Nota da Autora: Esta é uma fic dark. Vai ter NC, slash,incesto, dark lemon, o diabo a 4 nisso. se tem o coração fraco ou simplesmente gosta de coisas happy-fluffy, não continue. A história de um perosnagem meu, que achei deveras interessante para por em uma fic, só que não sabia onde encaixar, então resolvi escrever isto. Centrada mais na família Malfoy e na de Vallois. Read and Review, por favor.

Via Cruci

Ruby

Capítulo I – Délabrer

- Deus? Ele não existe. Mãe.

Um sonoro tapa foi desferido na face do rapazinho que olhava com petulantes íris azuis para a senhora de longos cabelos ruivos a sua frente. No lugar do golpe, uma marca vermelha, destoando bruscamente da palidez mórbida do rosto de Mikael.

- Nunca, nunca mais diga uma heresia destas! – o rosto da mãe se transformando em uma máscara de ódio singular – Eu estava certa, você é a ovelha negra! Seu pai fez muito bem em decidir aquilo, em breve finalmente nos livraremos desta desonra!

- E quando ele virá? – o rapazinho deu as costas, ignorando solenemente o que a mulher acabara de dizer.

- Deve estar chegando, a chuva o atrasou algumas horas. Agora suba. Deixarei você se despedir de seus irmãos. – a voz se tornara fria e o semblante, impessoal. Marrie caminhou até a janela do castelo e fitou as gotas que caiam incessantemente.

Os passos de Mikael eram marcados pelos saltos da bota, subindo lentamente a escada de madeira, até chegar o corredor em que se localizavam os quartos. Cibelle, Nicholas, Charlie... só faltava Violaine. O corredor de repente fica turvo. Magia dela! O rapaz corre até a ultima porta e a abre com violência.

- Violaine!! – ele grita, enquanto a imagem que forma além da porta se fixa em sua mente, o aterrorizando: Sua irmã, vestida com uma camisola creme que, de tão leve, era transparente, com sangue em todo o tecido, flutuando deitada, um pouco acima do chão, este manchado por sangue também, formando uma estrela de cinco pontas, em cada qual um representante do elemento. Um cálice de água, incenso, uma vela, trigo e um caldeirão do líquido que marcava o chão na ultima ponta. A ruiva pronunciava palavras em uma língua estranha, seus lábios pintados de um vinho escuro o suficiente para se confundir com preto. Ela tinha então nove anos, assim como seu gêmeo.

Assim que Mikael a chamou, tudo desabou. Sua magia, ela própria, do alto, caindo com um baque surdo nos tacos de madeira úmidos, derrubando o cálice e, por pouco, não se queimando com a vela. Seu irmão cai, ajoelhado, com as mãos na cabeça. Dor, agulhadas em sua mente. Era isso! Era para ele a magia. Ele a chamou de novo, com os olhos fechados há muito tempo.

- Violaine! Pare!

A menina só se sentou, sorrindo, os olhos azuis acinzentados fitando a figura de longos cachos negros jogada no batente da porta. Engatinhou, se movendo como um felino, ela se aproxima.

- Já parei, frère. – ela sussurrou ao pé do ouvido do irmão, a vozinha baixa e quente. – Levanta-te. Está em péssimo estado…

- Pior está você. Pelo amor de Deus, Violaine ! – abre os olhos, a fitando com desespero.

- Não chame por algo que não acreditas, Mikael.

- Que seja, chérie ! Não sabe o que ela fará se ver isto ?!

- Sei muito bem as conseqüências, por favor, pare de reclamar disto ! Não foi este o objetivo de sua vinda, irmão ! Despede-te de mim, irás partir logo. A carruagem dele vai chegar.

Mikael se levantou, se recompondo. Não era de seu fetio ter uma reação tão emocional, mas um simples olhar a Violaine lhe fazia perder totalmente a cabeça, imaginem o impacto que tudo aquilo teve em sua mente. Era apaixonado pela irmã desde que sabia de sua existência. Ele a abraçou, pela cintura, a beijando nos lábios, rápido para que não houvesse possibilidade de serem pegos.

- Chérie, por favor, escreva-me sempre ! Por favor ! Eu não consigo viver sem você…

- Eu sei, querido. – ela sorriu, o brilho sádico sempre dançando em seus olhos. Era seu prazer ver o gêmeo assim, tão dependente.

- Sabe que mamãe não deixará me visitar, não?

- Sei, frère, agora, por favor, me faça uma promessa.

- Qualquer coisa, ange…

A menina ruiva vai até a escrivaninha de madeira muito escura e tira uma caixinha de veludo vinho, entregando nas pálidas mãos do irmão.

- Guarde isso como se fosse uma parte minha. A use sempre. Só abra a caixa quando estiver na mansão dele ou Marrie desconfiará. – sempre se referia a mãe pelo nome.

- Mais alguma coisa ?

- Irás descobrir, chérie ! – uma risadinha metálica, ecoando pelo aposento. – Agora apressa-te, ele… - ela para e arregala os olhos. – Mikael! Desce! Ele chegou!

Neste momento, toques na enorme porta de carvalho são ouvidos. O menino se despede mais uma vez da irmã e desce correndo as escadas, os saltos fazendo um barulho infernal. Quando chega na sala, arfando, estaca, na entrada. Um homem alto, de longos cabelos loiros muito claros, a pele quase translúcida modelando um rosto anguloso, com lábios delicados e olhos de gelo, azuis. O convidado vestia um longo manto negro, com detalhes em prateado fosco, para o proteger da chuva que caia furiosamente do lado de fora, com a mão enluvada em preto também, apoiada em uma bengala elegante. Pelo barulho que fez quando andou até o caçula da família Highwind, pode-se perceber que usava saltos também, embora não tão altos e finos quanto os do rapazinho. A voz irritante de Marrie se elevou.

- Sr. Malfoy, este é Mikael, meu filho mais novo. – um sorriso falso se esboçou nos lábios pintados de escarlate. - Jean carregará as malas para a carruagem, está bem ? Vou deixá-los a sós, já me despedi e não quero mais verter lágrimas. Sei que a despedida iria partir meu coração… - as palavra vazias e extremamente frias saiam naturalmente da boca da francesa, que, em seguida, fez uma levíssima reverência ao loiro e se retirou do salão de visitas.

O garoto abaixa a cabeça, em sinal de respeito a Lúcio, que leva a mão até seu queixo, o erguendo. Não que se incomodasse, apenas para o analisar. A pele do menino destoava gritantemente do veludo negro da luva de Malfoy.

- Deve ser realmente o demônio, você, rapazinho. – ri, se abaixando para nivelar sua altura a dele. – Para seus pais te jogarem tão desesperadamente em minhas mãos…

- Senhor Malfoy, devo…

Um tapa na face do menino. O loiro se levanta, o fitando.

- Fale somente quando tiver certeza do impacto de suas palavras. Ande, não tenho todo o tempo do mundo.. – lhe deu as costas, indo em direção à porta de entrada, que um criado abria. Mikael olhou para o corredor que dava para as escadas. Era a última vez que iria ver sua amada Violaine. Ou pelo menos ele pensava assim.