Capítulo 8

Encaravam-se, separados por uns cinco metros apenas. Miro com um olhar de puro ódio e Kamus respondendo com um olhar de fúria. Era impossível dizer quem odiava mais ali.

Tudo o que Miro fizera agora passava pela cabeça de Kamus. Tudo de ruim. E de bom, lógico.

Miro tentava segurar a vontade de sorrir ao mesmo tempo que tentava controlar a sua vontade de acertar o monitor. Ele o havia denunciado. Ele ferrara com a sua vida, e Miro o odiava por isso. Contudo, o amor por ele era mais antigo que essa raiva boba. Era estranho um garoto de apenas 15 anos pensar em amor, quando a maioria nessa idade só pensa em sexo. Mas a verdade é que ele estava amando. Amando perdidamente.

Queria ficar sozinho naquele momento, e não conseguia entender por que ele o seguira. Talvez para se desculpar .Ah, isso não tem importância agora! As coisas estavam melhor do que esperava. Estava sozinho... com Kamus. Estavam afastados da multidão. Cobertos pelo luar...

Desta vez tudo sairia bem. Kamus não ousaria repeli-lo, como fez da última vez. Miro não permitiria.

- Por que você me seguiu, mamãe? - Disse com ironia. Queria irritá-lo.

- Não fale assim comigo, seu molequinho mimado! - Devolveu Kamus, prestes a voar no pescoço de Miro. - Ou eu não--

- "Não" o quê? - Forçou uma risada. - Não vai se desculpar?

- Cala a boca e me dei--

- Não precisa sequer perder tempo. - Continuou como se Kamus nada tivesse dito. - Eu nunca o perdoarei por todo o mal que você me fez!

- E que mal é esse, hein? É você que sempre ferra com a minha vida, não o contário! - Mais um pouco e Kamus estrangularia Miro.

- Ah, é? E quanto ao que você fez hoje? Ao menos o que eu fazia com você não te colocava em risco de expulsão!

- Não tenho culpa se você é um cabeça de vento que acha que trazer coisas proibidas para um acampamento escolar é uma ótima idéia!

Miro virou-se para o horizonte. Em sua mão estavam os chocolates destruídos. Apalpou-os e sentiu que um deles ainda estava parcialmente inteiro. Os amassados jogou no penhasco sem que ele percebe-se.

- Sabe, Kamus... - Ele disse num tom impassível, levemente inclinado para a tristeza. - Acho que você não gosta de mim... - Começou a puxar o papel do chocolate.

- Ah. você acha? - Disse com um sorriso sarcástico. - Demorou tudo isso para achar o óbvio? Quando será que você vai resolver ter certeza?

Miro sentiu o peso daquelas palavras. Sabia que ouviria um "sim, não gosto", ou até um "te odeio", coisas que ele conseguiria superar. Mas aquele sarcasmo deixava evidente o repúdio que Kamus sentia por ele. Aquilo doeu e o deixou em estado de choque por alguns segundos.

- Kamus... - Começou quando se recuperou da surpresa, embora o seu coração ainda doesse. Terminou de desembrulhar o chocolate.

- Sim, Miro, o que gostaria de saber? - Disse ainda com sarcasmo.

- Você liga se suas palavras vão ferir alguém? - Ele se virou, seu rosto com um sorriso falso.

Kamus abriu a boca para responder. Nada saiu.

- Agora você fica quieto? - Ele escondeu as mãos às costas quando virou o corpo e começou a caminhar lentamente até Kamus. - Acho que nem você havia percebido que vive ofendendo as pessoas com essas palavras ruins.

Kamus abaixou o rosto e refletiu, sem se dar conta de que Miro se aproximava. Era verdade o que ele dizia.

E mesmo sendo verdade, ele não deixaria Miro ter razão.

- E o que você tem a ver com isso? - Falou quase gritando, agressivo.

- Eu tenho tudo a ver! - Respondeu na mesma altura e no mesmo tom. - Porque fui eu quem tive que aturar todo esse seu mau humor! Foi em mim que você descarregou toda a raiva!

Miro agora estava bem em frente a Kamus.

- Eu nunca te xinguei ou ofendi!

- Não com essas palavras, não é? - Miro sorriu amarelo pelo canto da boca.

Era agora. Nada poderia dar errado.

- Você é mesmo um--

Miro não deixou que ele terminasse. Rapidamente enfiou o chocolate que segurava entre os lábios de Kamus, deixando parte do mesmo pra fora.

Kamus piscou, sem entender. Passou a língua no objeto para descobrir o que Miro havia enfiado em sua boca.

- Não ouse engolir! - Disse em tom ameaçador.

Era chocolate. Mas não qualquer chocolate. Ele se lembrava daquele gosto. Qual era o nome mesmo...?

Miro viu aquela cara de surpresa no rosto de Kamus. Sorriu satisfeito. Kamus baixara a guarda. Era o que precisava. Encostou seu peito no dele, suas mãos em seus ombros. Os lábios tocaram os dele enquanto os dentes cortaram delicadamente a parte exposta do chocolate.

Kamus não teve tempo de repelí-lo. Estava distraído pensando no nome daquele chocolate que nem se deu conta do que Miro... mas o nome... o nome do chocolate... era Kiss...

Arregalou os olhos.

Miro recuou o corpo apenas o suficiente para poder encarar aqueles perplexos olhos azuis.

- Quem sabe isso não adoça um pouco a sua vida? - Miro sorriu como uma criança.

Kamus engoliu sua metade do chocolatinho inteiro de tão assustado.

- Vo... você... - Não conseguiua sequer formar sentenças simples.

- O quê? - Miro fez uma cara inocente. - Não é suficiente?

E dessa vez Miro grudou seus lábios nos dele e enfiou a língua pela fresta aberta, dando início a um beijo ardente, com movimentos vorazes.

Kamus não correspondeu. Estava surpreso demais para fazer alguma coisa. A única coisa que conseguiu foi firmar as mãos nos ombros de Miro e tentar empurrá-lo com firmeza.

Miro não gostou daquilo e colou ainda mais seu corpo no dele. Apoiou sua cabeça no ombro esquerdo de Kamus e aproximou seus lábios de seu ouvido.

- Hoje não, Kamus... - Sussurrou com a voz carregada de luxúria. - Hoje você não me escapa...

Kamus sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha. O piorera que seu corpo estava respondendo àquelas carícias.

- Por que está fazendo isso...? - Sussurrou o mais alto que sua voz lhe permitiu.

- Por quê? - Miro deu uma risadinha e depois lambeu o lóbulo da orelha dele. - Posso te pedir uma coisa, Kamus?

Kamus não falou nada. Então Miro simplesmente começou a sugar levemente a orelha dele, emitindo pequenos gemidos para estimulá-lo.

Algo começou a se manifestar no baixo ventre do mais velho.

- Fa-fale... - Disse, quase se rendendo.

Miro parou instantaneamente com as carícias e demorou alguns segundos para falar.

- Você pode dizer as palavravas que eu sempre quis ouvir? - Murmurou. A luxúria havia ido embora e só restava aquele pedido humilde.

- O que você sempre quis ouvir? - As mãos de Kamus amoleceram nos ombros do outro. Na verdade, todo o seu corpo estava dormente. Quer dizer, quase todo...

Miro pensou em pedir para ouvir um "Eu te amo", mas, conhecendo Kamus, aquilo seria forçação de barra e era bem provável que desta vez ele não conseguisse evitar de ser empurrado.

- Se eu te pedir pra dizer só um "eu te quero"... só uma vezinha... você... você diz? - Perguntou hesitante. Tinha medo da resposta. - Não precisa nem ser sincero, apenas... apenas diga...

Kamus sentia a cabeça que pesava sobre seu ombro e a respiração que roçava seu pescoço. Miro não o abraçava com vontade de possuir apenas seu corpo. Aquele beijo que ele lhe dera a pouco era idêntico àquele da outra noite. Mas aquilo não parecia desejo.Desejo continha o beijo de Freya, e de todas as outras garotas com as quais já saíra. Era algo mais profundo. Não era uma emoção. Estava mais para... um sentimento.

E diante daquele pedido tão doce, Kamus sentiu seu corpo todo implorar a rendenção. Não era só o corpo. Sua mente estava confusa com o perfume daqueles cabelos, com o calor daquele corpo. Tudo pedia para que ele dissesse...

- Eu te quero...

Sua voz soou leve, como se as palavras fossem sinceras e apaixonadas.

As palavras eram siceras e apaixonadas.

Miro deixou um suspiro aliviado escapar de seus lábios.

- Obrigado...

Mordiscou de leve sua orelha e sentiu o corpo do outro arrepiar-se. Instantaneamente um par de braços envolveu sua cintura e mãos começaram a tatear o tecido da jaqueta. Miro então enfiou a mão direita por baixo daquele manto de cabelos e começou a arranhar levemente a nuca de Kamus, sua boca começando beijos loucos que desciam pelo pescoço.

Kamus não sabia exatamente o que estava dizendo, até que seu corpo arrepiou por inteiro em conseqüência de uma mordida que acabara de levar. Permitiu que sua mente deixa-se seu corpo agir como bem entendesse, e este respondeu segurando aquele corpo pela cintura e procurando pele para acariciar. Sentiu a boca quente contra seu pescoço e as unhas que raspavam na nuca. Mil sensações diferentes o invadiram naquele momento.

Não havia mais para onde descer quando os lábios de Miro tocaram a gola da blusa fina de Kamus. Ele soltou um risinho.

- O que foi...? - Perguntou Kamus, sem entender o porque daquele risinho.

- Eu só tava pensando... - Ele afastou o rosto e olhou um único instante para aquelas safiras escuras, depois desceu o olhar pelo tórax dele, malicioso . - Já que você não tem frio mesmo... por que não tira essa camiseta?

Foi a vez de Kamus rir.

- Pare de arranjar desculpas e tira logo de uma vez!

- Sim, senhor monitor! - Miro disse prontamente, já colocando as mãos na barra da blusa. Antes que pudesse puxá-la, porém, Kamus segurou suas mãos. Miro ergueu os olhos, interrogativo.

- Mas primeiro você terá que me mostrar que resiste ao frio...

Kamus sorriu com malícia e Miro entendeu perfeitamente. Não perdeu tempo a largar do monitor para abrir o zíper da jaqueta e arrancá-la apressado, jogando-a no chão. Em seguida, de forma cômica, arrancou a camiseta, quase rasgando-a.

- Pronto! Sem frio! - Disse, esfregando os braços uma vez de forma inconsciente. Depois agarrou a camiseta dele. - Agora você tira isso logo ou eu vou rasgar! - Puxando-a para cima.

Kamus achou graça do jeito impulsivo do mais novo e riu levemente. Ergueu os braços para que ele pudesse conseguir o que queria.

Miro jogou a peça sobre as outras e parou para admirá-lo. Kamus tinha um peitoral trabalhado na medida certa, à luz da lua ainda mais pálido que o normal. Mais angelical que o normal. Miro não sabia se olhava para aquele tórax, para aqueles braços, para aqueles olhos, para aquela boca. Era isso que Kamus lhe causava. Miro nem sabia o que fazer diante dele.

Kamus admirava o corpo de Miro. Os ombros dele eram mais estreitos que os seus, seu corpo mais fino e de aparência mais leve, mas nem por isso menos sedutora. Os cabelos se confundiam com o céu azul, tão profundo era seu tom, e algumas mechas onduladas manchavam sua pele bronzeada.

Miro, saindo do seu estado de topor, virou-se de lado e indicou as roupas amontoadas.

- Aqui... - Ele segurou a mão de Kamus e puxou-o levemente. - Vai machucar menos...

O monitor assentiu. Miro parecia ser mais experiente do que ele naquela área, então concordou silenciosamente em ficar por baixo. Mas só desta vez. Deitou-se sobre as roupas. As pernas entreabertas receberam o corpo do mais novo, que não perdeu tempo e voltou a beijá-lo, desta vez no ombro.

Miro beijava com voracidade, passeando as mãos pelo corpo dele. Não se surpreendeu ao sentir aquele membro rijo se empurrar mais e mais contra o seu por detrás do jeans das calças que ainda usavam. Os beijos começaram a caminhar pelo tórax dele, se intensificando a medida que se aproximavam do seu objetivo. Queria abocanhar aquele pênis como se fosse um doce. Queria. Iria.

Kamus estava apoiado nos cotovelos, os olhos semicerrados prestando atenção em cada movimento dele. Sabia exatamente o que ele procurava. Desejava silenciosamente que ele alcança-se logo seu objetivo.

Os lábios dele alcançaram a calça jeans do outro. Seus dedos se enroscaram no zíper puxando-o desesperadamente. Queria livrá-lo daquela calça. Ergueu-se e arrancou-a com violência, levando embora a roupa de baixo junto e revelando aquele membro ereto. Miro sorriu maliciosamente.

- Uau! O seu é grande, hein?

Kamus corou violentamente e deitou a cabeça para trás, vermelho de vergonha.

- Você não tinha nada mais inteligente para dizer?

- Oh, isso foi um elogio... - Disse, rindo de leve da falta de jeito dele. - É só que... eu não sei se vou dar conta...

- Faça logo e pare de me deixar com vontade! - Ordenou ele.

Miro poderia obedecê-lo. Poderia satisfazer a vontade dos dois. Nããããããããão, esse não seria ele. Torrar Kamus até a morte ainda era seu objetivo número 1.

- Hmmmm, não sei se deeeevo... - Falou com voz infantil.

Kamus ergueu a cabeça, olhando-o ameaçadoramente.

- VAI. LOGO.

Miro olhou para o sexo duro de onde já começava a gotejar sêmen. Passou a ponta do dedo pela glande e sentiuaquelas pernasestremecerem levemente sob seu corpo.

- Ah, melhor não! Não tô afim! - Disse, lambendo o mesmo dedo.

Kamus fuzilou Miro com os olhos. No que ele estava pensando? Azucrinou-o a semana toda, Acusou-o, obrigou-o a deitar-se naquela pedra que estava arranhando sua costas e... E AGORA OUSAVA DIZER QUE NÃO ESTAVA AFIM?

- VAI. FAZER.

E antes que ele pudesse processar as palavras, Kamus empurrou a cabeça de Miro contra seu sexo, forçando-o a coloca-lo na boca.

Miro não entendeu a violência que Kamus empregara. Tudo o que sabia é que agora estava ali, parado, com o sexo dele em sua boca. A mão estava fechada em seus cabelos. Se Miro não começasse logo, Kamus o faria começar. Então decidiu tomar a iniciativa, movendo-se para frente e para trás sem nenhum pudor, tentando colocar tudo aquilo na boca.

Kamus gemia, sentindo a saliva quente deslizar pela parte mais sensível de seu corpo, a língua voraz que se esfregava contra a sua pele, os dentes que o feriam levemente. Lembrou-se das noites sozinho em casa, o computador conectado em sites que fariam sua mãe ficar cor de tomate. Aquilo era muito melhor, nem se comparava a sensação que sentia ao se tocar fantasiando com cantoras e atrizes de cinema. Aquilo era... real. E era com... um cara. Mas... não parecia assustador. Nem nojento, como sempre pensara. De repente, aquilo parecia apenas mais um detalhe, que depois de um instante pareceu nem ter importância. Kamus sentiu o calor percorrer seu tronco, alcançar sua virílha. A região esquentou, esfriou, sua púbis tremeu e ele nem teve tempo de avisar a Miro.

O jato quente invadiu sua boca tão de repente que Miro acabou engasgando. Os dentes se fecharam sem querer no membro do "amigo". Kamus gritou, suas pernas se encolheram por reflexo, sua mão empurrou a cabeça dele com violência.

- NO QUE É QUE VOCÊ ESTAVA PENSANDO!

Miro piscou .Sua boca estava suja pelo sêmen de Kamus, os filetes esbranquiçados descendo pelo queixo. Ele até entendia a raiva de Kamus, mas não havia sido uma mordida forte. Bom, pelo menos não na cabeça dele. Porém Kamus ficara chateado, então era melhor se desculpar.

- Me desculpe, Kamus... - Ele olhava para o chão, sem coragem de encará-lo. - Juro, eu não queria ter te machucado...

Kamus suspirou. Antes daquela mordida, estava tudo bem, mas agora... Ah, poderia ficar muito bem. Hmm, pensando agora, ainda tinha coisa bem melhor por vir. Podia deixar passar aquela, afinal não estava doendo e nem estava machucado. A dor de certo foi mais pelo susto.

- Tudo bem , eu te desculpo... - Pensou em encerrar a frase aí. Sorriu esperto. Idéia de última hora. - Mas você vai ter qeu fazer algo mais pra mim...

Miro encostou seus lábios nos de Kamus, olhando-o nos olhos.

- Diga que eu faço!

- Você vai ter que massagear para a ferida parar de doer...

Kamus falou e um pouco de seu sêmen escorregou para entre seus lábios e ele só pôde limpá-los com a língua, que esbarrou em mais lábios e mais sêmen foi lambido. Miro interpretou aquilo como um beijo e, antes de começar a massagem, atacou os lábios do monitor, forçando-o a experimentar do próprio gosto. Aquilo era quase como um fechamento de contrato, um Miro que respondia um "combinado" à ordem de Kamus. No instante seguinte a mão já estava no membro do mais velho, acariciando-o e excitando-o. Não demorou até que o sexo dele tornasse a ficar duro.

A mão do monitor alcançou o botão da calça de Miro, abrindo-o, os dedos encontraram o zíper, puxando-o. Um puxão ágil e ia-se a calça e a cueca de Miro, agora nu, de quatro, subindo novamente sobre Kamus e obrigando-o a deitar-se. Estava na hora do melhor da festa.

A mão de Miro escorregou do membro para o ânus virgem. Um dedo pressionando o pequeno oríficio fez Kamus gemer mais alto entre seus lábios. Miro sorriu de leve, sem interromper o beijo. Agora tinha certeza de que Kamus também queria.

As cabeças se afastaram para que o mais novo pudesse ajeitar-se entre as pernas do mais velho. Kamus apoiou-se nos cotovelos e viu a genitália do outro, que não deixava a desejar. Não pôde impedir sua mente de fazer uma rápida comparação entre os dois órgãos e sentir um pouco de inveja. Como ele ousava ser mais novo e ter um maior?

Foi então que Kamus reparou num detalhe bem mais crucial.

- Miro.

- Fala?

- Cadê a camisinha?

Miro piscou. Estendeu a mão desesperado para a calça e fuçou nos bolsos, mas não havia nenhum preservativo ali. Empurou Kamus um pouco para o lado, fuçando nos compartimentos da jaqueta.

- Vai dizer que você não tem... - Kamus tinha os olhos arregalados, temendo a resposta.

- Ahn... bem, eu não esperava de verdade que isso fosse acontecer HOJE. - Desculpou-se Miro. Na verdade ele esperava, mas era melhor mentir do que admitir que havia pensado em tudo, menos no detalhe mais importante.

- Ahhh, merda! - Xingou Kamus.

Miro olhou para o céu. Olhou para as árvores em volta. Para Kamus. E, por fim, para o seu membro que já começava a esmorecer. Fixou seus olhos azuis nos de Kamus.

- E se fizermos sem camisinha... só desta vez! - Apressou-se em acrescentar.

- Sem camisinha? Mas é perigoso!

Miro amarrou a cara.

- Por que? Você corre o risco de engravidar, é isso?

Kamus também.

- Não, gênio, - Disse com ironia. - só tô falando que sexo sem camisinha não é legal! Eu lá vou saber por onde esse pinto andou?

Miro sentiu uma vontade louca de esganá-lo. Porém, ao invés de xingar, resolveu ficar sério. Moveu os olhos de um lado para o outro algumas vezes.

- Kamus... Eu nunca transei sem camisinha com ninguém antes... - Seus olhos fitaram novamente os do Monitor. - Só dessa vez, por favor...

Os olhos de Kamus entenderam os de Miro. Viu que o rapaz dizia a verdade e o tanto que queria levar aquilo até o fim. Talvez estivesse sendo ingênuo demais, mas...

- Por favor... - Miro insistiu.

- Ok... - Disse Kamus finalmente. - Mas só desta vez...

Miro sorriu de leve, voltando sua atenção para o pênis de Kamus no mesmo instante. Ainda continuava ereto, e ao vê-lo, sentiu o seu próprio voltar a se levantar totalmente. Ajeitou-se, colocou as pernas do outro sobre suas coxas, fazendo-as ficarem em torno de sua cintura, e encostou a ponta de seu membro na virgindade de Kamus. Começou a penetrá-lo lentamente, não queria machucá-lo muito. Imaginava o quanto aquilo deveria doer.

Kamus teve que morder o lábio inferior. Imaginou que doeria, mas nunca pensou que seria algo tão forte assim. Sentia que Miro fazia com cuidado para não machucá-lo, bem lentamente. O movimento entra e sai causava dores incômodas e ao mesmo tempo um imenso prazer, combinação essa que fez Kamus começar a gemer, aumentando o volume à medida que Miro aumentava a velocidade das estocadas.

Miro, vendo a expressão contraída no rosto de Kamus e seus gemidos que mesclavam dor e prazer, sentiu-se na obrigação de aliviar a dor que ele mesmo causava. Com a mão hábil começou a masturbá-lo. Um gemido mais alto indicou a total aprovação do outro ao ato.

Os gemidos foram se tornando cada vez mais altos e Kamus percebeu que estava perto do segundo clímax da noite ao mesmo tempo que Miro lutava para se agüentar. A boca do mais velho se abria em busca de fôlego para dar o aviso ao mais novo, mas sempre que tentava dizer uma palavra, apenas gemidos e gritos saiam. No entanto seus corpos já haviam entrado em sincronia, e foi dessa estranha forma que o mais novo entendeu que não precisava mais se segurar.

Miro soltou um grito abafado, liberando seu sêmen dentro do corpo de Kamus, que no mesmo instante liberou o seu, sujando a mão dele.

O escorpiano apoiou a mão livre no chão e arqueou o corpo para frente. Respirava pela boca e seu olhar estava fixo no trabalho que tinha feito. O abdômen de Kamus estava todo coberto pelo líquido viscoso, o que lhe causava imensa satisfação.

Tinha os olhos fechados e respirava pela boca, muito mais ofegante que o outro. Nunca havia sentido tanta dor e tanto prazer. Nunca havia sequer imaginado que aquilo aconteceria com ele um dia. Abriu os olhos e olhou para o rosto de Miro, recortado contra o céu azul escuro e banhado pelo luar. Aquela cena era linda, parecia um quadro renascentista de tão perfeito.

Na verdade ele sabia que a cena não era tão bonita assim, aquilo era apenas a sua cabeça enfeitando a realidade. Não deu a menor atenção para esse detalhe.

Miro ergueu o tronco, um sorrisinho sedutor no rosto.

- E então? – Apenas para fazer charminho, lambeu a ponta do indicador sujo de branco.

Kamus corou levemente.

- Devo admitir, você é mesmo muito bom... – Disse, meio sem-graça.

As maçãs de Miro coraram um pouco mais que as de Kamus.

- Sabe como é, né... prática... – Desviou o olhar para o céu para disfarçar a falta de jeito. Kamus não poderia saber jamais que aquela havia sido sua primeira vez com um garoto.

- Pelo jeito muita prática, você não deve fazer mais nada na vida além de sexo! – O monitor deu um sorrisinho venenoso.

- Você nunca perde a chance de me tirar, né? – Miro torceu a boca.

- Imagino que você nunca vai parar de me atazanar também, então não podemos reclamar um do outro.

- É, nesse ponto você tá certo... – Riu.

Kamus continuou fitando o rosto de Miro. Como ele ficava bonito quando ria.

Miro saiu de dentro de Kamus e inclinou-se na direção de seu rosto.

- Sabe, Kamus... – Ele sussurrou quando seus rostos se aproximaram. – Seus olhos ficam tão lindos debaixo da luz da lua... – Sua mão afastou uma mexa de cabelo na testa dele e depois escorregou por toda a extensão de seu rosto. – Sua pele fica parecendo prata... – Os dedos acariciaram os lábios. – E sua boca fica ainda mais vermelha... dá vontade de morder...

Um sorriso surgiu nos lábios de Kamus.

- Tá atrasado uns três segundos... – Murmurou, puxando o rosto dele na direção do seu e atacando vorazmente a sua boca, sendo retribuído na mesma intensidade.

Não demorou muito para que eles se soltassem, exaustos. Miro se aninhou nos braços de Kamus, pronto para dormir.

- Precisamos marcar um dia para testar se eu aprendi direitinho, Miro... – Murmurou Kamus, afagando os cabelos dele.

Miro ergueu o rosto para olhá-lo, incrédulo.

- Cê tá falando sério?

- Só se você quiser levar a sério... – Kamus deu uma risadinha divertida e cheia de sono.

Miro abriu um leve sorriso de felicidade, mas por dentro seu coração parecia querer explodir de alegria. Voltou a acomodar a cabeça sob o queixo de Kamus.

- É só marcar... – Pausa. – Kamus... você gosta mesmo de mim? Quero dizer, assim, de verdade? Ou você ta só procurando diversão?

- Acredite em mim, se eu estivesse procurando DIVERSÃO, você não seria nem a minha última opção!- Riu.

- O que você quer dizer com isso? – Indignado.

- Que você é um mala, só isso!

- Como assim?

- MA-LA!

- Ahhh, seu tonto!

- Hahahahahahahahaha, estou só brincando, chéri... – Kamus afagava carinhosamente os cabelos dele. – Na verdade, acho que de tanto você ter enchido meu saco, eu acabei ficando dependente da sua chatice... por isso quero ficar com você por um looooongo tempo...

- Para sempre?

- Isso é tempo demais, afinal não somos imortais...

- Então... até quando...?

Kamus supirou uma última vez.

- Até quando o tempo permitir...

E apagou.

Miro sorriu ao ouvir aquelas palavras. Depositou um beijo no pescoço dele.

- Que seja infinito enquanto dure...

Adormeceu.

Mesmo não tendo ouvido a conversa do lugarzinho em que estava escondido, Afrodiete sorriu. Suspirou. Queria ter a mesma sorte...

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- AHHHHHHHHHHHHHHH!

- Shiu, Kamus! Num grita! – repreendeu Miro.

Kamus agarrou a camiseta do chão e ergueu-a para mostrar a Miro.

- Olha. Isso. – Disse entre dentes, apontando para a mancha de sangue em sua camisa.

- É, sangue, todo mundo sangra. – Disse Miro com ar de pouco caso, vestindo sua jaqueta.

- Sim, gênio... – disse com ironia. - e me fala como é que eu vou surgir no acampamento com uma mancha vermelha dessas estampada na minha camiseta?

- Ainda está longe da hora de acordar...

- Falta vinte minutos.

- Então, em vinte minutos se faz um mundo!

- E se destrói também.

- Ah, veste isso logo! – Miro, sem paciência, ajeitando o cabelo. – A gente entra na barraca e troca de roupa correndo!

- O professor vai nos ver e você já está encrencado o suficiente.

- Eu sei e já te agradeci por isso. – Disse com ironia, depois continuou em tom normal sem dar chance para Kamus falar. – Mas eu já escapei da barraca da Freya mais ou menos por esse horário, os professores já estão cochilando quando chega essa hora.

- Se você diz, né... – Kamus deu de ombros, vestindo a camisa do avesso e ao contrário para que a mancha ficasse mais ou menos escondida pelos cabelos(e ignorando o nome "Freya" na declaração de Miro).

Miro deu uma risada gostosa. Kamus não entendeu por que.

- O que foi?

- Nada, é só que... hahahaha, a gente tava discutindo agora mesmo!

Franziu o cenho.

- E que é que tem?

Miro encarou-o com um sorriso divertido.

- Acabamos de fazer amor e já estamos brigando! Será que isso tem futuro?

Kamus deu um sorriso, aproximando-se de Miro e dando-lhe um selinho.

- Quer arriscar pra descobrir?

Miro deu um selinho um pouco mais profundo.

- Já tô arriscando!

- Ótimo! – Kamus dessa vez deu-lhe um verdadeiro beijo francês.

Separaram-se depois de alguns minutos.

- Não pensei que você fosse encarar isso tão bem... – comentou Miro, indo até a beirada da pedra e descendo.

- Pra ser sincero, eu também não... – Confessou.

Miro deu uma risadinha, mas depois voltou a ficar sério.

- É isso... agora tá tudo acabado pra mim...

Andavam por entre as pedras e árvores.

- Por causa do que você aprontou?

- É... – suspirou. – Kamus, por que é que você foi contar?

- Acontece que—

- Tudo bem que eu fiquei no seu pé o tempo inteiro, mas não acha que essa vingança foi um pouco exagerada demais?

- Miro, me deixa ex—

- Agora eu vou ser expulso da escola... – Suspirou. - Minha mãe vai me matar! Ela disse que eu ia ficar um ano de castigo se tomasse mais uma suspensão! Não quero nem ver o que vai acontecer comigo depois que eu for expulso!

Mais um pouco e logo estariam no acampamento.

- O que eu tenho a dizer é—

- Não tente se desculpar, Kamus, eu não quero desculpas! Já aconteceu, não há mais como voltar atrás, então não torne tudo pior para nós dois.

- POR QUE É QUE VOCÊ NÃO ME DEIXA FALAR, DROGA?

- SHHHH, já disse pra você não gritar!

- Então me escute, droga!

- Nada do que você disser vai fazer com que eu me sinta melhor, então vê se não força a barra e cala a boca! – Disse com má criação.

- Não fale assim comigo!

- Falo como eu quiser com quem eu bem quiser!

- Você sempre fala e nunca ouve!

- E você é muito diferente, né? – Irônico.

Kamus ignorou.

Haviam saído do pomar e já estavam próximos das barracas.

- É a última vez que eu pergunto: Vai me interromper ou vai me deixar falar?

Miro tomou ar pra responder, mas não teve chance.

- Miro e Kamus, onde estiveram enfiados a noite toda?

Eles ergueram o rosto. Era o professor, ladeado por Shura, Seiya, Aldebaran e Aioria.

- Estávamos preocupados, fomos na barraca de vocês para conversar e não havia ninguém lá. - Aldebaran.

O casal se entreolhou, enquanto Kamus colocou as mãos nas costas e espalhou o cabelo para esconder a mancha.

- Quem é que vai começar a me explicar?

- Eu adoraria explicar, mas pra isso eu preciso entender o que está acontecendo. – Miro falou sem se preocupar com a educação. Já estava expulso mesmo.

- Os seus amigos contaram a verdade.

Piscou.

- A verdade?

- Sim.

Miro olhou de rosto em rosto.

- Por que é que vocês fizeram isso? – Inconformado. – Eu levei a culpa por todos para que vocês não tivessem problemas!

- A gente não podia deixar isso acontecer. – Foi Shura quem se pronunciou. – Combinamos isso juntos, não poderíamos deixar um só levar a culpa.

- Mas... mas... – Miro tentava contra-argumentar, mas nenhuma de suas idéias alcançava a sua boca.

- Num esquenta, Miro! – Seiya sorriu. – Se formos expulsos, ao menos seremos todos juntos!

Miro suspirou.

- Viu o que você fez? – Falou a Kamus, mas sem encará-lo. – Não fodeu só com a minha vida... mas fodeu com a dos meus amigos também.

Kamus enfezou. Estava pronto para começar a gritar, quando...

- Por que você tá culpando ele, Miro? – Seiya perguntou timidamente.

- Ué, foi ele que nos entregou! – Os amigos de Miro trocaram olhares. – Não foi?

Aioria respirou fundo.

- Não, Miro. – Falou timidamente. – Na verdade, fui eu.

Miro piscou.

- Como é que é? VOCÊ NOS DENUNCIOU, SEU FILHO DA MÃE? – O garoto se preparou pra rolar no chão com o amigo.

- Miro, não erga o tom de voz. – Repreendeu o professor.

Miro respirou fundo.

- Sim, senhor.

- Mas ele não denunciou ninguém, Miro.

- Ah, não? – Piscou, sem entender.

- Não. Na verdade eu estava pegando a bebida na sua mochila quando o professor apareceu e me pegou no flagra... – Aioria riu e mostrou a língua, dando um soquinho na própria cabeça. – Desculpa a minha burrice!

Miro fitou os olhos de Aioria, descrente. Não podia ser verdade, mas... aqueles olhos não mentiam. Olhou para o rosto dos amigos, que sorriam triste, porém sinceramente. Para o professor, que confirmava a versão de Aioria com um aceno positivo de cabeça. E por último, olharia para Kamus.

Não sabia o que esperar no rosto dele. Talvez por isso demorou um pouco mais o olhar na ponta dos tênis dele. Um olhar de desprezo, de raiva... depois daquela noite maravilhosa que tiveram, aquele olhar o destruiria por completo. Destruiria o relacionamento deles. Talvez até mesmo a estranha amizade que surgiu entre os dois.Se não pudesse mais vê-lo, se ele se recusasse vê-lo...

Quandos seus olhares se encontraram, Miro nem pôde acreditar. O mau humorado tinha um sorriso ao mesmo tempo esperto e divertido.

- Me desculpe, Kamus... Não confiei em você... – Disse, abaixando o olhar, visivelmente chateado pelo que fizera.

Kamus riu, apoiando a mão no ombro dele. Não estava bravo ou magoado.

- Da próxima vez, dê chance para que os outros falem.

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Oiee! Consegui postar o capítulo 8 no prazo que me propus!

Bem, cá está o capítulo mais esperado XD! Espero que gostem!

Me permitidarà noite delesum toquemelado-romântico... Porque eles brigaram tanto tanto tanto que eu achei que eles mereciam uma noite bem bonita! Tudo bem que eles brigaram até durante o ato, mas... hahahaa, achei bem divertido isso! Esses dois nunca vão se entender mesmo... não acho que esse romance deles será para sempre, mas eu não pretendo escrever esse final!

É estranho, eles começaram a noite como inimigos mortais e terminaram como um lindo casal de namorados... Esses dois são tão confusos!XD

Hahaha, sim, não foi o Kamus que entregou o Miro, e sim o Aioria que conseguiu ser pego! Shakinha, você foi o único ser humano adesconfiar disso, PARABÉNS! O Kamus não seria cruel a esse ponto(eu acho..), mesmo tendo insinuado que iria contar. Ameaça, ameaça, ameaça e nunca faz! Sorte do Miro, ne? Além dele que desconfiou, teve mais uma criatura que já sabia e fez o favor de dar com a língua nos dentes(é, né, Srta. Death Mask...)... para a sorte dela isso não atrapalhou os meus planos.

Para comemorar esse capítulo eu tentei colocar uma fanart linda que ganhei da maldita Death Mask no meu blog, mas a weblogger, pra variar, não colaborou... sorry...mas eu ainda vou colocar! (Aff, comoodeio internet...)

Por hora é isso...

Kisu!

Ja ne!