Capítulo III - Voltar ao verdadeiro lar.

O resto das férias fora totalmente tranqüilo, Harry fora um dos padrinhos no casamento do irmão mais velho de Rony; Gui. As festas se prolongaram até uma semana depois do acontecimento, no dia em que Gui e Fleur foram para sua lua-de-mel, agora só faltava dois dias para voltar pra Hogwarts, dois dias para voltar para sua verdadeira casa, seu verdadeiro lar.

- Harry, está passando mal? – pergunta Rony, percebendo o olhar triste do amigo para o céu límpido e azul.

- Estou Rony, estou. – disse o rapaz, sem ânimo.

- Ah, qualé Harry? Vamos se anima, só faltam dois dias para voltarmos pra escola.

- Eu sei...

- Ahn... – de repente Rony teve uma vaga idéia do por que de seu amigo estar assim. – Você não quer voltar?

- Claro que quero!

- Então por que está assim? É nosso último ano...

- Não quero voltar depois do término do ano letivo...

- Por que não?

- Vou ter que ir pra casa dos meus tios...

- Não necessariamente, Harry, você será de maior, e poderá vir morar aqui conosco.

Não era uma má idéia, morar com os Weasley era o que Harry mais queria, mas simplesmente não podia, sabia muito bem o por que tinha que voltar para a casa de seus tios, e sabia também que não podia ficar nem na Toca e muito menos em Hogwarts, mas não queria voltar para a Rua dos Alfeneiros.

- Não posso...

- Por que? Onde vai ficar então?

- Não sei... Em algum lugar que eu acha seguro...

- Onde Harry?

- Na casa do meu padrinho, talvez...

- Harry, ninguém mora lá!

- E daí?

- E daí que você não pode ficar lá!

- Sei lá Rony, eu me viro, mas não quero ir pra casa dos meus tios!

- O que foi, hein Harry? Você está muito estranho cara, não consigo acreditar no que você está dizendo, e nem entendo.

- Deixa pra lá Rony...

Batidas na porta do quarto, os dois amigos, que se encaravam num misto de desentendimento e descrença um no outro, olham para a porta, raivosos, esperando que a pessoa abrisse a porta.

- Harry, Rony, o que está acontecendo? – eles ouvem a voz de Hermione por detrás da porta.

- Nada Mione. – falam os garotos em uníssono.

- Posso entrar?

- Sim.

- Ah, olá, rapazes. – diz a menina sorrindo para os amigos.

- Oi Mione! – diz Harry, voltando a observar o céu através da janela.

- Olá Mione. – diz Rony, se sentando em sua cama.

- Está tudo bem com vocês? – pergunta a garota percebendo o clima entre os dois.

- Sim! – dizem os dois, novamente em uníssono.

- Tá OK! – diz ela revirando os olhos, se sentando ao lado de Rony. – Finalmente as férias estão acabando, mal posso esperar para chegar em Hogwarts e...

- Mione! - diz Rony, repreendendo-a.

- Que foi?

Rony aponta Harry com a cabeça, fazendo Hermione o observar, percebeu que o amigo estava cabisbaixo, e só a menção da escola o deixava ainda mais triste.

- Ah, bom... Harry, está se sentindo bem?

- Sim...

- Tem certeza? Não está sentindo tonturas?

- Absoluta Mione, não estou sentindo nada.

- Não, você não está Harry! – diz Rony.

- Quer me deixar em paz?

- Não Harry, não vou te deixar em paz até você falar o que está acontecendo com você!

- Ele está certo Harry, você ultimamente anda muito triste e estranho, o que há com você? – diz Hermione.

- Nada, eu já disse!

Estava cansado daquelas perguntas, estava cansado de todos se preocuparem com ele, estava cansado de tudo, queria acabar logo com tudo isso, queria morrer, ou melhor, matar logo aquele que lhe tirou seus pais, aquele que transformou sua vida num inferno total, aquele que todos tem medo de pronunciar seu nome. Queria por fim na vida daquele que fez ele, Harry Potter, ter uma vida perturbada e atormentada pelos tios e pelo primo por ele ser "diferente" deles. Queria matar de uma vez por todas Lorde Voldemort.

O céu já estava totalmente escuro, estrelas apareciam aqui e ali, timidamente, e a Toca ainda tinha um certo movimento, mesmo que o casamento dos "novos" Weasley e Delacour tenha acabado a algum tempo, a casa ainda recebia visitas freqüentes de algumas pessoas da Ordem da Fênix. Naquela noite estavam presentes Lupin e Olho-Tonto Moody.

- Moly, a comida está ótima, como sempre. – diz Lupin, tentando quebrar o silêncio que se instalara depois que Harry saira da cozinha, de barriga cheia.

- Obrigada Lupin. – diz a mulher sorrindo de orelha a orelha.

- Hey, Ron, o que há com o Harry? – pergunta Fred, na orelha do irmão.

- Sei lá, cara, ele tá estranho já tem um tempo, né Mione? – pergunta o rapaz para amiga, que estava sentada à sua frente.

- Sim, ele está muito deprimido, precisa voltar para Hogwarts, sei que é isso que ele quer. – diz a menina.

- Como assim? – pergunta Fred.

- Simples, nem aqui, nem a casa dos tios dele é o lugar dele, e sim Hogwarts.

- Mas Mione, acorda! Hogwarts não é mais segura para ninguém!

- Eu sei, Rony, mas uma vez de volta a Hogwarts, Harry iria sorrir de novo, não acha?

- Não, Hermione! Não tem como Harry ficar feliz no lugar mais perigoso do mundo! – disse Fred, em protesto.

- Mais perigoso?

- Infelizmente sim, Mione, sem Dumbledore, você-sabe-quem irá para Hogwarts só pra matar Harry.- disse Rony.

- Não concordo com isso.

- Por que? – perguntam os dois irmãos em uníssono.

- Mesmo sem Dumbledore, há bruxos muito poderosos em Hogwarts.

- Bruxos que temem você-sabe-quem, convenhamos Mione, os únicos que não têm medo dele são: Dumbledore e Harry. E ainda por cima, têm coragem de pronunciar o nome dele!

A conversa teria se prolongado, se os três não tivessem percebido que os olhares de todos ali presentes estavam sobre eles.

- Vou pro meu quarto. – diz Rony, se levantando.

- Espere por mim! – diz Hermione, seguindo o amigo que já subia as escadas.

- Crianças! – diz Fred, tentando disfarçar seu nervosismo.

Rony sobe apressado as escadas em direção ao seu quarto, um misto de raiva e de preocupação se apossara sobre seu corpo, e com um murro abriu a porta de seu quarto, indo até a cama onde Harry dormia.

- Eu sei que você não está dormindo Harry, precisamos conversar. – disse, quando Hermione já estava ao seu lado.

- É verdade, Harry, o que há contigo?

- Não é nada, já falei. – diz Harry, cobrindo a cabeça com o cobertor.

- Se não fosse nada você já teria nos contado. Anda, conta logo!

- Não é nada Rony! Sério!

- Por favor Harry, nos conte por que está assim?

Por que todo aquele interrogatório? Não agüentava toda aquela pressão, por que queriam saber o motivo dele estar agindo desse jeito? "Me deixem em paz!", pensava, cada vez que ouvia as perguntas dos amigos, não queria responder, não queria falar nada!

- Olhem, Hermione e Rony, eu estou a fim de dormir, amanhã, quem sabe, eu conte algo, mas por favor, me deixem dormir.

Eles não queriam sair, queriam ajudar Harry, mas como? Como fazer com que Harry lhe contasse o que está acontecendo com ele? Como fazer com que Harry se sentisse bem?

- Muito bem, então não vou forçá-lo a contar nada, vou esperar até você decidir contar. – diz Rony se sentando na sua cama.

- Rony está certo, mas Harry lembre-se: somos seus amigos, e sempre estaremos do seu lado, você sabe disso. – disse Hermione, abraçando o amigo fortemente.

Retribuindo o abraçado e sorrindo de orelha à orelha Harry ficou muito feliz com a afirmação de Hermione, e com o argumento de Rony, sim, iria contar à eles, mas quando estivesse preparado, sabia que agora, não era uma boa hora para contar o que ele tanto pensava.

- Obrigado. – disse aos amigos, depois que se separou de Hermione.

- De nada, cara, qualquer coisa, é só nos chamar. – disse Rony.

- Exatamente, estamos aqui para ajudá-lo. – disse Hermione, saindo do aposento.

O quarto ficou silencioso, mas Harry não se sentia incomodado com o silêncio, sabia que Rony o observava, mas nem por isso iria repreender o amigo.

- Rony...

- Harry, só me conte quando você quiser ok?

- Não é isso, é que, tenho que te contar uma coisa.

- O que é? – disse Rony, vendo que Harry estava muito sério.

- Quando você, o Fred e o George foram me buscar na casa dos meus tios, vocês me perguntaram se eu estava bem, lembra?

- Sim, lembro, e você disse que estava bem, apesar de estar ensapado.

- Estava, mas tinha acabado de ter um pesadelo.

- Que tipo de pesadelo?

- Sonhei que estava no meu quarto, quando meu tio bate na porta, avisando que vocês estavam na sala. E quando deci para cumprimentá-los, você disse que eu deveria morrer, para que Voldemort triunfasse, de repente, você e os outros desaparecem e Voldemort e os Comensais da Morte aparecem, Voldemort pula em cima de mim, e me mata...

- Ah, esqueça isso Harry.

- Não dá Rony, está aqui, na minha cabeça, não consigo esquecê-lo.

- Harry foi só um pesadelo, aconteça o que acontecer, você-sabe-quem nunca lhe atacaria sem um bom plano, você sabe disso.

- Sim, mas...

- Harry, enquanto estiver aqui conosco, ele não virá te atacar.

- É isso, tenho medo que ele venha aqui e acabe matando todos vocês.

- Isso nunca irá acontecer.

- Rony, pra mim vocês são minha família, não posso permitir que algo aconteça com vocês.

- E não vai acontecer Harry. E você sempre foi um Weasley, nunca escondemos isso de você, enquanto você for um Weasley, você estará seguro.

Se por um lado Harry estava feliz por Rony tê-lo chamado de irmão, por outro lado preocupado, sabia que os Sr e Sra Weasley eram grandes bruxos, mas Voldemort era muito poderoso, poderia matá-los num piscar de olhos.

- Esquece isso Harry, você-sabe-quem nunca viria atacá-lo aqui, não com o pessoal que está lá embaixo.

Rony tinha razão, com todos aqueles bruxos que estavam na cozinha, conversando, Voldemort nunca iria chegar perto da Toca, não, por enquanto. Decidiu se deitar e tentar dormir, não estava com vontade de continuar conversando, E também, queria voltar à Howgarts o mais rápido possível, queria voltar ao seu lar.