Capítulo 5
Kamus só conseguiu cochilar uns vinte minutos antes do sinal ser tocado às 7 da manhã. Nesse meio tempo, Miro havia sumido e Kamus, ao acordar, viu-se sozinho na barraca. Sentou-se, cruzando as pernas e apoiando o cotovelo no joelho, enterrando a testa na mão e gemendo baixo. Não estava nada nada afim de sair daquele cubículo. Suas costas doíam, suas pálpebras pesavam e sua vontade de bater os calcanhares e aparecer na sua cama estava mais forte que nunca. Ergueu o rosto e lançou um rápido olhar para o canto a sua esquerda. Tudo estranhamente organizado. Como não havia percebido que o rapaz havia saído? Piscou várias vezes, tentando manter-se acordado. Não sabia que tinha sono tão pesado assim. Sono. Sono. E ainda iria jogar hoje. Muito sono. Bocejou com vontade, deixando-se cair sobre o saco de dormir - e por que não dizer, no chão duro - e soltando um longo suspiro.
Jogou os cabelos para os lados. Era monitor. Havia topado aquela idiotice então tinha que ir até o fim. Apoiou as mãos no chão e ergueu-se, espreguiçando-se. Enfiou as mãos na mochila e separou uma roupa leve, bermuda preta e camiseta branca. Só a idéia de ter que entrar em campo já fazia sua cabeça girar. Pegou sua necessaire e puxou o zíper, saindo de pijama, descabelado e com imensas olheiras roxas. Ninguém deu atenção ao estado lamentável em que se encontrava Kamus, até por que ninguém estava muito melhor. A maioria que estava ali ainda esperava para usar o vestiário e ainda trajava os pijamas quentes sob as grossas jaquetas( só Kamus tinha um parafuso a menos pra ficar de camisetinha naquele frio da manhã), os cabelos todos para cima e a cara amassada de sono. Kamus até teria rido, se não estivesse na mesma situação.
Caminhou até um grupo de meninas que conversavam animadamente, sentadas ao lado de uma das barracas.
- Meninas...
Todas ergueram o rosto para encará-lo. Foi a moça ruiva que falou.
- Monitor! - Disse ela simpática, abrindo um sorriso . - O que deseja?
- O Miro... Vocês não viram ele por aí?
Todas se entreolharam, com o mesmo quê negativo no rosto.
- Não, sequer o vimos sair da barraca. - Comentou a morena. - Mas o Shura deve saber.
- Shura? Quem é?
- O melhor amigo dele... acho que está lá no vestiário.
- Domo arigatou! - Disse antes de disparar na direção do vestiário.
Chegou, entrando rapidamente e fechando a porta atrás de si, sendo encarado por todos os garotos que estavam ali.
- Bom dia... - Cumprimentou timidamente perante todos aqueles olhares. - Quem aqui é Shura?
Ai, caramba! Ele achou a garrafa! Por isso que eu não queria que ficasse com o Miro, mas ele saiu correndo antes de me deixar falar!
- O que eu fiz? - Perguntou, tentando soar inocente, Shura. O rapaz estava apenas de cuecas, uma bermuda enfiada somente até o joelho, os cabelos bagunçados jogados no rosto ainda por pentear.
Kamus se aproximou a passos rápidos e firmes.
- Onde é que o Miro se enfiou?
Shura piscou. Era isso?
- Ahn... o Miro? - Perguntou vagamente, meio sem noção do que o outro falara, não acreditando que não estava encrencado.
- É, É, o Miro!
Shura balançou a cabeça saindo do seu estado de desligamento momentâneo.
- O que tem ele? E a propósito, você viu ele por aí hoje?
Miro esbugalhou os olhos.
- Você não sabe onde ele está!
- Não. - Shura disse simplesmente, dando de ombros. - Eu não o vejo desde de ontem à noite.
Kamus olhou para o chão, pensativo. Onde havia se metido aquele moleque?
- Bom, tudo bem... não tem mais ninguém com quem ele possa estar? - Disse de modo etéreo.
- Se eu não o vi, então ninguém viu.
- Certo... arigatou! - Disse rapidamente, indo até uma das pias, tacando a necessaire em cima e tirando a escova e a pasta de dentes. Tinha um jogo mais tarde.
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- CESTA DE TRÊS PONTOS!
O capitão da equipe Aquário gritou quando, num arremesso perfeito, Kamus conseguiu fazer uma cesta de fora do garrafão, sua oitava cesta na partida e segunda de três pontos.
- É QUE ESTOU COM SONO, SENÃO SÓ FAZIA DESSAS AÍ! - gritou em resposta, indo marcar o seu jogador.
Kamus roubou a bola do jogador da equipe Gêmeos, atravessando a quadra toda batendo a bola em velocidade alucinante. Seus cabelos estavam presos por um elástico avermelhado, já muito gasto, em um rabo baixo com duas mechas soltas em cada lado da cabeça. A franja colada no rosto molhado de suor, igualmente como no pescoço forte e nos braços firmes. O uniforme amarelo-claro do time esvoaçou junto aos seus cabelos quando ele invadiu o garrafão e deu um pulo certeiro, enterrando a bola na cesta. Toda a multidão gritou ao ver aquele lindo rapaz de rosto avermelhado pela corrida e corpo rígido pendurado na cesta. Para as meninas era uma visão "Tão sexy quanto a de ver o Miro de sunga tomando sol na piscina".
E por falar em Miro... Kamus lançou um olhar para as laterais. Nada. Muita gente, mas nenhum Miro. Pôde notar, entretanto, que Mu e seus amigos estavam lá, torcendo. Evidentemente Kanon e Saga torciam contra, mas as imitações de ritual de magia negra que eles faziam ali no meio não pareciam estar dando muito certo. Afrodite também estava lá e torcia com energia. Se era contra ou a favor já não dava para saber.
O apito do juiz soou, indicando que o jogo terminara. O resultado fora muito animador, 60 a 28 para a equipe Aquário. Jogariam novamente às 2h contra a turma de Mu, Áries.
Kamus correu em direção aos amigos, sorrindo falsamente, tentando parecer animado com a vitória. Tudo o que ele menos queria era sorrir. Contudo, queria mostrar a Afrodite que seu mau humor já passara e que queria pedir desculpas sinceramente.
- Você foi fantástico, Kamus! - Elogiou Shaka, sorrindo, seus olhos azuis com um certo quê de admiração.
- Como posso confiar em você, senhor ator? - Brincou Kamus, fazendo o amigo rir.
- E logo será a sua prova também. Pronto?
Shaka aquiesceu, demonstrando um certo nervosismo no olhar.
- Só espero me sair bem...
- Não esquenta, você vai! - Mu sorriu, apoiando a mão no ombro do amigo.
Kamus virou-se para Afrodite.
- Afrodite, eu--
- Olha, não precisa dizer mais nada. - A voz dele soou calma, quase impassível. - Eu sei o que estava acontecendo e sei que você não estava bem. Só peço pra você nunca mais gritar comigo de graça novamente, ok?
Kamus abaixou a cabeça, envergonhado.
- É claro...
- Ahh, então levanta essa cabeça e olha pra mim! - Kamus o fez, e surpreendeu-se ao ver que o amigo sorria encantadoramente. - Eu só acredito em você se você disser isso firmemente e olhando nos meus olhos!
- É claro! - Kamus assim o fez.
- É claro nada!
- Ah, qual é, Kanon! O Kamus tava no outro time, tava na cara que a gente ia perder de lavada e que não adiantava fazer dancinha de mandinga!
- Eu sei, Saga! - Kanon riu, dando um leve tapa na cabeça de Kamus. - Esse cabeçudo sempre dá um jeito de ferrar com a nossa vida!
Todos riram.
- É, agora ele roubou até nossa namorada! - Saga.
Olhos esbugalhados.
- NAMORADA! - Os outros em uníssono.
- É, a koneko-chan da equipe Gêmeos, Freya. - Riu Kanon.
- Por que roubei ela de vocês? - Kamus arqueou as sobrancelhas. - Eu não quero, pode ficar!
- Ahh, nós bem que quisemos, mas daí ela começou a falar que não e não, mas que ficaria feliz se a gente ajeitasse você pra ela! - Respondeu Saga. Apontou para uma menina de longos cabelos loiros e cacheados. - Ali, ó! É aquela ali!
A menina conversava animadamente com as amigas. Kamus não pôde deixar de notar que de fato ela era muito bonita.
- Não, valeu, muito pro meu bico! - Riu ele.
- Ah, que nada! Lembra que lá na escola eu disse que você voltava namorando, nem que fosse com um homem? Olha que eu fui bonzinho...E Ainda é carne nova, ó, primeiro ano... - Saga fazia gestos para representar os "atributos" da menina. - Aliás, e lá alguma mulher é muito pro teu bico? Pro teu bico só é demais namoro sério!
A maioria riu.
- Como assim! - Kamus não gostou nada do comentário, arqueando as sobrancelhas.
- Você vive saindo com as meninas, mas na hora que uma delas dá a entender que quer compromisso sério você dá um jeito de terminar e fica colocando defeito nelas até não poder mais! - Comentou Afrodite, rindo.
- AHHH, é nada!
- HAHAHAHAHA, você que pensa, Kamus! - Mu gargalhava. - É só você que não enxerga isso!
- AH É!
- Bom, e ae, Kamus? Vai encarar? - Kanon.
Kamus pensou por um instante. Encare e faça parte deles. Fuja e será rejeitado por eles. É claro que aquela filosofia não funcionaria naquele momento, todos aceitariam de boa. Mas a história do namoro sério... ééééééé, por que não tentar? Depois da noite anterior serviria para saber o que sentira ao beijar Miro... talvez o que pensara ser prazer fosse repulsa. Vai saber!
- Tá, tudo bem! - Disse, decidido.
- LEGAAAAAAAAAL! - Saga e Kanon juntos. Saga saiu correndo na direção dela prontamente. segundos de conversa. Um aceno de cabeça da menina para Kamus, que retribuiu com outro, tentando mostrar-se verdadeiramente interessado.
Afrodite sorriu pelo canto da boca. Certamente não seria aquelazinha ali a futura dona do coração de gelo de Kamus.
Saga voltou, sorrindo.
- Ela falou pra vocês se encontrarem uma hora depois do último jogo, contra a equipe de Virgem, lá perto do pomar!
- Ok... - disse sem muito entusiasmo. - Agora vamos para a pista de corrida que o Shaka tem uma competição pra vencer!
Shaka riu sem graça.
- Mas eu sugiro - comentou Kanon ao ouvido de Kamus. - que você tome um banho primeiro...
Kamus olhou de canto para Kanon como se fosse estrangulá-lo.
- Não me diga, princesa! - Disse com ironia. - Eu não sou louco de ir ficar com uma menina às 6 da tarde fedendo à suor das três e meia.
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Shaka, como já era esperado, saiu vitorioso da prova de corrida. E como já era esperado, Mu foi o que ficou mais alegre com a vitória do amigo. Afrodite só olhava de canto como quem quer dizer "aí tem coisa que eu sei". Ah, Kamus também ganhou a final do torneio de basquete, o que rendeu ainda mais pontos para a equipe Aquário, até agora na liderança.
Porém o menino estava incomodado e pouco animado perante os resultados da equipe. Não vira Miro o dia todo. Bom, passara o dia rindo com os amigos, o que o fizera esquecer-se da noite anterior, pelo menos por algum tempo. Entretanto, a hora de sair com a tal Freya já havia chegado e as lembranças das carícias de Miro voltavam a sua mente.
- Bom, é melhor você ir, Don Juan. - Mu falou. Estavam todos deitados na grama de um campo aberto um pouco a frente da mata de bambus e conversavam animadamente sobre coisas do dia-a-dia. - Não é legal deixar uma donzela esperando!
- É, isso é.. - Disse Kamus, sem muita convicção.
- Você não me parece muito seguro. - comentou Afrodite, olhando-o pelo canto dos olhos. - Quer mesmo fazer isso?
Afrodite sabia que não. Sentia cheiro de amor a distância, e sabia que Kamus não tinha amor nenhum - e nem vontade de ter - por essa menina. Estava ficando por ficar. Típico de Kamus. De todos ali, a bem da verdade. Mas bem mais de Kamus. Aff, por que aquele cara tinha que ser tão complicado!
Kamus pensou por um instante. Queria descobrir o que havia naquele beijo da noite anterior. Aquele beijo era regado de uma emoção que Kamus não sabia precisar muito ao certo qual era. Inconscientemente tocou o pescoço. Ao contrário do que imaginara, não havia ficado marca. O que Miro sentia por ele? Não sabia, mas iria descobrir! Certamente era desejo(que estranho!), e ele iria descobrir qual o nível disso!
- Claro. - Respondeu dois segundos depois, tempo que pareceu uma eternidade. Apoiou as mãos no chão e levantou-se. Espanou a grama das roupas. Já havia tomado banho não fazia muito tempo. Sem dizer palavra, subiu o campo, indo em direção ao pomar.
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Miro estava acomodado no galho de uma goiabeira, os braços cruzados no peito, a perna direita flexionada sobre o galho e a esquerda pendendo paralela ao tronco da árvore. Embora a maior parte da raiva já tivesse passado, sua cara ainda era emburrada. Depois de ver que Kamus finalmente dormira, levantou-se, se arrumou e foi explorar os arredores. Encontrou, um pouco mais a frente, um lugar que possibilitava a visão de um sem número de outras fazendas e ficou deitado lá por horas e horas. Há pouco tinha subido no galho. Sabia que Kamus iria jogar Basquete hoje, mas não iria dar nem o gostinho da sua presença para o monitor.
Seus pensamentos foram interrompidos pelas vozes que se aproximavam. Uma garota e...
Esbugalhou os olhos ao reconhecer a voz e o manto de cabelos azuis que se aproximavam da orla do pomar.
- Kamus...! - murmurou, controlando-se para não gritar de surpresa.
Hm... um nome familiar... Mi...ro... o nome dele! Kamus estava falando dele com a menina loura!
Espera... Aquela garota... Aquela garota era da sua classe!
Inclinou o corpo para o lado afim de ouvir a conversa. Do que é que estavam falando?
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- Oi. - cumprimentou Kamus, olhando para o chão. Eles só começaram a conversar quando já se aproximavam do pomar.
- Olá! - A menina sorriu.
- Você é de que equipe? - Kamus tentava soar simpático, mas estava bem longe disso. Desinteressado.
- Gêmeos. E estou no 1ºC! A mesma classe do Shura e do Miro.
- Miro... - Eles chegaram a orla do pomar. Kamus nem olhou para o meio das árvores, bem como Freya, que só tinha olhos para Kamus. - Não o vejo desde de manhã.
- Mas vocês não estão na mesma barraca.
Um segundo de embaraço por parte de Kamus.
- É. Estamos. - Olhou para o refeitório, vários metros à esquerda. - Mas é que hoje ele resolveu sumir.
- Ah...
Silêncio. Kamus não estava gostando daquilo. Não conseguia manter um diálogo. Com as outras meninas que saiu ao menos conseguia conversar. Já com essa...
- Escuta, por que você quis sair comigo? - Perguntou Kamus, sem desviar o olhar do refeitório. - A gente nunca se falou antes!
- Bom, você é bonito. E muito inteligente, suas notas estão entre as mais altas do colégio, todos sabem! - Ela sorria, sempre com os olhos fixos nele.
Kamus teve que se segurar para não rir. Onde é que ele estava com a cabeça quando pensou que alguma menina procuraria algo nele além de sua aparência e suas notas escolares? Talvez parte desse desinteresse por namoro firme viesse daí. Procurava alguém que conseguisse enxergar além de seu rosto ou de seu histórico escolar. Difícil. Quando ia às baladas com os amigos, ficava com três, quatro, mas todas eram iguais. Estavam ali apenas por diversão. Ali não seria diferente. Certamente seria a primeira de muitas que Saga e Kanon ainda dariam um jeito de arrumar. Ah, tanto faz, já estava ali mesmo!
Sem avisar, Kamus enlaçou-a pela cintura e empurrou-a contra o grosso tronco de uma árvore próxima, deitando seus lábios sobre os dela, movimentando-os lentamente. Não precisou fazer muito joguinho, posto que não muito tempo depois ela entreabriu os lábios, deixando que a língua dele penetrasse em sua boca e começasse a explorá-la com delicadeza. Freya correspondeu com a mesma intensidade, passeando as mãos pelas costas de Kamus, sentindo que ele apertava sua cintura e já ameaçava descer um pouco mais. Não impediria se ele o fizesse. Intimamente era exatamente o que queria.
Talvez ficassem ali por uma, duas horas...
Depois de quase três horas de um amasso ininterrupto, com direito a passada de mão aonde esta pudesse alcançar, os dois finalmente se separaram, ofegantes. Estavam suados e com as bocas inchadas e levemente avermelhadas.
- Foi... Foi bom...? - Perguntou Kamus entre ofegos, olhando para qualquer ponto a frente.
- Umhum... - Gemeu ela, encostando a cabeça contra o peito de Kamus que, por impulso e não vontade, passou a mão em torno dos ombros dela.
- Bem... é melhor irmos... já são quase oito horas e a janta logo mais será servida...
- É... vem comigo...? - Ela olhou para cima, esperançosa.
- Não dá... - Sorriu um sorriso nada sincero e disse ainda sem encará-la. - Acho que vou tomar outro banho.
- Ah... entendo... - Ela se separou dele delicadamente e sorriu. - Até mais!
Kamus pensou um pouco ao vê-la se distanciar. Como era descortês!
- Não, espere! - Falou, indo até o lado dela. - Eu te levo até o refeitório!
Eles se afastaram, sem trocar muitas palavras.
Do alto do galho da goiabeira poucos metros longe de onde o casal estava, Miro teve uma visão panorâmica de tudo o que aconteceu.
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Kamus ajeitava suas coisas na barraca quando Miro chegou e foi direto para a sua mochila. Eram 10h13min.
- Miro! por onde você andou? - Ralhou o monitor, olhando feio para o rapaz.
Miro apenas soergueu os olhos por um instante e voltou-os novamente para o que fazia. Fuçava em algum bolso, procurando alguma coisa.
- Vai me ignorar! - Perguntou Kamus, autoritário.
- E se for? - Miro deu de ombros e passou a vasculhar outro bolso. - O que aconteceu que ninguém foi me procurar? Eu sumi na chamada da manhã e cheguei atrasado hoje, por que não tive problemas, monitor? - Encheu de ironia a última palavra.
Kamus suspirou e massageou a têmpora esquerda.
- Eu resolvi não te causar problemas e pus presença pra você mesmo assim.
- Ahh, muito obrigado, senhor monitor. - Miro sorriu pelo canto da boca. - Agora que sei que você é bonzinho comigo, vou aproveitar e sumir mais vezes.
- Não tenha tanta certeza de que vou fazer isso de novo. - Ameaçou Kamus.
Miro finalmente achou o que procurava.
- O que é isso? - Kamus apontou para o pacotinho na mão dele.
- Ah, isso? - Miro levantou o pacotinho no ar. - Nunca viu não? - Riu com gosto. - Chama-se camisinha, Kamus! Sabe pra que serve?
Kamus arregalou os olhos.
- O que é que você vai fazer com isso?
- Exatamente o que se faz com uma camisinha. - Miro sorriu safado. - Você sabe, não sabe? Bem, eu passarei a noite no acampamento Gêmeos, com uma colega de classe. Freya. Conhece?
O modo estranhamente acusador de Miro falar levou Kamus a perceber o óbvio.
- Você nos viu!
- É claro, vocês estavam num lugar deserto, mas à vista de qualquer um que por ventura pudesse estar passando ali por perto. Estavam quase fazendo "aquilo" sem camisinha. Tsc tsc, que feio! - Miro riu. - Ao menos eu sou prevenido.
Kamus arregalou os olhos, sem saber o que falar. Tudo bem que não queria nada sério com a tal Freya, mas isso não dava direito àquelezinho ali de transar com ela!
- Se você fizer isso eu irei agora mesmo conversar com os professores e eles pegarão você no flagra! Você será expulso do acampamento e verá a sua fama na escola!
Miro gelou. Kamus sabia exatamente como aproveitar-se dos medos dos outros. Tudo o que Miro tinha de útil era a sua reputação. A história da expulsão e do "abuso" de uma pobre garotinha inocente fariam tudo cair por terra.
- Você não faria isso...
Foi a vez de Kamus dar um sorriso espertalhão.
- Vai lá pra conferir!
Alguma coisa remexeu-se no estômago de Miro. Se Kamus tivesse dito apenas "Faço sim", Miro teria ficado. O problema é que Kamus acabara de desafiá-lo. O garoto nunca fugiu de nenhum desafio e não pretendia começar agora. Abriu o zíper da barraca com violência.
- Quero ver, querido monitor! - E saiu, deixando o zíper aberto.
Kamus colocou a cabeça para fora e viu o rapaz correndo na direção do acampamento Gêmeos, pronto para encontrar a SUA ficante e não a ficante DELE.
Fez menção de sair da barraca para chamar um dos professores, que àquela hora deveria estar fazendo a ronda num outro acampamento, mas alguma coisa o segurou ali. Pra que ferrar com a vida dele? Pensando agora, o que é que Miro havia lhe feito de grave? Kamus não estava nem aí para aquela menina mesmo! E aquilo da noite anterior já nem parecia mais nada de outro mundo. Havia acabado de entender que o garoto só queria transar(Mas isso ainda tá estranho...). Típico de qualquer rapaz naquela idade.
Fechou o zíper da barraca e acomodou-se. Dormiu muito bem a noite toda.
Oioi!
Primeiro de tudo, eu tenho que pedir desculpas por uma pá de coisas:
Eu sei que vocês querem me matar, mas eu já havia avisado que o Mu e o Shaka não participariam ativamente(em sentido nenhum!XD) dessa fic... Sei que vocês queriam muito ver o Mu de sunguinha e o Shaka com roupa de corredor olímpico...pausa pra babação XD... mas, sério mesmo, não deu pra encaixar.(
E agora, mil desculpas pela demora! O Capítulo já estava pronto há séculos, mas eu estava insegura em relação a ele. Até pensei em refazê-lo, porque imaginei que não era exatamente o que vocês esperavam ler. Mas decidi que a surpresa seria interesante XD! E, é claro, eu não poderia me esquecer da promessa do Saga! Hm, mas acho que o Miro apelou um pouco(muito!)...
A história do suor das três e meia é um fato verídico!XD(tnx, Nat e Carneru!XD)
As coisas vão ficar realmente sérias a partir daqui...
Kisu!