Definitivamente Marotos

Esses personagens ma-ra-vi-lho-sos não são meus. São da JK Rowling. Eu apenas os peguei emprestados (detalhe: ela ainda não sabe disso ;-D)

5º ano de Hogwarts, travessuras marotas e muita animagia!

--------------------

CAPÍTULO UM

Estação King's Cross

--------------------

Lily estava no meio de uma clareira na floresta numa noite de Lua Cheia e começou a ouvir um barulho. Algo se aproximava. Um animal, provavelmente. O barulho era de cascos. Lily olhou para todos os lados, procurando de onde vinha o barulho. Pelo canto dos olhos viu um arbusto se mexendo à sua direita e virou-se bruscamente para ver o que era. Tão bruscamente que acordou...

Droga. Faltava tão pouco. Ouviu então batidas frenéticas na janela: um corujão marrom impaciente pedia passagem, trazendo uma carta de Hogwarts no bico.

-- Ei, dá pra parar com esse barulho? Tem gente tentando dormir aqui do lado, se você não percebeu - Petúnia, a irmã rabugenta de Lily, esmurrava a parede ao lado.

Lílian Evans era uma garota de quinze anos, baixinha e magra, porém muito bonita. Tinha longos cabelos acaju e o rosto de feições finas e delicadas salpicado de sardas, que realçavam a alvura de sua pele e destacavam os lábios muitíssimo vermelhos. Porém o que mais chamava atenção em sua aparência eram os olhos de um verde intenso e encantador. A garota levantou-se sem pressa e abriu a janela, permitindo que o corujão entrasse e atirasse a carta sem muitos modos em cima dela, saindo voando da mesma maneira que entrara. Lily fechou a janela após ela sair. Suspirou.

Já sabia do que se tratava o envelope amarelado endereçado a ela em tinta verde, e abriu ainda sonolenta. Havia dois papeis: um informando que ela passara para a quinta série da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts e outro era uma lista de materiais um tanto excêntricos que ela deveria adquirir. Porém não era somente isso. Lily franziu a testa ao perceber alguma coisa dura no interior do envelope. Virou-o de boca para baixo e sacudiu, fazendo com que um distintivo vermelho e dourado caísse em cima da cama.

O queixo de Lily caiu. Ela virou-o e pôde ver uma letra "M" de monitor sobreposta a uma figura de um leão, que representava a Casa da Grifinória à qual ela pertencia. Ela fora escolhida para ser monitora da grifinória! Sua cara de espanto foi lentamente substituída por um sorriso satisfeito e ela deu um grito de satisfação. Nem ouviu mais os murros na parede ao lado e os berros de Petúnia, começou a pular e dançar pelo quarto, subindo e descendo na cama gritando "Eu consegui! Eu consegui!".

Quando ela finalmente conseguiu se acalmar, deixou-se cair na cama, admirando o distintivo e acariciando-o. Suspirou e disse para si mesmo:

-- Agora sim. Potter, Black, me aguardem... Vocês vão ter que me ouvir, ou eu não vou hesitar em distribuir detenções.

--------------------

Enquanto isso, outra pessoa recebia um distintivo idêntico a esse, porém sua reação foi totalmente oposta. Remo Lupin era um garoto de estatura mediana, com seus quinze anos. Tinha os olhos mais tristes e abatidos que uma pessoa pode ter, de um castanho claro, assim como seus cabelos ralos e finos na altura dos ombros. Era magro e parecia estar se recuperando de uma doença muito desgastante. Não costumava chamar muita atenção para si, mas quem parasse para reparar em sua feições quase sempre ocultas pelo cabelo, veria um rosto bonito e agradável, que sua melancolia parecia ressaltar ainda mais.

O garoto que segurava o distintivo deitado em sua cama, soltou um suspiro triste e deixou-se cair para trás, atirando o objeto para o outro lado do quarto.

-- Droga - lamentou-se num sussurro. Sabia exatamente o motivo de ter sido escolhido para monitor: tentar colocar algum juízo na cabeça de seus amigos inseparáveis. Sirius Black, Tiago Potter e Pedro Pettigrew eram seus melhores amigos desde o primeiro ano. O problema era que os dois primeiros eram muito encrenqueiros e inconseqüentes e não se passava um único dia sem que Remo gentilmente tentasse incutir algum bom senso em suas mentes arrogantes e infantis. Pedro não era baderneiro como os outros, mas tinha verdadeira adoração por eles e por sua fama incontestável de marotos.

A verdade era que nenhum deles dava atenção a seus sábios conselhos. Além disso Remo não se esforçava tanto quanto devia. Ele sentia-se muito bem ao lado deles do jeito que eram, não queria realmente mudá-los. Eram tão divertidos e espontâneos que a vida parecia mais fácil quando estavam juntos, sentiam como se tudo fosse possível para eles.

Essa amizade entre os quatro garotos era a única coisa que dava cor à vida de Remo. Esse seu ar doentio tinha um motivo terrível. Desde que se conhecia por gente, o garoto transformava-se em um lobisomem todas as noites de Lua Cheia e só fora para Hogwarts porque o Prof. Dumbledore, sábio diretor da escola, lhe garantira que seria seguro tanto a ele quanto aos demais alunos. E foi lá que ele passou os melhores quatro anos de sua vida, com seus amigos leais e sinceros que não o abandonaram nem mesmo quando descobriram sobre sua maldição. Pelo contrário, se dispuseram a encontrar um meio de ajudá-lo.

Eles passaram a estudar para tornarem-se animagos, bruxos que conseguem transformar-se em animais, o que era muito difícil e perigoso. Porém nada do que Remo dissesse poderia tirar essa idéia da cabeça daqueles teimosos. Sua única esperança era que a dificuldade desse desafio vencesse sua determinação. Sem dúvida seria maravilhoso para o lobisomem se conseguissem, mas ele prezava muito mais a vida dos amigos do que a própria.

Um barulho vindo da cozinha arrancou o garoto de seus devaneios. Já era hora de se levantar e ajudar a mãe a preparar o café da manhã.

------------------

Na manhã de 1º de setembro, a estação de King's Cross estava apinhada de gente. Uma senhora nobre impecavelmente vestida, de ar severo e andar esnobe, caminhava entre as pessoas tomando todo o cuidado de não esbarrar em ninguém. Mas na verdade não tinha muito trabalho quanto a isso, pois ninguém se atrevia a aproximar-se dela ao notar seu porte e sua expressão de nojo, que ela nem tentava disfarçar.

Vinha acompanhada de dois garotos de cabelos negros e olhos cinzentos igualmente bem vestidos que empurravam malões idênticos e excêntricos, cada um deles com uma coruja enjaulada presa junto a mala. Eram visivelmente irmãos, pois à primeira vista só se diferenciavam pela altura e pelo corte de cabelo. O mais novo deles, de cabelos cheios e curtos e expressão quase gentil, andava de mãos dadas com sua mãe enquanto o mais velho, de cabelos fartos escorridos até alguns centímetros abaixo dos ombros e expressão arrogante caminhava ao lado do irmão, apesar de manter uma certa distância deles.

-- Vamos logo. Estamos atrasados - disse a senhora com voz imperiosa.

Os três apertaram o passo e, se não mudassem o curso, iriam colidir diretamente com a barreira entre as plataformas 9 e 10. Porém eles não desviaram nem diminuíram o passo. O garoto mais velho deixou-se ficar para trás e deu uma rápida olhada para os dois lados enquanto sua mãe e seu irmão atravessavam direto a barreira. Era visivelmente um rapaz muito bonito, com um certo ar de desdém que aumentava ainda mais seu charme. Aparentava muito mais do que seus quinze anos por seu porte alto e elegante. Ao constatar que ninguém os observava, seguiu os outros através da barreira.

Ele se viu em um ambiente totalmente diferente, um letreiro acima indicava que estavam na plataforma 9 e meio. Havia vários jovens com os mesmos malões, acompanhados por suas famílias usando vestes esquisitas, em sua maioria negras. Diante deles, uma locomotiva vermelha soltava nuvens repolhudas de fumaça cinzenta: o Expresso de Hogwarts.

A senhora havia parado mais à frente e dirigia-se ao garoto mais novo com algo que lembrava carinho em sua voz retumbante.

-- Venha cá me dar um beijo, filho - ela curvou-se levemente e ofereceu a face para receber o beijo do garoto. - Você virá para casa no Natal, sim Régulo?

-- Virei mamãe - respondeu ele polidamente.

-- Ótimo. Agora vá. Já está quase na hora de partir - nesse momento ela olhou para o lado enquanto o outro rapaz passava direto por eles. Seu tom de voz tornou-se mais áspero e severo. - Onde você pensa que vai, moleque?

O garoto bufou e continuou a distanciar-se sem se importar com as palavras da mãe, que gritou às suas costas:

-- Sirius Black, seu ingrato, venha se despedir de sua mãe.

-- Não se preocupe, mamãe - Sirius resmungou para si mesmo numa voz grave e cheia de sarcasmo - eu não virei para o Natal.

Ele continuou andando, observando tudo à sua volta, procurando algo ou alguém, até que viu um casal alegre despedindo-se de um garoto magricela, nem alto nem baixo, de cabelos extremamente rebeldes. A senhora o abraçava, entortando seus óculos de aros redondos e bagunçava ainda mais seus cabelos que simplesmente cresciam para todos os lados, espetando-se na parte de trás. Sirius sorriu abertamente, o que há pouco tempo atrás parecia impossível, e dirigiu-se a eles.

-- Oh! Já estou com saudades do meu menino.

-- Tudo bem, mamãe - disse o garoto com a voz levemente desafinada de um adolescente: ora grossa, ora mais fina. - Eu também não conseguiria viver um minuto sequer sem mim.

-- Esse é meu garoto - agora era a vez do pai bagunçar seus cabelos, orgulhoso. Ele virou-se para ver quem se aproximava. - Ei, olha só quem vem chegando, Tiago.

Tiago virou-se bem a tempo de ver um sorriso maroto na face de Sirius antes que este se precipitasse para um abraço de urso, com direito a fortes tapas na costas.

-- E aí, maninho? Sentiu minha falta? - perguntou, falsamente desdenhoso.

-- Claro! - respondeu Tiago, retribuindo o "carinho" nas costas do amigo. - Não tinha ninguém para dividir a culpa e as broncas comigo.

Eles se separaram sorrindo e Sirius encarou a senhora que lhe sorria bondosamente.

-- Aqui está o meu outro filhote. Venha cá, querido - ela o envolveu em seus braços e bagunçou seus cabelos comportados, que logo voltavam à mesma posição.

-- Como vai Sra. Potter, Sr. Potter - perguntou Sirius gentilmente enquanto a Sra. Potter o soltava e ele apertava a mão que lhe era estendida com entusiasmo.

-- Então, Sirius, quando você vai nos visitar? - perguntou o jovial senhor.

-- No Natal, como sempre, papai - Tiago respondeu por ele, sem sequer consultá-lo. Sirius confirmou com um aceno de cabeça.

Neste momento um apito longo soou, alertando sobre a partida do trem. A Sra. Potter desesperou-se.

-- Oh! Apressem-se, queridos - disse ela enquanto dava um beijo estalado na testa de cada um e os empurrava em direção ao trem. - Comportem-se, meus anjinhos. E não esqueçam de me escrever.

-- E mandem um alô ao Prof. Dumbledore - acrescentou o Sr. Potter, acenando e piscando enquanto eles se distanciavam.

-- Está bem - responderam os dois juntos, depois se entreolharam e gargalharam.

De uma das janelas do trem, Régulo Black observava toda a cena com uma expressão ressentida no rosto bonito. Ele suspirou e deixou a janela enquanto os dois garotos se aproximavam.

Antes, porém, que entrassem, depararam-se com uma cena um tanto hilária: um garoto gorducho, baixinho, loiro, de cabelos curtinhos e olhos azuis tinha o rosto enterrado nos seios de uma senhora também baixinha que chorava e o abraçava com força. O garoto esperneava e resmungava, sufocado.

-- Mamãe... solta... respirar... - tentava argumentar, empurrando-a inutilmente.

-- Ei Pedro! Vamos logo! - Sirius chamou, fazendo a senhora desconsolada soltá-lo e começar a dar conselhos entre lágrimas. Outro apito longo soou.

-- Puf... puf... Tá bom, mamãe, já entendi... Também vou sentir saudades... Também te amo, mamãe. Tchau.

Pedro tinha olhinhos lacrimosos e um nariz fino e pontudo. O garoto seguiu os outros dois para dentro do trem, mas sua mãe chamou-o pela janela, entregando uma trouxa consideravelmente grande que ela disse ser o seu "lanchinho". Tiago e Sirius abafaram risadinhas e seguiram pelo interior do trem, que logo começou a andar.