CAPÍTULO VINTE E QUATRO

Pulgas

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Até o final daquela semana os três animagos e o lobisomem já tinham explorado um bom pedaço da Floresta Proibida. Encontraram paisagens impressionantes, apesar de muito poucas criaturas - devido à grande quantidade de neve que caía durante a noite. Em geral viam animais pequenos e pássaros noturnos que faziam sons de arrepiar os cabelos da nuca de qualquer aluno, mas que não assustavam as quatro criaturas cheias de curiosidade que descobriam aquele mundo novo e muito interessante. Tiveram um vislumbre de um belíssimo unicórnio, que teria passado despercebido confundindo-se com a neve se não fosse o brilho dos olhos do animal.

As criaturas da floresta pareciam não se importar com eles. Mesmo o lobisomem não passava de um lobo comum, mais curioso do que ameaçador em companhia dos amigos.

Eles não caçavam, já que Remo tomava precauções para saciar sua fome completamente antes da transformação, pois um lobisomem faminto não seria nem um pouco dócil. Pontas era assaltado por um desejo excêntrico cada vez que avistava uma pontinha de verde no chão, porém resistia bravamente. Almofadinhas estava sempre muito ocupado em cheirar os rastros na neve e pular em seus amigos. As únicas coisas que colocava na boca eram gravetos, que ele disputava com Aluado num gostoso pega-pega. Rabicho era a exceção. O ratinho cheirava tudo o que encontrava pelo caminho e provava tudo o que seu olfato classificava como "comestível".

Remo não tinha do que reclamar pela manhã e até a tarde de sábado ele já estava bem menos apreensivo. De fato, já fora convencido de que não havia com o que se preocupar enquanto tivesse a companhia dos animagos.

Aquela noite seria a última de Lua-Cheia e o tempo estava mais ameno. Portanto eles aproveitaram para embrenhar-se mais fundo na floresta. Encontraram uma clareira com algumas ervas mágicas, a julgar pelo fato de resistirem à neve. Devia ser esse o lugar em que Hagrid costumava apanhar os ingredientes das poções do Prof. Jigger. Enquanto cheirava as ervas com aquele seu desejo de mastigá-las, Pontas tinha certeza que havia mais alguma informação importante relacionada com esse lugar. Seus instintos lhe avisavam isso, porém não conseguia se lembrar o que era - até o momento em que ouviu os latidos divertidos de Almofadinhas e Aluado.

Rabicho, que estava a seu lado, empinou-se nas patinhas traseiras e agitou os bigodes na direção do som. Pontas ergueu o pescoço altivo para deparar-se com um gramado tão verde que chegava a ser indecente no meio de toda aquela neve. Aluado e Almofadinhas estavam rolando na grama disputando um graveto. Um alarme soou na mente de Pontas, ele aproximou-se a galope derrapando antes de atingir o gramado e pôs-se a patear o chão e fazer ruídos para chamar a atenção dos outros. Rabicho observava de longe, ainda agitando os bigodes freneticamente.

Os dois brincalhões interromperam a diversão para prestar atenção ao cervo. "Venha brincar, você também! Não passe vontade!" Almofadinhas latiu para ele. Porém Pontas não avançou, pelo contrário, afastou-se ainda mais escoiceando e inclinando o pescoço para trás "Saiam daí, seus cabeçudos!". As orelhas do cão ficaram em alerta enquanto Aluado se aproveitava da distração para tomar o graveto de sua boca e agitá-lo de um lado para outro, rosnando e sacudindo. Entretanto foi obrigado a interromper a brincadeira quando sentiu uma coceira numa das patas traseiras. Largou o graveto no mesmo instante e concentrou-se em mordiscar o local até saciar a coceira. Pelo canto do olho ele pôde ver Almofadinhas soltar um gemido, sentar-se e levar a pata traseira até o pescoço, coçando-se e girando ao redor de si mesmo pelo esforço.

Subitamente, Almofadinhas saiu em disparada para fora do gramado e postou-se ao lado do cervo latindo para Aluado, que seguiu-o - não sem parar no meio do caminho para coçar o lado do corpo com as presas.

Lobo e cão puseram-se a rolar na neve, interrompendo-se vez ou outra para se coçar, e Pontas parecia afobado enquanto Rabicho preocupava-se em manter distância dos outros. Com muito custo eles fizeram o caminho de volta ao Salgueiro Lutador.

Almofadinhas fazia um escândalo cada vez que sentia uma mordiscada em seu couro e começava a rosnar para o próprio pêlo, como se tentando expulsar dele os causadores daquele piquenique. É claro que estava com pulgas! Como fora tolo! "Malditas pulgas!". Observou com pesar o lobisomem se coçando e até dispôs-se a coçar seu pescoço enquanto ele se ocupava com o próprio rabo.

Enfim chegaram na Casa dos Gritos bem no momento em que a aurora despontava e a lua desaparecia no horizonte. Aluado começou a contorcer-se no chão, dessa vez de dor, enquanto suas formas mudavam lentamente. Remo quase não passava por essa transformação acordado, geralmente adormecia antes da lua sumir, mas dessa vez teve que passar por ela consciente. Gritou e mordeu as costas da mão arrancando sangue até seus músculos finalmente relaxarem e ele se encontrar arfante e nu no chão frio, sendo coberto por Tiago com uma manta, enquanto Pedro pegava suas roupas e Sirius... Onde estava Sirius?

Ouviu um grunhido meio rosnado e levantou a cabeça, apoiando-se nos cotovelos para ver Almofadinhas virando-se e contorcendo-se para tentar coçar as costas. Remo sorriu.

- Almofadinhas, seu estúpido! - Tiago aproximou-se do cão, abaixando-se e começou a ralhar enquanto coçava suas costas e o cão gemia em agradecimento. - Por que você tinha que rolar naquela grama? Esqueceu do que Hagrid disse sobre uma clareira enfeitiçada e coberta de pulgas, infeliz? E ainda arrastou o Aluado! Pulguento filho de uma cadela...

Remo escutou aquelas palavras com o cenho franzido, com a mente ainda meio nublada até avistar Pedro estendendo suas roupas.

- Aqui estão, Aluado.

- O-obrigado - ele estendeu o braço para pegá-las e só então percebeu alguns arranhões em sua pele. Não só no braço, seu corpo inteiro tinha vermelhões doloridos e arranhões. Ele coçou a cabeça, onde sentiu uma pontadinha incômoda e então as lembranças vieram como uma avalanche: o graveto disputado com Almofadinhas; as ervas; o gramado verde e agradável; e então... coceira, muita coceira.

Ele já tinha acabado de se vestir quando Tiago esgotou seu estoque de xingamentos ao cão sofredor.

- Anda! Levanta, seu mole! - ordenou o maroto pondo-se de pé e ajeitando os óculos no rosto. - Temos que levar o Aluado.

POC

- Que humilhação! Sirius Black com pulgas! Onde já se viu! - Sirius levantou resmungando para si mesmo e coçando a cabeça com ferocidade.

- Consegue caminhar, Aluado? - perguntou Tiago gentilmente.

Remo concordou com um aceno de cabeça e os quatro puseram-se a caminhar.

- E agora? O que vamos fazer? - perguntou Pedro.

- Eu não vou fazer nada - disse Tiago dando de ombros. - Não sei se vocês repararam, mas não estou me coçando.

- Nem eu - Pedro suspirou aliviado.

Sirius impacientou-se.

- Tá! Tá bom! Não precisa dizer que eu fui idiota porque eu já estou sabendo, ok? Erro meu, eu admito, agora dá pra parar de atirar pedras? - ele rosnou para Tiago enquanto tentava alcançar o meio das costas.

Tiago não respondeu, porém pareceu satisfeito com as palavras do amigo e até coçou suas costas solidariamente.

- E essas feridas? - perguntou Remo coçando atrás da orelha e analisando os vergões visíveis no pescoço e braços de Sirius, iguais aos seus. - Pretende ir na enfermaria?

- Não posso. Madame Pomfrey pode desconfiar. Posso dar um jeito de escondê-las, mas preciso de um banho urgente - ele voltou a esfregar as unhas na cabeça.

- É - ponderou Tiago. - Imagino que Madame Pomfrey esteja acostumada com vários tipos de acidentes e doenças por trabalhar numa escola de magia, mas acho que um garoto com pulgas certamente seria algo novo para ela.

- Cala essa boca, Pontas - rosnou Sirius tentando manter as mãos desocupadas por um minuto inteiro e falhando miseravelmente.

- Tudo bem, eu me calo - disse Tiago e após alguns segundos de silêncio continuou: - Mas se você quiser, eu posso pedir para o Hagrid aquela Poção Anti-pulgas que ele usou em Poppy, eca - ele torceu o nariz ao lembrar-se do cheiro.

Remo e Pedro seguraram o riso e Sirius limitou-se a arreganhar os dentes e fuzilá-lo com um olhar ameaçador antes de abaixar-se para coçar o tornozelo.

Eles puderam ouvir as palavras da enfermeira assim que pôs os olhos em Remo.

- O que são esses avermelhados, Sr. Lupin? E está machucado, veja só - ela analisou a mão que ele mordera durante a transformação e meneou a cabeça. - Ora, pobrezinho, fazia tanto tempo que não se agredia, não é mesmo? Mas por que está se coçando desse jeito? Esses arranhões... não me diga que... pulgas?

- Hum, eu acho... - Remo baixou os olhos. Será que ela suspeitaria que ele saíra da Casa dos Gritos? Porém a expressão da enfermeira era de pesar, não de desconfiança.

- Ora, coitadinho, eu vivo dizendo que aquele lugar precisa de uma faxina, mas ninguém se dispõe a limpá-lo há mais de dois anos! Vou conversar com o diretor. Deve estar enfestado de pulgas!

- Eu não acho que esteja - argumentou Remo.

- Como não? - perguntou ela arqueando uma sobrancelha.

- Acho que estão todas em mim! Não deve ter sobrado nenhuma na Casa dos Gritos!

Ela deu um sorrisinho quase amigável antes de continuar tagarelando e dirigindo-se para o castelo.

- Não se preocupe, querido. Nós vamos acabar com elas em um minuto, você vai ver. Eu tenho um xampu ótimo...

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Sirius estava imensamente grato por ser domingo. Ele estava morto de cansaço, mas precisava se livrar dessa coceira humilhante antes de poder relaxar. Foi direto para o banheiro e tomou um longo banho usando metade de seu frasco de xampu. Porém não foi suficiente. Sua manhã inteira resumiu-se em três banhos e dois frascos de xampu vazios. Adormeceu por pura exaustão e Tiago percebeu que ele ainda se coçava mesmo dormindo.

- Onde está ele? – perguntou Remo assim que deixou a enfermaria pelo meio da tarde totalmente restabelecido.

- Se recusou terminantemente a deixar o dormitório pelos próximos dois meses – respondeu Tiago cansadamente enquanto pegavam alguns atalhos para a torre da Grifinória.

- Ainda está se coçando?

- Um-hum – concordaram Tiago e Pedro juntos.

Remo pensou por um momento até que eles atingiram o sétimo andar. Então parou para encarar os outros dois.

- Convençam-no a ir com vocês para a Sala Precisa. Eu vou estar esperando, ok?

Eles arquearam as sobrancelhas em dúvida, mas concordaram e arrastaram o animago até a sala secreta. Assim que entraram, viram um aposento amplo com uma bacia razoavelmente grande no centro, toalhas, alguns tapetes espalhados estrategicamente, uma penteadeira com um grande espelho oval coberta de frascos e pentes de todos os tamanhos, além de Remo sentado à frente, de costas para o espelho e sorrindo para eles. Sirius arregalou os olhos junto com os outros dois marotos.

- Pronto para o banho, Almofadinhas?

Tiago e Pedro caíram na risada enquanto Sirius recuperava sua expressão desdenhosa.

- Você não vai me dar banho!

- Não. Eu não. Nós – Remo apontou para si mesmo e os outros dois – vamos dar banho no Almofadinhas.

- Não mesmo! – ele torceu os lábios em escárnio.

Remo levantou-se e caminhou até eles.

- Você é quem sabe. Eu roub... peguei emprestado algumas poções que Madame Pomfrey usou em mim. São cicatrizantes, veja, não tenho mais marcas. E tenho também um xampu especial para piolhos e pente fino – Sirius fez uma careta. – Agora, se você prefere ficar dois meses trancado no dormitório... – ele deu de ombros e empurrou o lábio inferior para frente.

- Eu ainda posso conseguir aquela Poção Anti-pulgas com o Hagrid – ofereceu-se Tiago e esquivou-se do alcance do punho do amigo.

Sirius rosnou antes de render-se:

- Que situação! Tudo bem, já que eu não tenho outra escolha...

E no momento seguinte, eles estavam perseguindo Almofadinhas pelo aposento, tentando forçá-lo a entrar na bacia. Ele ganiu e esperneou quando foi apanhado por Tiago – não era à toa que ele era o melhor apanhador da escola – mas de nada adiantou seus esforços. Uma vez atirado dentro da água, ele começou a fazer bagunça enquanto três pares de mãos o esfregavam e aplicavam a poção em todo o pêlo do cão. Tinha que admitir que não foi de todo ruim, porém ele não facilitaria as coisas para os amigos: encharcou-os sem-querer-querendo; derrubou Tiago na bacia; tentou morder tudo o que alcançava e se sacudiu toda vez que tentavam alcançá-lo com a toalha. Acabou esfregando-se todo num dos tapetes, rolando e latindo para os outros.

- Já chega, Almofadinhas. Vamos cuidar do cabelo agora – Remo apontou a cadeira em frente ao espelho ao que o cão ganiu e estendeu as patinhas para a frente, apoiando a cabeça nela e olhando-o de um jeito que apertava o coração. – É preciso, seu malandro. Venha.

Tiago e Pedro observaram enquanto Remo passava o xampu e o pente fino nos cabelos de Sirius, que fazia caretas e reclamava a cada puxão.

O tratamento acabou se mostrando muito eficaz, sendo que assim que anoiteceu, Sirius já não tinha marca nenhuma visível e nada de coceiras – além de seu cabelo ter adquirido um brilho a mais.

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Os quatro garotos entraram na sala comunal depois do jantar atraindo todos os olhares dos ocupantes, que foram dispersando suas atenções em pouco tempo novamente. Sirius tinha recuperado seu bom humor sarcástico e ocupava-se em piscar para uma garota de cabelos negros curtinhos ao lado de uma baixinha de cabelos encaracolados.

- Ei, Pontas. Dá uma espiada. Eu gostei da de cabelos escuros, você fica com a outra?

Tiago analisou a menina de cima a baixo despudoradamente antes de arrepiar os cabelos e concluir:

- Tudo bem. A gente se vê – acrescentou para Pedro e Remo.

Remo ignorou a atitude dos amigos e pôs-se a examinar as mesinhas ao redor até encontrar uma cascata de cabelos ruivos.

- Venha, Rabicho – chamou enquanto se dirigia até a monitora.

Lily estava absorta em uma leitura de... Adivinhação? Ela estava lendo o livro O Oráculo dos Sonhos que Madame Gonfrey adotara em suas aulas.

- Boa noite, Lily – a garota deu um leve sobressalto e levantou os olhos para eles.

- Oh, boa noite Remo, Pettigrew – o garoto gordinho acenou com a cabeça em cumprimento. – Sentem-se.

Eles sentaram-se e Pedro apoiou a cabeça na mesa, sonolento. Remo reparou que Lily usava aquele tom formal de quando estava brava com ele.

- Então, como foi a viagem? – perguntou ela enfatizando a última palavra.

- Longa, mas valeu a pena – disse ele simplesmente torcendo para que ela parasse de olhá-lo como se o acusasse de usar uma maldição imperdoável.

Depois de alguns longos segundos se encarando em silêncio, Remo baixou os olhos derrotado esperando que ela começasse a chamá-lo de mentiroso, porém isso não aconteceu.

- Eu amei o disco dos Hobgoblins, Remo – o monitor ergueu os olhos e pôde ver toda a doçura de volta naqueles olhos encantadores. - E os chocolates, ouch – ela levou a mão ao estômago e fez uma cara de sofrimento que resultou em um sorriso aliviado do maroto.

- Imaginei que você gostaria. Eu ia dar só os chocolates, mas então você me deu a idéia ao elogiar o grupo no Baile...

- Sim, eles são excelentes. Aquele vocalista tem uma voz muito agradável. E o estilo deles é bem gostoso. Pena que não dê para ouvir na vitrola lá de casa, por ser trouxa, sabe como é. Tive que pedir a vitrola mágica da Marlene emprestada para que meus pais pudessem ouvir as músicas. Eles também amaram! Petúnia ficou indignada e com dores de cabeça, mas ela não conta – ela fez um gesto de desdém, como se espantasse uma mosca do nariz.

- Eu gostaria de agradecer pelo livro também. É fantástico! E a foto ficou muito boa. Seus pais gostaram?

- Se gostaram? Eles se apaixonaram por você – ela soltou uma risada gostosa ao ver o rosto do maroto afoguear-se. – Eu disse que você é muito educado, estudioso e responsável... Ah, e por falar em responsabilidade, temos que discutir a detenção de seus amigos, lembra-se?

Pedro soltou um resmungo de lamentação e levantou a cabeça para encará-los:

- Isso é mesmo necessário?

- Claro que é – respondeu Remo. – Você já planejou algo, Lily?

- Sim, eu pensei em terça-feira às oito horas da noite.

- Pontas e Almofadinhas têm treino de quadribol na terça – resmungou Pedro, recebendo um olhar de censura de Remo e outro confuso de Lily.

- De que você os chamou?

- N-nada não – gaguejou Pedro e Remo achou prudente mudar de assunto.

- Eu acho ótimo, Lily. Você já avisou alguém?

- Conversei com a Profª. McGonagall, e ela sugeriu que usássemos três salas do quarto andar.

- Três salas? – esganiçou-se Pedro. – Mas... vocês pretendem nos separar?

- Obviamente, Pettigrew. Você não esperava confabular com seus amigos enquanto cumpre uma detenção, não?

Pedro ia dizer que sim, porém Remo cortou-o, aproveitando para sanar uma dúvida:

- Combinado então. Nós nos encarregamos de avisar os outros. Mas, afinal, por que você estava estudando Adivinhação se você não gosta dessa matéria?

- Nem me fale – Lily largou-se no encosto da cadeira cansadamente depois de um bocejo. – Eu detesto Adivinhação. Gosto de coisas que possam se comprovadas, exatas, mas eu venho tendo uns sonhos bem esquisitos e persistentes, então achei que poderia tentar esclarecê-los.

- Teve algum progresso?

- Não. Eu me recuso a acreditar nessas interpretações ridículas de que dentro de poucos dias eu vou rolar de uma escada e quebrar o pescoço, mas estranhamente ainda vou viver tempo suficiente para ter trigêmeos – ela respondeu em um tom extremamente irônico, fazendo Remo rir e Pedro arregalar os olhos. – Eu sei, é trágico.

- E que tipo de sonho é esse? - questionou o monitor.

Ela bocejou longamente antes de responder:

- Não é nada de mais, na verdade. Está mais para um passeio na floresta do que um agouro de morte, não se preocupe – ela bocejou novamente. – Me desculpe, Remo, mas estou caindo de sono. Outro dia te conto, ok?

- Tudo bem. Vá descansar, amanhã teremos um dia cheio. Boa noite.

- Noite.

Novamente Pedro acenou com a cabeça em despedida.

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- Eu não devo azarar meus colegas por diversão. Que coisa mais estúpida pra se escrever, hunf – Sirius soltou uma risadinha desdenhosa pelo nariz enquanto escrevia a frase pelo que ele achou ser a milésima vez. – Só pode ter sido idéia da Evans.

- Ela acredita que isso é suficiente para nos converter ao babaquismo – respondeu a voz de Tiago vinda do espelho quadrado virado para cima ao lado de Sirius. Em vez de refletir o teto da sala que ele ocupava, o objeto mostrava a imagem de Tiago de cabeça baixa, escrevendo tediosamente.

- Que ingênua – riu Sirius. – Aposto como ela está toda satisfeita achando que nós estamos isolados e arrependidos por "azarar nossos colegas por diversão".

Tiago também riu antes de acrescentar:

- É verdade. Nós temos que concordar que o Aluado é o melhor amigo do mundo. E você é o melhor irmão do mundo, é claro – ele emendou rapidamente depois de espiar a careta de indignação ciumenta que o outro lhe dirigiu.

- Bem, sendo assim, eu concordo. Só não sei se ele contava que nós usaríamos seu presente nas primeiras detenções que ele nos desse.

- Ah, o Aluado é um maroto também, apesar de monitor – ambos torceram os lábios numa careta idêntica sem nem perceberem, pois estavam de cabeça baixa escrevendo. – Ele não acredita que essas detenções resolvam alguma coisa.

- Mas são chatas – Sirius largou a pena por um momento para flexionar os dedos.

- Sem dúvida que são! Só que eu não deixaria de azarar o Ranhoso só para não ter que fazer linhas!

- Fiquei emocionado com essas palavras, meu amigo, foi a coisa mais tocante que já ouvi na vida! – Sirius levou a mão ao peito teatralmente antes de voltar a escrever. – Nenhum castigo do mundo apagaria a satisfação de se azarar o nariz-de-cabo-de-guarda-chuva Snape.

- Por falar nele, acho que não temos dado a atenção devida a ele, sabe?

- Tem razão. Ele deve estar se sentindo meio ignorado, afinal temos estado bem ocupados com as transformações.

- E algo me diz que ainda estaremos ocupados, pelo menos até o jogo contra a Lufa-Lufa.

Sirius bufou fazendo seus cabelos voarem para longe de seu rosto.

- Nem me fale. Só de lembrar que nós perdemos o treino de hoje me dá vontade de torcer o pescocinho de uma certa monitora. E do Aluado, por não ter protestado.

Tiago visualizou mentalmente Sirius enforcando Lily. Ele imaginou-se derrubando o amigo no chão com um único soco no estômago e teve que sacudir a cabeça para livrar-se da imagem.

- Eu garanto que seria inútil protestar – Tiago defendeu o amigo. – Se eu conheço alguma coisa sobre Lílian Evans é sua teimosia.

- Isso é óbvio. É só olhar para os cabelos vermelhos e tirar essa conclusão – respondeu o outro com sarcasmo. – Que horas são, Pontas?

- Faltam vinte minutos para as onze. Você acha que já deu pra enrolar?

Sirius examinou o próprio pergaminho coberto das mesmas palavras até pouco mais da metade.

- Deixe-me ver o seu. Ah, ela nem vai desconfiar que nós escrevemos isso tudo em vinte minutos. Dá tempo de terminar nosso jogo?

- Claro, eu vou afundar o seu encouraçado em menos de cinco minutos, quer apostar?

- Grande coisa, ainda falta um sobmarinho que você nem imagina onde está, há-há. Eu vou ganhar antes de você encontrá-lo.

- É submarino, sua anta! Fala sério, já faz mais de dois anos que meu pai ensinou esse jogo pra gente e você ainda não consegue dizer os nomes direito!

- Ah, também esses trouxas inventam cada nome esquisito! Mas vai lá: H 13.

- FIUUUUUU SPLASH! Águaaaaaaa! Há-há! E passou muito longe, se você quer saber.

Sirius revirou os olhos.

- Seus efeitos sonoros são realmente incríveis – ironizou. – Anda logo, é sua vez.

- Lançar fogo em A 2!

- Caramba!

- EU SABIA! Afundei o encouraçado, não foi? Heim? Heim?

- Não, mané, foi um submarenho! – Tiago revirou os olhos. - Mas não é possível, você está roubando!

- Como eu posso estar roubando se não consigo ver mais do que essa sua cara de bobo!

- Boba é a... eu ia dizer que era sua vovozinha, mas já que eu ainda tenho esperanças de ser adotado pela sua família acho melhor deixar quieto mesmo. Vai, sua vez de novo, trapaceiro.

Quinze minutos depois, um Sirius carrancudo e um Tiago cheio de si pela recente vitória estavam fingindo escrever quando a porta da sala em que Sirius estava abriu-se e os dois monitores entraram, acompanhados de Pedro. Lily aproximou-se para analisar seu pergaminho enquanto o maroto tratou de passar o braço em cima do espelho a fim de escondê-lo.

- Como você é preguiçoso, Black! Teve tempo o bastante para encher esse pergaminho! – Lily suspirou e meneou a cabeça diante do bocejo de Sirius. - Bem, acho que já chega. Espero que tenha sido suficiente para gravar essa mensagem em seu subconsciente.

- Ah, claro – Sirius revirou os olhos. – Não vou esquecer nunca mais, estou dispensado? Não agüento mais essa solidão – suas palavras pingavam cinismo.

Lily lançou-lhe um olhar desconfiado antes de responder.

- Sim, Black, está dispensado.

- Finalmente – ele recolheu o espelho discretamente, mandando uma piscadela para os outros marotos assim que Lily virou-se e eles dirigiram-se para a sala ao lado para "libertar" Tiago.

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N.A. Caso alguém não tenha compreendido, eles estavam jogando batalha naval, mas acho que ficou bem claro depois dos efeitos sonoros do Tiago O.o Eu tinha que fazer esse banho! Senão não dormiria direito à noite! Oh, céus!

Nessa Reinehr vc tem toda razão, não existe criatura no mundo que não goste do Sirius! E a Lily precisa de lições algumas vezes, sim. Mas os marotos dão conta do recado, não é mesmo? Rsrsrs oh, sim, eles não deixam nada passar mesmo... Que bom que você gostou do jeito que eu descrevi a briga deles e, realmente, aquela livrada na testa foi impagável ehehe! Esse é meu Moony ele é tão fofily! XD Puxa, vc sempre consegue me deixar sem graça com tantos elogios... mas eu ainda terei minha vingança quando vc postar sua fic uhuahuahuahua super beijo!

Tete Chan vc quase chorou? Ohhh que emotion! Pois é, o Aluado foi tolo em pensar que seria abandonado, né! Sim, sim, Lupin é meigo! Lupin é meigo! XDDD A Lily estressada é sempre uma diversão para James haha e James sabe exatamente como fazer isso, não é? Kissssus.

Lilika tudo ótimo! E vc? rsrsrs puxa vida, é sempre bom saber que eu estou agradando! Aki está mais um capítulo pra vc dar uma folguinha para suas unhas ehehe Bejaum.

MiLa ChaN jura? Vc gosta das minhas cenas de animagia? Oh, fiquei encantada! Eu também sou apaixonada por essas cenas, adoro escrevê-las, portanto, taí mais um capítulo com os nossos queridos transformados! Espero que tenha gostado XD A fic vai ter 28 capítulos, ok? Bjus.

LeNaHhH que bom q vc adorou XD Oh, com certeza, o Sirius tem todos os motivos para ser convencido, nós temos que concordar nisso... Bejo.

Mione Lupin oh, eu sinto muito por fazer seu coração doer ehehe, mas uma amizade, mesmo tão sincera como a deles, sempre tem dessas discussões, não é mesmo! As brigas costumam fortalecer as amizades e o desfecho é sempre o mesmo, né! Eles não conseguem ficar chateados por muito tempo... fico feliz que tenha gostado! Bjossss!

Lika Malfoy uhuahuahua vc gostou, fala a verdade! Caramba, como vc implica com o Pedroca! Mas eu tenho que concordar com vc, ele é um rato gordo mesmo... rsrsrs ninguém resiste a Sirius, isso é fato comprovado cientificamente! O.o Tiago não tem amor à própria vida, com certeza, ficar provocando aquela ruivinha desse jeito tsk tsk... don't you shive? aaahhh hahaha vc se arrepiou! Que bom q vc gostou da animagia, Lineee! Eu assisti seus ataques de riso de camarote uhuahuahua Realmente, vc nunca aprende! E eu me divirto, beijão Line!

Muito obrigada a todos vocês! Eu adiantei um pouco a atualização pq vou viajar daqui a pouco, mas a próxima atualização será no outro sábado. Até lá!

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No próximo capítulo...

Lily lançou-lhe um olhar de repreensão, pegou suas coisas e saiu pisando duro.

-- O que foi isso, afinal? - Sirius pôs em palavras o que Remo questionava com o olhar, porém de uma forma muito mais sarcástica do que Remo teria feito.

-- Aquela doida estava ouvindo meus pensamentos, vocês acreditam? - Tiago sussurrou para os amigos.

-- Caracas! - Sirius arregalou os olhos. - Sempre achei que ela não batia bem... Afinal, dispensar você, Pontas... tsk tsk tsk. Isso está mexendo com a cabeça dela, pobrezinha.