Tlavez pudesse parecer uma coisa boba para os outros, mas para ele, saber que haviam muitas coisas sobre ela que ele não sabia, doía. E por isso o maldito perfume o incomodava. Olhou em volta mais uma vez, lembrando-se das últimas palavras que ela lhe dissera.
"Algumas coisas são simplesmente inexplicáveis, Sirius. Não tente entende-las, pode acabar com tudo."
Olhando pela janela, ele podia quase rever a cena que se passara ali mesmo, poucos dias antes. E o perfume dela ainda estava lá.
- Belo lugar. - A morena disse, abrindo a janela e se inclinando um pouco para frente sentindo a brisa suave que chegava.
- É sim, não é? - Ele se aproximou e a abraçou por trás, depositando alguns beijos no pescoço dela. - Eu acho que serve por enquanto. Mas um dia vamos pra um lugar melhor.
- Vamos? - Ela se virou, sem soltar-se do abraço dele, o encarando seriamente. - Isso quer dizer, eu e você?
- Claro. Ou você achou que você não estava nos meus planos futuros? - Ele levantou uma sobrancelha.
- Ah, não. Não é isso Sirius. É só que você está pensando um pouco pra frente demais, não? Nós mal temos 18 anos. EU não tenho 18 anos.
- Isso não é nada. Lily e James estão de casamento marcado.
- Você não pode estar pensando seriamente em se casar sem ter um emprego. James ainda pode contar com a herança dele. Mas nem eu nem você podemos contar com isso por enquanto. - Desta vez ela tocou num ponto sensível e ele a soltou, se afastando, um ar sombrio cobrindo-lhe o rosto.
- Eu acho, Marlene, que você não está me falando tudo. - Ele disse.
- O quê? - Ela o olhou chocada, a face parecendo pálida. - Por que você acha isso, Sirius? Acho que isso é motivo suficiente, não? Nós não somos eles. E eles têm muito mais facilidade pra isso que nós. Os dois estão órfãos. Os dois têm uma boa herança para se virarem direito. E nós? Você foi deserdado pela sua mãe. E meus pais, graças a deus, ainda estão bem vivos. E eles nunca apoiariam isso.
- Você já é maior de idade. Eu TENHO um trabalho, VOCÊ tem um também. Não vejo por que não daria certo. Não precisamos viver luxuosamente, como nossas famílias. A não ser que você ache que seus pais não gostariam de te ver casada comigo. - A expressão dura de Sirius, agora havia se congelado de vez.
- Não. - Marlene ficou ainda mais pálida. - Eles só me achariam muito nova para casar.
- Com um deserdado. - Ele cruzou os braços, lembrando muito uma criança a quem um brinquedo foi negado e ficou emburrada.
- Eu não entendo por que ser deserdado te incomoda tanto. Eu sempre achei que você odiasse a sua família. - Ela agora parecia bastante machucada.
Um movimento discreto do outro lado da rua, despertou Sirius de seus devaneios. Uma figura encapuzada se aproximava rapidamente. Ele estava treinado o bastante, para saber que a figura não estava ali antes e nem havia chegado de nenhum lado ou esquina, logo, só poderia ter aparatado. Sendo ele o único bruxo a morar naquele prédio, só pôde supor que seria uma visitinha para ele, e uma visitinha encapuzada, queria dizer diversão.
Destrancou a porta e abriu os trincos, colocando a varinha em posição e colocando-se ao lado da porta, pronto para pegar quem quer que entrasse. A campanhia tocou pouco tempo depois.
- Está aberta. - Ele disse, o coração um tanto acelerado.
A porta se abriu devagar e de repente ele se viu segurando um pescoço contra a parede, a varinha apontada para o coração da pessoa, que se debatia ferozmente. Antes mesmo que a pessoa falasse, ele sentiu o cheiro. Já sabia quem seria e a soltou rapidamente. Ela escorregou até o chão, arfando e retirou o capuz, olhando seriamente para ele.
- Não imaginava que estivesse me odiando tanto, Sirius. - A voz dela soou um tanto irônica, mas ele imaginou que o coração dela estava tão descompassado quanto o dele, devido à demora que tinha para recuperar o folego.
- Não sabia que era você. - Ele disse, fechando a porta atrás de si, tentanto esconder a imensa felicidade que sentia ao vê-la ali. - Está legal?
- Bem, não foi a melhor experiência, da minha vida, mas eu acho que consigo sobreviver.
- O que veio fazer aqui? - Ele disse denotando uma certa impaciência planejada.
Marlene ficou muda. Provavelmente relembrando, assim como ele.
- Sim, eu odeio a minha família. Mas eu sei muito bem o que acontece quando se é deserdado.
- Deixe de ser bobo, Sirius. Meus pais devem até te preferir assim.
- Por que? Quero dizer, vocês são uma família importante no ministério, e eu agora sou um ninguém.
- Isso já é neurose, Sirius. Você sabe muito bem que se você ainda fosse da família, meus pais não te respeitariam.
- Eu sei disso. - Ele finalmente descruzou os braços, a expressão ainda dura, porém mais suavizada. - É que eu SEI que você não está dizendo algo, Marlene. Eu SEI.
- Bem, talvez eu esteja mesmo. Mas você não entenderia. - Os olhos dela brilharam.
- Tente me explicar. - o tom, dele era desafiante.
- Algumas coisas são simplesmente inexplicáveis, Sirius. Não tente entende-las, pode acabar com tudo. - Marlene agora não parecia zangada, magoada, irônica, nem nada. - Aliás, já está estragando.
- Eu estou estragando? Você que acaba de dizer que não quer se casar comigo.
- Eu não disse isso. Eu disse que somos muito novos e que não temos condições e que meus pais não gostariam.
- E está me escondendo algo. - Disse acusadoramente.
- Se eu estiver esconendo alguma coisa, é por que não faz diferença nenuma. - O tom dela era igual. - E você está conseguindo realmente arruinar tudo, Sirius.
- Eu? Ora, Marlene, eu estava fazendo planos para nós dois! Pelo amor de Deus.
Ela se levantou, sacudindo a poeira da capa e o encarou firmente, depois de um tempo de silêncio.
- Vim falar com você, o que mais? - Ela deu de ombros.
- Ah... Certo. - Ele coçou a cabeça. - Olha, Lene. Eu não te odeio. Quero dizer... Eu achei que...
- Eu não vim aqui falar sobre um ataque que eu não sabia que iria acontecer. - Ela sacudiu os cabelos impacientemente. - Vim falar sobre aquela briga nossa.
- Ah, claro. - Naquele momento, Sirius sentia que ela era dez anos mais velha. O ar que ela carregava, agora muito menos adolescente, a transformava de vez em uma mulher. "Isso em poucos dias que ficamos separados." - Eu te diria para sentar-se, mas ainda não arrumei os móveis, ele apontou para as caixas empilhadas em um canto. - Estive ocupado demais.
- Fazendo o quê? - Ela não evitou a curiosidade.
- Pensando aonde eu errei com você. Afinal de contas, não é todo dia que a pessoa que você ama sai correndo totalmente irritada de casa após um pedido de casamento.
- De novo com essa história? - Ela suspirou. - Certo, não vamos brigar, ok? Vamos resolver isto, Sirius? Eu não suporto mais não te ver todos os dias.
- Digo o mesmo, Lene. - Ele também suspirou. - Eu só queria que você me explicasse...
- Eu já disse. - Ela se aproximou dele, com um ar que ele jamais havia testemunhado antes. Uma sensualidade que ele não sabia existir nela. - Alguma coisas são inexplicáveis. Quer mesmo saber, Sirius? Eles, - ele soube que ela se referia aos comensais da morte de Voldemort. - estão atrás de nós. Papai e Mamãe estão ativamente na luta contra as influências dele no ministério e em outros países. Têm atrapalhado demais. Não vejo como eu poderia me casar com você, tendo a possibilidade e te deixar viúvo ainda cedo.
- Não fale assim, Marlene. - Ele segurou o rosto dela com firmeza entre as suas mãos. - Eu não vou deixá-los tocar em um fio de cabelo seu. Nunca. Por isso mesmo você deveria ficar comigo. Afastaria você do perigo e...
- Você não entende? Eu já estou marcada para morrer, e mais cedo ou mais tarde, isso irá acontecer. Antes do que eu queria, mas talvez ainda demore o necessário. - Ela colocou as mãos no rosto dele e se aproximou num beijo suave.
Antes que percebesse, sentiu que ela puxava sua blusa para fora da calça jeans, e pôde sentir as pequenas e quentes mãos dela em suas costas, arranhando-as de leve e foi com surpresa que sentiu as mesmas mãos descerem e ocuparem parte do lugar onde antes estivera a blusa. Entendendo logo o que ela queria, ele se apressou em empurrá-la, sem acabar o beijo, em direção ao quarto.
Enquanto faziam o trajeto, ela mesma separara o beijo e agora mordiscava de leve a orelha dele, de modo que ele tinha que se segurar para não jogá-la no chão e ali mesmo admirá-la por completo. Pareceu que uma eternidade se passara até chegarem no quarto e ele deitá-la na cama, ajoelhando-se por cima dela, e olhando-a com todo seu desejo.
As mãozinhas dela já se levantavam em direção aos botões da calça dele, quando ele as segurou e colocou ao lado da cabeça dela, dando um meio sorriso e se abaixando por cima dela. Fez uma trilha de beijos do pescoço até o colo, semi coberto por uma blusa decote canoa, que logo estava rasgada e jogada ao chão. A trilha de beijos, seguiu até o cós da saia que ela usava.
Ela rapidamente inverteu as posições e estava em cima dele. Ele apenas sentia que ela tinha uma mão em sua coxa, outra no cós de sua calça e dava beijos em seu pescoço e pequenas mordidas na orelha, intercalando-os com beijos ardentes. Ele por sua vez, tocava cada parte do corpo dela que podia, e já sentia os efeitos de toda aquela situação. Enquanto deslizava uma mão para dentro da saia dela, sentia que ela trabalhava sem muito sucesso com os botões e zíperes de sua calça.
Virando-a de repente para o lado, ele voltava a estar por cima. Voltou a fazer a trilha de beijos pelo corpo dela, desta vez arrancando também o soutien e desta vez ao chegar ao cós da saia dela, abriu o fecho e fez a peça escorregar por suas pernas. Agora ele tinha as duas mãos na parte interna das coxas dela e ela finalmente conseguira ter sucesso com a calça dele.
Sirius abaixou-se, até estar quase deitado em cima dela e afundou o rosto nos cabelos macios, sabendo que era de lá que vinha o perfume doce que ela exalava. Arfando ele disse:
- Que perfume é este?
- É meu shampoo... Floral. Eu gosto dele, deixa um cheiro diferente a cada vez que...
- Eu sinto sempre o mesmo cheiro. O melhor que... Agora que penso nisso, me lembro que foi o cheiro que eu sentia quando o Slug nos mandou preparar aquela poção do amor, como é mesmo o nome?
- Não sei... - Ela respondeu. - Mas foi aquela da vez que fizemos dupla juntos. - Um sorriso meio bobo fazia voltar a ela o ar adolescente que tinha antes de brigar com ele.
- De qualquer maneira, eu sempre senti seu cheiro. Ele ficou impregnado aqui, nos últimos dias, inclusive.
- Às vezes eu me perguntou se você não é um cachorro. - Ela deu um sorriso. - Nunca vi ninguém para cheirar como você. - Ela se virou e acariciava o topo da cebeça dele.
- Bem, - ele deu um sorriso de lado. - o seu cheiro é inconfundível. Fizeram siêncio por uns segundos, até Sirius falar. - Você quer ser minha mulher, Marlene?
- Seu bobinho. - Ela sorriu. - Ainda não entendeu? - Ele a olhou parecendo confuso, curioso e extremamente infantil. - Já sou sua mulher. E serei apenas sua, até quando eu morrer.
- Pare com essas besteiras, Marlene. Você não vai morrer tão cedo.
- Não. Eu sei que não é assim. - Ele ia abrir a boca, porém ela falou antes. - E não me peça para explicar. Algumas coisas são simplesmente inexplicáveis.
