Notas da Autora: Quero agradecer a todos os reviews e leitores que esperaram meu bloqueio mental(rs).
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Capítulo IV – Sang
O ruído de algo de vidro se quebrando ecoou pela biblioteca, junto com um grito infantil. Mikael cai de joelhos no chão coalhado de cacos, com as mãos na orelha esquerda, gemendo de dor. Não se importava com o cristal entrando pelo fino tecido da calça, algo mais forte, doloroso. Arfando, ele se sentou, curvando as costas, trêmulo.
O relógio bateu meia-noite, era hora de começar. Violaine olhou para a cama, se certificando mais uma vez da figura deitada, desacordada. Seu pai. Um sorriso iluminou-lhe a face, enquanto tirava o caldeirão do fogo da lareira, entoando uma cantiga francesa de roda. Pos o objeto no centro de um círculo alquímico desenhado no carpete em giz branco e tirou o broche que estava preso na borda do caldeirão. Em seguida, caminhou até o pai, pegando a réplica da jóia e as jogando em uma caixa de madeira antiga, onde ambas desapareceram. Olhou para o corpo na cama. Pálido, os olhos cerrados. Morto. Uma risada suave da ruiva e ela se adiantou até a borda do círculo. As velas em torno se acenderam, a janela se abriu. Um cheiro enjoado de incenso e especiarias abafava o ar.
- Espíritos que nunca descansam, venham a mim. Ofereço-lhes este cálice de ouro, o ouro que tanto cobiçaram em vida. – e jogou no caldeirão. – Eu sou Violaine Malfoy e não posso ser ignorada.
O fogo das velas se tornou mais alto, sinal que o ritual tinha se iniciado.
- Espíritos que sussurram, venham a mim. Ofereço-lhes este incenso, que adorna o ar que tanto lhes é sagrado. – rodou em seu eixo com um incensário de prata e o jogou no caldeirão. – Eu sou Violaine Malfoy e não posso ser ignorada.
As cortinas gemiam com a fúria do vento. O ritual seguia.
- Espíritos que dançam, venham a mim. Ofereço-lhes água de uma nascente tão pura quanto suas almas. – e despejou de um belíssimo jarro de prata, água no caldeirão. - Eu sou Violaine Malfoy e não posso ser ignorada.
Chuva.
- Espíritos que observam, venham a mim. Ofereço-lhes esta rosa rubra do sangue que lhes é odiado. – e jogou uma rosa no caldeirão. - Eu sou Violaine Malfoy e não posso ser ignorada.
- Espíritos, todos, que reinam nesta terra. Ofereço-lhes a vida da pessoa de quem recebo este amor. Em troca, este sentimento irá se hospedar em um novo alguém. – levantou o par do brinco que dera a Mikael, com um sorriso. – Na mesma intensidade e desespero. – deixou cair a jóia. - Eu sou Violaine Malfoy e não posso ser ignorada.
- Como prova e testemunha deste pacto, eu ofereço-lhes um cálice de meu sangue. – pegou um punhal e cortou o pulso esquerdo, colhendo com a mão direita em uma taça. – Sangue que servirá como guia para quem o amor de Mikael Malfoy deve ser direcionado. Eu sou Violaine Malfoy e não posso ser ignorada. Eu sou Violaine Malfoy e não posso ser ignorada. Eu sou Violaine Malfoy e não posso ser ignorada!
Com a última frase, todas as velas do quarto se apagaram, o vento e a chuva pararam. A única coisa que restou foi a risada de Violaine.
Ganymede caminhou até Mikael, se ajoelhando, em silêncio e tirou, à força, as mãos do menino. Um brinco em ouro bem trabalhado, com um enorme rubi em forma de losango pendurado, brilhando com intensidade. Estreitou os olhos e puxou-o pelo pingente, arrancando-o da orelha de Mikael que respondeu com um grito de dor. O professor deixou seu aluno sentado, ainda arfando, indo até a escrivaninha. Já era uma da manhã, estavam fazendo uma lição extra, quando, de súbito, o aluno deixou cair a bola de cristal que estava carregando e caíra de joelhos. Estranho, então era só isso? Um brinco. Não, tinha que ter mais alguma coisa.
- Professeur, por favor... – gemeu o menino, se levantando vagarosamente com a mão que tapava a orelha já pingando sangue. – Violaine, minha irmã, me deu isto...
- Quieto, Sr. Highwind! – ordenou o professor, pegando um tipo de balança de prata e pondo o brinco em uma das extremidades – Aconselharia a você dar um jeito em sua orelha. O sangue pode manchar o carpete. – comentou friamente, com os olhos fixos no instrumento. A parte da balança aonde iam os pesos, que estava vazia e mesmo assim nivelada, começou a subir lentamente e números de formavam em uma pequena placa prateada, como que cinzelados. Depois que um "D" se desenhou ao lado, Ganymede tirou o brinco e se levantou. – Temo que não verá mais esta jóia, Sr. Highwind. Está tarde, é melhor ir dormir. – disse se dirigindo a uma das portas.
- Me devolva isso! O senhor não tem este direito... – o menino estreitou os olhos claros, sibilando.
- Acredite, eu tenho. Boa noite.
- Não, não tem! – Mikael correu até o professor e tentou tirar o brinco de sua mão. Ganymede apenas olhava incrédulo para o menino que, mesmo com o ferimento pingando sangue, ainda insistia em querer a jóia. Por final, pegou a varinha no bolso e lançou um feitiço simples de sonolência, aparando-o em um braço para ele não cair no chão. Suspirou fundo, guardando o brinco em seu bolso e levantando o francesinho no colo, o fitando. Se antes não compreendera o porque de tudo aquilo, a maldição, a rejeição da família, o interesse de Lúcio entre outros, agora se tornava claro. Sua beleza, sua aparente fragilidade, sua petulância. Afastou alguns fios da testa pálida, deslizando os dedos pela pele macia do garoto. Realmente, estes são seus pecados. Riu, enquanto começava o caminho para o quarto. O destino só podia estar brincando comigo, pensou. Não iria perdoá-lo se Mikael tivesse cabelos ruivos.
- Não é justo, pai! Eu quero ir! – a voz normalmente comedida e arrastada de Draco agora expressava imensa raiva. O loirinho estava levantado à mesa da sala de jantar, furioso com o pai.
- Não é justo, mas é preciso. Não questione, Draco. Está bem crescido para dar estes ataques de mal-criação. – Lúcio nem se deu o trabalho de retirar os olhos do jornal, sorvendo um grande gole do chá.
- Mas porque ele vai? – disse, apontando o indicador para Mikael, as faces muito vermelhas, como acontecia quando se irritava muito.
- Ele vai ser útil nesta viagem. Você não. Espero ter acabado com a discussão, sim? – e se levantou, agora se dirigindo sua esposa que observava passivamente a discussão. – Narcissa, quero que cuide de meus negócios até semana que vem. Trate de ter certeza que este rapazinho – marcou a palavra fitando o filho, repreendendo-o – tenha sua lição de que não me deve questionar. Mikael, quero que esteja pronto daqui a uma hora, no hall de entrada. Não há necessidade de levar qualquer coisa, tudo o que precisamos já foi enviado. – e se retirou, pegando sua bengala com a aia.
- Com licença. – murmurou Mikael, ao se levantar da mesa e também sair da sala, debaixo do olhar raivoso do herdeiro da família Malfoy. Não que se importasse com isso, na verdade achava muito engraçado o ciúmes que Draco tinha dele com o pai, mas precisava preparar algumas coisas. No corredor passou a mão na orelha direita, o machucado já havia cicatrizado graças às poções que seu professeur havia lhe dado. "Uma semana com o Sr. Malfoy em uma mansão na Escócia. O que ele havia tramado desta vez?" Com estes pensamentos, adentrou o quarto, pegando algo no armário para a viagem, algo mais quente, pondo em cima da cama. "Se preparar. Affe, se ele disse que não precisaria de nada, o que é para fazer?" suspirou, deitando-se na enorme cama de baldaquim, quando ouviu batidas na porta.
- Entre. – respondeu secamente, sem se dar o trabalho de levantar a cabeça para ver quem era.
- Mikael? – assim que a voz suave de Ganymede, o menino sorriu, se sentando na cama. – Pensei em fazer uma visita antes que viajasse.
- Claro, professeur, entre! - O grego fecha a porta antes de olhar o corredor, se aproximando do garoto e lhe entregando um pequeno frasco de vidro, com algo que parecia sólido dentro, verde muito escuro. – O que é isso?
- É a mesma poção que usei em seu machucado na orelha, lembra? Acho que você deve precisar. – ele suspira, fitando as íris azuis que agora expressavam dúvida. – Não questione. Apenas saiba que uma gota é suficiente para uma parte do corpo. Não desperdice tudo no primeiro dia e, o mais importante de tudo, não deixe que seu orgulho seja ferido, pois para isso eu não tenho fórmula mágica. Saiba selecionar as opiniões e não demonstre raiva ou qualquer tipo de sentimento forte. Indiferença fará tudo ser mais rápido. – se inclinou e beijou de leve os lábios do menino, aumentando o espanto que as palavras produziram. Ganymede então se levantou, acenando rápido e saindo, fechando a porta e deixando um Mikael totalmente confuso sentado na cama.
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Capítulo IV – Sang
O ruído de algo de vidro se quebrando ecoou pela biblioteca, junto com um grito infantil. Mikael cai de joelhos no chão coalhado de cacos, com as mãos na orelha esquerda, gemendo de dor. Não se importava com o cristal entrando pelo fino tecido da calça, algo mais forte, doloroso. Arfando, ele se sentou, curvando as costas, trêmulo.
O relógio bateu meia-noite, era hora de começar. Violaine olhou para a cama, se certificando mais uma vez da figura deitada, desacordada. Seu pai. Um sorriso iluminou-lhe a face, enquanto tirava o caldeirão do fogo da lareira, entoando uma cantiga francesa de roda. Pos o objeto no centro de um círculo alquímico desenhado no carpete em giz branco e tirou o broche que estava preso na borda do caldeirão. Em seguida, caminhou até o pai, pegando a réplica da jóia e as jogando em uma caixa de madeira antiga, onde ambas desapareceram. Olhou para o corpo na cama. Pálido, os olhos cerrados. Morto. Uma risada suave da ruiva e ela se adiantou até a borda do círculo. As velas em torno se acenderam, a janela se abriu. Um cheiro enjoado de incenso e especiarias abafava o ar.
- Espíritos que nunca descansam, venham a mim. Ofereço-lhes este cálice de ouro, o ouro que tanto cobiçaram em vida. – e jogou no caldeirão. – Eu sou Violaine Malfoy e não posso ser ignorada.
O fogo das velas se tornou mais alto, sinal que o ritual tinha se iniciado.
- Espíritos que sussurram, venham a mim. Ofereço-lhes este incenso, que adorna o ar que tanto lhes é sagrado. – rodou em seu eixo com um incensário de prata e o jogou no caldeirão. – Eu sou Violaine Malfoy e não posso ser ignorada.
As cortinas gemiam com a fúria do vento. O ritual seguia.
- Espíritos que dançam, venham a mim. Ofereço-lhes água de uma nascente tão pura quanto suas almas. – e despejou de um belíssimo jarro de prata, água no caldeirão. - Eu sou Violaine Malfoy e não posso ser ignorada.
Chuva.
- Espíritos que observam, venham a mim. Ofereço-lhes esta rosa rubra do sangue que lhes é odiado. – e jogou uma rosa no caldeirão. - Eu sou Violaine Malfoy e não posso ser ignorada.
- Espíritos, todos, que reinam nesta terra. Ofereço-lhes a vida da pessoa de quem recebo este amor. Em troca, este sentimento irá se hospedar em um novo alguém. – levantou o par do brinco que dera a Mikael, com um sorriso. – Na mesma intensidade e desespero. – deixou cair a jóia. - Eu sou Violaine Malfoy e não posso ser ignorada.
- Como prova e testemunha deste pacto, eu ofereço-lhes um cálice de meu sangue. – pegou um punhal e cortou o pulso esquerdo, colhendo com a mão direita em uma taça. – Sangue que servirá como guia para quem o amor de Mikael Malfoy deve ser direcionado. Eu sou Violaine Malfoy e não posso ser ignorada. Eu sou Violaine Malfoy e não posso ser ignorada. Eu sou Violaine Malfoy e não posso ser ignorada!
Com a última frase, todas as velas do quarto se apagaram, o vento e a chuva pararam. A única coisa que restou foi a risada de Violaine.
Ganymede caminhou até Mikael, se ajoelhando, em silêncio e tirou, à força, as mãos do menino. Um brinco em ouro bem trabalhado, com um enorme rubi em forma de losango pendurado, brilhando com intensidade. Estreitou os olhos e puxou-o pelo pingente, arrancando-o da orelha de Mikael que respondeu com um grito de dor. O professor deixou seu aluno sentado, ainda arfando, indo até a escrivaninha. Já era uma da manhã, estavam fazendo uma lição extra, quando, de súbito, o aluno deixou cair a bola de cristal que estava carregando e caíra de joelhos. Estranho, então era só isso? Um brinco. Não, tinha que ter mais alguma coisa.
- Professeur, por favor... – gemeu o menino, se levantando vagarosamente com a mão que tapava a orelha já pingando sangue. – Violaine, minha irmã, me deu isto...
- Quieto, Sr. Highwind! – ordenou o professor, pegando um tipo de balança de prata e pondo o brinco em uma das extremidades – Aconselharia a você dar um jeito em sua orelha. O sangue pode manchar o carpete. – comentou friamente, com os olhos fixos no instrumento. A parte da balança aonde iam os pesos, que estava vazia e mesmo assim nivelada, começou a subir lentamente e números de formavam em uma pequena placa prateada, como que cinzelados. Depois que um "D" se desenhou ao lado, Ganymede tirou o brinco e se levantou. – Temo que não verá mais esta jóia, Sr. Highwind. Está tarde, é melhor ir dormir. – disse se dirigindo a uma das portas.
- Me devolva isso! O senhor não tem este direito... – o menino estreitou os olhos claros, sibilando.
- Acredite, eu tenho. Boa noite.
- Não, não tem! – Mikael correu até o professor e tentou tirar o brinco de sua mão. Ganymede apenas olhava incrédulo para o menino que, mesmo com o ferimento pingando sangue, ainda insistia em querer a jóia. Por final, pegou a varinha no bolso e lançou um feitiço simples de sonolência, aparando-o em um braço para ele não cair no chão. Suspirou fundo, guardando o brinco em seu bolso e levantando o francesinho no colo, o fitando. Se antes não compreendera o porque de tudo aquilo, a maldição, a rejeição da família, o interesse de Lúcio entre outros, agora se tornava claro. Sua beleza, sua aparente fragilidade, sua petulância. Afastou alguns fios da testa pálida, deslizando os dedos pela pele macia do garoto. Realmente, estes são seus pecados. Riu, enquanto começava o caminho para o quarto. O destino só podia estar brincando comigo, pensou. Não iria perdoá-lo se Mikael tivesse cabelos ruivos.
- Não é justo, pai! Eu quero ir! – a voz normalmente comedida e arrastada de Draco agora expressava imensa raiva. O loirinho estava levantado à mesa da sala de jantar, furioso com o pai.
- Não é justo, mas é preciso. Não questione, Draco. Está bem crescido para dar estes ataques de mal-criação. – Lúcio nem se deu o trabalho de retirar os olhos do jornal, sorvendo um grande gole do chá.
- Mas porque ele vai? – disse, apontando o indicador para Mikael, as faces muito vermelhas, como acontecia quando se irritava muito.
- Ele vai ser útil nesta viagem. Você não. Espero ter acabado com a discussão, sim? – e se levantou, agora se dirigindo sua esposa que observava passivamente a discussão. – Narcissa, quero que cuide de meus negócios até semana que vem. Trate de ter certeza que este rapazinho – marcou a palavra fitando o filho, repreendendo-o – tenha sua lição de que não me deve questionar. Mikael, quero que esteja pronto daqui a uma hora, no hall de entrada. Não há necessidade de levar qualquer coisa, tudo o que precisamos já foi enviado. – e se retirou, pegando sua bengala com a aia.
- Com licença. – murmurou Mikael, ao se levantar da mesa e também sair da sala, debaixo do olhar raivoso do herdeiro da família Malfoy. Não que se importasse com isso, na verdade achava muito engraçado o ciúmes que Draco tinha dele com o pai, mas precisava preparar algumas coisas. No corredor passou a mão na orelha direita, o machucado já havia cicatrizado graças às poções que seu professeur havia lhe dado. "Uma semana com o Sr. Malfoy em uma mansão na Escócia. O que ele havia tramado desta vez?" Com estes pensamentos, adentrou o quarto, pegando algo no armário para a viagem, algo mais quente, pondo em cima da cama. "Se preparar. Affe, se ele disse que não precisaria de nada, o que é para fazer?" suspirou, deitando-se na enorme cama de baldaquim, quando ouviu batidas na porta.
- Entre. – respondeu secamente, sem se dar o trabalho de levantar a cabeça para ver quem era.
- Mikael? – assim que a voz suave de Ganymede, o menino sorriu, se sentando na cama. – Pensei em fazer uma visita antes que viajasse.
- Claro, professeur, entre! - O grego fecha a porta antes de olhar o corredor, se aproximando do garoto e lhe entregando um pequeno frasco de vidro, com algo que parecia sólido dentro, verde muito escuro. – O que é isso?
- É a mesma poção que usei em seu machucado na orelha, lembra? Acho que você deve precisar. – ele suspira, fitando as íris azuis que agora expressavam dúvida. – Não questione. Apenas saiba que uma gota é suficiente para uma parte do corpo. Não desperdice tudo no primeiro dia e, o mais importante de tudo, não deixe que seu orgulho seja ferido, pois para isso eu não tenho fórmula mágica. Saiba selecionar as opiniões e não demonstre raiva ou qualquer tipo de sentimento forte. Indiferença fará tudo ser mais rápido. – se inclinou e beijou de leve os lábios do menino, aumentando o espanto que as palavras produziram. Ganymede então se levantou, acenando rápido e saindo, fechando a porta e deixando um Mikael totalmente confuso sentado na cama.
