidado - Ano I - Mês Agosto - Semana I – A Peça – Atos I & II
A última semana de preparação para a peça estava uma loucura. Os professores e crianças da Fundação trabalhavam bastante na preparação das roupas, cenário e produção.
Milo gastou mais de uma hora apenas conversando com os alunos para motivá-los e diminuir o medo da estréia. Explicou que pelo fato de serem crianças as pessoas seriam mais compreensivas caso houvesse algum erro. Interiormente, estava tranqüilo. Sabia que as crianças dariam tudo de si para que a peça se tornasse um espetáculo memorável.
- Não se preocupem. – o grego falou - Vai dar tudo certo. Estarei com vocês o tempo todo para orientá-los sobre o início e o término de cada música. – falava aos pequenos. – E se alguma coisa der errado, ou se vocês não conseguirem executar a música, lembrem-se que nunca tocarão sozinhos, então sempre terão seus companheiros para ajudar.
Deu uma pausa enquanto via os rostinhos atentos balançarem as cabeças positivamente.
- Eu estarei sentado na frente de você, naquela posição que já ensaiamos e se necessário posso assumir o instrumento. – deu mais uma pausa - Não conseguir tocar não será considerado um fracasso e ninguém aqui vai acusar ninguém se isso acontecer. Somos todos amigos e sabemos o esforçou de cada um para chegar até aqui.
Os rostinhos sorridentes deixavam o Escorpiniano mais confiante ainda. Faziam parte de uma família e o mais importante é que sabiam que podiam contar uns com os outros.
- Ensaiamos bastante e tenho certeza que faremos um bom trabalho. Agora, VAMOS ENTRAR NESTE JOGO PARA GANHAR ! – gritou para os alunos.
As crianças gritaram, assobiaram, aplaudiram, foi uma festa.
Depois, o grego chamou separadamente Fernando e Sinistra Negra. Os dois seriam os únicos a fazerem uma execução solo. O menino no primeiro ato e a menina no último. Milo sentiu que os dois estavam bem confiantes. Mesmo assim, ia manter uma guitarra e um teclado junto de si para qualquer emergência. Mas sabia que era apenas excesso de zelo. Suas crianças estavam mais que preparadas.
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Afrodite também teve um bate-papo com seus alunos. Juntou todas as equipes e também motivou os pequenos. Elogiou o esforço de todos, já que era tão pouco tempo que tiveram para se preparar.
A apresentação no Teatro Municipal, era uma grande vantagem. Implantaram um palco giratório na última reforma e isso permitia uma grande mobilidade para montar e mudar de cenário. Os ventos sopravam a favor. Tudo indicava que a peça seria um sucesso.
...entraremos como crianças, - disse aos alunos - mas sairemos como gente grande. Vamos até lá mostrar para o público de Atena do que nossos sonhos são capazes !
As crianças pularam, gritaram, se abraçaram, algumas até choraram. O Pisciano não conseguiu se conter e também acabou derramando algumas lágrimas com o carinho dos pequenos. Seu grande sonho, de ter uma chance para mostrar do que era capaz, estava se concretizando.
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Noite de Quarta-feira. Templo de Escorpião.
- Ai. – Milo reclamou e puxou o corpo para frente, fugindo temporariamente do contato do namorado.
- Mon Ange ? – perguntou preocupado – Eu te machuquei ?
- Não. Não foi nada. Pode continuar, vem. – e colocou o corpo mais para trás.
- Acho melhor parar, eu não quero te machucar.
- Kâ, foi só um "ai". Está tão gostoso... continua, vai.
- Tenho medo de apertar demais e te machucar.
- Oh, claro, sou uma bonequinha de porcelana ! – falou em sotaque francês debochando do amigo. – Vou despedaçar AGORA ! – e começou a rir do Aquariano.
Kamus e Milo tinham tomado banho juntos e o francês fazia massagens nos ombros do Escorpiniano para relaxá-lo. Um aperto mais forte foi o motivo da reclamação do grego.
Milo parou de rir quando sentiu um arrepio no pescoço. O outro o beijava suavemente, deslizando os lábios macios pela pele bronzeada e passando para o ombro.
- Aaai – gemeu – Kâ, isso não vale. Assim eu derreto. – falou depois de ficar com o lado direito todo arrepiado.
- Derrete, é ? – perguntou sensualmente – Vai despedaçar agora ? – continuou acariciando o pescoço do outro com pequenos beijos.
- Aai... isso é castigo ? – perguntou com a voz mole.
- Castigo por ficar rindo de mim...
- Hummm... – gemeu mais – então vem aqui me castigar melhor. – virou-se e puxou o francês para cima de si, deitando-se na cama.
Se Kamus queria deixar o grego totalmente relaxado, já havia conseguido.
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Tarde de Quinta-feira.
A venda dos ingressos por leilão eletrônico tinha sido um sucesso. Apesar de todos ingressos estarem esgotados, havia uma gigante lista de espera de até duas horas, para as desistências, ou seja, se alguém que tivesse obtido o convite não pudesse ir, poderia transferir a entrada para outra pessoa da lista, até duas horas antes do show. Claro que a doação não seria devolvida, mas era um acordo entre cavalheiros. Bastava que quem assumisse o lugar, restituísse parte da doação a quem não foi à peça.
Afrodite acertava os últimos detalhes. Milo ajudava-o a conferir tudo. Mu garantira ao Pisciano que o mecanismo que criara para a abertura do livro utilizada no primeiro ato estaria funcionando perfeitamente. Pipe era supervisora de apoio e estava pronta para atuar em qualquer problema que surgisse, acionando os professores se necessário.
Som e luz foram testados novamente. Checaram todos os figurinos e a maquiagem que seria usada. Kitsune foi muito elogiada pelo capricho de todo o cenário. Foram seus desenhos e protótipos que ajudaram aquelas crianças a sonharem.
As equipes se reuniram no Teatro para o último ensaio geral. Estava tudo perfeito.
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Sábado. Dia da apresentação da peça. No Santuário...
Naquela manhã o sueco chegou na casa do Escorpiniano às dez e meia. Afrodite tinha ligado previamente para não pegar Milo e Kamus na cama. O grego não costumava dormir com o Aquariano de sexta para sábado, então não tinha problema.
- Ai Mi, estou tão nervoso.
- Calma Dido, vai dar tudo certo.
- E se eu errar alguma coisa ? E se der algum problema ?
- Dido. – falou colocando o cabelo do outro atrás da orelha, com carinho – Do jeito que você escreveu a peça, não há com o que se preocupar. Qualquer falha, vai parecer que faz parte da cena. Fique tranqüilo.
- Ai, Mi. Ainda bem que tenho você. O Máscara está mais nervoso que eu.
- Você quer que eu vá até lá fazer carinho nele também para deixá-lo mais calmo ? – perguntou com um sorriso malicioso, ainda acariciando o rosto do sueco.
- Se atreve. – falou ameaçando pegar uma rosa.
- Calma ! Calma ! Brincadeirinha, brincadeirinha. – Milo dizia sorrindo e passando a mão na mão do Pisciano.
- Não fica me alisando muito não, senão eu esqueço que você tem namorado, te jogo no chão e te dou um beijo na boca. – disse em tom desafiador ao Escorpiniano.
O grego pegou o Peixinho desprevenido e em um movimento só deitou-o em seus braços.
- Valendo ? – perguntou sensualmente perto da boca do sueco.
- VOCÊ ESTÁ LOUCO ? – Afrodite replicou levantando-se rapidamente – Depois daquele dia que o Kamus nos pegou agarrados no sofá, eu quero DISTÂNCIA de você. Tenho ALERGIA à surra de francês.
Os dois começaram a rir. Milo abraçou o Pisciano.
- Dido, eu adoro você. Vai dar tudo certo. – beijou o rosto do sueco - Sei da sua competência. Não se preocupe. Estaremos todos lá, prontos para qualquer emergência. – passou a mão nos cabelos do amigo – Certo ?
- Certo. – respondeu sorrindo - Obrigado Milo. Você é demais. – e apertou o abraço.
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A tarde de sábado estava perfeita. O dia estava claro e não estava muito quente. O início da peça estava marcado para às 19 horas. Os professores chegaram às três para deixarem tudo pronto. As crianças tomaram um lanche e depois começaram a se preparar.
Afrodite pediu à professora de Educação Artística que o auxiliasse. Até porque ele não podia entrar no camarim para ajudar as meninas a se trocarem.
Uma hora antes do espetáculo, estava tudo praticamente pronto para o grande momento. Ia-Chan ainda era maquiada por Sinistra Negra e Neme aguardava para colocar a máscara e a roupa que usaria no último ato. Como era uma roupa com enchimentos e muito quente, o sueco achou melhor que a menina só se vestisse perto da cena, para não correr o risco de ter algum mal estar. Apenas a máscara e a maquiagem já seriam aplicadas.
Os carros das pessoas que prestigiariam o espetáculo começavam a chegar.
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Saori estava muito bonita em um vestido longo, negro. Acompanhada de Saga, dirigiu-se ao camarote reservado para os cavaleiros. O camarote era grande e acomodou confortavelmente os dourados e os bronzeados que não participariam da peça. Todos estavam muito elegantes.
As pessoas que assistiriam ao espetáculo, em sua maioria eram pessoas das classes mais altas de Atenas, intelectuais e influentes. O prefeito e a primeira dama estariam no camarote especial e vários jornalistas aguardavam para cobrir o evento.
Seria uma noite memorável.
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Já estava tudo pronto. O cenário inicial já estava virado para o público e o segundo cenário já estava montado na parte de trás do palco giratório. A equipe de apoio já deixara os cenários todos numerados e separados para facilitar a montagem.
Nos bastidores todas as crianças davam as mãos.
- Estamos todos juntos neste sonho e vamos conseguir. Boa apresentação a todos. – o Pisciano falou para os rostinhos sorridentes e entrou no palco.
O primeiro sinal soou. Foi o tempo para a equipe de apoio se preparar. Três minutos depois o segundo sinal soou. Fez-se silêncio no Teatro. As cortinas se abriram.
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Peça: Pomeu e Marieta no reino da Fantasia – Ato I – Entrando no reino da Fantasia
No canto do palco havia uma placa com o nome da peça e com a descrição do ato. Na lateral do palco, em um suporte com um púlpito na frente, estava Afrodite, vestido como um trovador do século XIII.
Narrador (Afrodite) – Boa noite a todos os presentes. Senhores. Senhoras. Vou apresentar-lhes esta noite uma história de amizade, esforço e superação. Sejam todos bem-vindos à peça Pomeu e Marieta no reino da Fantasia.
Começa a tocar o refrão de A Primavera, da Sinfonia As Quatro Estações, de Vivaldi.
Narrador - Era uma vez duas famílias muito tradicionais, os Montek e os Capulet que há gerações se desentendiam. Marieta Montek e Pomeu, filho único de uma das famílias Capulet, eram amigos e não traziam o ódio herdado dos pais.
A música pára. Um sol preso por um fio desce no momento em Setsuna entra em cena.
Marieta (Anjo Setsuna) – Ah, que dia lindo ! Todo ensolarado e com pássaros cantando !
Começa o latido de alguns cachorros.
A menina para de sorrir e olha para o Narrador sem entender, este apenas encolhe os ombros para demonstrar que também não sabe de nada.
Marieta – Ah, que dia lindo ! Todo ensolarado e com pássaros cantando ! – repete.
Os cachorros continuam. A menina fecha a cara e bate o pezinho. A platéia começa a rir.
Marieta – EU DISSE QUE OS PÁSSAROS ESTÃO CANTANDO ! – grita.
Começa o canto dos pássaros. Mais risadas do público.
Marieta – Agora sim. Ah ! Que dia lindo. Onde está o Pomeu ? – pergunta olhando em volta – Combinamos de brincar hoje.
Pomeu entra em cena correndo.
Pomeu (Seiya) – Marieta ! – diz ofegante - Bom dia ! – e cumprimenta a menina com um beijo no rosto – Desculpe a demora, mas o trânsito estava péssimo !
Marieta – Trânsito ? – pergunta sem entender nada.
Algumas risadas surgem na platéia. Uma garota ruiva aparece no canto do palco e uma música romântica começa tocar.
Ruiva (Lady Cygnus) – Pomeeu ! – diz sorrindo e mandando um beijo para o garoto.
Marieta – Quem é esta lambisgóia, Pomeu ? – pergunta irritada, cruzando os braços.
Pomeu – Ela ? Ah... é... é a minha irmãzinha.
Marieta – E foi sua IRMÃZINHA que te deixou esta marca de batom no rosto ? – questiona sarcástica.
Mais risadas.
Pomeu – É... foi – e limpa o rosto.
O menino vai até a lateral do palco e empurra a garota para fora da cena
Pomeu - Ela não é uma gracinha ? – pergunta olhando para Marieta.
Ruiva – Pomeu, não me trate assim ! – suplica – Você já esqueceu ontem à noite ?
Pomeu – Shhhh ! Vá embora, depois a gente conversa.
Mais risadas. Pomeu empurra a menina para fora do palco. A música pára de tocar. O menino volta com um sorriso falso.
Marieta – Engraçado. Pensei ter ouvido o Narrador dizer que você era filho ÚNICO.
Pomeu olha para o Narrador que fica assobiando e olhando para cima disfarçando. A platéia ri mais ainda.
Pomeu – Esse Narrador é louco ! – se justifica para a menina.
Narrador – Sou O QUÊ ? – pergunta tirando uma rosa para jogar no menino.
Pomeu – Rouco ! Eu disse rouco ! – responde rapidamente – Acho que a Marieta não entendeu bem o seu timbre de voz, he, he.
Narrador – Quer que eu repita a parte em que eu digo QUANTOS filhos sua mãe tem ? – pergunta com um sorriso sarcástico
Pomeu – NÃO ! – grita - Pode continuar. – e dá um sorrisinho amarelo.
O público continua a rir. Marieta fica com cara de desconfiada.
Narrador – Pomeu e Marieta sabiam que NUNCA conseguiriam o consentimento de suas famílias para serem amigos, então mantinham a amizade em segredo. Tudo ia bem até que um dia o primo da menina vê os dois.
O Primo da Marieta entra em cena. Uma música de tragédia começa a tocar.
Primo daMarieta(Menino da Fundação) - Ahá. Vocês são amigos ! Vou contar para o titio e ele vai te colocar de castigo.
Marieta - Não, por favor. Ele não vai mais deixar eu assistir Sailor Moon !
Primo da Marieta – Problema seu. Eu não gosto de Sailor Moon. – dá uma pausa - Se ainda fosse Yu-Gi-Oh... – fala pensativo.
O público ri.
Marieta – Pomeu, você vai ficar aí parado ? Sou sua amiga. Exijo que me defenda !
Pomeu – Mas Marieta, você SEMPRE diz para eu não brigar com os outros, que isso é feio e que você ODEIA violência. – explica à menina.
Marieta – Mas agora é diferente. BRIGUE COM ELE ! – ordena.
Pomeu – Tudo bem.
Pomeu vai até o primo de Marieta e o empurra. O menino cai no chão.
Marieta – NÃÃÃÃO ! – grita desesperada e se abaixa para ver o primo – Você se machucou ? Pomeu, seu monstro ! – fala para o amigo - Você não sabe que eu NÃO suporto violência ? Peça desculpas a ele, AGORA !
A platéia ri bastante. Pomeu olha para o público.
Pomeu – Mulheres ! Nunca sabem o que querem.
O público ri mais ainda.
Pomeu – Por favor me desculpe Marieta, não sei o que deu em mim. – fala em tom sarcástico - Desculpa. - falou dando a mão para o menino que estava no chão.
Primo da Marieta - Eu NÃO vou pegar na mão de um Capulet. Meu pai disse que vocês são gente da PIOR espécie.
Narrador - Pomeu olha para Marieta.
A música de tragédia pára. Pomeu fica piscando para uma menina sentada na platéia.
Narrador – Pomeu olha PARA Marieta !
Pomeu continua piscando para uma menina sorridente sentada na platéia e faz sinal para se encontrarem depois. Marieta, o Primo e o Narrador ficam aborrecidos. Marieta fica batendo o pezinho no chão.
Marieta - POMEU !
A platéia começa a rir.
Pomeu - Ai, Marieta, assim você me assusta. O que é ?
Mais risadas.
Marieta - Você não ouviu o Narrador ? - pergunta apontando para o Narrador que ainda está com uma cara de irritado - É para você olhar PARA MIM e não para essa loira aguada da platéia. - fala apontando para a menina.
O público continua rindo.
Loira da Platéia (Nana) – Ei, quem é loira aguada ? - pergunta se levantando.
Marieta – Pois pode sentar aí, querida, e baixar a bola porque você NÃO passou no teste para ser Marieta. - diz jogando os cabelos para trás com despeito.
A platéia ri mais ainda. A loira se senta irritada e fica resmungando.
Narrador - Posso continuar ? – pergunta aborrecido - Então Pomeu olha para Marieta e tem uma idéia.
Uma luz é projetada sobre o garoto e uma música suave toca por alguns instantes.
Pomeu - Ora, vocês Montek pensam isso porque NUNCA provaram o chocolate dos Capulet. – o menino tira um chocolate imenso do bolso.
A platéia recomeça a rir pelo tamanho do doce.
Primo da Marieta - Chocolate ? - pergunta com os olhos arregalados de vontade.
Pomeu - É, mas eu só posso dar chocolate para quem é meu amigo e como você não quer ser meu amigo... – e começa a guardar o doce.
Primo da Marieta - Eu posso ser seu amigo ? – questiona se levantando rapidamente, hipnotizado pelo chocolate.
Pomeu - Tudo bem, pode. - dá o doce para o menino que vai embora todo feliz.
Uma música bem alegre se inicia.
Marieta - Oba ! Podemos continuar a ser amigos !
Pomeu e Marieta saem de cena saltitantes e de mãos dadas.
O palco se apaga e a música pára. Algum tempo depois as luzes se acendem. O cenário mudou. Há uma cadeira e um homem sentado.
Narrador – Depois de comer o chocolate dos Capulet, o pequeno Montek atrapalha os planos de seus pais.
Uma música tensa, começa a tocar, deixando o clima bem carregado. A tia da Marieta entra em cena trazendo o primo da Marieta pela mão.
Tia da Marieta (Carola) – Não ! Que mundo cruel ! – fala chorosa – Não posso usar meu casaco de peles para receber a homenagem do prefeito ! – e começa a chorar.
Tio da Marieta (Kanon) – Por quê não, mulher ? – pergunta se levantando.
Tia da Marieta – Aqueles Capulet miseráveis deram chocolate estragado para o menino – aponta para o filho que está gemendo - e agora ele está com dor de barriga e não vamos conseguir sair de casa. – e chora mais ainda – Isso não é justo ! – bate os pezinhos no chão – NINGUÉM vai ver minhas pérolas IMPORTADAS ! – e se debulha em lágrimas.
A platéia se acaba de rir pela futilidade da Tia da Marieta.
Tio da Marieta – Aqueles Capulet desgraçados. Vou acabar com TODOS eles.
As luzes voltam a se apagar e a música pára. Quando o palco se acende, o cenário já é novamente o do parque. Os pássaros voltam a cantar e uma música alegre toca. Pomeu e Marieta entram em cena.
Pomeu – Bom dia Marieta ! – diz sorridente.
Marieta - Bom dia Pomeu. – responde preocupada.
Pomeu – Xi Marieta, – falou com a mão no ouvido da menina como se estivesse cochichando – esse pessoal das primeiras fileiras não tomou banho ontem à noite não. Eles estão com a mesma roupa.
O público começa a rir.
Marieta – Pomeu, esqueça isso.
Pomeu – E você acha que dá ? – abana o nariz como se sentisse um cheiro ruim.
Mais risadas.
Marieta – Pomeu, é sério. Aconteceu uma tragédia !
Uma música trágica começa a tocar.
Pomeu – NÃO ! – se ajoelha e agarra o vestido da menina - ELES NÃO VÃO MAIS PASSAR OS EPISÓDIOS DO DRAGON BALL GT ? – pergunta aos prantos.
O público continua rindo
Marieta – Não, não é isso.
A música pára.
Pomeu – Ufa ! – levanta-se imediatamente e limpa os joelhos.
Mais risadas.
Marieta – Pomeu, meu tio não conseguiu receber a homenagem do prefeito porque meu primo ficou com dor de barriga depois de comer o chocolate que você deu para ele.
Pomeu – É... acho que eu devia ter dado um chocolate um pouco menor.
Pomeu tira um chocolate do bolso maior que o anterior. A platéia responde com risadas.
Marieta – E agora meu tio quer acabar com TODOS os Capulet.
Pomeu – Mas Marie...
Tio da Marieta – Ahá ! – diz surgindo em cena – Um Capulet ! Eu vou te exterminar AGORA, seu miserável !
Um solo de guitarra estilo heavy metal começa a tocar. Pomeu corre pelo palco com o tio da menina em seu encalço. A música fica mais pesada enquanto Pomeu é perseguido.
Pomeu – MARIEEEEETA ! FAZ ALGUMA COISA ! ESSE CARA JÁ FOI GENERAL MARIIIIIINA !
A platéia ri mais ainda.
Narrador – Tudo parece estar perdido até que Marieta tem uma idéia.
O heavy metal pára. Uma luz é projetada sobre a menina. Uma música suave começa a tocar. A garota fica olhando para cima e começa a falar com as mãos juntas, em súplica.
Marieta – Autor, eu sei que você não é o William Shakespeare e pode fazer o que quiser nesta peça maluca, então... NOS TIRE DAQUI ! – ordenou batendo os pés.
Mais risadas. Em instantes uma mão gigantesca começa a descer no palco, segurando um grande livro. Ode à Alegria, da Nona Sinfonia de Beethoven começa a ser executada. A mão deixa o livro em uma das laterais e depois sai de cena.
A menina vai até o livro. Na capa está escrito "Histórias para Crianças". Nos bastidores, acionam o mecanismo de abertura do livro, mas Setsuna finge que ela está abrindo.
Marieta – POMEU ! – grita assim que o livro está aberto e mostrando uma passagem.
O menino passa pela amiga, pega sua mão e os dois entram correndo no livro. O tio de Marieta tenta entrar, mas não consegue e fica irritadíssimo.
Narrador – O tio de Marieta fica furioso, mas não pode seguí-los. O livro é de Histórias para Crianças e não Histórias para Adultos e ele já está um pouco crescidinho, he, he.
O público volta a rir.
Tio da Marieta – EU AINDA TE PEGO, CAPULET !
A luz se apaga e a música pára. Momentos depois a luz se acende e surge um novo cenário, com um bosque e pássaros cantando. Uma música de violinos começa. Há uma cama e uma menina de longos cabelos loiros deitada nela. O Narrador olha para um lado e depois para o outro.
Narrador – Dá para me dizer quem foi O TONTO que mandou colocar uma cama BEM NO MEIO de um bosque ? – perguntou irritado.
A música pára. Começa a música tema do Darth Vader. MM entra em cena com cara de mau e uma camiseta negra, com a palavra DIRETOR, estampado bem grande nas costas.
Diretor (Máscara da Morte) – Fui eu, por quê ? – perguntou desafiador ao Narrador.
Narrador – Por nada. – falou secando o suor com um lenço - Ficou ÓTIMO. MUITO BOM mesmo.
A platéia ri até não poder mais. O Diretor sai de cena. A música dos violinos recomeça.
Narrador – Ufa ! - disse guardando o lenço – Bem, tinha uma cama, bem no meio do bosque – fala meio aborrecido - com... – O Narrador estica o pescoço para olhar melhor – ...uma bela garota loira deitada sobre ela.
Afrodite coloca a mão no queixo como se estivesse pensativo. A música pára de tocar. Ele desce do suporte, fica um pouco longe da cama e olha para a garota. Volta e sobe novamente no suporte. Os violinos voltam a tocar.
Narrador – Bem, tinha uma cama bem no meio do bosque com... uma garota loira deitada sobre ela.
O sueco volta a ficar na mesma posição pensativa. A música pára novamente. Volta a descer do suporte, vai até bem perto da cama e olha para a menina. Volta e sobe de novo no suporte. Os violinos retomam a música.
Narrador – Agora eu tenho certeza ! – fala para a platéia. - Tinha uma cama BEM NO MEIO do bosque com ALGUMA COISA loira deitada sobre ela.
O público responde com muitas risadas. A "garota loira" levanta o corpo da cama e vira-se para o Pisciano, ainda com os olhos fechados.
Bela Adormecida (Shaka) – Eu estou ouvindo.
O violino desafina. Mais risadas da platéia.
Narrador – Até que é uma coisa loira BEM bonitinha. – tenta consertar.
Todos riem mais ainda. Marieta e Pomeu entram em cena. A Bela Adormecida volta a se deitar. Os violinos recomeçam a tocar.
Marieta – Veja Pomeu. Uma menina. Ela pode nos dizer onde estamos.
Pomeu vai até onde esta a loira e a sacode com força para acordá-la.
Bela Adormecida – Aaaaai – fala entre as sacudidas - Meu príncipe galanteador – diz ainda de olhos fechados – Viestes me tirar do funesto repouso a que fui obrigada por ser portadora de prodigiosos encantos ?
Pomeu – O que você está falando, menina ? Está louca ? Que palavreado é esse ? Acho que preciso da Tecla Sap.
Pomeu vai até a lateral do palco.
Pomeu – TECLA SAP ! – grita.
Nisso entram duas crianças, carregando uma faixa. Uma tem uma camiseta escrita TECLA e a outra SAP. A platéia ri.
Na faixa está escrito: "TRADUÇÃO: Você veio me tirar deste sono triste a que fui obrigada por ser LINDA e MARAVILHOSA ? – Ai, ai, eu sei que sou. É DURO ser linda e maravilhosa !".
Pomeu – Ah ! Agora sim.
A menina que tem a inscrição TECLA enrola a faixa e começa a sair do palco. A garotinha que tem a inscrição SAP (Shakinha) vai desfilando como uma modelo até a frente do palco O refrão da música Vogue da Madonna começa a tocar.
www terra com br – radio - artista – M – Madonna - Vogue
SAP faz várias poses para uma máquina fotográfica imaginária. As pessoas começam a rir. A menina da inscrição TECLA vai até a outra menina e troca vários sinais com ela. As duas são surdas-mudas. SAP não dá a mínima para TECLA e começa a mandar beijos para o público. A música pára. O tema de Darth Vader volta a tocar. SAP continua sua exibição sem perceber nada. Depois de um tempo TECLA olha para trás, deixa a faixa no chão e corre. A platéia ri mais ainda.
A pequena modelo vira-se para mandar beijos para outra parte do teatro e dá de cara com o Diretor que está com os braços cruzados e uma cara de mau. A garotinha sorri e manda um beijinho para o Diretor. O público não se agüenta de rir.
O Diretor olha feio para a menina e avança sobre ela. A garota corre. Ao chegar perto das cortinas, vira-se e abaixa-se para agradecer o público. A platéia ri bastante e aplaude.
A menina entra nos bastidores, com o Diretor ainda em seu encalço. A música pára. A garotinha da camiseta Tecla sai correndo de dentro da cortina e vai até o meio do palco. Pega a faixa e sai correndo novamente para os bastidores. Mais risadas e aplausos.
Narrador – Bem, onde eu estava ? – pergunta mexendo em várias folhas – Ah ! Sim. Pomeu volta a falar com a Bela Adormecida.
Os violinos recomeçam.
Pomeu – Sinceramente menina ! Galanteador ? Prodigiosos ? Estas palavras são do tempo da minha bisavó !
Bela Adormecida – Desculpe, não sei as gírias atuais, faz cem anos que estou dormindo.
Pomeu – CEM ANOS ? E depois dizem que eu é que sou preguiçoso. – fala pensativo.
A platéia volta a rir.
Bela Adormecida – Príncipe, não me trateis assim ! Aguardo sua vinda ansiosamente !
Pomeu – Fala baixo que a Marieta é muito ciumenta.
Bela Adormecida – Marieta ? Quem é Marieta ? – pergunta assustada – Ei, espere um pouco, você NÃO É o príncipe encantado ?
Pomeu – Não. Prazer – falou pegando na mão da garota – Sou o Pomeu.
Bela Adormecida – POMEU ! – fala horrorizada.
A música desafina e pára. O público recomeça a rir. Shaka abre os olhos liberando uma rajada de energia em todo o teatro.
Bela Adormecida – VOCÊ NÃO SABE LER NÃO ? – berra para o menino enquanto aponta para uma placa sobre a cama.
Pomeu se aproxima e lê a placa. "Se você não for o príncipe encantado, não me acorde".
Pomeu – Oh oh !
Mais risadas.
Bela Adormecida – VOCÊ NÃO É O MEU PRÍNCIPE. EU VOU ACABAR COM VOCÊS, SUAS PESTINHAS. VOU TIRAR TODOS SEUS SENTIDOS !
A bela adormecida dá uma rosnada e parte para cima do menino. Novamente o heavy metal é tocado. A platéia ri mais ainda. Pomeu é mais rápido e escapa. Pomeu pega Marieta pela mão e corre.
Pomeu – Foge Marieta que a loira está nervosa.
As pessoas se contorcem de tanto rir.
Marieta – Pomeu, quero voltar para casa ! – fala enquanto corre.
Pomeu – Vamos voltar. – promete – Mas agora vamos fugiiiiiir...
Os dois entram correndo nos bastidores. As luzes se apagam e a música pára. Instantes depois, novamente as luzes se acendem.
Pomeu e Marieta andam em um lugar com várias árvores secas, crianças e animais. Uma música melancólica toca. Há uma tristeza generalizada no local. Um menino sentado numa cadeira de rodas, olha desanimada para baixo. Um garotinho cego tateia o chão com a mão à procura de sua bengala. Entre os animais há uma menina-pássaro com as asas curtas e semblante triste. Há também um sapo com uma perna menor que a outra.
Pomeu – Nossa Marieta, que lugar tão triste é esse ?
Narrador - A menina apenas apontou para uma placa, chamando a atenção do amigo.
Na placa estava escrito "Rejeitados pela Sociedade".
Todos da platéia ficaram muito tristes. As luzes se apagaram e as cortinas se fecharam. A música pára.
- Dez minutos de intervalo – diz uma voz.
Uma música ambiente começa a tocar.
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Alguns saíram para ir ao banheiro, outros para esticar as pernas. Outros apenas ficaram sentados, comentando das palhaçadas do primeiro ato e da tristeza da última cena.
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Afrodite aproveitou o tempo para ir aos bastidores e ver se estava tudo em ordem. Logo encontrou MM e Aldebaran, que já estavam preparados para o segundo ato.
- Parabéns. Você foi muito bem. – falou sorrindo para o italiano.
- Ok. – respondeu secamente.
– E aí Deba ? Pronto para entrar em cena ? – o sueco perguntou sorrindo.
– Não vejo a hora. – respondeu com outro sorriso.
O Peixinho foi embora. Sorria. Sorriu ainda mais. depois de ouvir a conversa dos dois enquanto andava.
- MM, larga de ser carne de pescoço. O cara te convida para atuar, te ajuda a ensaiar, te elogia e você fica com esta cara de fuinha ? Seja mais gentil com ele.
- Vou tentar. – respondeu entre os dentes.
- Não é para tentar. É para fazer ! – o brasileiro falou duramente com o Canceriano.
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- Milo. – disse assim que chegou perto dele – Estou TÃO feliz ! Está TUDO perfeito ! Nem um MÍNIMO erro até agora. Como estão as coisas por aqui ?
Várias crianças estavam sentadas, com seus instrumentos na mão, apenas aguardando a ordem do professor de música para começarem a tocar.
- Perfeito. As crianças estão ótimas. – o grego respondeu sorrindo e piscando para os pequenos.
- Professor Afrodite ? – Fernando chamou a atenção do sueco – Você ouviu minha música de heavy metal ? – perguntou com a guitarra no ombro.
- Ouvi sim, Fê. Ficou muito boa. Parabéns. – respondeu sorrindo - Então está tudo sobre controle, não é ? – confirmou com o professor de música.
- Está.
- Ótimo. Vou ver como a equipe de apoio está se saindo.
Afrodite foi até as escadas que davam para a parte superior do teatro.
- Pipe ? – chamou lá de baixo
- Oi professor. – disse aparecendo no alto.
- Como está a sua equipe de produção, aí em cima ? Estão precisando de alguma coisa ?
- Não. Só pedi para colocarem seu suporte um pouco mais para a lateral pois no próximo ato tem a cena da bruxa.
- Muito bem lembrado. Parabéns. Estou orgulhoso de você. Tenho certeza que você continuará uma excelente profissional quando crescer. – a menina sorriu em resposta.
O Pisciano estava satisfeitíssimo. Seus alunos estavam colocando seus sonhos em prática.
-o-
O sinal tocou uma vez. Todos se posicionaram em seus devidos lugares. Três minutos depois o sinal tocou novamente.
As cortinas se abriram e as luzes se acenderam. A música triste recomeça a tocar.
-oOo-
Peça: Pomeu e Marieta no reino da Fantasia - Ato II – Fazendo novos amigos
Narrador – Pomeu e Marieta andavam pelo local por entre os moradores. Precisavam saber como voltar para casa. Marieta parou para falar com o menino da cadeira de rodas e Pomeu seguiu até o pássaro de pequenas asas.
Marieta – Oi, eu sou a Marieta.
Augusto (Menino da Fundação) – Oi, eu sou o Augusto.
Marieta – Que lugar é esse, Augusto ? – perguntou horrorizada olhando à sua volta.
Augusto – É o lugar para onde te mandam quando você não serve para a sociedade.
Marieta – E por que não serviriam ?
Augusto – Eu por não poder correr para brincar com as outras crianças, o cego por não poder sair de casa já que não consegue ver onde pisa. A menina-pássaro por não conseguir voar e o sapo por atrapalhar os outros sapos com seus pulos irregulares.
Marieta – Que horror. – disse estarrecida – Vamos sair daqui AGORA ! – disse pegando a mão do menino.
Augusto – Eu não posso.
Marieta – Por que não ?
Augusto – Não tenho o que oferecer para a sociedade lá fora.
Marieta – Que bobagem. Você tem muito a oferecer.
Augusto – Desculpe Marieta, mas o tratamento que recebo da sociedade lá de fora me machuca muito. Parece que sou um completo inútil. E sei que essa visão que eles têm de mim, infelizmente, não vai mudar. Sendo assim, não tenho nada a oferecer... Mas eu sei como você pode sair daqui. Você não me parece uma rejeitada pela sociedade.
Marieta suspira com um ar entristecido. Depois os dois ficam conversando um com o outro, mas sem voz, como se estivessem em segundo plano da peça. Uma outra música triste começa a tocar.
Narrador - Enquanto isso, Pomeu tentava descobrir uma forma de voltar para casa.
Pomeu – Tudo bem. Posso ajudá-lo em alguma coisa ?
A menina-pássaro fez cara de quem não entendeu nada.
Pássaro – O que você está falando ?
Pomeu – Não é para você dizer isso não. – se aproximou como se cochichasse - Você deveria dizer "Bem... eu queria saber como faço para sair daqui."
A menina-pássaro começa a rir. A música pára.
Pássaro – Você decorou as falas erradas ! Estas falas são as minhas ! – e ri mais ainda.
O público ri do erro do menino.
Pomeu – Ai não ! Eu sabia que ler "Po fala" "Pa fala" ia acabar me confundindo !
Pássaro – Acho que você está doido. No script estava escrito "Pomeu fala" "Pássaro fala" e não "Po fala" e "Pa fala". Você REALMENTE estudou o script ou ficou namorando ao invés disso ?
Pomeu – Fala baixo que alguém pode ouvir.
Mais risadas.
Pássaro – Eu sabia ! Espere só até o prof... – teve sua boca tampada pelo garoto.
Pomeu – Fique quieta.
A platéia ri mais ainda.
Pássaro – Você não tem vergonha ? – repreendeu-o - Enquanto todos estavam estudando e ensaiando você ficava namorando ? Não fica com remorso ? Como consegue dormir à noite ? Quando o professor ficar sabendo, ele vai...
Pomeu – PÁRA ! – bate os pés no chão e tem um ataque histérico de causar inveja a qualquer viado MUITO afetado. – Assim você me deixa nervoso !
O público ri até não poder mais.
Pássaro – Já acabou ? – pergunta tentando segurar o riso.
Pomeu – Já. – responde segurando a risada também.
O público aplaude. Marieta se aproxima. Uma música menos triste começa.
Marieta – O quê vocês estavam falando ? – olha para a menina-pássaro desconfiada.
Pomeu - MARIETA ! – fala alegremente – Aposto que você descobriu o caminho de volta. – fala sorrindo e vira-se rapidamente para a menina-pássaro e faz sinal para ela ficar quieta e não contar nada.
Mais risadas.
Marieta – É... o Augusto me ensinou. – falou ainda desconfiada - Temos que chegar até o castelo do Mágico de Nós, no fim da estrada amarela. – explicou ao amigo.
Augusto – Você se lembra de todo o caminho que eu te disse ?
Marieta – Bem... é um pouco complicado lembrar tudo. Acho melhor escrever. Pomeu, - vira-se para o amigo – estou sem papel para anotar, você têm algum aí ?
Pomeu - Claro ! – retira uma folha do bolso e entrega à menina.
Marieta vai começar a escrever mas vira a folha e começa a ler.
Marieta – Pomeu, desde nosso último passeio na praia não consigo te esque...
O menino arranca o papel da mão da menina.
Pomeu – He, he. Carta da mamãe.
O público ri bastante.
Marieta – Eu não sabia que a sua mãe tinha letra de menininha e nem que gostava de colar bichinhos nas cartas.
As risadas continuam.
Pomeu – É porque ela ainda é muito moça. Está praticamente na adolescência.
Mais risadas.
Pomeu – Ei, por que ao invés de anotarmos, o Augusto não nos leva até lá ? Assim ele passeia e se distrai também.
Narrador – Pomeu apenas queria mudar de assunto, mas todos aprovaram a idéia.
Marieta – Excelente idéia. Você aceita Augusto ?
Augusto – Claro.
Pássaro – Posso ir com vocês também ? Não agüento mais tanta tristeza e eu gostaria de pedir uma coisa para o Mágico de Nós.
Os Três – Claro !
Uma música mais alegre começa a tocar.
Narrador – Os quatro se puseram a andar para sair daquele lugar desolador.
A luz se apaga e a música pára. Quando se acende novamente, há uma ponte no palco e os quatro estão próximos a ela.
Pomeu – Vejam. Uma ponte.
Augusto – Temos que atravessá-la. Vamos.
Narrador - Os três atravessaram a ponte, mas Augusto não. Sua cadeira não passava. A ponte era estreita demais.
Uma música triste começa a tocar.
Augusto – O pássaro leva vocês. Foi um prazer conhecê-los. Boa sorte, amigos !
Marieta – Não podemos deixá-lo assim. Isso não é justo !
Augusto – Não se incomodem comigo. Podem seguir.
Pássaro – Eu sabia que não ia dar certo. Somos rejeitados. Não temos este direito.
Pomeu – Isso é bobagem.
Pássaro - Eu pensei que nós quatro conseguiríamos chegar até o Mágico de Nós. Ele poderia devolver os movimentos das pernas do Augusto...
Pomeu – O QUE VOCÊ DISSE ?
Pássaro – Ouvi dizer que o Mágico de Nós pode fazer coisas fantásticas.
Augusto – Pássaro, eu ouvi direito ? O Mágico de Nós poderia me fazer normal ? – perguntou com entusiasmo.
Pássaro – Acho que sim. Vou pedir para ele me dar asas maiores para eu conseguir voar.
Marieta – Então vamos voltar e pegá-lo AGORA. – disse animada.
Uma música mais suave começa a tocar.
Os três voltam. A menina-pássaro e Marieta levantam a cadeira e passaram na ponte. Pomeu traz Augusto no colo.
Augusto – Muito obrigado. Eu não quero ser um peso para vocês, mas bem que podiam ter feito esta ponte um pouco mais larga.
Marieta – É verdade. Assim que eu chegar em casa vou reclamar para a prefeitura.
O público se mata de rir. O prefeito de Atena estava presente na platéia.
Marieta - As pessoas pensam que no mundo só tem pessoas sem cadeiras de roda ?
Pomeu – Ou magras, olha só como a ponte é estreita.
Pássaro – Vamos pessoal ! Vamos nos apressar. – falou animadamente.
As luzes se apagam e a música pára. Quando as luzes se acendem há um cenário de um bosque. Todos já estão em cena.
Narrador – Nossos heróis estavam cansados e famintos.
Pomeu – Ai que fome !
A versão instrumental da música do Chapeuzinho Vermelho começa a ser tocada. Chapeuzinho vermelho entra em cena saltitando.
Chapeuzinho Vermelho (Aldebaran) – Pela estrada afora eu vou... FOME ? Estão com fome ? Eu tenho alguns doces aqui. Vocês querem ?
A platéia ri muito com a encenação. O brasileiro naquele tamanho todo, vestido de chapeuzinho vermelho está hilário.
Marieta – Oi, quem é você ?
Chapeuzinho Vermelho – Eu sou Chapeuzinho Vermelho, disse dando um rodopio.
Mais risadas. Pomeu se aproxima e pega o ENORME capuz da menina.
Pomeu – ChapeuZINHO ? Sei.
Alguns choram de rir.
Marieta – E o que você faz aqui, Chapeuzinho Vermelho ?
Chapeuzinho Vermelho – Vou levar estes doces para a vovozinha, mas se vocês estão com fome eu divido com vocês.
Narrador – Os quatro agradeceram e aceitaram os doces da menina.
Chapeuzinho Vermelho – Para onde vocês estão indo ? – e morde um dos doces.
Crianças – Encontrar o Mágico de Nós.
Chapeuzinho Vermelho – Puxa, que legal ! Dizem que ele faz coisas maravilhosas.
Augusto e a menina-pássaro se olham sorridentes.
Narrador – Os quatro comem todos os doces da menina. Quando Chapeuzinho olha novamente na cesta, vê que não sobrou mais nada para sua avó.
Chapeuzinho Vermelho – Bom amigos, agora que não tenho mais doces, vou para casa.
A menina tira um celular do bolso e disca. A música pára. Começa um sinal de telefone chamando. Atendem.
- Alô – voz de velhinha.
Chapeuzinho Vermelho – Alô, vovó ? Só vou te visitar no domingo. – pausa – Porque se eu for hoje o lobo vai comer a senhora e como eu comi muito doce, estou um pouco gordinha para correr dele. - levanta a capa mostrando uma barriga postiça enorme.
O público cai na risada.
Chapeuzinho Vermelho – Tudo bem vovó. – pausa - Eu também te amo. Beijos. - desliga o celular. - Boa viagem amigos. Espero que encontrem o Mágico e realizem seus sonhos.
Crianças – Tchau ! Obrigado !
Chapeuzinho sai de cena com a música da Chapeuzinho Vermelho. A música pára.
Pomeu – E agora ?
Augusto – Agora temos que atravessar o bosque.
Narrador - Os quatro andam um pouco até uma árvore e dão de cara com um lobo que sai do mato em que estava escondido com uma roupa de vovó na mão.
Lobo (Lady Cygnus) – Ei ? Quem são vocês ? Cadê a Chapeuzinho ? Ela precisa passar por aqui que é o caminho mais longo para a casa da vovó, enquanto eu pego o atalho.
Pomeu – Ela foi para casa.
Lobo – Como assim foi para casa ! Ela TEM que ir para a casa da vovó.
Marieta – Ela não vai. Até ligou para dizer que não ia.
Lobo – Ligou ?
Pássaro – É. Do celular.
Lobo - Do celular ? – repete.
Augusto – É.
Lobo – Droga de tecnologia ! – diz jogando a roupa de vovó no chão - Assim não dá mais para fingir que sou a Chapeuzinho. Estas indústrias de telecomunicações não têm pena dos lobos não ? – fala aborrecidamente e sai de cena.
A platéia ri bastante da atuação do lobo.
Narrador – Sem poder ajudar o lobo, eles seguem pelo bosque.
As luzes se apagam. Quando se acendem os quatro estão na frente de uma estrada com pedras nas laterais. Há uma casa no final da estrada. Uma música infantil toca.
Marieta – Pomeu, veja isso, essas pedras são macias.
O pássaro se abaixa e pegou uma na mão. Cheira e come.
Pássaro – É pão doce !
Os Outros – PÃO DOCÊ ?
Marieta – Quem faria um caminho de pão doce na estrada ?
Pássaro – Não sei, mas está valendo a pena. – falou comendo o resto do pão.
Narrador - No final da estrada visualizaram uma casa toda colorida, feita de doces.
Pomeu – Veja Marieta, janela de pirulitos.
Todos correm até a casa. O menino arranca um pirulito e começa a chupar.
Marieta – Oba ! Tem uma fonte de groselha ! – fala pegando um pouco em um copo.
Augusto – A janela é feita de bolachas waffer. – falou arrancando um pedaço.
Narrador – Os quatro amigos estavam tão encantados com a casa feita de doces que nem viram a bruxa se aproximando.
A bruxa sai de trás da casa, e anda pé ante pé até os quatro.
Bruxa (Ia-Chan) – O que vocês estão fazendo com a minha casa ? Isso é só para crianças pequenas ! – fala assustando os amigos.
A mesma música infantil começa a ser tocada bem mais rápida. Os quatro começam a correr em torno da casa, com a bruxa quase os pegando. Augusto, sob rodas, desvia e sai do corre-corre. Agora estão os três correndo em volta da casa com a bruxa atrás deles. Augusto desliza pela cadeira e vai para o chão. Pega algumas pedras-pão que estavam no chão e atira na bruxa. Ela desvia e mostra a língua para o menino. Não percebe que tem um obstáculo à sua frente, tropeça e cai. A música diminui o ritmo.
Augusto – YES !
A bruxa rola pelo chão e Augusto volta a subir na cadeira e se aproximar dos amigos. Ao chegar perto da casa, ouve pedidos de socorro.
Augusto – Pomeu ! Têm crianças presas lá dentro. – e aponta para a casa.
A música pára e os tambores começam a rufar.
Bruxa – Não se atrevam !
O pássaro vai até onde está a bruxa e coloca seu pé nas suas costas, impedindo-a de se levantar. Pomeu vai até a porta. Os tambores param de rufar. O menino abre a porta. Várias crianças pequenas saem da casa. Os trompetes tocam. O público aplaude.
Uma música de circo começa a tocar. As crianças correm e pulam pelo palco. Algumas vão até a bruxa e deitam no chão, rolando até ela, enquanto outras sobem na bruxa como se brincassem de cavalinho. A platéia ri das travessuras dos pequenos.
Narrador – Como as crianças escaparam, a bruxa se levanta e sai correndo.
A menina-bruxa continua no chão, com um monte de crianças à sua volta.
Narrador - A bruxa se levanta e sai correndo.
Nada da bruxa se levantar. Duas crianças já estão em cima dela gritando "Upa cavalinho". A platéia não se agüenta.
Narrador – DIRETOOOOR !
MM entra correndo no palco. Olha estarrecido para as crianças.
Diretor – PAREM ! VOCÊS TÊM QUE DEIXAR A BRUXA SE LEVAN...
O diretor é chutado por um moleque e quando se abaixa para pegar o pestinha, outras crianças grudam nele. Ele vai para o chão. Duas crianças sobrem em cima dele e gritam "Aiô Silver". O público ri até não poder mais.
Pomeu, Marieta, Augusto e o Pássaro estão um pouco afastados. Pomeu traz umas cadeiras e o Pássaro trás um pote cheio de pipocas. Os quatro ficam assistindo à cena, comendo pipoca e dando risada.
Diretor – Seguranças ! Seguranças ! SEGURANÇAS ! – berra.
A música pára. As luzes se apagam. As crianças começam a gritar. Um grande foco de luz se direciona para uma das laterais. As crianças param de gritar. Shaka e Kanon, vestidos de ternos pretos e óculos pretos saem dos bastidores e fazem pose de mau cruzando os braços. O refrão de I Will Always Love You – Whitney Houston – Tema do filme O Guarda-costas começa a tocar. Uma luz em formato de coração se acende sobre os dois. Os dois descruzam os braços e ficam rindo e se olhando timidamente. Kanon dá uma florzinha para Shaka.
DIRETOR – PAREM COM ISSO E VENHAM LOGO ! – grita.
A luz se acende. A música pára. Risadas na platéia.
Seguranças (Kanon e Shaka) – Sim, Diretor.
Diretor – TIREM ESTAS CRIANÇAS DAQUI !
A música de palhaços volta a tocar bem rápida. Os seguranças começam a correr atrás das crianças. O Narrador desce do suporte e puxa outra cadeira para se sentar do lado do Pássaro e também fica vendo a cena e comendo pipoca. O público dá muita risada.
Depois de correrem muito os seguranças conseguem pegar as crianças e saem. A música diminui o ritmo.
Narrador – Obrigado Diretor. – fala voltando para o seu suporte.
Diretor – Humf ! Crianças !
Nisso o primeiro garotinho que o chutou, volta e pisa no seu pé, correndo em seguida para os bastidores. O Diretor dá um grito e corre atrás do menino. Na platéia, alguns até choravam de tanto rir.
Pomeu guarda as cadeiras e o Pássaro a pipoca. Os quatro ficam olhando para o Narrador.
Narrador – Então...- para de ler o script e olha para os quatro.
Crianças – E agora ?
Narrador – He, he, agora não tem nada. Agora é só para mudar de cena.
A luz se apaga e a música para. Quando a luz se acende, há longo tapete amarelo no chão. No final do tapete há a frente de um castelo, com uma porta. Uma música mística toca.
Marieta - Vejam ! O castelo do Mágico de Nós !
Pomeu – Oba !
Pássaro – Viva !
Augusto – Conseguimos !
Narrador – Os quatro andaram por muito tempo pela estrada.
Pomeu – Falta muito ? – pergunta andando no mesmo lugar.
Augusto – Já estamos chegando.
Narrador – Finalmente a estrada acaba. Os quatro amigos correm até a porta do castelo.
Os quatro correm até o castelo Assim que começam a abrir a porta, a luz se apaga.
Quando a luz se acende, os quatro estão em um lugar com várias portas coloridas amarradas por vários nós na frente delas. A música pára. Há um sino em uma lateral com um cartaz próximo dizendo "Toque o sino para chamar o Mágico". Pomeu se aproxima e toca o sino, que faz um barulho de campainha Ding-Dong. Os quatro olham aborrecidos para o Narrador.
Narrador – Eu não tenho nada a ver com isso, reclamem com a produção.
Mais risadas.
O Mágico entra em cena com um capuz cobrindo o rosto. Uma música de suspense começa a tocar. Quando o Mágico faz menção de tirar o capuz e se revelar quem é, as luzes se apagam, a música pára e as cortinas se fecham.
- Dez minutos de intervalo.
-oOo-
Afrodite sai de seu posto e vai rapidamente até os bastidores. No caminho encontra com Lady Cygnus.
- Parabéns, Lady, você foi ótima. Nos dois papéis. – falou sorrindo
A menina retribuiu o sorriso, agradecendo com fazem os atores. O sueco sorriu. Lembrou-se de como Milo se referira à aluna, dizendo que ela tentaria de tudo para conseguir uma rosa. Conseguira duas. Suplicara ao Pisciano para fazer mais de um papel. Como era uma garota muito dedicada, Afrodite acabou cedendo. Seria a única aluna a fazer mais de um personagem. Era uma menina batalhadora. E só tinha nove aninhos.
O sueco subiu rapidamente a escada para falar com Pipe.
- E aí ? Como está ?
- Perfeito. Para o próximo ato já está tudo organizado. O Aldebaran e o Kanon são os responsáveis pelo cabo para a Ilia. A Lady, a Kitsune, a Carola, o Kanon, o Aldebaran, o Shaka, a Ia-Chan e eu vamos manipular as marionetes.
- Mas são dez marionetes. Não são muitas para vocês ? – o Pisciano perguntou preocupado. – Onde estão os outros para ajudar ?
- Não se preocupe professor, a professora de Educação Artística já vai subir trazendo os reforços. – Ia-Chan respondeu.
A garota ainda estava com a maquiagem da bruxa, mas já havia se trocado.
- Parabéns pela atuação. – disse sorrindo para a aluna - Ok meninas. Sei que posso contar com vocês.
- Pode deixar professor. – Pipe colocou a mão na testa como se batesse continência.
O sueco riu. Afrodite estava hiper feliz. A peça seguia sem nenhum erro. A iluminação estava perfeita, o cenário perfeito, a música perfeita, os atores não erraram nenhuma e pelo jeito o público estava adorando.
Dido foi atrás da professora e encontrou MM no corredor, ia falar com ele quando Shaka apareceu. Acabaram apenas fazendo um sinal de positivo um para o outro.
O Peixinho correu pelo corretor. Parou e bateu na porta do camarim das meninas.
- Pode entrar ! – uma voz de menina falou
- A profe... Nossa, como vocês estão lindas ! – o Pisciano elogiou Megara, Volpi e Teffy.
- Gostou professor ? – Teffy perguntou dando um rodopio.
- Muito. Ficaram ótimas. Onde estão as outras meninas ?
- Na maquiagem. – Volpi explicou.
- Ok meninas. Se a professora Anali aparecer, digam que precisam dela lá em cima.
- Pode deixar, professor. – Teffy falou e continuou a ajeitar a saia da amiga Volpi.
- E você Megara ? Está pronta ?
- Ai, professor, estou com um frio na barriga. Estou com medo.
- Não se preocupe – abraçou a pequena – Vai dar tudo certo. – abaixou-se para ficar mais na altura da garotinha – Se você se atrapalhar, basta seguir as outras.
- Você acha que estou bonita ? – Megara perguntou receosa.
- Você está linda. – ajeitou a saia da menina - Parece até uma bailarina profissional.
O comentário iluminou o rosto da garotinha. O Pisciano se despediu das alunas e deixou-as arrumando as saias de tule e amarrando as sapatilhas para o último ato.
Foi rapidamente até onde Milo estava com seus alunos. O grego estava em pé e repassava com cada grupo de crianças que tocariam no último ato o momento de cada um. Falava um pouco baixo pois tinha uma criança adormecida nos braços.
- Oi Milo.
- Oi. Só um minuto. – disse rapidamente e voltou-se para as crianças. – Sini, muita atenção. Seu teclado é o nosso mestre. Segurar a música na hora das chaves vai depender de você. Você treinou muito. Sei que consegue. – piscou para a menina.
- Deixa aqui professor. – falou batendo a mão no peito e sorrindo.
O Escorpiniano sorriu. Afastou-se um pouco para conversar com o Pisciano.
- Você viu a professora de Educação Artística ? – perguntou ao grego.
- Vi sim. Ela foi improvisar uma cama para a Calíope. – o Escorpiniano olhou para a pequena adormecida em seus braços.
Milo tinha tirado a máscara de gatinho da menina e a segurava pelo elástico entre os dedos. Calíope era danada. A menina queria dançar. Insistira para Afrodite deixá-la ser bailarina. Havia bailarinas na peça, mas eram personagens de muita responsabilidade para uma garotinha de quase três aninhos.
Colocou-a para dançar junto dos gatos, mas a pequena não tinha dormido à tarde e cansada, não agüentara esperar sua hora.
- Pronto professor, já arrumei a cama. – a professora parou e observou o grego algum tempo – Nossa, se eu tivesse uma máquina agora, tirava uma foto. Ia parecer aquele tipo de foto ternurinha: o papai segurando a filhinha.
- Anali, você vai ajudar as meninas lá em cima ? – Afrodite perguntou cortando a conversa entre Milo e a professora – Precisa de mais ajuda ?
Depois do comentário da moça, o tempo tinha parado para o Escorpiniano. Ele via os dois professores conversando, mas não ouvia mais nada. "Papai segurando a filhinha" pensou. Olhou quase em câmera lenta para a menina em seus braços.
Cabelinhos em tom azulado, como o seu. Em cima os cabelinhos eram lisinhos, como os de Kamus e em baixo cacheadinhos, como os seus cabelos. Também tinha a pele branquinha como... a de Kamus. Arregalou os olhos e engoliu seco.
Agora que o francês tinha se declarado, Milo já podia pensar em adoção, mas estava com medo deste assunto pois não sabia como faria para escolher UMA criança entre tantas. Mas agora com o comentário da professora seu instinto paterno já desperto, foi ativado. Aquele pequeno ser em seus braços parecia ter sido encomendado. Era uma junção do Escorpiniano com o Aquariano. Parecia que nascera para ser filha dos dois.
Sorriu. Por meio da professora Anali, os deuses o ajudaram na escolha. Segurava em seus braços, seu futuro sangue.
- Professor Milo ? – Anali perguntou tirando-o do transe – Pode me dar a Calíope que eu a levo. A professora de corte e costura vai ficar de olho nela enquanto ajuda os alunos.
- Não ! – apressou-se em dizer – Eu levo. – olhou ternamente para a garotinha – Não quero que acorde.
- Tudo bem. Camarim doze.
O grego entrou no camarim e viu um sofá arrumado como uma pequena caminha. Deitou-a devagar para não acordá-la. Ouviu o primeiro sinal. Tinha três minutos.
Beijou suavemente a garotinha na testa.
- Durma bem princesinha. MINHA princesinha. – completou.
Estava saindo e encontrou Nana, que participara do primeiro ato.
- Nana, você vai fazer alguma coisa neste ato ?
- Não professor, você quer alguma ajuda ?
- Quero sim. A Calíope está dormindo aqui no camarim doze. Você pode vir aqui de vez em quando ver se está tudo bem ?
- Claro professor.
- Obrigado. Agora vamos lá ? – perguntou sorrindo e dando a mão para a menina.
Apressaram-se ao ouvir o segundo sinal.
-oOo-
Próximo capítulo: As crianças apresentam o último ato da peça e são muito aplaudidas. Milo e Kamus discutem sobre a adoção de Calíope e o Escorpiniano marca uma reunião com a deusa para falar sobre o assunto.
-oOo-
Nota da autora - agradecimentos
Agradeço a todos que acompanham a fic, principalmente as que mandaram e-mail:
Anjo Setsuna - Está propensa a apostar no MM. Também gostaria de fazer uma doação para a Fundação. - (B.Patty) - Como eu disse, vc já está doando seu suor. Eta Marietazinha danada essa, rsrs.
Calíope - Está orgulhosa do Mi como professor. Gostou da estratégia do Kamus e também de saber que o Ian está feliz. - (B.Patty) - O Kâ não é bobo não. E o MM NÃO É um poço de virtudes. Aqui está a pequena Calíope. Vc só não ganhou o beijinho que queria. rsrs.
Cardosinha - Adorou o Ian namorando. Está achando o Kamus meio psicótico. Queria ver o encontro do Dido, MM, Kamus, Milo e vinhos. - (B.Patty) – Pelo jeito o Ian está felicíssimo. Além da insegurança, acho que o francês não quer mais forçar o Milo a se lembrar daquilo tudo. Os quatro + vinhos ? rsrs.
Carola - Gostou muito de tudo (principalmente do Ian e do Gio). Só não gostou das maldades da SN contra o MM. - (B.Patty) - O Ian e o Gio são fofos, não ? Sei não, mas acho que o italiano se identificou com a garotinha "sinistra" rsrs
Ia-Chan - Vai mudar para a Grécia, pois lá só tem cara bonito. Aguarda a peça. - (B.Patty) - O pior é que todos acompanhados. E BEM acompanhados. rsrsrs
Ilia - Aposta no Shura. Disse que parece que ele só usa cueca apertada. Achou o Kamus dissimulado e adorou o Ian e o Gio juntos. Ficou com pena da Sini. - (B.Patty) - Aqui está o Deba (e não é atrás do Mu HÁHÁHÁHÁ). É... tem histórias muito tristes no meio daquelas crianças. Ah, gostou do Pássaro ?
Kitsune - Gostou do presente que o Kâ deu ao Milo e do Ian namorando. Continua apostando no Shura. - (B.Patty) - Ri demais com seu e-mail. Em setembro a fic vai ter mudanças...
Lady Cygnus - Está lendo os caps e quase ficando em dia. Adorou a escolha da música dos dois. - (B.Patty) - Acho que Always tem tudo a ver com eles na fic. Agora vc entendeu o comentário do Milo ?
Megara - Está gostando muito da fic, mas pede mais Mu & Shaka. - (B.Patty) - Primeiramente, aqui está seu presente de aniversário, bailarina, rsrs. E Mu & Shaka a partir de setembro. Prometo. .
Neme - Gostou da volta do Ian e do perdão do pai dele. Também gostou de SN e MM. Vai deixar o caso do Milo para o Cold Case. - (B.Patty) - Ri muito com seu e-mail. Acho que o MM gostou da Sini. E concordo sobre o Shura, ele está muito de escanteio, tadinho.
Nica-Bel - Ainda está brava com o professor preconceituoso e com o Kâ por desconfiar do Milo. Acha que estou devendo algumas surras na fic. - (B.Patty) - Estou preparando as surras, mas depois do Mi agarrar o Dido, o francês tem motivo, não tem ? rsrs.
Shakinha - Gostou de todo o cap e está curiosa sobre o primeiro do Mi. Não vê a hora de aparecer na peça. - (B.Patty) - Na verdade o Kamus é muito interesseiro, isso sim. Eu não disse que a Shakinha era fofa ?
Sini - Acha o Ian lindo e sortudo. Queria ter acertado o pé do MM - (B.Patty) - Parece que vc impressionou o italiano. rsrs. Sobre adoção, mais dois caps e o Milo vai conversar com a Saori, as coisas não são TÃO fáceis assim...
Teffy - Queria poder ver o show do Milo na fic. Também gosta do Ian. Não quer que ninguém morra. - (B.Patty) - Ninguém vai morrer (ao menos por enquanto). Este show vai ser light, mas o próximo show do Milo devia ser proibido para menores de 18 ! rsrs
Volpi - Esta querendo mandar o Kâ para o psicólogo. Estava ansiosa pela Peça. Já não sabe mais em quem apostar para o primeiro do Mi. (B.Patty) - O Ian se deu bem mesmo Kamus está uma mexeriqueira de mão cheia rsrs. Em setembro tem uma big pista.
Nota da autora: contato.
Snif ! Não tenham medo de escrever, o rex, meu cachorro, não toma conta do e-mail não. rsrs. Para mandar comentários, críticas, dicas ou opiniões, podem me contatar por e-mail no erika(ponto)patty(arroba)gmail(ponto)com
- Jul/2005 -
