CAPÍTULO QUATORZE

Dia das Bruxas

--------------------------

Quando chegou a noite o olho de Tiago até que estava melhor mas o humor do garoto continuava o mesmo. Remo já estava totalmente vestido, com os cabelo um pouco úmidos por causa do banho recente e estava sentado na cama com um livro aberto nos joelhos dobrados diante do corpo.

-- Vamos, Pontas, prepare sua roupa que o Almofadinhas já vai sair do banho... - dizia ele com toda paciência do mundo, mesmo correndo o risco de receber uma resposta mal-criada.

-- Vai logo que o banheiro está quentinho - Pedro estava virando uma camisa de um lado para outro tentando encontrar a maneira certa de vesti-la.

-- Eu não vou descer - Tiago estava jogado na cama de barriga para cima atirando um nuque para o alto e tornando a pegá-lo no ar.

-- Você o quê? - Sirius acabara de sair do banheiro, com uma toalha enrolada na cintura e outra secando os cabelos. Remo já nem se incomodava mais em falar para o amigo usar um roupão pois era inútil.

-- É isso mesmo que você ouviu. Eu não estou a fim e pronto, falou?

-- Num vai descer o... - e soltou um palavrão que fez Remo franzir a testa em repreensão, mas o outro não ligou. - Claro que você vai descer! É Dia das Bruxas, Pontas! Nós nunca perdemos uma comemoração de Dia das Bruxas!

-- Pois é, pra tudo tem-se uma primeira vez.

- Deixa de ser ranzinza, Tiago. Paciência tem limite, ouviu bem? Se você não levantar esse traseiro ossudo da cama agora, nós vamos te obrigar!

-- E vão fazer o quê? - provocou Tiago com voz tediosa parando de jogar a moeda e fechando os olhos.

Sirius suspirou e virou-se para o espelho oval de uma cômoda ao lado de sua cama. Dava para ver todas as camas do aposento circular através dele. Até um cemitério era mais animado que aquilo!

Subitamente um lampejo passou por seus olhos e ele encarou seu próprio reflexo com um sorrisinho enviesado. Correu até seu malão e pegou uma calça de brim preta e uma camisa de seda branca (claro, porque apesar de tudo ele ainda era um Black e o guarda-roupa de um Black era sempre impecável). Vestiu a primeira samba-canção que encontrou pela frente, as calças e a camisa, abotoando de baixo para cima até a altura do peito e deixando à mostra uma pequena parte de seu tórax. Voltou para o espelho e penteou os cabelos molhados totalmente para trás, dando a impressão de estarem com gel. Virou-se então para os três companheiros com aquele olhar maroto, sua marca registrada, uma sobrancelha erguida dando uma pitada de arrogância. Segurou o pente com o cabo para cima com uma das mãos e começou a intercalar estalos dos dedos e tapas na própria perna com a mão livre marcando uma batida animada.

Remo olhou por cima do livro com curiosidade. Pedro ainda se debatia tentando vestir a camisa nova, pois os botões não queriam abrir e ele tentava vesti-la por cima, porém estava muito gordo e a camisa entalou no meio do caminho. Tiago levantou a cabeça, com a testa enrugada, deu uma espiada na figura à sua frente, soltou um muxoxo e deixou sua cabeça pender para trás novamente. Seguiu-se então a voz grave e afinada de Sirius.

Buddy you're a boy make a big noise

(Amigo, você é um garoto que faz um barulhão)

Playin' in the street gonna be a big man some day

(Tocando na rua, vai ser um grande homem algum dia)

You got mud on yo' face

(Você tem lama no seu rosto)

You big disgrace

(Sua grande desgraça)

Kickin' your can all over the place

(Chutando sua lata por todo lugar)

Singin'

(Cantando)

We will we will rock you

(Nós vamos sacudir você!)

We will we will rock you

(Nós vamos sacudir você!)

Às primeiras palavras, Pedro parou de se debater e observou, com seus olhinhos atentos por uma fresta entre dois botões da camisa. A expressão de Remo passou rapidamente de perplexidade para diversão quando ele percebeu a tentativa de Sirius em animar Tiago, então também se pôs de pé de um salto. Jogou algumas mechas do cabelo claro estrategicamente para trás e, quase no mesmo instante, elas voltam para frente, caindo-lhe nos olhos. Remo pegou a primeira coisa que alcançou em sua estante: um rolo de pergaminho velho. Aproximou o rolo de sua boca, levemente inclinado para cima, o dedo mindinho sutilmente erguido, enquanto se colocou ao lado de Sirius e o acompanhou com estalinhos e tapas na perna também.

Buddy you're a young man hard man

(Amigo, você é cara jovem, cara difícil)

Shouting in the street gonna take on the world some day

(Gritando na rua, vai enfrentar o mundo algum dia)

You got blood on yo' face

(Você tem sangue no seu rosto)

You big disgrace

(Sua grande desgraça)

Wavin' your banner all over the place

(Agitando sua bandeira por todo lugar)

Agora Tiago ficou curioso: Remo, cantando? Sentou-se na cama lentamente com a testa franzida.

Pedro, cansado de lutar contra sua roupa e incentivado por Remo, finalmente conseguiu vestir a camisa, pegou dois palitos de pirulito (que ele já tinha chupado, ó obvio) e começou a bater loucamente nas almofadas dispersas em sua cama, acompanhando o ritmo dos estalos e batidas.

We will we will rock you

(Nós vamos sacudir você!)

Sing it

(Cante!)

We will we will rock you

(Nós vamos sacudir você!)

Tiago deixou que um sorriso enviesado se espalhe por seu rosto, ajeitou seus óculos com a ponta do dedo, levantou-se e enfiou a cara no malão até encontrar uma miniatura de violão. Com um toque de varinha o violão voltou ao tamanho normal e com um segundo toque transfigurou-se em uma guitarra irada. Correu para cantar ao lado de Sirius, utilizando-se do mesmo "microfone" e executando sua performance na guitarra.

Buddy you're an old man poor man

(Amigo, você é um homem velho, pobre homem)

Pleadin' with your eyes gonna make

(Suplicando com seus olhos vai causar)

You some peace some day

(Alguma paz algum dia)

You got mud on your face

(Você tem lama no seu rosto)

Big disgrace

(Sua grande desgraça)

Somebody betta put you back in your place

(É melhor alguém te colocar de volta no seu lugar)

We will we will rock you

(Nós vamos sacudir você!)

Sing it

(Cante!)

We will we will rock you

(Nós vamos sacudir você!)

Tiago caprichou nos acordes, fazendo a torre inteira tremer.

Everybody

(Todos!)

We will we will rock you

(Nós vamos sacudir você!)

We will we will rock you

(Nós vamos sacudir você!)

Alright

(Tudo bem!)

Tiago finalizou com um esplêndido solo de guitarra e jogou-se de joelhos no chão.

-- Yohoooooooooo! - comemoraram os outros.

-- Vam'bora Pontas, senão nós vamos nos atrasar - Sirius deu um tapinha camarada nas costas de Tiago, que sorriu e correu até o banheiro, agarrando o roupão pelo caminho sem nenhuma sombra de mau-humor. - Eu sou um gênio! - gabou-se para os outros.

-- Bem, dessa vez eu vou ter que admitir... - Remo encolheu os ombros recebendo uma bagunçada de cabelos do Sirius.

-- Arrasou Aluado! Não sabia que você tinha esse potencial todo para o rock!

-- É! Mandou bem! - Pedro também cumprimentou.

-- Ah, Sirius, você desmanchou meu penteado! - Remo tentou disfarçar o rubor que lhe atingira as bochechas. - E vê se reparte esse cabelo que está ridículo...

-- Ainda não inventaram um penteado que não fique bem em mim, meu caro - disse Sirius enquanto voltava a repartir os cabelos dividindo o espelho com Remo.

Remo ajeitou os cabelos com os dedos e voltou a encarar os amigos:

-- Abotoe essa camisa direito, Almofadinhas. E arrume a gola, está para dentro! Pedro, sua camisa está do avesso!

Logo Tiago estava de volta e passava pela inspeção de Remo também.

-- Coloque a camisa para dentro das calças, seu desleixado. E vocês dois estão esquecendo as gravatas - ele apontou para as gravatas de Sirius e Tiago que estavam jogadas no chão.

-- Eu não vou usar gravata hoje - Sirius cruzou os braços.

-- Nem eu. Que coisa mais careta, viu... Além disso, nós vamos colocar essas vestes negras por cima da roupa, pra que ficar arrumando as roupas por baixo?

Remo indignou-se.

-- Como assim, não vão usar gravata? Claro que vão! Não estarão apresentáveis sem elas. Elas aparecem muito, mesmo com as vestes por cima. E deixe de ser preguiçoso, Pontas. Aqui estão. Coloquem agora ou eu uso elas para estrangular vocês - os outros soltaram muxoxos antes de passarem a gravata pelo pescoço ao que Remo apontou a varinha e os nós fizeram-se sozinhos. - Agora sim. Coloquem suas capas e vamos.

Ninguém reparou em um frasquinho com um líquido azulado que Sirius pegou discretamente e colocou no bolso da calça.

Eles desceram em cima da hora para o Salão Principal que estava decorado com abóboras gigantes fastasmagoricamente iluminadas que flutuavam acima de suas cabeças e milhares de morcegos vivos esvoaçando. Assim que se sentaram diante dos pratos vazios, distraíram-se com as bombinhas de bruxo que haviam sobre a imensa mesa. Apanharam quatro delas e logo o ar encheu-se de pequenas explosões.

A bombinha de Remo continha uma toquinha de dormir com um pompom na ponta, o que resultou em muitas risadas. Remo vestiu-a achando muito divertido. Tiago ganhou um quepe de militar. Pedro vestiu um chapéu de cozinheiro e Sirius empertigou-se com um nada discreto chapéu de almirante.

Prepararam-se para protestar pela demora da comida, porém nesse instante o Prof. Dumbledore bateu com a colher em sua taça de ouro e a conversa diminuiu até extinguir-se por completo. Então o diretor, que trocara seu chapéu de bruxo por um grande de pirata, pôs-se de pé e disse com empolgação:

-- Meu caros, eu gostaria de um minutinho de sua atenção antes de iniciar o banquete. Serei breve, não se desesperem. Além disso creio que a notícia seja agradável. Gostaria de anunciar que esse ano, como de costume, teremos o Baile de Inverno na véspera das férias de Dezembro.

Houve um discreto burburinho e risadinhas por parte das garotas. Os marotos também ficaram excitadíssimos com a notícia, mas antes que pudessem comentar algo, Tiago virou-se para os dois lados da mesa encontrando Lílian Evans com uma belíssima boina vermelho vivo a cinco lugares de distância.

-- Ei, Lily, quer ir ao baile comigo? - gritou antes que conseguisse sequer pensar no que estava fazendo.

Toda a mesa da Grifinória virou-se para a Lily enquanto os demais marotos arregalavam os olhos para Tiago.

-- Claro... - respondeu a garota com um sorriso angelical, fazendo Tiago sorrir e seus olhos brilharem - ... que não, seu idiota - o olhar angelical transformou-se em diabólico instantaneamente e o sorriso de Tiago murchou. Ele baixou os olhos para o próprio prato, corando discretamente. Mas ninguém percebeu isso. A não ser os outros marotos.

-- Tiago, o que foi isso? - Sirius o repreendia entre dentes num fio de voz. - Perdeu o amor próprio, foi? Já levou um pacote completo de foras da garota e fica se rebaixando, se deixando escorraçar? Desencana, pelo amor de nossa fama! Tantas garotas tão menos complicadas do que a Evans, e menos irritadiças também, te secando com os olhos e você dá um furo desses?

-- E você achou mesmo que ela ia aceitar? É só pra irritar aquela chata.

-- Precisava ter corado então? Ou fazer essa cara de decepção?

-- Ah, num enche! - Tiago retrucou irritado.

Os olhos do Prof. Dumbledore brilharam enquanto ele sorria travesso para os alunos. Assim que tornou a falar, toda a atenção dispersa voltou para ele.

-- Sim, eu também já estou ansioso para que o baile chegue logo e as merecidas férias também. Porém devo acrescentar que só estão permitidos de participar os alunos da quarta série em diante. A menos, é claro, que seja como acompanhante de um aluno mais velho. Bem, sintam-se à vontade para encherem a pança agora, obrigado e bom apetite!

Ele voltou a sentar-se dando liberdade para que os alunos voltassem a conversar excitados com a notícia, além de atacar o banquete que acabara de aparecer, é claro.

Depois deles se servirem, começaram a discutir sobre quem convidariam.

-- Bem, eu ainda não sei quem vou chamar - disse Tiago, já recuperado do fora que levara.

Nesse momento ele levantou os olhos para a mesa da Lufa-Lufa encontrando no mesmo instante o olhar de uma esperançosa Mary. Devolveu um olhar assassino para ela.

-- Que foi? - Sirius que estava sentado à seu lado, esticou o pescoço na direção em que o outro olhava. - Ah, entendi... Aquela lá é a Macmillan, não é?

-- É. Garotinha estúpida. Se ela está pensando que eu vou convidar ela, pode ir esperando sentada.

Sirius começou a vasculhar a mesa da Corvinal como se procurasse alguém, sem que seus amigos notassem.

-- Ela não teve culpa, Tiago... - Remo tentou defendê-la.

-- Nem vem, Aluado - Sirius afastou o comentário do amigo com um aceno de mão.

Parecia que ele finalmente tinha encontrado quem estava procurando dentre as tantas garotas que espiavam esperançosas para ele. Ele piscou para uma delas - que desmanchou-se no acento com um sorriso bobo - e voltou sua atenção para Tiago.

-- Você está certíssimo, caro Pontas. Mas você não tem idéia de quem vai chamar?

-- Bem... - Tiago colocou um dedo na têmpora concentrando-se. - O que vocês acham da Dobbs?

-- Quem é Dobbs? - perguntou Sirius antes de encher a boca de pudim de carne e sem deixar de lançar olhares provocativos à garota da corvinal.

-- A Dobbs está namorando - informou Pedro depois de engolir um grande bocado de rosbife.

-- Hum... vejamos... então a Peasegood?

-- Você sabe que não sou bom com nomes... - impacientou-se Sirius.

Remo meneou a cabeça permanecendo calado.

-- É aquela corvinal loira que sempre faz as aulas de Adivinhação com a McKinnon - explicou Tiago.

Sirius franziu a testa tentando se lembrar.

-- Uma loira de nariz arrebitado?

-- Essa mesma!

-- É... ela é bonita... Meio esnobe, mas bonita...

-- Olha quem fala! - Remo finalmente intrometeu-se.

-- E você, Almofadinhas? - inquiriu Pedro fazendo alguns farelinhos escaparem de sua boca. Remo meneou a cabeça novamente.

Sirius empertigou-se.

-- Também estou sem idéias. Vou ficar de olho nas garotas até achar alguma que me agrade - disse sarcasticamente fazendo Remo revirar os olhos. - E você, Aluado?

Remo baixou os olhos para o prato e respondeu baixinho.

-- Você está cansado de saber que eu não gosto de bailes...

-- Pode parar! Dessa vez você vai sim senhor - cortou Tiago, em seguida continuou num tom mais baixo: - Não tem desculpa alguma, afinal nem será Lua-Cheia!

-- Isso mesmo - Sirius concordou. - Pode ir pensando em alguém pra você chamar porque senão nós vamos chamar alguém por você.

Remo engasgou-se com as ervilhas e teve que tomar um gole de suco.

-- Vocês não fariam isso? - estreitou os olhos para os amigos.

-- Você duvida? - cutucou Sirius com um sorrisinho safado.

Remo voltou a baixar os olhos para o prato. Tiago adiantou-se

-- Qual é, Aluado... É só um baile! Você não vai estar pedindo ninguém em casamento!

-- Nem mesmo em namoro, se é isso que te incomoda - completou Sirius. - Claro que você sempre pode dar uns beijinhos, não é mesmo?

Tiago e Sirius trocaram olhares marotos enquanto Remo corava.

-- Me deixem, vocês dois. Peguem no pé do Rabicho! - Remo apontou para Pedro, que arregalou os olhos.

-- Quem? Eu? - Pedro tinha a boca lambuzada de creme de milho e segurava um pedaço de pudim de carne nas mãos à meio caminho da boca.

-- O Rabicho é um caso perdido, Aluado - suspirou Tiago.

-- Esse aí, nem que ele queira convidar alguém, acho que não funcionaria muito, não é mesmo? - constatou Sirius ao analisar a situação do garoto, que deu de ombros e enfiou o pudim na boca com uma voracidade nauseante.

Sirius voltou a piscar para a garota da corvinal antes de levantar-se.

-- Eu já volto - disse ele e os outros o seguiram com o olhar.

-- O que ele está fazendo? - perguntou Tiago e os outros deram de ombro, voltando a atenção para suas refeições.

Tiago continuou observando com desconfiança. O maroto tinha dirigido-se à mesa da Corvinal nada discretamente, já que além de seu charme que já atraía atenção sem que ele fizesse esforço algum ele ainda contava com o chamativo chapéu de almirante que retirara de sua bombinha de bruxo. Assim que alcançou a outra mesa, debruçou-se para cochichar alguma coisa nos ouvidos de uma garotinha loira - que rapidamente ganhou uma coloração quase rocha e deu risadinhas nervosas. Tiago torceu o nariz ao notar que Hank Macmillan estava sentado bem ao lado da garota devorando seu jantar com os modos de um perfeito porco e parecia ocupar três lugares de uma vez. Voltou a atenção para o próprio prato, por isso ele não chegou a ver Sirius deitar o conteúdo do frasquinho que carregava no suco de Hank com toda discrição - uma vez que seu chapéu era por demais incômodo aos demais ocupantes da mesa e ocultava toda a visão - enquanto continuava sussurrando no ouvido da loirinha. Feito isso, o maroto voltou a tomar seu lugar junto aos amigos.

-- Você estava convidando aquela garota? - perguntou Tiago.

-- Não - respondeu Sirius. - Na verdade eu nem conheço ela, mas já que ela não tirava os olhos de mim, resolvi fazer uma caridade.

Remo revirou os olhos mais uma vez aquela noite.

Enquanto isso, a cinco lugares de distância, as garotas pegavam no pé de uma Lily furiosa.

-- Aaaaaaah! Me esqueçam! Eu não vou ao baile e ponto final! Está decidido!

Marlene não se conformava.

-- Lily, deixa de ser ranzinza. Quando você estiver velha e solteirona vai se arrepender muito disso!

-- Ranzinza é o seu nariz! E eu não vou ficar velha e solteirona. Muito menos vou me arrepender de não ir a um baile. Não estou a fim. É só aceitar um convite que esses garotos já pensam que você está se rendendo ao charme deles, humpt! Não mesmo!

-- Mas você não precisa beijá-lo se não quiser, Lily - argumentou Alice, que usava somente uma das mãos para comer enquanto a outra estava entrelaçada à de Frank.

-- É isso mesmo! - concordou Marlene, depois de mandar um beijinho e uma piscadela à mesa da Corvinal. - Você não vai estar aceitando um pedido de namoro ou casamento! Como você é careta!

Lily bufou e revirou os olhos.

-- Se eu sou careta o problema é todo meu. E se eu gostar de ser careta?

Nesse momento, um sextanista da Corvinal aproximou-se timidamente de Lily.

-- Hum... Evans?

Lily virou-se, confusa.

-- Oh! Olá, Ackerley.

-- Hum... você... você gostaria de ir ao baile comigo?

Lily ficou vermelha instantaneamente e começou a gaguejar:

-- E-eu... bem... quer dizer... me desculpe, mas eu não pretendo comparecer ao baile, sinto muito...

Lily ficou desconcertada, mas não tanto quanto o garoto.

-- Oh, sim, eu... eu entendo. Até mais então...

-- Até...

-- Eu não acredito! - Marlene sussurrou assim que o garoto virou as costas, porém recebeu um olhar intimidador de Lily, que apontou a própria faca para o nariz dela.

-- Nem um pio, Srta. McKinnon.

A garota encolheu os ombros e passou uma mão na boca como se a fechasse com um zíper invisível.

-- Bem feito, bundão - Tiago resmungou, rabugento, quando o garoto passou por eles.

-- O que você disse? - perguntou Sirius.

-- Nada não.

Mas Remo também tinha assistido à cena. O garoto sentia-se esquisito com relação ao que presenciara, porém não sabia precisar o que sentia. Achou melhor concentrar-se em sua comida e em como dar um jeito de se safar desse baile. Entretanto seus esforços foram interrompidos quando um grito estridente soou da mesa da Corvinal e o Salão inteiro virou-se para Hank Macmillan, que se levantara e enfiara a mão inteira na boca para sufocar os guinchos.

Todos começaram a cochichar e apontar para o garoto, que recusou a ajuda dos colegas de casa e pôs se a caminhar com dificuldade para fora do Salão. Hank andava penosamente com as pernas meio arqueadas e os risos vieram de todas as mesas. Gargalhadas, no caso de três marotos. Remo encarou-os com a testa franzida, obrigando-se a conter o riso.

-- Que ridículo, parece uma pata choca - disse Pedro em meio às gargalhadas.

-- E o que foi aquele gritinho? - perguntou Tiago, chorando de rir.

-- Parecia uma menininha assustada - zombou Sirius com o sorriso de lado mais suspeito de todos, na opinião de Remo.

-- O que você fez, Almofadinhas? - repreendeu o monitor tirando o pompom de seu chapéu da frente dos olhos e atirando-o para trás.

-- O que? Foi voc... não! - exclamou Tiago com uma expressão extasiada.

Sirius sorriu ainda mais, deu de ombros e jogou os cabelos para trás.

-- Ninguém bate num de meus amigos e sai impune.

Remo apertou os lábios e estreitou os olhos, porém sua meiga toquinha de dormir não contribuía em nada para o efeito que queria causar. Tiago pareceu incredulamente emocionado e Pedro lançou um olhar quase de adoração ao maroto de olhos cinzentos.

-- Mas... o que você fez exatamente? - perguntou Pedro.

-- Lembra daquela poção experimental que fizemos na última aula, Pontas? - Sirius dirigiu-se a Tiago, cujos olhos brilharam.

-- Eu não acredito! - exclamou Tiago. - Cara, isso foi genial!

-- Que poção? - questionou Remo ainda tentando parecer repreensor, entretanto sua voz saiu meramente curiosa e o pompom voltou a cair sobre seus olhos.

-- Ela provoca umas bolhas avermelhadas que coçam até estourarem - explicou Tiago.

Pedro pareceu confuso:

-- Mas eu não vi bolha nenhuma.

-- Aaaaaaaah, mas você não veria mesmo - disse Sirius trocando um olhar com Tiago, que caiu na gargalhada. - As bolhas saem nos lugares mais obscuros e íntimos do corpo, se é que me entende...

-- E quanto mais ele coçar, mais bolhas vão aparecer... - Tiago dizia em meio às gargalhadas.

Pedro rendeu-se ao riso junto com os outros e Remo arregalou os olhos. Isso sem dúvida explicava o sofrimento do garoto ao caminhar.

---------------------

N.A. Caso alguém não saiba, a música é We will rock you - Queen. Vocês conseguiram visualizar eles cantando? Vamos ver quem consegue captar uma pista muito sutil que eu dei nesse capítulo? Amei escrevê-lo, espero que gostem. E para os fãs de Régulo Black (como eu) não percam o próximo capítulo - QUADRIBOL! É difícil encontrar fics com partidas de quadribol, não é? Então eu... fiz um capítulo especial XD espero que tenha talento...

Rodrigo Black Potter preciso dizer alguma coisa? Heuheuhue adorei sua sugestão. Dessa vez eu não tinha pensado nisso, mas depois que você sugeriu eu achei que uma vingança marota seria a reação mais esperada! Obrigada. Espero que tenha gostado O.O Interessante essa sugestão sobre o Remo começar a ficar consciente nas transformações. Prometo que vou pensar sobre ela, mas fica para um futuro próximo, blz? Valeu mesmo! Bjo.

Katrina ai que vergonha XDD hehehe brincadeirinha. Fico grata pelos (muitos) elogios, e feliz que esteja gostando da fic (agradeça a seu namorado por mim ;p). Não hesite em fazer perguntas, é sempre um prazer respondê-las e espero que eu não te decepcione JAMAIS. Bjaum.

Aline pois é, o Remo dá vontade de apertar as bochechas; o Sirius dá vontade de morder e o Tiago dá vontade de bater o.O Only Joking! É, eu sei que eu judio do Tiago, mas é tãããão divertido rsrsrsrs bjoka

Gente, reviews viciam! Preciso delas! Socorro! REVIEWS PLEASE! Vamos combinar o seguinte: se eu receber pelo menos 5 reviews (5 num é pedir muito, né?) eu atualizo DOMINGO 21/08. Caso contrário, sinto muito, mas só no SÁBADO 27/08.

------------------

No próximo capítulo...

Sirius tinha seu melhor sorriso de desdém no rosto e encarava a prima em desafio.

-- O que é isso, Srta. Black? Pênalti para a Grifinória - vociferou a juíza.

-- EI! Eu levei um balaço no estômago e você vem ralhar COMIGO? - a garota estava furiosa.

-- Mais respeito quando se dirigir a mim, garota. Você deu uma cotovelada em Hooper!

-- E ele atirou um balaço em mim! - a sonserina apontou Sirius, que deu uma risada venenosa antes de retrucar:

-- Será que você se esqueceu que isso é quadribol, priminha? Ou então que eu sou um batedor? Minha função é acertar os jogadores do seu time, portanto é problema seu se os seus batedores não dão conta do recado.