Avisos: Contém slash e cenas de sexo explícito entre homens. Se não gosta, apenas feche essa página agora.
Comentários: Esse é o Capítulo II, também escrito para o desafio de novembro da Fanfic Br. O tema era Pecados Capitais, então depois quero que me digam quais pecados vocês conseguiram identificar!
Capítulo 02. Pecadores
Março, 1978.
- Andem logo vocês dois! – exclamou Sirius Black, irritado – Vamos chegar atrasados na aula de Poções e Slughorn vai descontar pontos da Grifinória de novo.
Ele e Remus Lupin estavam em pé atrás de James Potter e Peter Pettigrew, esperando os dois grifinórios terminarem de tomar café da manhã.
- Ainda faltam 15 minutos, Almofadinhas! – argumentou James, mastigando uma torrada coberta de geléia de morango – Deixa eu tomar meu café da manhã em paz.
- Mas já tem meia hora que você e o Rabicho estão comendo. Todo dia é a mesma coisa. Não sei onde cabe tanta comida!
- Ora, eu tenho que me alimentar direito. – respondeu James, tomando suco de abóbora – Pratico esportes, lembra?
- E eu estou em fase de crescimento. – arrematou Peter, engolindo um pedaço de torta de chocolate.
- Só ser for crescimento para os lados, Rabicho. – respondeu Remus, olhando criticamente para Peter e, em seguida, para James – E quanto a você, Pontas... Daqui a pouco a vassoura não consegue mais te carregar.
- Até você, Aluado? – o tom falsamente magoado de James fazendo Sirius revirar os olhos – Poxa, a convivência com o implicante aí está te deixando igualzinho a ele.
- Há, então ele está com muita sorte. Nada melhor do que se parecer comigo. – respondeu Sirius, com um sorriso orgulhoso. – Lindo, inteligente, bem humorado...
- ... metido... – completou James.
- ... sexy, gostoso, irresistível... – continuou Sirius, sem se abalar.
- ... modesto... – debochou Remus.
- Modéstia é qualidade de quem não tem nenhuma, meu caro. – replicou Sirius, apertando o queixo de Remus – E eu, felizmente, tenho dezenas, não preciso desta.
- Que coisa mais horrível pra se dizer, Sirius – reprovou Remus, sacudindo a cabeça.
- Não é verdade? Você não vê ninguém que tem qualidades sendo modesto. Eu não sou a exceção.
- Ei, eu me considero modesto! – protestou Peter, franzindo as sobrancelhas.
- O que só prova meu ponto de vista, Rabicho.
A réplica ácida fez os marotos rirem enquanto Peter, irritado, fez um gesto nada educado com o dedo médio para Sirius.
- Arrogante. – murmurou Peter, levantando-se e pegando seus materiais.
- Não, autêntico. – corrigiu Sirius, dando um meio sorriso que desapareceu assim que ele olhou para James. - Não se atreva a pegar esse pedaço de bolo, Potter, senão eu vou te lançar uma maldição, quer ver! Vamos embora!
Na mesma hora, James soltou a travessa com os pedaços de bolo e virou-se para Sirius.
- É bolo de cenoura, Sirius! Com calda de chocolate. Olha, tá até escorrendo.– James apontou para o bolo, os olhos brilhantes.
- Não me interessa.
- Só unzinho, Sirius... – implorou James, afinando a voz.
- Não.
- Por favooorrr! – com a voz ainda mais estridente.
- Não... – Sirius mordeu o lábio, se controlando para não rir enquanto Remus e Peter davam risadas com a cara que James fazia.
- Deixaaa, vaaaii! - lançou a Sirius seu melhor olhar de súplica. – Prometo que vai ser o último!
- Tá, tá, pega logo. – desistiu Sirius, rindo - Mas você come no meio do caminho, já estamos atrasados!
Com um sorriso vitorioso, James apanhou dois pedaços de bolo – os maiores da travessa - e se levantou, lambuzando as mãos com a calda de chocolate. Rabicho olhou para Sirius na mesma hora, os olhos brilhantes, e antes que perguntasse Sirius apenas assentiu com a cabeça, resignado.
- Você também pode, Rabicho.
- Aluado, será que você poderia levar meu material? – pediu James – Tá difícil aqui, vai sujar tudo...
- Mas é um folgado mesmo. – comentou Sirius, observando Remus apanhando o material de James.
- Está com ciúmes? – Remus perguntou sorrindo, enquanto eles se encaminhavam para as masmorras.
- Do Pontas? Jamais.
- Verdade, ele não precisa se preocupar comigo. Afinal, eu não sou seu Admirador Secreto, Sr. Monitor. – respondeu James, malicioso.
O comentário fez Sirius fechar a cara na mesma hora, como James sabia que aconteceria. Todos sabiam o quanto aquele assunto irritava o animago, que há quase um mês vinha aturando os presentes anônimos que Remus recebia e as gozações dos amigos em cima disso.
Remus apenas deu um olhar atravessado para James, mentalmente amaldiçoando aquela mania que o amigo tinha de provocar Sirius.
Já Peter estava tão preocupado em segurar o material com uma mão e o pedaço de bolo com a outra que nem notou o ar carregado que se formara.
- Falando nisso, Almofadinhas... – perguntou Peter, distraído – Vocês já tem alguma idéia de quem está mandando os presentes?
- Não. – foi a resposta tensa de Remus, já que Sirius apenas acelerou o passo, obrigando os outros três a andarem mais rápido também. - Achamos que se trata de alguma brincadeira de mal-gosto, nada sério...
- Achamos uma ova, Aluado, você acha. – cortou Sirius, claramente irritado. – Eu sei que é pra valer.
- Sirius... – começou Remus, sendo novamente interrompido.
- Depois. – respondeu, se adiantando e entrando na sala que estava a poucos metros deles, deixando os outros três pra trás.
- Ué, o que deu nele? – perguntou Peter, olhando sem entender.
- Você e sua língua grande, Pontas! A culpa é sua! – exclamou Remus.
- Minha nada! – negou James, terminando de comer e lançando um feitiço de limpeza nas mãos. – A culpa é toda sua!
- Minha?
- É, seu feromônio de lobisomem enlouqueceu alguém. Portanto, o culpado é você mesmo!
- ... – Remus apenas olhou para a expressão debochada de James, dividido entre rir daquela bobagem ou continuar a discussão.
- Viu, quem cala consente.
- Você só fala besteiras, Pontas. – resmungou Remus, jogando os materiais de James sobre ele e entrando na sala de aula.
- Ah, o resto do grupo resolveu dar o ar da graça. E dessa vez, o atraso foi só de 10 minutos! – falou o Profº Slughorn, enquanto os três grifinórios ocupavam os lugares ao lado de Sirius.
- Desculpe, professor. – murmurou Remus, envergonhado. Ele era um monitor, e levar bronca em frente às turmas da Grifinória e da Sonserina era bastante constrangedor.
- Claro, claro, Sr. Lupin – respondeu o professor. – Ainda assim... 15 pontos a menos para a Grifinória. E os quatro receberão deveres extras... Só para não se esquecerem de chegar no horário nas próximas aulas.
Remus apenas suspirou, desanimado, enquanto Sirius lançava um olhar fulminante a Peter e James, que fingiram não notar.
- E, para a aula de hoje – continuou Slughorn – aprenderemos a Poção de Afrodite. Alguém sabe me explicar o que ela faz?
Ninguém se espantou quando a melhor aluna de poções da grifinória ergueu a mão:
- Srta. Evans? – perguntou o professor, visivelmente encantado.
- A Poção de Afrodite é uma poção que torna extremamente bela a pessoa que a toma. Ela recebe esse nome porque um de seus componentes é a essência da flor-de-Afrodite, um óleo extremamente potente que é responsável pelo encanto que a poção causa.
- Hummm... Uma ótima descrição, Srta. Evans, como sempre. Cinco pontos para a Grifinória. Apenas um detalhezinho não está totalmente correto... Alguém sabe me dizer o que é?
A sala mergulhou em silêncio, alguns alunos olhando para os lados para ver se mais alguém ergueria a mão.
- Se minha Lily não sabia tudo sobre essa poção, ninguém mais sabe – cochichou James inclinando-se para Remus.
- Ninguém? – perguntou o professor, desapontado. – Oh, bem... Er... Sim, Sr. Snape?
- A Poção de Afrodite não torna ninguém belo. – respondeu o sonserino, a voz rouca soando baixa porém clara - Ela apenas faz com que quem esteja próxima à pessoa que usa a poção pense que ela é atraente.
- Exato! – exclamou Slughorn – Excelente, Sr. Snape, perfeito! Dez pontos para a Sonserina pela resposta. Agora, abram seus livros na página 147, separem os ingredientes descritos e vamos começar a preparar a poção.
oOo
– Excelente, Sr. Snape, perfeito! – debochou Sirius, descendo as escadas assim que a aula terminou. – Como se alguma coisa que vem daquele seboso pudesse ser minimamente perfeita.
- Não seja rabugento, Sirius. – argumentou Remus - Você tem que admitir que, ao menos em Poções, ninguém supera Snape.
- Minha Lily é muito melhor que ele em Poções, Aluado!
Remus abriu a boca para contestar, mas James e Sirius lhe lançaram olhares tão enviesados que ele escolheu melhor as palavras antes de dizer:
- Na verdade os dois são muito bons. Melhores do que nós quatro juntos.
- Humpf. – Sirius deu de ombros. – Só porque eu não faço a menor questão.
- Nem se eu fizesse. – falou Peter, desanimado. – Detesto Poções, nunca conseguiria ser bom nisso. Mas como eu queria saber metade do que Snape e Lily sabem...
- Você detesta todas as matérias, Rabicho. – observou James. – E saberia tanto quanto Lily, se estudasse.
- É que estudar é muito chato. Mal vejo a hora das aulas acabarem. – respondeu Peter, enquanto verificava o horário do dia. – Maravilha, nossa próxima aula é vaga!
- Então por que não aproveita para terminar seu mapa de Astrologia? Ainda está incompleto, não está? – perguntou Remus, ignorando a careta de Peter.
- Ahhh, mas agora não, tenho coisas mais importantes para fazer.
- Como o que? – perguntou Sirius.
- Dormir. – bocejou Peter - Estou morrendo de sono, acordei muito cedo hoje.
- Sempre a mesma desculpa... – resmungou James - Você acordou no mesmo horário que todos nós, Rabicho!
- Então, muito cedo. Não sei como agüentam, estou morrendo de sono.
- Você está sempre morrendo de sono. – criticou Sirius – Não, minto: quando não está morrendo de sono, está morrendo de fome. É impressionante, parece uma velha de 70 anos.
- E você parece uma mãe rabugenta, Almofadinhas, implicando com tudo. Não enche!
- Mas ele está certo. Você deveria aproveitar seu tempo vago para praticar um pouco de Feitiços, o Flitwick já está se aborrecendo. – argumentou Remus - E não se irrite conosco, só estamos preocupados com você, Rabicho.
Sirius e James disfarçaram um sorriso, sabiam exatamente o que Remus acabara de fazer. Usara o que eles secretamente chamavam de bronca-do-Aluado-pra-nos-matar-de-remorso. Um golpe infalível de Remus que vencia qualquer argumento, caracterizado por deixar a vítima se contorcendo de remorsos e ansiosa por remediar o que quer que tenha feito de errado.
- Tá, tá, eu vou estudar no final de semana. – concordou Peter, emburrado. - A aula de Feitiços é só na segunda-feira mesmo.
- Você sempre fala isso. – repreendeu Remus, ainda usando o mesmo tom de voz - Mas nunca cumpre.
- É que eu ando muito cansado! Mas dessa vez eu vou, Aluado, prometo! Está bem assim?
- Bem melhor. – falou Remus, dando um de seus sorrisos mais calorosos.
- Manipulador – sussurrou Sirius ao ouvido de Remus, que apenas piscou para ele e não respondeu nada.
Assim que passaram pela entrada do dormitório da Grifinória, Peter se despediu e entrou pelo buraco do retrato, enquanto os três ficaram parados em frente à entrada.
- Pra onde agora? – perguntou James e, olhando a expressão de Remus, completou – Nada de bibliotecas, não estou com ânimo para estudar.
- Vamos entrar, quero ensinar a vocês um feitiço novo que inventei. – Remus falou enigmático.
- Humm... "Nos ensinar" – repetiu James, em tom conspiratório – Isso quer dizer que vamos usá-lo em alguém?
- Na verdade, vamos usá-lo no Salão Comunal da Sonserina... – respondeu Remus, dando um de seus sorrisos doces que só não convencia os dois marotos ao lado dele. – ... hoje à noite.
- Tão cedo? – perguntou James, os olhos brilhando de excitação.
- Sim... – assentiu Remus, caminhando para a passagem. – Hoje à noite.
oOo
Seria uma madrugada como outra qualquer em Hogwarts, com corredores silenciosos, quadros bocejantes e alunos em suas camas após o toque de recolher.
Uma noite perfeita e tranqüila, se não fosse por um pequeno detalhe: nem todos os alunos estavam onde deveriam estar.
- Aiii, Peter, meu pé! – bufou James, dando um pulo. – Presta atenção!
- Eu não tenho culpa, essa capa parece que encolheu!
- Não foi a capa que encolheu, fomos nós que crescemos. – respondeu Remus, também falando baixo. – E pare com isso, Almofadinhas!
- Parar com o quê, eu não fiz nada. – respondeu Sirius, com voz inocente. – Deve ter sido o Pontas.
- O Pontas passou a mão em mim? – debochou Remus.
- Eu o quê! – exclamou Pontas, indignado, esquecendo de falar baixo.
- Psiu! – sussurram os outros três.
- Tá, tá! – James voltou a sussurrar, impaciente – Mas não quero saber dessas safadezas embaixo da minha capa!
Rindo, os quatro amigos pararam em frente ao quadro de um homem vestido de preto com uma imensa serpente enrolada em seu braço direito.
- Chegamos. – sussurrou Remus. – A entrada da Sonserina.
- Que quadro mais mal-encarado. – murmurou Peter, olhando a serpente que se contorcia.
Depois de verificar no Mapa do Maroto se não havia ninguém no Salão Comunal, Remus cobriu o rosto com o capuz e saiu de debaixo da capa. Parou em frente ao quadro da serpente e falou, com voz baixa e clara:
- Vipera Umbrae.
- Serpente Sombria? – perguntou Sirius, saindo de debaixo da capa de James assim que passaram pelo retrato. – Que senha mais óbvia.
- Óbvia nada. Foi muita sorte ouvir Slughorn passando a senha nova para o monitor da Sonserina. – retrucou Remus. – E chega de conversa, vamos logo com isso.
Os outros três se aproximaram de Remus, que abriu o Mapa do Maroto enquanto falava:
- Eu vou ficar aqui no corredor que leva aos dormitórios. A última coisa que queremos é sermos pegos por algum sonserino com insônia. Pontas, Almofadinhas e Rabicho, vocês já sabem o que fazer.
- Eu preferia ficar vigiando – reclamou Peter.
- Da última vez que você ficou vigiando nós quase fomos pegos. – cortou James – Além disso, o plano é do Aluado, ele decide.
- Certo, agora andem. – Remus falou enquanto se dirigia às escadas. – E se alguma coisa der errada, soem o alarme.
Sirius, James e Peter se espalharam pelo salão, pegando suas varinhas e apontando-as para as paredes. O Salão Comunal continuava em silêncio, os únicos sons que se ouviam eram o de passos leves no piso e algumas risadas abafadas.
O "trabalho" durou cerca de quinze minutos, e no final desse tempo os três se reuniram no centro do salão olhando o resultado do que tinham feito.
- Caramba... Quem desenhou aquele ali? – perguntou James, espantado.
- Fui eu. – respondeu Sirius, rindo. – Uma paródia do quadro que guarda a entrada.
- Ahhhh, bem que achei familiar. Tá um pouco diferente, só de tapa-sexo e rebolando a bunda desse jeito... Um belo presente grifinório, eu diria.
- A cobra rosa tá igualzinha – riu Peter – Eca, nunca imaginei que se pudesse fazer isso com uma cobra.
- Imaginação pequena a sua, Rabicho. – debochou Sirius – E que diabos é aquilo ali, James?
- Só um aluno da Sonserina apanhando de uma vassoura. – respondeu James.
- Um aluno com a cara do Ranhoso. – comentou Sirius – Ele vai ficar furioso.
- É essa a intenção. – sorriu James – Rabicho, você não desenhou nada?
- Não, mas pintei as paredes e as cortinas de vermelho e dourado. – riu, deliciado – Imagine a cara deles quando acordarem e verem isso!
- Aliás, já ficamos tempo demais aqui. – falou Sirius – Vou chamar o Aluado pra irmos embo...
Sirius calou-se na mesma hora, congelando. Ouviram o som da senha sendo dita e a entrada do Salão começou a se abrir, tinha alguém chegando.
James ofegou e se cobriu com a capa da invisibilidade, puxando Sirius e Peter para debaixo dela.
- O Remus... – murmurou Sirius, sendo calado por James.
- Calma! – sussurrou James. – Quieto!
Os três olharam assombrados enquanto um casal sorridente passava pela entrada: Bellatrix Black e Rodolphus Lestrange.
- Você e suas idéias, Bella – falou Lestrange – Passear na Floresta Proibida a essa hora, poderíamos ter morrido.
- Ah, mas foi divertido, Rodolphus! – riu Bellatrix. – E nada deu errado... – o sorriso desapareceu de seu rosto quando ela entrou no Salão. – Mas que diabos é isso? – exclamou, a voz perdendo toda a amabilidade de antes.
Os dois alunos encararam com estupefação o antes sombrio Salão Comunal da Sonserina.
- Desgraçados... – sibilou Lestrange – Eu vou apagar isso antes que os outros vejam.
Ele retirou sua varinha e apontou para as gravuras, murmurando vários feitiços, mas nenhum funcionou. Na parece central da Sonserina, o homem seminu pintado por Sirius começara a fazer uma estranha dança-do-ventre com sua cobra cor-de-rosa.
- Não sai! – exclamou Lestrange – Que droga de feitiço é esse?
Bellatrix não respondeu, o rosto bonito demonstrando toda a sua raiva com aquela afronta.
- Chame os outros, Rodolphus. – falou por fim – Vamos descobrir quem fez isso.
Lestrange assentiu e caminhou até os dormitórios.
- Ele vai encontrar o Remus. – sussurrou Sirius, sacudindo a varinha e fazendo soar o alarme combinado.
Na mesma hora o som de um uivo reverberou pelo salão, alto o suficiente para acordar qualquer um que estivesse dormindo.
- Que é isso! – sobressaltou-se Lestrange, voltando para o salão.
- Eles ainda estão aqui, Rodolphus! Devem estar invisíveis! – gritou Bellatrix, sacando sua varinha e começando a atirar feitiços para todos os lados.
- Oh, merda! – sussurrou James, quando um dos feitiços passou rente ao lugar em que eles estavam – Vamos, anda! A parede ainda está aberta.
- Não vou abandonar o Remus! – sussurrou Sirius, tentando sair de debaixo da capa.
- Não dá pra ficarmos aqui, Sirius! Ele vai conseguir escapar, ele sempre consegue. – retrucou James, agarrando Sirius pelo braço e o arrastando em direção à saída.
De onde estava, Remus ouviu o alarme de Sirius e correu até o final do corredor que levava ao dormitório, escondendo-se atrás de uma pilastra que ficava ao lado da porta do dormitório. Nesse momento as portas se abriram e vários alunos saíram para ver que som fora aquele que os acordara.
Remus se encolheu ainda mais atrás da pilastra, suspirando de alívio quando percebeu que não saía mais ninguém dali. Dava pra ouvir várias exclamações de raiva e indignação vindo do Salão Comunal, e ele nem queria imaginar o que aconteceria se aqueles alunos o achassem ali.
Fechou os olhos por um instante para pensar no que faria quando sentiu seu braço sendo puxado de detrás da pilastra para dentro do dormitório. Gritou, assustado, mas sua boca foi tampada, saindo apenas um som abafado.
Remus tentou ver quem o descobrira ali, mas o dormitório estava mergulhado na escuridão e ele não enxergava nada. Só sentia uma mão tampando sua boca e um braço imprensando-o contra a parede.
Tentou se soltar, se debatendo e gritando contra a mão que o sufocava quando ouviu uma voz conhecida sussurrando:
- Quieto, Remus, senão vão nos ver!
Ele parou de se mexer no mesmo instante, sentindo o alívio percorrer todo seu corpo. Sirius.
- Isso, não faz barulho. – murmurou a voz enquanto afastava a mão.
- Meu amor... – sussurrou Remus, sem esconder a alegria. – Como conseguiu chegar aqui? – perguntou, estendendo os braços para abraçar seu namorado.
No instante seguinte Remus se surpreendeu ao ser abraçado e imprensado novamente contra a parede, sua boca sendo beijada com violência. Mãos ansiosas percorreram seu corpo, enquanto uma língua exigente invadia sua boca como se quisesse devorá-lo, esmagando seus lábios com tanta força que ele começou a sentir o gosto de sangue no beijo.
Um beijo bruto e sem qualquer cuidado, sem nenhuma gentileza. Decididamente, não era Sirius.
Surpreso, Remus empurrou a pessoa para longe, interrompendo o beijo.
- Quem é você? – perguntou, ofegante e espantado.
Não houve nenhuma resposta, só a escuridão do quarto. Remus retirou sua varinha e murmurou um feitiço, arregalando os olhos quando o dormitório se iluminou.
- Régulus – murmurou Remus. – Eu deveria ter imaginado.
O irmão caçula de Sirius permaneceu calado enquanto Remus o analisava. O garoto já estava com 16 anos, e usava um robe preto com o emblema dos Black. O corpo era pouca coisa menor que o de Remus, levemente musculoso e bem torneado.
A semelhança com Sirius era evidente, os mesmos cabelos negros compridos caindo pelos ombros, a mesma pele branca e a mesma beleza de tirar o fôlego. Mas os olhos eram diferentes. Régulus tinha olhos de um azul escuro, que encaravam Remus com um brilho inconfundível.
Remus estava diante de um autêntico Black, tão belo e perigoso como todos os de sua família.
- Gosta do que vê? – sussurrou Régulus, com malícia.
- Muito engraçado, Régulus. – disse Remus, sem-graça por ter sido pego encarando o rapaz.
- Sabe, Remus... Nem em meus sonhos mais delirantes te imaginei me beijando aqui, no meu dormitório.
- Você me agarrou! – acusou Remus, encarando o rosto malicioso do sonserino.
- O que queria? – devolveu Régulus - Você me chamou de "meu amor" e tentou me abraçar.
- Eu achei que fosse Sirius. – Remus estreitou os olhos – Você sabe muito bem que a voz de vocês dois é idêntica.
- Oh, então foi isso? – Régulus perguntou, com falso espanto. – Então desculpa, entendi errado.
- Entendeu errado uma ova! – sibilou Remus - Por que fica fazendo isso, Régulus? Sirius é seu irmão!
- Ora, mas que drama por causa de um beijinho. – o sonserino deu de ombros – E o que Sirius não vê, Sirius não sente.
- Não estou falando só do beijo, estou falando do resto também! – acusou Remus.
- Que resto? – perguntou, sem entender.
- Você sabe muito bem. – exclamou Remus – Eu sei que é você quem está mandando os presentes!
O sonserino o olhou espantado, mas poucos segundos depois começou a rir.
- Então você sabia! Sabia e não disse nada a meu irmão. – falou, com excitação. – Isso quer dizer que você está gostando!
- Não, Régulus, isso quer dizer que não quero que Sirius vá para Askaban. – respondeu Remus, entredentes. – Ele te mataria se descobrisse dessa sua... fixação infantil.
- Talvez valesse a pena. – murmurou, olhando nos olhos de Remus. – E o que sinto por você não tem nada de infantil.
- Quando você vai parar com essa insanidade?
- Insanidade? Quem invadiu o Salão Comunal da Sonserina? – perguntou o rapaz, erguendo a sobrancelha.
- Você entendeu muito bem – respondeu Remus, ríspido.
Régulus pensou um pouco antes de responder, encarando o rosto levemente corado de Remus, os olhos que brilhavam com uma irritação contida. Simplesmente adorável.
- Até conseguir convencê-lo a trocar de irmão, Remus. – murmurou, olhando para os lábios ainda inchados pelo beijo que recebera.
Remus abrira a boca para responder quando ouviram passos vindo em direção ao dormitório. Régulus agarrou seu braço de novo e o arrastou pelo quarto até um imenso guarda-roupa, abrindo a porta e praticamente o arremessando lá dentro.
- Fique aí! – sussurrou, fechando a porta.
Remus passou as mãos no rosto sentindo vontade de se estapear. Como, como se metia naquelas enrascadas? Ele era um monitor! Se estivesse em sua cama, onde deveria, nada disso teria acontecido. Não estaria correndo risco de ser linchado por sonserinos enlouquecidos, e nem teria sido beijado pelo irmão caçula do namorado.
Mas não, ele sempre tinha que se meter em confusão, não é? Tinha que mostrar que não era o garoto certinho que todos esperavam, deixando seu lado lobisomem convencê-lo a fazer o que quisesse, sem se importar com certo e errado. Era nisso que dava.
Ainda estava se recriminando mentalmente quando ouviu Régulus perguntando a um colega se tinham encontrado alguém. Não, claro que não, James nunca os deixaria ser apanhados. Mesmo assim suspirou de alívio em saber que Sirius e os amigos estavam bem.
O diálogo durou mais alguns minutos, até Remus perceber que o dormitório ficara silencioso de novo. Segundos depois a porta se abria e Régulus o puxava de lá.
- Quer parar de ficar me puxando pra lá e pra cá, como uma boneca de pano? – exclamou Remus, irritado.
- Ei, calma. Só estou tentando salvar sua pele, monitor. – respondeu Régulus, com um sorriso. – Você está sendo muito mal-agradecido.
- Eu sempre fico mau-humorado quando cunhados me assediam – a voz de Remus saiu mordaz.
- Não precisa ficar mal-humorado, deveria se sentir lisonjeado. Além disso, eu sou muito melhor que meu irmão.
- Claro – respondeu Remus, com desdém.
- É verdade, eu sou melhor que ele em muitas coisas.
- Acredito – o tom de desdém continuava. – Olha, será que dava pra discutirmos isso quando eu não estiver correndo risco de vida?
- Eu poderia te tirar daqui – disse Régulus, sorrindo.
- Então me tire.
- Oh, mas você conhece os sonserinos. Não fazemos nada sem ganharmos algo em troca. – respondeu Régulus, insinuante, dando um passo em direção a Remus.
- Que tal ganhar a sua vida, Régulus? – rosnou Remus – Porque se eu contar para Sirius que é o irmãozinho dele quem anda me mandando algemas no café da manhã, ele vai virar filho único em cinco minutos, quer apostar?
- Ok, ok. – respondeu o sonserino, erguendo as mãos. – Também não precisa apelar.
- Ótimo. Agora, você vai fazer exatamente o que eu mandar. – falou, o tom de voz deixando claro que não aceitaria ser contrariado.
oOo
Muitos metros distante do Salão Comunal da Sonserina, em uma sala de aula deserta, vozes alteradas podiam ser ouvidas por quem passasse na porta.
- Eu não acredito que deixamos o Remus lá! – berrou Sirius – Eles podem tê-lo encontrado, ele pode estar precisando de ajuda!
- Calma, Sirius! – exclamou James. – Pare de gritar, senão daqui a pouco todo mundo vai saber que fomos nós!
- Não me interessa, Pontas, eu quero voltar lá agora! – Sirius berrou ainda mais alto do que antes.
Os dois ouviram um estampido atrás deles e se viraram na hora, ambos apontando as varinhas para o lugar onde Peter estava.
- Feitiço Silenciador – explicou Peter, levantando as mãos – Podem gritar um com o outro à vontade, ninguém mais vai ouvir.
Sirius bufou e se virou para James, que transparecia estar tão irritado quanto ele.
- Eu vou voltar lá agora!
- Vai uma ova! Eu não vou deixar.
- Remus pode estar machucado, será que você não entende! – gritou Sirius.
- Quem não entende é você! – devolveu James – Você vai ser massacrado se te pegarem. Pense, Sirius, Remus não ia querer que você voltasse lá!
- Você diz isso porque não é com você! – urrou Sirius – Eu queria ver se fosse a Lily, se você teria coragem de deixá-la na mão para salvar a própria pele!
- Eu não o deixei na mão! – exclamou James – Nós tínhamos combinado que, se alguma coisa desse errado, sairíamos de lá e deixaríamos quem fosse para trás, lembra? E que nos encontraríamos aqui depois!
- Seu egoísta, você não se importa com ele! – Sirius acusou, apontando o dedo para James.
- Não seja estúpido, você sabe que eu amo Remus como um irmão!
- Se realmente amasse me ajudaria a tirá-lo de lá. – gritou - Você não liga para o que pode acontecer com ele!
- Eu não ligo? - retrucou James – Quem foi que usou o maior segredo de Remus apenas para pregar uma peça em um colega? Fui eu, por acaso?
Sirius empalideceu, os olhos acinzentados faiscando de surpresa e raiva com aquela acusação.
- Isso é passado – disse, entredentes - Eu não admito que você...
- Eu que não admito que você questione minha amizade por Remus ou por qualquer um de vocês três – cortou James, com a voz dura – Eu morreria por qualquer um de vocês, achei que soubesse disso.
Sirius não respondeu de imediato, apenas ficou encarando a expressão magoada no rosto de James e já sentindo as primeiras ondas de remorso o atingirem. Do outro lado da sala, Peter assistia toda a discussão de olhos arregalados, não se atrevendo a se meter na briga.
- É claro que eu sei disso, James - respondeu, por fim – Eu não quis dizer aquilo...
James apenas assentiu com a cabeça, mas os olhos ainda continham uma expressão magoada.
- É sério, eu não penso nada daquilo. – disse Sirius, sentindo-se envergonhado.
- Tudo bem. – respondeu James, lacônico.
- Merda, Pontas, estou tentando me desculpar aqui! – exasperou-se Sirius.
James não conseguiu evitar um sorriso, era impossível ficar com raiva de Sirius por muito tempo.
- Está desculpado, Almofadinhas. Mais uma pra sua coleção de mancadas.
Sirius suspirou aliviado, para em seguida franzir o cenho novamente.
- Mas o que você não entende é que o Remus... – recomeçou, sem conseguir se segurar.
- O Remus sabe se cuidar muito bem. – interrompeu James, com firmeza – Ele é monitor, e sabe mais feitiços defensivos do que eu e você juntos. Pare de tratá-lo como se fosse indefeso porque ele não é.
Sirius suspirou alto e começou a andar de um lado para o outro, apertando a varinha com a mão direita. Se estivesse em sua forma canina, com certeza estaria arrepiado e rosnando, prestes a morder alguém.
- O que temos que fazer agora – continuou James, sem tirar os olhos de Sirius – é esperar pelo Aluado. Não se passou nem 15 minutos, ainda temos tempo.
- Vamos, Sirius, acalme-se. – arriscou Peter, encostado na parede. – Desse jeito só vai conseguir fazer um buraco no chão...
Sirius continuou calado, enquanto os amigos apenas o encaravam. Continuou andando de um lado para o outro, enquanto pensava no que poderia estar acontecendo com seu namorado – e imaginando uma catástrofe pior do que a outra.
Não importava o que James dissesse, sua vontade era entrar na Sonserina azarando quem quer que estivesse pela frente. Ele sabia que Remus era poderoso, mas seu instinto protetor era forte demais para conseguir segurar.
Já estava pensando em como poderia azarar James sem machucá-lo, para poder sair correndo dali, quando a porta se abriu e uma pessoa entrou apressada, assustando os três.
- Régulus – exclamou Sirius, surpreso – O que você está fazendo aqui?
- Que palhaçada, hein? – respondeu Régulus, ignorando a pergunta de Sirius e fechando a porta atrás dele – Que droga de feitiço vocês usaram, que ninguém está conseguindo remover aquelas pinturas horrorosas?
- Como nos encontrou, Black? – perguntou James, seco.
- Oh, Remie me contou onde vocês estariam – respondeu, com displicência, encarando Sirius.
- Remie?... – repetiu Sirius, arqueando as sobrancelhas.
- Ele mesmo. – Régulus sorriu – Remie confia em mim, somos bastante íntimos...
Sirius, que ainda estava nervoso com a discussão com o amigo, chegou a dar um passo em direção a Régulus, mas James foi mais rápido e se colocou entre os irmãos.
– Onde ele está, Black? - interrogou James.
- Eu o escondi bem, está no meu dormitório. – respondeu o sonserino, ainda olhando para o irmão. – Mas ele me pediu para vir aqui pegar sua capa emprestada, Potter.
James olhou para Sirius, indeciso sobre confiar em um sonserino e entregar sua capa de invisibilidade a ele.
- Ora, de que outra forma eu saberia onde vocês estavam se Remie não tivesse me dito? – exclamou Régulus, impaciente. – E acho melhor decidirem logo, cada minuto que passa aumentam as chances de alguém encontrá-lo lá.
Com um suspiro resignado, James estendeu a capa para Régulus, que a guardou dentro das vestes e se dirigiu para a porta.
- Régulus, estou te avisando – sibilou Sirius – Se fizer alguma coisa com o Remus...
- Não se preocupe, irmão. Não farei nada contra a vontade dele. – respondeu Régulus, fechando a porta antes que Sirius respondesse.
- Não ligue, ele estava só te provocando. – disse James, olhando para a expressão assassina no rosto de Sirius. – Típico de irmão caçula, mais nada. Vamos esperar que Remus volte.
- Remie... Como se eu não soubesse o quanto ele detesta que o chamem assim... – murmurou Sirius, balançando a cabeça.
oOo
No dormitório da Sonserina, Remus já estava se sentindo sufocado dentro do guarda-roupa de Régulus. Já começava a achar que pararia de respirar antes que o outro voltasse quando a porta foi aberta.
- Oh, Merlin, finalmente – murmurou Remus, olhando para Régulus e segurando a mão que ele estendeu para ajudá-lo a sair.
- Fui o mais rápido que pude, mas seu amigo não queria me entregar a capa. Acho que ele não confia em mim. – respondeu o sonserino, entregando-lhe a capa.
- Por que será? – resmungou Remus. – Agora, Régulus, você vai comigo até a saída, para abrir a passagem. Depois disso, cada um pro seu lado.
- Como quiser, Remie.
- Remie? – perguntou Remus, arqueando a sobrancelha.
- É, é como eu te chamo. – sorriu Régulus, petulante. – Acho que meu irmão não gostou muito, mas enfim...
- Régulus, – Remus se inclinou, como se fosse contar um segredo – você é uma criança ainda, sabia?
- Eu sou só um ano mais novo que Sirius! Vocês já estavam juntos quando ele tinha a minha idade.
- Mas não tem metade da maturidade dele.
- Oh, muito maduro mesmo, invadir as Casas alheias para desenhar homens pelados nas paredes. – a voz de Régulus soou repleta de ironia.
Remus apenas riu, se cobrindo com a capa de James.
- Viu, você nunca entenderia a graça nisso. – respondeu Remus.
- Eu posso ser igual ou melhor que Sirius, Remus, posso te fazer me amar muito mais do que a ele. – disse Régulus, se aproximando. – Por que não me dá uma chance de te mostrar isso?
Remus apenas encarou aquele rosto bonito, tão parecido e ao mesmo tempo tão diferente de outro que ele amava, antes de responder:
- Régulus, é impossível... Eu nunca amarei ninguém como amo Sirius. – respondeu Remus suavemente. – Agora vamos embora.
oOo
O resto da noite se passou num flash. Remus chegou ao esconderijo e os arrastou até o Salão Comunal da Grifinória, sem parar para explicar os detalhes do que acontecera.
Uma vez lá, todos foram para suas respectivas camas, porque logo algum professor apareceria para interrogá-los e descobrir quem pregara aquela peça no Salão da Sonserina. Os quatro grifinórios sempre eram a primeira opção quando alguma arte era feita.
Remus tinha acabado de colocar o pijama quando sentiu dois braços fortes abraçando-o por trás. Suspirou, fechando os olhos e encostando a cabeça nos ombros do amante.
- Não acredito que te deixei lá. – murmurou Sirius, esfregando o nariz no pescoço do namorado – Não queria ter ido, mas o Pontas...
- Eu sei... – interrompeu Remus, com delicadeza – Tudo bem, eu teria feito o mesmo no lugar dele.
- Fiquei apavorado... Morri de medo que te machucassem... Falei um monte de asneiras pro James...
Remus sorriu e ficou de frente para Sirius, vendo preocupação e remorso nos olhos acinzentados.
- Mas no final deu tudo certo... – Remus sorriu, acariciando o rosto de Sirius. – E James sabe como você fica quando está nervoso, já deve até ter esquecido.
- Tomara. – murmurou Sirius, distribuindo beijos leves no rosto de Remus e abraçando-o pela cintura. – Deveríamos comemorar.
- Não, Sirius... – sussurrou Remus – Tem gente aqui...
- Tá todo mundo dormindo.
- Mesmo assim. – ele suspirou, quando Sirius beijou perto de sua orelha – Eles vão ouvir...
- Eu fico quietinho. – prometeu, fazendo cara de cachorrinho abandonado.
- Quem consegue negar? – respondeu Remus, sorrindo. – Eu não consigo... nunca. Te amo demais pra negar qualquer coisa... – murmurou, segurando o rosto de Sirius com as duas mãos.
Sirius apenas deu um largo sorriso e se inclinou para beijá-lo, mordiscando lentamente a boca macia antes aprofundar o beijo.
Remus gemeu baixinho quando sentiu a língua de Sirius invadindo sua boca, as duas línguas se tocando de uma maneira lenta e sensual que os fez gemer de prazer. Fechou os olhos e abraçou o animago pelo pescoço, colando seu corpo no dele. Arrepiou-se quando mãos habilidosas começaram a percorrê-lo, acariciando sua pele por cima do pijama fino.
Era inevitável que Remus, por um segundo, comparasse as diferentes habilidades dos irmãos Black.
Ofegando, Sirius interrompeu o beijo e se afastou poucos centímetros.
- Cama. – murmurou, com a voz rouca, empurrando-o em direção à cama.
Remus assentiu e se deixou levar, olhando disfarçadamente para as outras camas e agradecendo aos céus que seus colegas tivessem sono pesado.
Cortinas fechadas, roupas arrancadas e feitiços de silenciar depois, os dois bruxos se ocupavam de tocar um ao outro, Remus deitado na cama e Sirius sobre ele, distribuindo beijos pelo corpo do amante e acariciando-o como se ele fosse algo raro e precioso.
Remus respirava com dificuldade, sentindo a língua de Sirius tocando em sua barriga e descendo devagar por seu corpo. Quando a boca quente envolveu sua ereção, Remus não conseguiu evitar um gemido, que se tornou quase um grito quando os dedos de Sirius o penetraram com cuidado. Naquele ritmo, não demoraria a perder o pouco controle que ainda lhe restava.
- Vem. – murmurou Remus, puxando Sirius para cima até que ficasse estendido sobre ele.
Abraçou-o com força e beijou-o com paixão enquanto erguia as pernas e entrelaçava a cintura do amante, num pedido mudo e urgente.
Sem interromper o beijo, Sirius ergueu um pouco os quadris de Remus e o penetrou com um movimento lento porém firme, não parando nem recuando enquanto não estivesse inteiro dentro dele.
Remus gemeu baixo, a sensação deliciosa de ser preenchido daquela maneira fazendo-o estremecer. A dor era praticamente inexistente, Sirius sempre tomava todos os cuidados para que eles sentissem apenas prazer quando se amavam.
- Tão quente... tão apertado... – Sirius murmurou contra os lábios de Remus – Sempre assim, desde a primeira vez...
- Você gosta? – perguntou Remus, apertando as pernas em torno da cintura de Sirius e fazendo-o entrar ainda mais profundamente.
- Adoro. – gemeu Sirius, começando a se movimentar, lento a princípio mas aumentando o ritmo gradativamente.
Logo o casal não passava de um emaranhado de braços e pernas, suspiros e gemidos, desejo e prazer que os conduzia em uma dança erótica e sincronizada.
Completamente entregue, Remus fechou os olhos e se abandonou na cama, estendendo os braços ao lado da cabeça e se concentrando em apenas sentir o prazer de ser amado daquela maneira.
Sirius viu todo o seu desejo refletido em Remus, os olhos docemente fechados, os lábios entreabertos, vermelhos e inchados, o rosto corado e os cabelos bagunçados que grudavam na testa molhada de suor.
Sentindo-se observado, Remus abriu os olhos e sorriu, e Sirius enxergou todo o amor que os unia ali, naqueles olhos quase dourados, e soube que aquela expressão no rosto de Remus ficaria gravada a fogo em sua mente enquanto vivesse.
– Também amo você, Aluado. – murmurou, com a voz apaixonada, fechando os olhos e se desmanchando dentro de Remus.
O sorriso de Remus aumentou e ele também se deixou levar naquele turbilhão, se derramando sob o amante e mentalmente agradecendo a qualquer que fosse o Deus que lhe entregara o coração de Sirius Black.
oOo
No dormitório da Sonserina, um dos alunos passaria a madrugada acordado. Tantas coisas se passavam na mente de Régulus Black, que em determinado momento achou que gritaria de raiva e frustração.
Como poderia, em uma noite apenas, ir do céu ao inferno, realizar seu maior sonho e sofrer sua maior desilusão?
Achara que finalmente sua sorte mudaria quando viu Remus Lupin se escondendo atrás daquela pilastra. Não se importou com Sonserina, com fidelidade, com trotes, com nada... Só queria tê-lo pra si, ver aqueles olhos dourados olhando-o com gratidão quando o livrasse dos outros colegas.
E então ouvira aquela voz doce chamando-o de "meu amor" e estendendo os braços para ele. Claro que sabia que Remus se enganara, que pensara em seu irmão, mas e daí? Mal conseguiu conter um grito de alegria de poder tocar a pessoa que atormentava seus sonhos há meses, de finalmente poder sentir o gosto daquela boca que tantas vezes imaginara ser uma perdição.
Não se importou se foi um engano ou não, era sua chance, talvez a única que teria na vida de ter Remus para si, de saber o que seu irmão sentia quando o tocava.
Seu irmão. Sirius Black.
Régulus sentia ganas de gritar de raiva quando imaginava que seu irmão mais velho, aquele amante de trouxas e mestiços, era quem detinha o amor de Remus. Doía lembrar da doçura na voz de Remus quando pensou que fosse Sirius, doía pensar que era para o irmão que ele sorria, que era por Sirius que ele se deixava possuir, que era ao outro que ele amava...
Por que, por que isso tinha que acontecer? Ele não era dezenas de vezes superior ao irmão? Não era isso que sua mãe sempre lhe dizia, que sua família toda lhe dizia? Então por que a única pessoa que queria desesperadamente não percebia isso?
Quantas pessoas o desejaram, quantos homens e mulheres dariam tudo para receber o que Remus Lupin dispensara sem pensar duas vezes?
Aquilo o consumia por dentro, saber que Remus sequer cogitara, sequer hesitara em rejeitá-lo, em destruir seu maior sonho.
Régulus, é impossível... Eu nunca amarei ninguém como amo Sirius...
Nunca imaginou que uma voz tão suave poderia ferir tanto. As palavras de Remus rodavam em sua mente, o significado machucando-o mais do que qualquer outra coisa que o monitor já lhe dissera.
Ele ainda se lembrava do seu começo em Hogwarts. Sirius estava no segundo ano e já era famoso por sua inteligência e presença de espírito. Todos o admiravam, mas ele e sua família sabiam o que Sirius era: um traidor do próprio sangue, o único dos Black que não fora selecionado para a Sonserina, o único que tinha amigos trouxas.
Em outras palavras, uma vergonha.
Claro que ele logo deixou claro o quanto era diferente do irmão. Mostraria a Hogwarts como um Black puro sangue deveria se comportar. Teria amigos melhores que os de Sirius, seria um aluno mais aplicado e todos o admirariam muito mais do que a ele. Humilharia e suplantaria o irmão em tudo, deixando clara a sua superioridade!
Mas não foi isso o que aconteceu.
Sirius continuou sendo amado por todos, cada dia mais íntimo e feliz com seus três amigos grifinórios. E por mais que se esforçasse ele não conseguia ser amado do mesmo jeito, não conseguia ter amigos leais como os de Sirius, não conseguia superá-lo em nada.
E quando foi que Remus Lupin apareceu?
Antes ele era só um dos amigos inferiores de seu irmão, o que parecia ser o mais contido dos quatro. E então um dia Régulus ouviu sua prima Bellatrix comentando o que seria o assunto da semana: Sirius Black estava apaixonado por Remus Lupin.
E naquele instante ele enxergou o que deixara passar durante todos aquele anos. A beleza suave de Remus, o sorriso calmo e transparente, os olhos quase dourados que transmitiam meiguice e calor, a boca rosada e cheia de promessas...
Era uma injustiça que tudo aquilo fosse de seu irmão, quando obviamente deveria ser dele.
Ele tentou remediar isso. Primeiro sutilmente, com olhares e algumas indiretas quando encontrava Lupin sozinho. Depois mais acintosamente, com os presentes anônimos do Admirador Secreto.
Imaginou que o grifinório soubesse de seu interesse por ele, mas não que ele tinha descoberto sua identidade como o admirador. Então seus desejos eram tão óbvios assim? Ou só seriam óbvios para Remus? Será que ele sempre adivinharia tudo o que desejasse com tanta facilidade?
Outra vez, seus pensamentos o deixavam tonto, sua mente criativa imaginando Remus desvendando os desejos mais pervertidos de seu coração.
Eram tão perfeitos um para o outro, por que não conseguia fazê-lo enxergar isso?
Régulus suspirou, cobrindo o rosto com as mãos. Tinha que se acalmar, parar de pensar nisso e seguir em frente. Era um sonserino, e um Black acima de tudo. Sabia que aquela batalha estava perdida mas haveria outras, e ele não desistiria assim tão fácil de conquistar o que queria.
Seu irmão nunca teria nada que ele não pudesse ter também.
Continua?
Prontinho! Mais um capítulo entregue!
E esse foi uma verdadeira novela: dividi o capítulo em dois, depois decidi voltar para um só, cortei várias cenas – que ficaram guardadinhas para serem usadas outra hora – corrigi daqui, emendei dali. Que trabalhoooo!
Espero que tenham gostado, e quero muito saber o que vcs acharam do Régulus!
