CAPÍTULO DEZESSEIS

Passeio maroto

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Assim que acabou o jogo, todos dirigiram-se ao Salão Principal para o almoço. Ou melhor, quase todos...

-- Vamos, Aluado, deixa de frescura - Tiago tentava convencer Remo a levantar-se da poltrona em que se afundara na sala comunal da Grifinória.

-- Já disse que não - esganiçou-se o outro. - Eu sou monitor agora, não posso sair por aí quebrando regras. Ou melhor, quebrando ainda mais regras.

-- Ninguém precisa saber, pombas! - Tiago deu um tapa na própria perna, fazendo seu bolso tilintar cheio de moedas.

Pedro estava de pé em frente à entrada e Sirius estava encostado na parede apoiando-se numa das pernas e encarando os dois amigos com ar de tédio. Remo continuava sentado segurando o encosto da poltrona com força, como se tentasse impedir a si mesmo de levantar.

-- Mas vão dar por nossa falta! Principalmente de você e Sirius. O time vai querer comemorar a vitória e cumprimentá-los. Não vou tentar impedi-los de ir, mas vou ficar para dar uma desculpa qualquer e...

-- Chega! - Sirius quase gritou. - Daqui a pouco todos vão terminar de almoçar e então não poderemos mais ir. Vamos.

-- Isso mesmo - Remo concordou. - Apressem-se, eu seguro as pontas por aqui...

-- Aluado - Sirius interrompeu-o novamente. Dessa vez ele desencostou-se da parede e caminhou firmemente até os dois. - Você não entendeu. Eu disse VAMOS!

Com essas palavras, Sirius segurou Remo pelos ombros e deu um puxão, forçando-o a levantar-se.

-- Mas, Almofadinhas...

-- Não me obrigue a usar a varinha, Remo - advertiu o maroto e empurrou-o em direção ao buraco do retrato. - Vamos os quatro e está decidido. Sempre foi assim e sempre será.

Eles o fizeram atravessar a passagem primeiro e então saíram para o corredor também. Começaram a caminhar, o bolso de Tiago tilintando alegremente e Remo acompanhou-os relutante ainda tentando argumentar.

-- Eu não posso, tenho uma responsabilidade agora...

Foi a vez de Tiago interrompê-lo:

-- Aluado, por que você tem que complicar tudo sempre? Regras foram feitas para serem quebradas, senão que graça teria a vida se todos fossem certinhos e obedientes.

-- Seria tedioso - concluiu Pedro.

Eles começaram a descer alguns lances de escadas.

-- Além disso, não estamos fazendo nada de mais - acrescentou Sirius displicentemente. - Só vamos dar um passeio para comemorar nossa vitória.

-- E não poderíamos comemorar sem você, Aluado - ponderou Tiago.

-- Exatamente. Nós somos os marotos. Os quatro marotos. Já não nos separamos mais nem mesmo nas noites de Lua Cheia e você vem com manha dizendo pra nós festejarmos sem você? - Sirius fez-se de indignado.

Pedro concordou enfaticamente com a cabeça. Tiago exemplificou para reforçar:

-- Seria como tentar andar sem uma perna...

-- Calçar um só pé de sapato... - Sirius continuou sua linha de raciocínio.

-- Comer goiabada sem queijo...

-- Torradas sem geléia...

-- Não comer docinhos de hortelã depois do almoço...

Todos olharam estranhamente para Pedro, autor do último comentário, como se só o tivessem notado naquele instante.

-- Agora você viajou, Rabicho - disse Sirius com cara de piedade. - Não conheço uma alma viva que coma aqueles docinhos além de você.

-- Melhor você ficar quieto, cara... - Tiago deu uns tapinhas consoladores no ombro do amigo indignado, que enrubesceu.

Em seguida, os três encararam Remo como três perfeitos pontos de interrogação.

-- Está bem, está bem - rendeu-se Remo assim que eles atingiram o terceiro andar. - Já estou convencido, tá legal?

-- Yeeeeeeeeeah! Ninguém resiste a meu poder de persuasão - concluiu Sirius com seu sorriso arrogante.

-- Seu, vírgula! Nosso poder de persuasão é infalível realmente.

Remo riu e meneou a cabeça. Eles passaram em frente à estátua de uma bruxa de um só olho e observaram ao redor. Sirius sacou a varinha e apontou-a para a corcunda da bruxa:

-- Dissendium! - exclamou o garoto e a corcunda moveu-se revelando uma passagem secreta. - Vá na frente, Aluado.

E sem esperar uma resposta, Sirius empurrou Remo pela passagem.

-- Woooooooooooooooow! - Remo escorregou por um túnel de pedra até aterrissar no chão empoeirado e escuro. - Lumos!

Uma luz projetou-se de sua varinha e ele tratou de levantar-se para não ser atropelado pelo próximo a descer pelo escorrega. Porém Pedro estava dando um pouco de trabalho para Sirius e Tiago.

-- Murche essa barriga, pançudo comilão! - Sirius e Tiago tentavam forçá-lo pela abertura, mas Pedro estava muito gordo e a abertura era estreita.

-- Eu... estou... puf... tentando! - Pedro ofegava devido ao esforço para desentalar-se.

-- No três então... - sentenciou Tiago olhando significativamente para Sirius, que concordou com um aceno.

-- O que vocês vão fazer? - tremeu Pedro, porém Tiago já começava a contar.

-- Um... dois... três! - os dois marotos deram impulso e empurraram Pedro com vontade túnel a baixo.

-- Aaaaaaaaaaaaaah!

WHRAP

Pedro rolou pelo chão empoeirado.

-- Porcaria! - ouviu-se a voz de Tiago lá do alto. - Sirius, seus ombros estão muito largos! Vou ter que te empurrar também?

-- Não! Calma aí, eu me encolho assim, olha só.

Sirius encolheu os ombros e espremeu-se pela passagem deslizando. Tiago seguiu-o com toda a facilidade, vantagens de ser pequeno e magrelo.

-- Yohoooooooooooo!

-- AI! - gritou Sirius ao receber o impacto nas costas, ainda sentado no chão.

-- Foi mal, cara - sorriu Tiago.

-- Vamos logo - chamou Remo. - Não sei como Filch ainda não apareceu com toda essa bagunça!

Eles avançaram pelo túnel fazendo piadinhas, cantarolando e Tiago batucando o bolso. Tudo isso provocava um eco ensurdecedor no túnel até que chegaram aos pés de uma longa escada, que eles subiram aos sussurros. Já estavam acostumados com a jornada e saíram com toda cautela no porão da Dedosdemel no vilarejo de Hogsmeade. A língua de Pedro passeou gulosamente por seus lábios e seus olhinhos lacrimejantes brilharam, mas Sirius sacudiu-o, arrancando-o de seu transe.

-- Nada de doces agora, Rabicho. Temos a tarde toda. Agora nós vamos almoçar.

Uma hora mais tarde, eles estavam todos cheios e animados, sentados em uma mesa do Três Vassouras.

-- Rosmerta, minha linda, traga mais uma rodada de cerveja amanteigada, sim? - Sirius piscou um olho galanteador para a garota atrás do balcão.

-- É pra já! - respondeu a bruxa eficiente. Rosmerta era recém-formada em Hogwarts e ajudava seus pais nos negócios desde que terminara os estudos. Era uma garota loura de cintura fina muito bonita e simpática. Todos no Três Vassouras já estavam acostumados com as visitas fora de época dos quatro estudantes, apesar de não fazerem idéia de como eles conseguiam essas proezas, por isso Rosmerta nem se deu ao trabalho de questioná-los. Apenas tratou de servi-los.

-- Obrigado, Rô - agradeceu Sirius numa voz rouca quase ao pé do ouvido da garota que enrubesceu discretamente.

-- Ora, não foi nada.

-- Sente-se um pouco conosco, Rosmerta - convidou Tiago, ao que os outros concordaram.

-- Obrigada, rapazes, mas eu não posso. A casa está cheia e tenho muitos clientes para atender...

-- Mas você com certeza deve ter alguns minutinhos de folga, não? - perguntou Sirius.

-- Sim, mas...

-- Então ótimo, sente-se conosco.

Remo já estava de pé e colocava uma cadeira - que ele pedira educadamente ao casal da mesa ao lado - entre Sirius e Pedro. Em seguida o garoto indicou a cadeira para que ela se sentasse. Rosmerta suspirou antes de aceitar o convite. Já devia ter aprendido que era inútil tentar argumentar com eles.

-- Obrigada, Remo.

-- Não por isso - respondeu o garoto gentilmente tornando a sentar-se.

-- Então - Sirius apressou-se a desviar a atenção que a garota dirigia ao amigo - o que você me diz de uma queda de braço, Pontas?

-- Pontas? - Rosmerta ficou curiosa.

-- Sou eu! - esclareceu Tiago e emendou antes que ela pudesse falar novamente: - Não pergunte, por favor! Aceito o desafio, Almofadinhas.

Rosmerta voltou a franzir a sobrancelha em confusão, entretanto não tornou a questionar. Remo rolou os olhos nas órbitas antes de disfarçar tomando um grande gole de sua caneca. Enquanto isso os amigos se ajeitavam nas cadeiras e davam-se as mãos com os cotovelos apoiados na mesa, olhos cinzentos arrogantes contra olhos castanhos desafiantes.

-- Aluado, você pode contar pra gente? - inquiriu Sirius.

-- O Rabicho conta - esquivou-se Remo de imediato.

-- Você consegue contar até três, Rabicho, ou precisa de ajuda? - Sirius sorria enviesado, gesto que Rosmerta admirou disfarçadamente.

-- É claro que consigo! - indignou-se Pedro. Molhou a garganta com sua cerveja amanteigada e empertigou-se na cadeira.

-- Vou ganhar essa pra você, Rô - voltou Sirius com sua voz novamente rouca, fazendo a garota sorrir.

-- Vai sonhando - provocou Tiago.

-- Você é que está. Pode mandar ver, Rabicho.

-- Um... dois... - conforme ele contava seus dedos se erguiam no ar. - três... AGORA!

Com o berro de Pedro, os dois começaram a forçar o braço do outro em direções opostas. Por um tempo mínimo, pareciam estar em igualdade de força, mas logo Sirius foi tomando vantagem e torcendo o braço de Tiago de encontro à mesa quase com facilidade.

-- HÁ! Tomou, papudo? - esculachou Sirius satisfeito. - Viu, querida, eu disse que venceria por você.

-- Vencer uma vez é fácil - retrucou Rosmerta com um sorrisinho dividido entre o divertido e o provocativo.

-- Muito bem. Então quem é o próximo? - Sirius esfregou as mãos olhando ao redor. - Você Rabicho!

-- E-eu?

-- Claro que é você, maluco - Tiago cedeu seu lugar a um nervoso Pedro. - Eu darei a largada. Um... dois... três... JÁ!

E no instante seguinte, o braço de Pedro já quase tocava a mesa. Pego de surpresa, Pedro tentou reagir de última hora, mas já não tinha mais jeito. Rendeu-se arfante.

-- Fácil, fácil - desdenhou Sirius, dando outra piscadela para Rosmerta. - Vamos, Aluado, só falta você.

Não adiantava protestar, Remo sabia. O jeito era terminar logo com isso. Mas isso não significava que ele estivesse disposto a facilitar... Sentou-se no lugar que Pedro deixava e preparou-se encarando seu oponente nos olhos sem pestanejar. Tiago manifestou-se.

-- Preparem-se... Um... dois... três... JÁ!

Logo de saída, Sirius conseguiu uma vantagem mínima, mas seu braço foi sendo lentamente forçado a recuar pelo seu oponente. Não era nenhum segredo para eles que Remo possuía muito mais força do que aparentava, devido às transformações que era obrigado a passar todos os meses, porém era sempre impressionante e Sirius indignou-se colocando ainda mais determinação no que pretendia. Com muito custo, conseguiu vantagem novamente. Depois de intermináveis segundos, a mão de Remo tocou a mesa e ambos relaxaram arfantes.

-- Ufa! Esse deu trabalho. Mas o resultado não é surpresa para ninguém, não é mesmo? - vangloriou-se Sirius.

Todos riram diante de tanto egocentrismo.

-- Ok, Sirius, eu admito: você é invencível - Rosmerta tratou de inflar ainda mais o ego avantajado do garoto. - Fico lisonjeada.

-- Você merece, meu bem, você merece. Agora, você não acha que eu mereço alguma recompensa, heim?

Rosmerta gargalhou diante da cara de cachorro pidão do maroto.

-- E o que você sugere como recompensa?

A expressão de desdém estava de volta num piscar de olhos.

-- Bem, não sei, quem sabe uma garrafa de Whisky de Fogo...

-- Isso é golpe baixo, Sirius - ela tentou parecer brava, mas continuava sorrindo junto com os outros marotos. - Você sabe que eu não posso! Nenhum de vocês é maior de idade!

-- Ora, Rosmerta, já tenho dezesseis, praticamente. Além disso, ninguém suspeitaria que sou menor. Olhe para mim e diga se eu não pareço ter dezessete, vamos? Por favor, Rô, minha linda...

-- Não adianta, Sirius, eu sinto muito. E se vocês não querem mais nada, com licença, preciso atender aos outros clientes...

-- Não, espere! - Sirius segurou seu braço antes que ela se afastasse. - Está bem, não vou insistir nisso, mas você poderia separar para nós, vejamos, quatro caixas de cerveja amanteigada?

-- Quatro caixas? - a garota levantou uma sobrancelha e os demais garotos também pareceram intrigados.

-- Sim. Nós viremos buscá-las no fim da tarde, tudo bem?

-- Bem... ok.

-- O que você tem em mente, Sirius? - perguntou Tiago assim que Rosmerta se afastou.

-- Festa! - disse simplesmente depois de acabar com sua cerveja e bater o copo na mesa. - Não seria justo recusarmos a festejar com o restante do time também, não é verdade? E sem sermões, Aluado. Poupe saliva.

Remo voltou a fechar a boca reconhecendo a derrota antes mesmo da batalha e apoiando a cabeça em uma das mãos.

-- Mas que história é essa de invencível? - indignou-se Tiago. - Eu não gostei nada disso, exijo uma revanche!

-- A verdade dói, eu sei. Mas... aceito o desafio só para calar a sua boca, Pontas.

Eles prepararam-se e Pedro deu a largada novamente. Dessa vez, porém, Tiago estava atento e dedicou toda a sua concentração em agir com precisão. Utilizando-se de seus reflexos impressionantes, entrou em ação antes que Sirius pudesse reagir e derrubou seu braço com estrondo na mesa.

-- Ei! Você trapaceou! - Sirius ficou furioso pela derrota.

-- Não, Almofadinhas, ele não trapaceou - sentenciou Remo. - Ele só foi um pouco mais... ágil.

-- Sei, sim. Ele foi malandro, isso sim...

-- Pois é, caro Almofadinhas, a verdade dói, eu sei... - e ignorando o olhar assassino do amigo, continuou com naturalidade: - Vamos circular então, rapazes?

A tarde passou rapidamente - como sempre acontece quando nos divertimos - e logo estavam todos voltando por uma outra passagem que eles conheciam, já que cheios como estavam não conseguiriam voltar pela mesma em que vieram. Estavam com os braços carregados de pacotes além das caixas de cerveja amanteigada e o bolso de Tiago já não fazia barulho nenhum pois estava completamente vazio.

Esse túnel terminava em uma ampla sala secreta de Hogwarts, cuja entrada era um grande espelho velho. Tiago não tinha trazido a capa da invisibilidade e de qualquer maneira ela seria inútil já que eles estavam completamente carregados de compras. Já eram mais de oito horas quando eles chegaram.

-- Tomem - Remo distribuiu os pacotes que carregava entre os outros e adiantou-se para a entrada. - Eu vou na frente para deixar o caminho livre, afinal ninguém desconfiaria de um monitor andando pelos corredores à essa hora. Esperem alguns minutos antes de sair, ok?

Remo atravessou o espelho com cuidado e levou um susto quando Filch irrompeu do outro lado do corredor, fitando-o desconfiado. Recuperando-se do choque, o monitor tratou de caminhar falsamente tranqüilo de encontro ao zelador.

-- O que você está fazendo aqui, garoto? - rosnou ele.

-- Bem, estou caminhando simplesmente. Nada de mais - e diante do olhar incrédulo que recebeu continuou: - Sou quintanista e tenho total liberdade de caminhar pelo castelo depois das oito. Além disso, sou monitor da Grifinória.

Filch parecia realmente decepcionado por não ter nada pelo que condenar Remo, porém não disse nada. O grifinório achou melhor continuar lentamente seu caminho em direção à torre para não levantar ainda mais suspeitas e torcer para que os outros não tivessem complicações.

Ao chegar em frente ao quadro da mulher gorda, teve que esperar ainda alguns minutos até os outros chegarem.

-- Caramba, nós precisamos terminar aquele mapa logo. Não podemos passar por um susto desses novamente. Por quê demoraram? - perguntou Remo assim que eles o alcançaram e depois de analisar os pacotes: - Onde está a quarta caixa de cerveja amanteigada.

-- Hum... é que... - antes, porém, que Sirius conseguisse explicar, o quadro girou e Davi Gudgeon apareceu na abertura.

-- Vocês! Onde estavam? Procuramos por toda parte - o garoto virou-se para o interior do aposento. - Ei, pessoal, vejam quem está aqui!

Pronto! Todos começaram a puxá-los para dentro e eles começaram a distribuir as cervejas para os demais.

-- Caracas! Onde vocês conseguiram isso, rapazes? - perguntou Mark Brown aceitando uma cerveja.

-- Isso mesmo, onde vocês conseguiram isso? - Lily Evans estava parada no pé das escadas do dormitório feminino e parecia furiosa.

Sirius deu uma risadinha cínica e continuou distribuindo as cervejas.

-- Você realmente não acha que vamos te dizer, não é mesmo?

-- E aí, Evans, não vai me parabenizar pelo meu desempenho absurdamente invejável no jogo de hoje, pela captura incrível e...

-- Black! Eu exijo saber - cortou a garota impacientemente deixando Tiago com cara de bobo. - Sou monitora e não posso autorizar isso. Onde está Remo quando eu preciso de apoio?

Remo apareceu a seu lado, com a testa franzida.

-- Lily, será que eu poderia ter uma conversinha com você?

-- Mas, Remo... Potter e Black...

-- Por favor, Lily.

Lily encarou os outros que agora estavam tirando alguns marshmalows dos pacotes que traziam e espetavam em espetos compridos, encarregando alguns alunos mais novos de esquentarem na lareira.

-- Está bem - concordou a garota e aceitou sentar-se em frente de Remo em uma mesinha vazia.

-- Lily, eu sei que não devia pedir isso, mas... veja bem, não fará mal nenhum deixá-los festejar um pouco, não acha?

-- Remo! - Lily indignou-se. - Eu não acredito que você está me pedindo uma coisa dessas! Veja só o que eles trouxeram, onde arranjaram tudo isso? Tenho minhas suspeitas de que foi em Hogsmeade, mas não vejo como! Se a Profª. McGonagall sonhar que nós permitimos que isso acontecesse... Eles estão encrencados, Remo e não há nada que você possa fazer. Vou agora mesmo avisar...

Lily fez menção de levantar-se, porém Remo segurou seu pulso com firmeza e encarou-a nos olhos verdes.

-- Não, Lily, por favor. Se você fizer isso, eu estarei encrencado também. Não sei se você reparou, mas eu também sumi a tarde toda.

-- Oh! Remo, como você pode?

-- Ouça, Lily, não existe desculpa pra isso, eu sei e não vou tentar me desculpar. Apenas achei que não faria mal algum. Olhe para eles, estão tão felizes e satisfeitos com o resultado do quadribol! Vamos, deixe-os divertirem-se um pouco, sim?

-- Oh, céus! - Lily encarou-o por alguns intermináveis segundos antes de render-se. - Ok, vou fingir que não sei de nada... Mas se eles aprontarem alguma...

-- Eles não vão - Remo sorriu com gratidão e ofereceu-lhe uma caneca de cerveja amanteigada.

-- Obrigada. Isso é muito arriscado, sabia Remo? Poderíamos perder nossos cargos ou ser expulsos, sei lá. Se alguém ficar sabendo disso...

-- Relaxe, Lily. Relaxe e aproveite. Ninguém vai ficar sabendo. Estou doido por marshmalows, você não?

Assim Remo conseguiu dobrar a monitora e ela até que se divertiu bastante chegando quase a esquecer-se da preocupação que sentia. Os dois monitores ficaram conversando separadamente do restante dos grifinórios que festejavam e bagunçavam, liderados pelos demais marotos. Tudo correu muito bem até o momento em que Sirius interrompeu a conversa dos dois verificando a caneca vazia de Remo.

-- Tome mais uma, Aluado, é a última. Se quiser, pode dividir com a Evans.

-- Obrigado, Almofadinhas. Aceita, Lily?

-- Oh não, estou satisfeita.

Remo virou a caneca com tudo e tomou um grande gole, cuspindo-o logo em seguida no chão.

-- Remo, o que foi? - preocupou-se Lily, porém Remo parecia zangado.

-- Sirius! Onde você conseguiu isso?

-- Isso o quê? - perguntaram Sirius e Lily ao mesmo tempo, a garota desconfiada e o garoto dissimulado.

-- Whisky de Fogo!

-- O quê? - novamente os dois exclamaram ao mesmo tempo e se viraram para encarar-se.

-- O que significa isso, Black? - Lily estava vermelha de fúria.

Sirius parecia muito calmo e deu de ombros.

-- É Whisky de Fogo sim, e daí?

-- Black, isso é ilegal!

-- Almofadinhas, onde está aquela garrafa esperta, heim? - Tiago aproximara-se de Lily, que tapou o nariz ao sentir o cheiro forte de bebida que vinha do garoto.

-- Está aqui - Sirius passou a garrafa já quase vazia e Tiago preparou-se para entornar no gargalo mesmo, no entanto foi impedido pela ruiva, que tomou a garrafa de suas mãos.

-- Nem pense nisso, Potter. Está vendo, Remo? É nisso que dá dar liberdade a esses delinqüentes - Remo sentiu o rosto queimar de vergonha pela atitude dos amigos, porém ficou calado deixando que a garota continuasse seu sermão. - Mas não vai acontecer novamente, vocês não sabem aproveitar um voto de confiança, vejam só. Já chega! Isso foi longe demais. Todos para a cama AGORA!

-- Quem você pensa que é para dar ordens a todo mundo, Evans? - enfrentou Sirius, aproximando-se da garota e fazendo-a tapar o nariz novamente.

-- Ela é monitora da Grifinória e tem autoridade para isso - a firmeza da voz de Remo funcionou como uma sacudida nas mentes dos outros. Remo não estava gritando, mas parecia determinado e dirigiu-se para todos claramente: - Vocês ouviram o que Lily disse, o que estão esperando? Todos para seus dormitórios. A festa acabou. Me desculpe, Lily, nem sei o que te dizer...

-- Não se desculpe - cortou-o Lily, impaciente. - A culpa não foi sua. Acredito que você esteja tão decepcionada quanto eu.

Remo não soube o que dizer, apenas murmurou um "boa noite" e seguiu os amigos para o dormitório. Lily jogou-se na primeira poltrona que encontrou e quando todos já tinham se recolhido a garota encarou a garrafa que ainda segurava. Havia ainda um pouco da bebida e ela ficou encarando-a com o pensamento distante. Nunca tinha experimentado e sentia-se tentada a fazê-lo agora, porém lutava com sua consciência. Afinal, aquela garrafa tinha sido o motivo da discussão, não é mesmo? Bem, só um gole não faria mal...

Cheirou o gargalo e afastou-a com uma careta. O cheiro parecia forte demais. Tapou o nariz e virou a garrafa sorvendo um pequeno gole antes que se arrependesse. Engasgou, tossiu, sentiu a garganta queimar, o estômago protestar e os olhos lacrimejarem. Sem pensar duas vezes, atirou a garrafa no fogo da lareira, causando uma pequena explosão. Era bem forte, parecia que ela tinha engolido uma bola de fogo, porém depois de passado o choque até que o gosto era bom! Ficou encarando o fogo por alguns minutos, arrependida por ter jogado o whisky na lareira sem nem pensar direito. Por fim suspirou e dirigiu-se a seu próprio dormitório.

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-- Como vocês conseguiram a garrafa? - perguntou Remo secamente assim que todos estavam no dormitório. Pedro soluçava e parecia muito afetado, com seus olhinhos vermelhos.

-- Mundungo Fletcher - respondeu Tiago. - Nós o encontramos no caminho e ele nos ofereceu em troca de duas caixas de cerveja. É claro que nós pechinchamos e ele acabou deixando por uma caixa.

Foram as únicas palavras que eles trocaram naquela noite antes de dormirem.

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N.A. O Remo tenta colocar juízo nas cabeças daqueles três, mas quem resiste? Afinal, ele não deixa de ser um maroto... Gostaria de agradecer pelas reviews pessoal, fico muito feliz em lê-las. Fiquem a vontade para criticar, mas deixem sua opinião, por favor. Elas ajudam bastante!

aRTHuR BLaCK eu é que agradeço por acompanhar a fic! Vc disse sobre postar... vc posta alguma fic, ou será que eu entendi errado? Pq eu já pesquisei seu nome aqui no fanfiction, mas não achei...

Tete Chan nossa! "Capítulo perfeito"! Desse jeito eu fico sem graça XD que bom que vc gostou! Pois é, o Tiago é fantástico mesmo, né? Kissessss.

Nessa Reinehr caramba! Você quer me matar do coração? Se bem que eu morreria feliz, mas você não saberia o que vai acontecer daqui pra frente na fic... : amei suas reviews! Quase caí da cadeira quando vi 15 reviews de uma só vez! Nem sei por onde começar... pude reparar que vc definitivamente AMA o Sirius, espero que tenha gostado desse capítulo com queda de braço e tudo o mais ;D Que bom que vc falou sobre o humor, eu fico meio insegura, sabe... é minha primeira fic e eu tento fazer as pessoas rirem, mas nunca sei se funciona. Caracoles! Fui comparada com a própria JK! Eu li novamente todos os livros ressaltando as partes que faziam alusões a eles antes de começar a escrever, talvez isso tenha ajudado um pouco. Eu com certeza saí do bloqueio, mas tive que juntar alguns capítulos muito pequenos, então o que eram 22 capítulos virou 17. Não vai ter tudo isso de capítulos (talvez uns 28), mas eu posso pensar em uma continuação... Eu tenho 19 anos, sei que sou meio grandinha pra fics, mas... . Estava insegura pelo quadribol também, fico muito feliz que vc tenha gostado. Também odeio a Bellatrix e gosto de explorar a relação Sirius e Régulo, eles se encontram mais vezes na fic. Eu adorei o fato de vc concordar comigo quanto a personalidade dos marotos (quem bom que alguém lê minhas notas!), talvez eu faça o Tiago menos arrogante do que deveria (se vc reler o episódio da penseira no 5º livro, vai ver que ele é terrível!). Eu amo o Remo e talvez eu faça ele perfeito demais, mas eu tento colocar defeitos e acertos em todos eles, na medida certa. Bem, eu passaria o dia falando sobre eles, tenho que me refrear aqui nas respostas dos reviews. Meu sorriso persiste por uma hora depois de reler seus comentários pela milésima vez! Obrigada, muitíssimo obrigada e continue comentando XD beijos.

Aline eu não preciso dizer que amo suas reviews quilométricas, né? Adorei a idéia do "Remo o despertador", ele é fofo, eu sei disso. Pena que o balaço do Sirius não quebrou o nariz da Bellatrix, né... "Resumindo" HAHAHAHAHA, "Aline envergonhada" HAHAHAHA, assim vc me mata... Peraí, isso tá mais parecendo uma review da review o.O thanks and kisses.

Obrigada também a todos que leram e não comentaram. Próxima atualização: sábado.

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No próximo capítulo...

-- Eu não pretendia te contar, mas já que você insiste - ele deu de ombros. - Nós levamos garotas para o nosso dormitório durante essas noites em que nosso amigo monitor não está.

Lily arregalou os olhos para Sirius e corou furiosamente, assim como Tiago e Pedro, que encararam o amigo com incredulidade.

-- Pois é, Evans, você pediu. E eu não deveria ter contado, então terei que alterar sua memória para que você esqueça o que eu disse.

Lily pareceu petrificada ao observar Sirius levar as mãos às vestes.