CAPÍTULO VINTE E SEIS
Grifinória versus Lufa-Lufa
--------------------------
Mark Brown, o capitão do time da Grifinória, caminhava de um lado para o outro do vestiário.
-- Pessoal, é o seguinte, a Lufa-Lufa nunca foi o melhor time de todos, mas temos que convir que dessa vez pode ser diferente. Nós não conhecemos a técnica desses novos artilheiros e temos que ficar espertos, ok?
-- Fica sossegado, Mark - Tiago abanou a mão como se não houvesse o que se preocupar.
Ele e Sirius ocupavam um banco inteiro cada, com as pernas esticadas e o tronco apoiado na parede. Os outros jogadores estavam em pé ou sentados no chão e pareciam um pouco apreensivos também.
-- Ah, qual é, pessoal, isso aqui tá parecendo um enterro! Desde quando vocês têm medo da Lufa-Lufa? - disse Sirius com desdém.
-- Desde que eles têm trigêmeos como artilheiros! - Mark arregalou os olhos.
-- Você está se preocupando à toa - disse Sirius. - Mesmo se eles forem os melhores artilheiros do mundo, o que eu duvido, porque são secundanistas, oras! Bem, o caso é que, mesmo assim, serão só os artilheiros! Nós temos artilheiros ótimos, uma goleira excelente, além de maravilhosa - ele piscou galantemente para Magnólia Stimpson, que corou - os melhores batedores, modéstia que nunca tive à parte e, convenhamos, quem é melhor do que nosso apanhador?
Houve murmúrios de aprovação dos jogadores e Tiago empertigou-se.
-- Caham, obrigado, eu sei que sou insuperável.
Mark roeu as unhas.
-- Eu sei, eu sei, mas é que, puxa vida, esse é meu último ano em Hogwarts e de repente me bateu um desespero de não levar a Taça de Quadribol...
-- Isso não vai acontecer - dessa vez foi Davi Gudgeon quem falou, um dos artilheiros.
-- É isso aí, nós vamos arrasar com eles, como sempre - concordou Eladora Hooper, artilheira.
-- Vamos mostrar que somos invencíveis - acrescentou Gilberto Wimple, outro batedor, e todos rugiram em concordância.
Mark sorriu nervosamente.
-- É... vamos sim. Vassouras a postos e boa sorte, pessoal.
Eles rumaram para fora do vestiário e foram recebidos pela ovação dos torcedores. Os corvinais estavam divididos entre os que torciam para a Lufa-Lufa e os que torciam pela Grifinória, porém todos os sonserinos vaiaram e os grifinórios aplaudiram com entusiasmo. O tempo estava nublado, o que pelo menos garantia que a claridade não seria um problema, e tinha chovido bastante durante o dia, por isso o gramado tinha algumas poças de lama.
Eles puderam ver o time da Lufa-Lufa entrando pelo outro lado e enfileirando-se em sua frente. Todos os jogadores eram bem baixinhos e miudinhos, pareciam frágeis demais - exceto os batedores, Fábio e Gideão Prewett, ruivos e encorpados. Os trigêmeos Zeller eram idênticos e até um pouco altos para a idade, mas não deixavam de ser classificados como pirralhos nos padrões de Sirius, que tinha quase o dobro de altura.Porém o porte dos jogadores era de certa forma vantajoso, pois assim que se lançaram no ar, os três garotos não passavam de borrõezinhos amarelos, movendo-se calculadamente.
"É isso aí, pessoal! Mais um emocionante jogo começa! Quem será o grande vencedor? Será a Lufa-Lufa ou a Grifinória? Temos sangue novo na minha casa, minha gente! Estamos com tudo para vencer, não nos decepcionem, Zellers, ou eu pego vocês na saída, heim? AU! Foi só uma brincadeirinha, professora." Mundungo Fletcher levara um belo beliscão da Profª. McGonagall, que o vigiava de perto. "E é ponto da Lufa-Lufa! Yeah! É isso mesmo que vocês ouviram! Os trigêmeos já começaram arrasando!" a torcida rugiu e Mark Brown empalideceu.
-- Respira, Mark - Sirius gritou quando rebateu um balaço que ia de encontro a ele.
"E Zeller tem a posse da goles. Passa para Zeller, que repassa para Zeller, que dribla Gudgeon e arremessa para Zeller - NÃO - ele fingiu que ia passar para Zeller, mas passou para Zeller! Xiii, isso não vai prestar... Eu sugiro que no próximo jogo vocês coloquem números para que eu possa chamá-los de Zeller 1, 2 e 3. Se bem que não faz diferença... E que defesa espetaculaaaaaaar de Stimpson!"
Magnólia tinha cabeceado a goles faltando muito pouco para que ela atingisse um dos aros. Sirius e Gilberto estavam tendo muito trabalho com os Prewett. Eles eram bem sincronizados e certeiros, apesar de faltar um pouco de força de vontade - o que definitivamente não faltava em Sirius e ele arremessava os balaços sem dó contra os pirralhos. Aos poucos, os artilheiros grifinórios foram pegando o jeito dos novos jogadores e começaram a marcar suas jogadas eficientemente. Além disso, Otto Bagman, o goleiro da Lufa-Lufa, era um tanto distraído e deixava passar a goles muito facilmente. Bastava Sirius golpear o ar com o bastão e o garoto se encolhia esperando pelo impacto de um balaço invisível.
"Caramba, Bagmam! Ele não arremessou balaço algum, seu tapado! E foi ponto da Grifinória... Setenta a quarenta para Grifinória, mas ainda dá tempo! Vamos, Diggory, cadê aquela bolinha esperta, heim?"
Enquanto isso, Tiago vasculhava os arredores do campo atentamente e cantarolava uma canção:
-- If you're lost, you can look and you will find me, time after time - ele sobrevoou as arquibancadas, percebendo pelo canto dos olhos que Amos Diggory fazia o mesmo do outro lado do campo.
Um balaço atirado por Gideão Prewett veio em sua direção e ele deu uma guinada para cima para se desviar.
-- Opa, cuidado aí, Pontas - Sirius apareceu para rebatê-lo.
-- Sua obrigação é zelar pelos outros jogadores, Almofadinhas, faça seu trabalho direito! - zombou o outro.
-- Há-há, engraçadinho. Devia deixar você se esborrachar, pra ver se aprende - o maroto voltou a descer para interceptar o outro balaço lançado por Fábio. - E vê se você também faz o seu trabalho direito. Até agora você não encontrou o pomo, folgado - gritou no ar pesado enquanto se afastava.
Tiago continuou cantarolando sossegadamente sobrevoando os aros.
-- If you fall, I will catch you I will be waiting, time after time... time after ti... - porém nesse momento ele viu uma bolinha reluzente parada bem rente ao chão, na metade do caminho entre ele e Diggory. Seus olhos brilharam e ele mergulhou verticalmente ao mesmo tempo que o outro apanhador.
-- Lily, olhe! - da arquibancada, Remo apontou os dois borrões vermelho e amarelo que eram Tiago e Amos, emparelhados no ar e descendo vertiginosamente.
-- Oh, céus, Remo, eles vão colidir! - Lily, de olhos arregalados, levou as mãos à boca, como que para abafar as próprias palavras.
-- Tiago sabe o que faz, não se preocupe - por todos os anos que conhecia Tiago, Remo já aprendera de algum modo a confiar na habilidade do amigo, apesar de isso não impedir uma certa apreensão num momento como esse.
-- Não estou me preocupando - retrucou Lily, porém sem tirar os olhos dos garotos nem desfazer sua cara de assombro.
A mente de Tiago calculava a distância entre o pomo e o chão, entre ele e o chão, sua velocidade, tudo isso inconscientemente. Ao contrário de Amos Diggory, que apenas o acompanhava na descida, mas já começava a se apavorar com a proximidade crescente do chão. O grito de desespero de Diggory confundiu-se com o urro da torcida ao presenciar a velocidade em que eles rumavam direto para o chão, seu rosto contorceu-se em pânico assim que presenciou o pomo disparar em fuga para a esquerda quando eles já estavam quase alcançando-o.
Numa manobra habilidosa e arriscada, Tiago retirou a vassoura do mergulho no último segundo e deu uma virada precisa para a esquerda, continuando a perseguição sozinho, uma vez que os "Ohhhhhh!" apreensivos dos expectadores e o barulho do impacto lhe informaram que seu adversário se esborrachara no chão. Totalmente concentrado no minúsculo e ágil globo de ouro à sua frente, Tiago disparou ao seu encalço com uma mão segurando firmemente a vassoura e a mão direita esticada rumo ao pomo, seus dedos se agitando, quase lá, sentindo o roçar das asinhas...
ZUUUUUUUUIM
-- PONTAAAAS!
Tudo aconteceu muito rápido. Um zumbido furioso perigosamente próximo e crescente acompanhado de um grito grave e meio desesperado de Sirius o alertaram para o fato de que um balaço vinha em sua direção.
-- CUIDADO!
Só o pânico do amigo bastou para varrer o pomo de sua mente, juntamente com todos os sons e pessoas ao seu redor. Só restava ele na mira do balaço. Sem pensar duas vezes, Tiago inclinou-se para frente abaixando-se e ergueu o braço que antes perseguia o pomo em direção à cabeça a fim de protegê-la. O balaço passou direto por cima, causando um deslocamento de ar que agitou furiosamente seus cabelos e ele desequilibrou-se da vassoura, caindo e rolando no chão lamacento.
Por sorte estava perseguindo o pomo bem rente ao chão. Quando finalmente o atrito venceu a velocidade incrível em que rolava, o garoto esparramou-se com o rosto de encontro à lama.
-- Pontas! - Sirius pousou no chão e largou a vassoura no chão para examiná-lo. - Não deu tempo de alcançá-lo, cara, aquele Prewett... - e soltou alguns palavrões. - Você está bem? Dói alguma coisa?
Tiago cuspiu lama em resposta, sentou-se com a ajuda do amigo e retirou os óculos para que pudesse enxergar algo, mesmo que desfocado. Então, inesperadamente, começou a rir.
-- O que? Que foi? O que é tão engraçado? Anda, diz alguma coisa! - Sirius sacudiu-o e Tiago gargalhou.
Os outros jogadores também começaram a pousar e encará-lo, divididos entre a preocupação e o divertimento.
-- Que está acontecendo aqui? - Madame Marsh, a juíza, desmontou da vassoura e aproximou-se. - O que ele tem?
Tiago se sacudia, jogava a cabeça para trás e se encolhia como se estivessem fazendo cócegas insistentemente no lado de seu corpo.
-- Não sabemos - disse Mark Brown. - Ele simplesmente começou a gargalhar e não quer mais parar.
-- Ele está ficando roxo - disse Gilberto Wimple apontando para as poucas áreas de pele que não fora coberta pela lama.
Tiago estava ficando sem ar de tanto rir. Jogou-se para trás no chão e contorceu-se, lutando com suas vestes ainda gargalhando.
-- Pontas, o que está acontecendo? - Sirius tinha os olhos arregalados e estava sem ação, tentando segurá-lo e colocá-lo de pé. Porém Tiago, com lágrimas nos olhos, afastou-se dele e finalmente conseguiu enfiar a mão esquerda por baixo das vestes de quadribol e retirar uma bolinha dourada que zumbia e agitava as asinhas prateadas.
-- O pomo! Ele pegou o pomo! - Mark Brown deu um salto no ar antes de pular no chão em cima de Tiago, a despeito do esforço que este fazia para respirar.
E no segundo seguinte o time inteiro estava em cima de Tiago gritando e pulando, se lambuzando na lama enquanto Mundungo Fletcher fazia as explicações - depois de levar outro beliscão da professora por soltar palavrões no microfone:
"Que loucura, minha gente! Depois de incapacitar o apanhador da Lufa-Lufa propositalmente, Potter apanhou o pomo. Ou melhor, Potter foi apanhado de jeito pelo pomo de ouro e a Grifinória venceu com um placar de duzentos e quarenta a sessenta. E parece que hoje teremos grifinórios ao molho para o jantar, vejam só!"
-- Saiam de cima, todos vocês, AGORA! - Madame Pomfrey ordenou e sete jogadores enlameados puseram-se de pé encarando-a com carinhas de anjos extremamente felizes, e ofegantes no caso de Tiago. - Você está azul, menino. Está respirando direito?
Tiago tossiu em resposta, o que resultou em alguns minutos a mais de inspeção. O restante do time dirigiu-se ao vestiário para se limpar enquanto os alunos voltavam para o castelo e começava a garoar. Em meio à multidão de alunos, os dois marotos puderam logo ver Pedro quicando ao redor deles e Remo com um sorriso aberto no rosto e mãos nos bolsos, seguido de Lily. A garota parecia um pouco pálida e mais emburrada que o normal. A garoa fina umedecia seu cabelo e colava as mechas às bochechas.
-- Tudo bem aí, Tiago? - perguntou Remo assim que a enfermeira afastou-se resmungando.
-- Melhor impossível - respondeu o garoto, encarando Lily com seus óculos limpos de volta no rosto. - Então, Evans, não vai me dar um abraço?
Ele abriu os braços em espera e Lily deu um passo para trás fazendo uma cara de asco ao encará-lo coberto de lama.
-- Fique longe de mim, Potter, ou eu posso deixá-lo sem fôlego com mais eficiência do que o pomo ou seus amigos.
-- Como? Me beijando? - ele deu um passo para frente e ela deu outro para trás com repulsa.
-- Não, com um soco no estômago, Potter. Remo, eu estou indo, não sei porque ainda não fui, tchau.
Ela girou nos calcanhares e saiu pisando com cuidado na lama para não sujar demais os sapatos.
-- Uuuuuh, nervosinha, heim? - zombou Sirius.
-- Não vai me dar os parabéns, Evans? Ei, Lily, e o meu beijo? - gritou Tiago, porém a ruiva nem deu ouvidos.
-- EI! - Remo exclamou ao sentir dois dedos gelados e molhados, um de cada lado de seu rosto fazendo riscos em suas bochechas.
Virou-se para ver Sirius com um sorriso safado e as mãos cobertas de lama.
-- Ops! Se eu disser que não fui eu você não vai acreditar, né?
Remo tentou fazer uma carranca severa, mas acabou sorrindo contagiado pelos risos de Tiago e Pedro.
-- Lama é bom pra pele, Aluado - gargalhou Tiago.
-- Ora, seus moleques baderneiros, estão parecendo dois porquinhos! Andem, direto pro chuveiro!
-- Ah, mamãe - zombou Tiago fazendo cara de bebezinho manhoso. - Deixa a gente brincar mais um pouco?
-- Só um pouquinho, vai... - Sirius também entrou na brincadeira e Remo se viu encurralado pelos dois marotos com cara de arte.
-- Não... vocês não ousem... não me olhem assim... PAREM!
Lama para todos os lados. Pedro segurou a barriga de tanto que ria até que teve um lado do rosto atingido por uma bola de lama, maculando os cabelos loiros.
Eles estavam tão concentrados nessa guerra animada que não repararam em um par de olhos cinzentos e tristes que observavam de um canto do campo. Régulo estava de pé, escorado em uma das paredes altas das arquibancadas, com as mãos nos bolsos e a franja úmida encobrindo parte do rosto, colando-se nas bochechas. Observara o jogo inteiro daquele cantinho isolado travando uma guerra interna muito menos agradável do que aquela que os marotos travavam na lama. Parte de si mesmo sentia-se magoada com o irmão, humilhada, enquanto outra parte sentia-se enraivecida e tomava proporções cada vez maiores dentro de si. Ele mal percebia que sua raiva quase não era dirigida ao irmão, mas àqueles três grifinórios que o rodeavam o tempo todo, o faziam rir e se importar com eles.
A chuva finalmente começou a cair com vontade. Talvez Severo Snape tivesse razão, talvez não valesse a pena essa sua necessidade da atenção de Sirius. Não valia a pena ficar se humilhando, mendigando um pouquinho de atenção do irmão. Com esse pensamento, o garoto virou-se e pôs-se a caminhar de volta para o castelo de cabeça baixa, os olhos brilhantes pelas lágrimas que ele recusou-se a derramar por um grifinório.
-----------------------
O vestiário não era muito indicado para banhos. Tinha dois boxes com duchas, mas a água era bem mais fraca que os chuveiros do castelo. Além disso, sabonete comum não era suficiente para tirar a lama do corpo, muito menos lavar os cabelos. Mas isso poderia ser resolvido tomando-se outro banho no dormitório, como eles já tinham combinado que fariam. Porém, enquanto tentava livrar seus cabelos daquela pasta de lama, Sirius teve uma idéia muito mais interessante.
Ele e Pedro ocupavam os dois boxes agora enquanto Tiago e Remo, já vestidos, tentavam dar um jeito nas vestes imundas de Pedro com a ajuda de suas varinhas.
-- Esse feitiço não está funcionando, Aluado.
-- Pois é. Mas eu já tentei todos que eu sabia! Não tem jeito, está muito suja...
-- Argh, quem mandou você ser tão gordo, Rabicho? Senão você poderia usar uma de nossas vestes.
-- Uma das minhas vestes, você quer dizer, não é, Pontas? - veio a voz de Sirius de um dos boxes. - Porque as suas não serviram nem pro Aluado!
-- Eu estou muito satisfeito com o meu físico, ok? Gosto de ser magro - indignou-se Tiago.
-- Não, não. O Aluado é magro, você é esquelético - zombou Sirius novamente e Tiago bufou.
-- Falou então, gostosão.
Sirius soltou um latido satisfeito.
Realmente, Tiago era muito magro. Ele e Sirius tinham algumas vestes reserva no vestiário para emergências como esta, porém as de Tiago ficaram apertadas em Remo, apesar de eles terem a mesma altura. Por isso, Remo estava usando as de Sirius, que além de um pouco folgadas por falta de músculos, ainda eram muito compridas. A barra da calça teve que ser dobrada algumas vezes, a veste negra cobria inteiramente os sapatos e escondiam as mãos já que os ombros de Remo eram mais estreitos. Os sapatos já foram bem mais fáceis de limpar e eles vestiam os mesmos.
-- Deixe-me tentar mais uma vez - Remo apontou a varinha para as vestes de Pedro e tentou mais dois feitiços, até que o terceiro pareceu ter algum efeito. - Bem, não ficou cem por cento, mas está mais... utilizável.
-- Ah, para os padrões do Rabicho já está mais do que suficiente - disse Tiago.
-- Peraí, o que você quis dizer com isso, Pontas? - Pedro tinha acabado de sair do boxe enrolado em uma toalha, tentando inutilmente esconder a enorme pança com os braços cruzados.
-- Nada não, Rabicho. Aqui está. Foi o melhor que conseguimos - Remo atirou as vestes para ele, que voltou para o boxe para se vestir.
Sirius terminou o banho logo em seguida, porém sua saída do boxe foi muito diferente da de Pedro. Em vez de tentar esconder seu corpo bem-feito, ele o exibia caminhando relaxadamente até o armário com a toalha presa frouxamente bem baixo nos quadris estreitos. Gotículas de água escorriam desde o peito e costas até perderem-se na toalha, mas essa cena era tão natural que os amigos já nem reparavam.
-- Aluado? - ele chamou casualmente com a cabeça dentro do armário.
Remo limitou-se a arquear uma sobrancelha e resmungar. Conhecia muito bem esse tom dissimulado.
-- Você não acha que nós merecemos uma recompensa por termos ganhado o jogo de hoje?
Tiago coçou o queixo e sorriu enviesado. Pedro surgiu do boxe vestido e com ar intrigado. Remo manteve sua pose desconfiada.
-- E suponho que você já tenha uma sugestão da recompensa ideal?
A cabeça sorridente de Sirius apareceu de dentro do armário segurando uma muda de roupa. Ou melhor, meio sorridente, já que o sorriso era enviesado - maroto.
-- Na verdade eu tenho. Já que vamos ter que tomar outro banho mesmo, que tal se você nos dissesse a senha do banheiro dos monitores? - ele despejou em tom casual enquanto vestia as calças por baixo da toalha e atirava esta para o lado.
Pedro começou a roer as unhas. Remo piscou:
-- O que?
-- Grande Almofadinhas! Genial! - os olhos de Tiago brilharam por detrás dos óculos. - Aluado, você viu como a minha captura foi espetacular, não viu? Vai, por favor, a gente merece, siiiiim?
-- Não posso! Se descobrirem... se pegarem vocês...
-- Aluado, você está falando com Sirius Black. Eu sou a personificação da sorte e da discrição. Fica tranqüilo! Alguma vez eu já te decepcionei? Não responda!
Ele terminou de abotoar a camisa e jogou as vestes negras por cima, esquecendo-se propositalmente da gravata - e da cueca, diga-se de passagem.
-- Mas... mas...
-- Por favor, Aluado - se Sirius fazendo carinha de cachorro pidão já era de cortar o coração, Sirius e Tiago de joelhos, mãos juntas e olhares desconsolados era de trazer lágrimas aos olhos.
-- Oh não! - Remo lamentou-se e fechou os olhos, derrotado. Como poderia negar aquela regalia a seus grandes amigos?
-- Yeah! - os dois marotos comemoraram saltando para o alto e erguendo os punhos fechados para o teto.
-- Você vem com a gente, Rabicho? - chamou Tiago.
-- Não, eu... prefiro não arriscar.
-- Você prefere não ter que tomar outro banho, isso sim - disse Sirius com sarcasmo. - Então, qual é a senha?
-- Bolha de sabão - recitou Remo inconformado com a própria indulgência.
-- Só isso? Qualquer um poderia adivinhar uma senha babaca como essa - desdenhou Sirius terminando de secar os cabelos com a toalha, deixando-os charmosamente bagunçados. - Vamos?
A chuva já tinha cessado e eles rumaram para o castelo. Se o céu fosse visível em meio às nuvens, haveria um belo pôr do sol no horizonte.
-----------------
Sirius estava sentado no chão do corredor do quinto andar ao lado da estátua de Bons, o Pasmo, segurando o Mapa do Maroto em uma das mãos e o espelho de comunicação na outra. No momento, o espelho refletia um esplêndido lustre de muitas velas de um aposento onde tudo era feito de mármore branco e ouvia-se barulho de água ao fundo.
-- Já acabou? - perguntou para o espelho enquanto analisava o Mapa distraidamente.
Ouviu-se um muxoxo.
-- Acabei de entrar na água, Almofadinhas - respondeu a voz de Tiago.
-- Caramba, como você é lento, Pontas!
-- Ora, não faz nem cinco minutos que entrei! Você demorou quase uma hora e eu nem reclamei!
-- Exagerado - disse sarcástico.
-- Há-há, faz me rir.
-- Estou entediado.
-- Novidade - ironizou Tiago.
-- Ei, calma aí, tem alguém vindo!
-- Quem? - Tiago pareceu alarmado. - É algum monitor?
Sirius observou no pergaminho um pontinho aproximando-se do corredor em que estava com uma legenda acompanhando-o.
-- Não, é uma das gêmeas Jenkins.
-- Ufa! Então não tem problema. Mas ela está sozinha? - estranhou o maroto.
-- Parece... - Sirius pensou por um momento e então acrescentou. - Pontas, você está a fim de uma delas? Aquela mais comportadinha... qual o nome mesmo?
-- A Milka? Não, não estou a fim dela não. Por quê?
-- Você se importaria se eu...
-- Oh, não, fique à vontade.
-- Beleza, então eu vou interromper a comunicação pra você não passar vontade, ok?
-- Heim? Mas... agora?
-- É, agora! Olha, ela está vindo. Eu vou ficar de olho, não se preocupe. Tchau.
-- Ei, espere, ALMOFADINHAS! A porta está destrancada! Droga... "Vou ficar de olho"- ironizou Tiago. - Vai ficar é de olho fechado, humpt!
Porém Sirius já não ouvia mais. Levantou-se guardando os dois objetos no bolso e postou-se atrás da estátua para observar melhor antes de agir. Uma garotinha de cabelos negros lisos e traços orientais apareceu andando cabisbaixa com uma expressão serena no rostinho bonito. Sirius logo reconheceu Milka Jenkins, diferente da irmã gêmea somente por seu jeito meigo. Só então achou seguro aparecer. Saiu de baixo da capa e enfiou-a as pressas no bolso antes de surgir detrás da estátua bem em frente à garota.
-- Milka?
A garota deu um salto e levou a mão ao coração.
-- Black! - ela suspirou aliviada. - Você me assustou!
-- Me desculpe, eu sou um grosso mesmo. Você me perdoa? - ele disse manhoso.
Milka enrubesceu.
-- E-eu... claro. Não foi nada...
-- Você é tão meiga, Milka - ele estendeu uma mão para acariciar sua bochecha corada delicadamente e percebeu-a esquentar conforme a garota corava ainda mais. - E tão bonita! - ele deu um passo para frente e sussurrou em seu ouvido. - Tão diferente da sua irmã.
-- Sou? - murmurou a lufa-lufa.
-- Sim, você é muito melhor - sua voz saiu rouca.
Sirius afastou-se só o suficiente para ver que Milka fechara os olhos e tinha uma expressão abobalhada no rosto. Totalmente entregue e sem nenhuma resistência. O nome disso era "Efeito Sirius Black". O grifinório sorriu com o pensamento e enlaçou a cintura da garota, em parte para ajudá-la a sustentar-se de pé, e repetiu o que ela estivera sonhando desde o dia posterior ao Baile de Inverno quando fora propositalmente confundida com sua irmã gêmea, ex-namorada de Sirius. E a realidade era mil vezes melhor do que em seus sonhos.
Sirius nem viu o tempo passar enquanto ocupava-se com os lábios da garota, interrompendo-se vez ou outra para fazer-lhe um carinho na face ou sussurrar palavras muito bem escolhidas em seus ouvidos. Se Tiago visse Milka quieta desse jeito nem reconheceria a garota tagarela que fora ao baile com ele.
Porém um barulho de passos leves muito próximos foi como um balde de água fria na cabeça de Sirius e ele afastou-se rapidamente da lufa-lufa no exato momento em que uma garota baixinha e ruiva aparecia na ponta do corredor com uma mochila nas costas.
-- Evans! - Sirius engoliu em seco. - O que faz aqui?
-- Não te devo satisfações, Black. Eu sou a monitora por aqui, portanto o que você está fazendo em frente ao banheiro dos monitores? - e então ela pareceu notar a garotinha ao lado dele. - Oh, já entendi. Mas, espere um minutinho... Jenkins, não é?
Ela alcançou-os e Milka assentiu com a cabeça um pouco afobada.
-- Você não é do terceiro ano? - perguntou Lily com uma sobrancelha erguida.
Novamente a menina assentiu.
-- Então o que ainda está fazendo parada aqui na minha frente? Já passou do horário de terceiranistas se recolherem - disse ela severa.
Milka virou-se para Sirius esperando sua reação, porém o maroto parecia nervoso. Estalou um beijo em sua bochecha e empurrou-a levemente para frente.
-- Vá, Milka, antes que leve uma detenção.
-- Ok, hum... a gente se vê...
Sirius virou-se para a monitora sem se despedir de Milka e a garotinha tratou de sumir o mais rápido que suas pernas permitiram.
-- Quer dizer que aqui é o banheiro dos monitores, Evans? - desconversou o maroto. A única coisa que lhe ocorreu foi ganhar tempo para ter uma idéia melhor.
Lily olhou-o com desconfiança.
-- Sim, Black.
-- Mas você não pretende tomar banho agora, pretende?
-- Não, eu estava entediada, portanto resolvi dar uma volta por aqui com minhas roupas de banho - por um breve minuto Sirius suspirou aliviado internamente, mas só até perceber o tom irônico que a ruiva usara. - Ora, francamente Black, é óbvio que eu vou tomar banho. Remo disse que eu estava me sobrecarregando demais de estudos, então eu resolvi relaxar um pouco, mas afinal não é da sua conta. Gostaria que você se retirasse para não ouvir a senha, fui clara?
-- Transparente. Mas não é muito prudente tomar banho depois do jantar, Evans. Pode dar congestão, sabia?
Lily revirou os olhos. Teve ganas de rir do paradoxo: Sirius Black falando sobre prudência?
-- É claro que eu estou ciente disso. Acontece que o jantar foi há mais de uma hora, portanto já não há mais risco algum. Agora você poderia me dar licença, por favor?
Sirius estava começando a ficar inquieto, afinal Tiago não tinha negligenciado sua vigília e no entanto agora seu amigo poderia estar encrencado por sua culpa.
-- Ora, e você vai perder a oportunidade de me passar uma detenção por perambular pelo castelo uma hora dessas? Não estou te reconhecendo, Evans. O que houve?
Lily bufou.
-- Eu é que pergunto: o que houve com seu cérebro hoje, Black? São nove horas da noite, você está no seu direito de "perambular pelo castelo". Não posso te punir por isso.
-- Quem sabe por estar amassando a Jenkins nos corredores então? - sugeriu casualmente. - Nós poderíamos combinar a detenção agora com o Alu... com o Remo.
-- Humpt! Não me pareceu que ela estivesse fazendo algo contra a própria vontade, sendo assim o azar é todo dela - Lily deu de ombros.
Sirius indignou-se. "Azar"? Como assim, "azar"? Teve vontade de beijá-la só para fazê-la engolir o comentário, porém já tinha dado muita mancada com Tiago para uma noite.
-- Ora, deve haver alguma coisa então pra você me punir - impacientou-se. - Por te importunar, por ganhar o jogo contra a Lufa-Lufa, por ser o cara mais gostoso de Hogwarts, sei lá! Qualquer coisa, anda, você é tão boa em achar transgressões!
Lily estava mais do que ressabiada agora. O que será que estava acontecendo com aquele maroto para estar tão desesperado por uma detenção? Ajeitou a mochila nos ombros e estreitou os olhos:
-- Escute aqui, garoto. Não sei o que você pretende com esse papo furado. Se pretendia me deixar irritada, você já conseguiu. Agora suma daqui.
Sirius cruzou os braços e deu um meio-sorriso pingando sarcasmo.
-- E se eu não quiser? Como você mesma disse, eu estou no meu direito. Se você realmente não quiser que eu ouça a senha, vai ter que voltar outra hora.
-- ARGH! - a ruiva cerrou os punhos. - Pois bem, não me importo que você ouça a senha. Eu posso muito bem mudá-la amanhã de manhã.
Ela virou-se para a porta do banheiro e Sirius desesperou-se.
-- Não faça isso, Evans, ou você vai se arrepender.
-- Cale-se, Black. O que você pretende fazer para me impedir? Vai chamar o Potter?
Isso despertou Sirius e ele vasculhou os bolsos afobadamente. Por um momento Lily arregalou os olhos imaginando se ele teria a ousadia de puxar a varinha para ela, entretanto o grifinório retirou um espelho quadrado da capa.
-- Tiago Potter! TIAGO POTTER!
A monitora revirou os olhos, deu as costas ao maroto e murmurou a senha ao mesmo tempo em que Sirius exclamava com urgência para o espelho:
-- Alerta vermelho! Alerta vermelho!
A porta abriu-se lentamente e um som de algo caindo na água chegou a seus ouvidos antes que ela pudesse ter uma visão completa da banheira.
------------------
Tiago não acreditava realmente que Sirius estivesse vigiando, porém não era o tipo de pessoa que esquentasse a cabeça por qualquer coisa. Por isso estava aproveitando seu banho ao máximo. A banheira era imensa, rodeada por torneiras que derramavam jatos e bolhas coloridas de todos os tamanhos, além espuma. Não duravam por muito tempo e tinham que ser repostas a cada momento.
Ele adorava nadar, pular no trampolim, fazer piruetas no ar e nada se comparava à sensação de liberdade - por estar completamente nu - e privacidade - ignorando-se o fato de que a belíssima sereia do quadro de uma das paredes não parava de acenar, rir e arrumar os cabelos chamando sua atenção.
Já fazia meia hora que ele estava se divertindo e a fome começava a incomodar, afinal além de eles não terem jantado antes do banho, nadar esgotava suas energias e ele já estava ficando exausto. Parou de pular um pouco e encostou a cabeça na borda da banheira enquanto deixava o corpo relaxar e escutava o barulhinho característico da espuma e das bolhas estourando. Ficou pensando se Sirius já teria se cansado da lufa-lufa ou se ficaria irritado caso ele resolvesse sair e acabar com a festa. Até que foi arrancado de seus devaneios pela voz do amigo.
-- Tiago Potter! TIAGO POTTER!
Assustado pela urgência na voz do amigo, Tiago ergueu-se agilmente para fora da banheira e a meio caminho do espelho que se encontrava junto às suas roupas no chão, ouviu um murmúrio indistinguível, aparentemente feminino, e o barulho da passagem se abrindo.
-- Alerta vermelho! Alerta vermelho!
Isso só podia indicar uma pessoa. Tão ágil quanto saíra da água, o maroto atirou-se de cabeça na espuma rala que se desfazia lentamente, provocando ondulações na superfície, submergindo bem no momento em que Lily esticava o pescoço para dentro e Sirius arregalava os olhos.
-- Que estranho, a banheira está cheia - resmungou Lily entrando. Seu olhar passou das ondulações na água onde a espuma se desfazia até as roupas e o roupão azul marinho próximos da borda.
-- Evans, deve ter algum monitor aí dentro. Não é nada educado invadir o banheiro dessa maneira, sem ter certeza antes...
-- Fique calado, Black. É claro que eu verifiquei antes. Avisei todos os monitores e capitães de quadribol que estaria aqui, nenhum deles me disse que viria. Bem, eu esqueci de avisar Remo, mas ele estava estudando na sala comunal quando saí e parecia já ter tomado banho. Além disso, quem seria estúpido o bastante para tomar banho com a porta destrancada?
Sirius escondeu o rosto nas mãos e seguiu-a para dentro enquanto Lily se aproximava das roupas.
-- Eu realmente acho que você não deveria... - tentou Sirius novamente, porém foi interrompido.
-- Mas o que é isso? - ela puxou uma peça de roupa com a ponta dos dedos e largou-a assim que identificou uma samba-canção roxa com ursinhos branco e pretos. - Eca! Quem foi o desleixado que deixou suas roupas aqui?
Só então ela reparou nos óculos de armação preta e aros redondos que estivera embaixo da cueca.
-- Potter! - concluiu com espanto e o barulho de água fez com que ela se virasse instintivamente para a banheira.
Totalmente desesperado por ar, Tiago viu-se obrigado a emergir com um único impulso e sorver quantidades imensas de ar de uma vez, sacudindo a cabeça para livrar sua vista da água.
-- O-ow - lamentou-se Sirius desconsoladamente.
-- Misericórdia! - exclamou Lily cobrindo os olhos, antes arregalados, com força com as mãos, deixando somente a testa completamente vermelha à mostra.
-- Evans! - esganiçou-se, ainda sorvendo grandes quantidades de ar.
Sirius correu até a torneira mais próxima e abriu-a, fazendo com que uma espuma espessa se espalhasse na água já que a pouca que ainda restava não fora suficiente para cobrir o peito nu do rapaz.
-- Ai, céus, que vergonha! - Lily virou-se de costas para a banheira e pôs-se a caminhar de lado rumo à saída, espiando o caminho entre frestas finas nos dedos. - Potter, eu vou te matar! Que pouca vergonha! Black, porque você não me impediu de entrar?
-- Era o que eu estava tentando! - disse o outro misturando sarcasmo e divertimento pelo constrangimento da monitora.
-- Seus safados inescrupulosos, como ousam? - ela continuou resmungando até atingir a entrada e esbravejar ainda de costas para eles. - Era detenção que você queria, Black? Pois você terá. Você e esse despudorado e aproveitador. Argh! Que vergonha!
Ela saiu correndo ordenando que a passagem se fechasse. Tiago e Sirius se entreolharam estarrecidos antes de caírem na gargalhada.
-- Comédia essa Lily - disse Tiago finalmente saindo da água e se enxugando. - Você viu a cara dela?
-- Sim, foi sensacional. Parecia um tomate de tão vermelha - ele sentou-se encostado na parede enquanto esperava. - Pontas?
-- Hum?
-- Você não está bravo comigo? Por ter me descuidado?
Tiago fingiu pensar um pouco a meio caminho de fechar a camisa.
-- Nah, até que foi divertido. A detenção é coisa de rotina. Uma a mais, uma a menos, não faz diferença. Só que o Aluado está encrencado por nossa causa.
Sirius soltou um palavrão.
-- ... é mesmo, cara. A Evans vai passar sabão nele também. Vamos logo, temos que salvá-lo!
-- Vamos - Tiago terminou de calçar os sapatos e os óculos, então saiu colocando as vestes por cima da roupa enquanto andava.
A sereia do quadro na parede ainda tentou chamar a atenção dos dois rapazes, mas foi completamente ignorada.
Assim que os dois marotos puseram os pés na sala comunal, depararam-se com Remo e Pedro sentados em uma das mesinhas de estudo encarando boquiabertos a escada para o dormitório feminino, onde uma porta batia com estrondo no final da mesma.
-- O que aconteceu? - perguntou Tiago fazendo Pedro se sobressaltar.
-- Eu é que pergunto - disse Remo voltando-se para eles com o olhar meio assombrado. - A Lily entrou vermelha como um pimentão, resmungando coisas como "Pervertidos!" e "Despudorados!". Tive a impressão de ouvir algo como "Potter" também. E então me fez prometer nunca mais dizer a senha do banheiro dos monitores para vocês! O que aconteceu?
-- A Evans pegou a gente no flagra. Já prometeu detenções e... - Tiago começou a explicar, porém foi interrompido por Sirius.
-- Peraí, você disse que ela te fez prometer nunca mais nos contar a senha?
-- Foi - confirmou Pedro balançando a cabeça enfaticamente.
-- E você prometeu? - tornou a inquirir Sirius.
-- Prometi - Remo deu de ombros. - Tente dizer não para aquela ruivinha e venha falar comigo depois, humpt!
-- Meleca - Tiago jogou-se em um dos pufes.
-- Mas você não pretende cumprir sua palavra, não é mesmo? - perguntou Sirius tomando uma cadeira junto dos outros dois.
-- Ora, é claro que pretendo. Sou um homem de palavra!
-- Homem? Puf! - zombou Tiago.
-- Sei - disse Sirius, divertido. - Um homem que não faz nem a barba ainda? Oh, não, me desculpe! O que é essa penugem aqui?
Sirius apontou para o bigode de Remo onde alguns pelinhos claros passavam quase desapercebidos. Remo deu um tapa na mão dele e cruzou os braços fazendo bico.
-- Puxa vida! - exclamou Tiago. - Agora que nós descobrimos aquela banheira magnífica nunca mais vamos poder usar?
-- Bem... - começou Remo com um sorriso maroto formando-se lentamente nos lábios. - Eu prometi não dizer a senha, mas não disse nada sobre escrever...
Tiago e Sirius trocaram idênticos sorrisos maliciosos.
-- Grande Aluado! Fazendo valer o título de maroto! Estou gostando de ver! - Tiago esticou a mão e bagunçou os cabelos comportados do monitor.
-- Ei! Eu ainda posso mudar de idéia - riu Remo afastando-se do alcance do outro e pondo-se a arrumar os cabelos. - Tudo bem, mas agora eu quero que vocês me expliquem detalhadamente o que aconteceu.
-- Você tem ronda hoje? - perguntou Sirius ajeitando-se no assento.
-- Não, hoje não, por quê?
-- Então pegue sua capa, Tiago. Vamos para a cozinha que eu estou varado de fome.
Pedro arregalou os olhos e umedeceu os lábios ao som dessas palavras.
-- Ótimo. Eu também estou morto de fome - disse Tiago levantando-se. - Nós te contaremos tudo lá na cozinha, Aluado.
------------------------
N.A. A música que o Tiago cantou é Time After Time. Não sei de quem é na verdade, mas gosto da versão do Matchbox 20 e o trecho é mais ou menos assim: se você está perdida, você pode olhar e você me encontrará vez após outra, se você cair, eu te pegarei, eu estarei esperando vez após outra. Me diverti muito escrevendo esse capítulo. A cena do banheiro dos monitores eu tinha em mente desde que comecei a esboçar a fic, gostei do resultado, e vocês?
Dark Angel caramba, sabe q vc falou uma verdade incrível? Sobre a Lily, sendo tão perceptiva, não perceber sentimentos diretamente ligados a ela... espere o próximo capítulo para ver o quão acertado foi o seu comentário! Fico feliz q tenha chegado a essa conclusão! Ah, e eu entendo perfeitamente sua revolta qto a autoras q não atualizam, acredite, eu realmente entendo. E é exatamente por isso q mantenho atualizações regulares: para mostrar a elas como se faz! Beijão!
LeNaHhH bem, nós duas concordamos sobre o "modo errado" da Lily de fazer as coisas. Acho q ela se preocupa muito em acertar e acaba errando, não é mesmo? Não lembrava mais do sonho, né? Pois eu digo que você vai esquecer dele novamente e qdo vc menos esperar... tcha-nan ele aparece de novo! uhuahuahua Ah, e... eu acho tolice esse pensamento de que homem não chora. Precisa ser muito homem pra mostrar suas emoções do modo como Remo faz, condorda? Valeu pelo elogio, moça XD Bejo.
Nessa Reinehr olá, querida! (sempre tão meiga, já disse q vc é um amor? Tenho impressão que sim, mas nunca é demais) Puxa, você caprichou nos elogios – pra variar – desde o título até o final, e ocasionou uma fenomenal super inflação de meu ego – pra variar de novo. Pois é, Lily não acreditou em nenhum dos sonhos q Tiago descreveu, achou-os tão supérfluos quanto o próprio Tiago rsrsrs. Vc não sabe o peso q tirou do meu coração ao elogiar o modo como abordei o dom da Lily, e fez uns comentários bem acertados, espere pelos próximos capítulos ;D Sirius e Régulo também é um dos meus pontos fracos, tenho q admitir. Eu exploro a relação deles ao máximo, como vc já deve ter percebido. Valeu pela força, sempre! Beijão!
Mione Lupin vc leu Macbeth só pra falar que leu? uhuahuahua é compreensível... Gostou do dom da Lily? Espere pelo próximo capítulo ;D Oh, o Régulo é apaixonante, com toda certeza! Eu também acho q ele é bastante sofrido. Vc tem pena do Remo por causa do amor platônico? Volto a dizer, espere o próximo capítulo... ow, vc vai querer consolá-lo... Acho q te deixei curiosa, né? uhuahuahua Bjão!
Lika Malfoy pois é, vc sempre "ri muito nesse capítulo", tenho a leve impressão q vc também riu MUITO nesse hahaha. Caracoles, "Os mistérios de Lily, a Maluca" foi hilário! Não, eu tenho q bater palmas pra vc kkk E o melhor de tudo é q seu comentário tem até fundo musical – musiquinha do superman! Eu rolo de rir! Oh, o Remo é a estrela, sempre – olhinhos brilhando – dá vontade de por no colo, sim! Yeah! Yeah! Por Mandos!
Michelle Delacour peraê – Amy esfregando os olhos com força e voltando a encarar o pc com os olhos apertados em descrença – caramba! Não acredito que vou poder te agradecer mais uma vez! Brigada, brigada, brigada! Sua dica foi tudo de bom, e eu consertei, não sei se vc percebeu... Puxa, que bom q vc gostou! É sempre bom agradar leitores tão maravilhosos XD Pois é, a fic tá acabando :( mas com um pedido desses eu ficaria com vergonha de mim mesma se não continuasse! Valeu pelos elogios, moça, espero que continue gostando! Bjoks!
BruNah olá, seja bem vinda! Que bom q gostou, espero que continue acompanhando na reta final da fic. Valeu pelo elogios ehe XD Bjo!
LeLeCaSaPeCa e-e-eu escrevo perfeitamente? Jura? Oh, céus! Sirius, me aguarde, vamos competir em matéria de arrogância logo, logo... rsrsrs. Ow, eu também estou ficando deprimida por estar acabando... mas se vc quiser mais a gente pode tentar dar um jeitinho... XD Não precisava dizer mais nada mesmo, já estou satisfeita por vc estar gostando, bjos!
Bem, gente, é isso aí, a fic tá acabando :(( Esse é o último capítulo inteiramente comédia pra vocês. O próximo – e também penúltimo – é o capítulo q eu considero mais pesado, mais carregado de toda a fic, então se preparem... só espero q vocês não me odeiem... eu já conversei com o Remo e ele disse que me perdoa XD Ops, acho q falei demais... de qualquer forma vocês só saberão no sábado, como não podia deixar de ser. Até lá, deixem seus reviews para mim!
-------------------
No próximo capítulo...
Os dois foram para um cantinho reservado da sala comunal enquanto Remo e Lily se dirigiam para o buraco do retrato. Remo gesticulou para que Lily fosse primeiro e ela abaixou-se para passar para o lado de fora, porém, ao fazê-lo, sentiu o mundo girar sob seus pés e teve que se apoiar na parede para não cair.
-- Lily, o que... - Remo fez menção de tocá-la, oferecendo apoio, mas a ruiva esquivou-se. - Está se sentindo bem? Você está pálida!
Lily sabia que estava com febre, por isso não queria ser tocada. Não queria preocupar Remo ainda mais. Assim que recuperou a fala e o equilíbrio, Lily recompôs-se e começou a andar. A cor foi voltando exageradamente à sua face.
-- Estou me sentindo muito bem - desafiou.
-- Pois não é o que parece - Remo alcançou-a.
