- Por que você fez isso? – perguntou Harry temeroso.

Como se aquela situação já não fosse estranha o suficiente, Harry percebeu cólera nos olhos de Dudley.

Com medo do que poderia acontecer com ele, Harry deu um largo passo para trás, ainda olhando no fundo dos olhos do seu primo. Se não tivesse feito isso, talvez não repararia na mudança que podia ser lida nos olhos de Dudley. Agora era um sentimento muito diferente. Desamparo.

Quando Dudley abriu a boca, Harry preparou-se para ouvir as mais terríveis palavras saindo da boca do primo. Mas o que saiu não foi muito mais do que um sussurro arrastado e raivoso:

- Ah, então você quer saber o que está acontecendo comigo? Ah, não me diga que o grande e magnífico bruxo Potter não sabe o que acontece com o seu primo insignificante e sem poderes? – Harry estava aturdido com a declaração e o tom de seu primo. Harry achava que ele era idiota demais até para saber o que era sarcasmo, mas viu que estava enganado. Muito enganado. – Então eu falarei para você.

"Pense comigo. Durante 15 anos da sua vida, você foi criado, melhor dizendo, mimado pelos seus pais. Durante 15 anos você viveu sem saber se virar. Mas acontece que, de repente, chega alguém e lhe diz que você e sua família correm risco de vida. Que esse alguém que deu essa notícia é seu primo e vive com você. E essa pessoa, que é muito poderosa, está atrás dele. E que ele, seu primo, conseguiu derrota-lo, o vilão, diversas vezes. Até aí estamos felizes. Não existem tantos riscos. Não precisamos nos preocupar. Apesar de você quase ter morrido, não importa. Seu primo poderá salva-lo.

"Mas a partir do momento em que você ouve seu primo gritando, contorcendo-se e chorando, enquanto dorme, você começa a perceber que as esperanças de você conseguir sobreviver são escassas. E então você percebe que você pode até não morrer. Mas e se os seus pais, aqueles que te mimaram por toda a sua vida, morrerem?"

Harry percebeu que, nesse momento da narrativa, Dudley havia abandonado a postura. Não conseguia mais prosseguir com aquela encenação. Agora Harry podia notar que seus olhos estavam ainda mais vermelhos. Sua expressão denunciava claramente que ele estava à beira de romper-se em lágrimas.

- Você entende o que eu estou tentando dizer? – Dudley disse isso com um tom de voz tão baixo que Harry teve de se esforçar muito para compreender o que ele dizia. – Eu não conseguiria viver sem eles! Por isso resolvi morrer antes deles... – e sua voz foi morrendo.

Harry ainda estava atordoado por causa das revelações que seu primo tinha acabado de fazer a ele. Mas de repente começou a pensar que Dudley estava sendo muito egoísta. Sim. Afinal, assim como ele dizia precisar de seus pais, Vernon e Petúnia também deveriam precisar muito dele. Pois ele era o único filho deles, e sempre foi mimado.

Repentinamente ele descobriu que ele também estava sendo egoísta demais. Depois que Sirius morrera, ele havia se fechado mais ainda em seu pequeno mundo. Não dava mais atenção aos que se preocupavam com ele. Estava achando que só ele sofria assim. Mas não era verdade.

Remus sempre fora muito amigo de Sirius, James e Peter. Era o único que havia permanecido firme e forte. Deveria estar sofrendo muito com a perda de seu amigo. E seus amigos, Ron e Mione? Também deveriam estar muitíssimo preocupados com o que estava acontecendo com Harry. Ele não mandava mais notícias, não se preocupava mais com aqueles que sempre estiveram ao seu lado.

Nesse momento ele sentiu nojo de si mesmo. Não havia contado aos amigos sobre a profecia. Só ele e Dumbledore sabiam o que ela dizia. Ele precisava mudar esse quadro.

Então um soluço mais alto partiu do canto em que seu primo se encontrava. Até o momento ele havia se esquecido do primo. Apesar de continuar achando seu primo muito egocêntrico, Harry não podia deixa-lo ali, daquela forma. Abaixou-se até ficar no nível dos olhos de Dudley e disse:

- Dudley, escuta aqui. – Com isso Dudley levantou os olhos opacos e fixou-os nos verde-vivos de Harry – Eu não posso te prometer que vou acabar com tudo isso, mas te prometo que vou fazer o máximo que eu puder. Não só por você, mas por todas as pessoas que confiam em mim.

Assim que terminou de falar, Harry ouviu alguém batendo à porta. Achou que deveriam ser os Weasley. Bateu de leve no ombro do primo ("Se cuida"), subiu rapidamente ao seu quarto e pegou o malão.

Mas qual não foi sua surpresa ao abrir a porta e deparar-se com a pessoa que menos esperava ver naquele momento.

Seu malão caiu com estrépito no chão à medida em que ele boquiabria-se cada vez mais. Com um fio de voz ele indagou:

- O que você está fazendo aqui?

N.A.: Peço perdão a vocês desde agora. Esse capítulo não é a melhor coisa que eu já escrevi, mas infelizmente eu não estou num dia suficientemente inspirado para que eu possa ajeitá-lo... Bem, eu tenho até o próximo capítulo pronto, mas só vou postá-lo depois que terminar o quinto e ao menos começar o sexto.

Reviews...

Carola: Desculpa querida! Tanto por te atrapalhar a arrumar suas coisas, quanto por te dar uma Dr/Her pra ler! PERDÃO! Mas que bom que você está gostando! Continue lendo e revisando, sim? Bjoss!

Srta. Kinomoto: Ainda não decidi com quem o Harry fica... Vamos ver. Quem bom que você tá gostando! Bjoss!