Título: Shame
Autora: Senhorita Mizuki
Categoria: Slash
Gênero: Romance/Humor
Classificação: R
Personagens: Harry Potter e Draco Malfoy
Avisos: Spoilers do primeiro ao quinto livro, A Ordem da Fênix.
Disclaimer: Harry Potter e personagens aqui representados não me pertencem, mas sim a autora J.K.Rowlings e a Warner Bros. Foi escrito de fã para fã, sem fins lucrativos.
Shame
Por Senhorita Kaho Mizuki
Capítulo 3
- Beijos terão de esperar, ahn? – Harry rosnava intimamente, enquanto tinha uma visão da mesa da Corvinal, com destaque para o casal popular da casa. Pendurados um no outro, não paravam de dar bitoquinhas.
- Nojento, não é mesmo? – comentou Gina, pegando um pão da travessa.
Harry não havia percebido a garota ruiva ao seu lado, ocupado que estava com seus olhares faiscantes para a outra mesa. Se olhar matasse, Cho Chang e Miguel Corner a essa altura estariam enterrados a sete palmos da terra.
Resmungou frustrado em resposta. Pelo menos ela não havia chorado, se deprimido ou falado sobre a morte de Cedrico. Decidiu mudar seu foco de atenção, vendo o que os alunos da Sonserina, ou melhor, o que o grupo de Malfoy estava fazendo.
Franziu o cenho, o loiro estava sério e só comia. Repreendeu Goyle e Crabble, que começavam a jogar miolos de pão um no outro. Parecia ter acordado com o pé esquerdo, bem, isso melhorava um pouquinho o humor de Harry.
- Malfoy está calmo demais nesses dias. – disse Ron, que havia olhado de soslaio para a mesma direção.
- Eu o vejo muito na biblioteca. – disse Hermione – Acho que está preocupado com os NIEMs. – Ron fez um som abafado, mostrando incredulidade, e Mione o olhou feio – É o que vocês dois deveriam estar fazendo. – empertigou-se.
- Relaxe Hermione. – disse Harry, antes de desviar sua atenção da mesa da Sonserina.
Do outro lado, Draco ergueu discretamente os olhos, assim que deixou de ser observado.
oOo
Apesar de sua raiva pelo caso mal resolvido "Miguel Corner", estava achando os encontros – relâmpagos, diga-se de passagem – interessantes. A cada um que marcavam, era em um lugar diferente de Hogwarts, a escola era cheia de salas, câmaras, espaços secretos e tudo o mais. Era como desvendar o castelo.
Cho Chang estava diferente, muito diferente. Não sabia o porquê, mas gostava mais dessa do que da antiga. Um verão podia mudar alguém tanto assim? Se bem que o que acontecera no quinto ano devia ser o suficiente para mudar qualquer um.
A apanhadora por vezes parecia pedante e ácida, quando esquecia de sorrir docemente. Tudo o que tinha de fazer era esquecer a Cho de dia, e pensar na garota de noite. E Harry dormia com um sorriso tranqüilo no rosto.
Por outro lado, Malfoy estava esgotado. Quantas vezes mais teria de chamá-lo de "Harry" e sorrir? Em certos momentos esquecia e perdia a paciência, voltando a ser um pouco do loiro puro-sangue. Teria sido uma má idéia, afinal?
Uma vez que havia proibido os amassos, tudo que lhes restava era conversar. Conversar? Apenas Potter falava de si, da sua vidinha de grifinório. E o que ele ia falar, não era Cho no final das contas!
Certas vezes queria esganá-lo quando a conversa mudava para os sonserinos, atacando com comentários ácidos sua pessoa. E o que ele podia fazer? Defender-se? Cho Chang defendendo fervorosamente Draco Malfoy seria estranho, muito estranho.
Hum... será que ele notaria? Era só não falar o quanto era perfeito, lindo, sexy e o melhor aluno em poções!
Mas estava ficando acostumado demais com essas conversas, não eram de todo ruins. Fora elas, estava estudando feito um louco e praticando quadribol exaustivamente. Não queria decepcionar seus pais, ainda mais quando seu pai estava preso e sua mãe se encontrava deprimida. Nem doces mais ela mandava!
Certo, seu pai estava em Azkaban!
Draco cruzou seus braços determinado, sentado na cama e cercado de pilhas de livros. Viu o botão que deixara em cima do pergaminho onde escrevia mudar de cor, de dourado para púrpura. Potter marcava um novo encontro, na estátua da bruxa de um olho só. Mas o que havia ali? Não lembrava de ter alguma sala ou câmara por ali.
Algumas horas depois estava a caminho, já havia tomado a poção e levava outro frasco reserva no bolso. Pansy estava reclamando de que estava cada vez mais difícil conseguir cabelos da apanhadora da Corvinal. A sorte deles era que o cabelo da garota era comprido, e cabelos assim soltavam bastantes fios.
Parou na frente da estátua mencionada, olhando para os lados, vendo os corredores desertos. Colocou as mãos nos quadris, sem entender. Então a estátua se moveu, fazendo Draco pular de susto. Deparou-se com a cara de Potter, que saía de uma espécie de túnel.
- O que... é isso?
- Uma passagem para Dedosdemel.
A garota se inclinou, espiando o tal túnel. Hum, como Potter sabia de uma passagem secreta daquelas? Mas logo se repreendeu. O Garoto de Ouro de Dumbledore também era conhecido por quebrar regras, certo? E saía ileso de toda e qualquer culpa, só por ser quem era.
- Não acho uma boa idéia irmos para Hogsmeade a essa hora. – se não voltassem a tempo, estava frito.
- Eu sei, entre.
Hesitou um pouco antes de entrar, o grifinório fechou a passagem atrás deles e tudo ficou escuro. Os dois acenderam suas varinhas, o bastante para que pudessem enxergar onde pisavam e se sentaram no chão.
Harry sentou-se ao seu lado, apenas um palmo de distância os separava. Entregou-lhe uma garrafa, pegou admirado, era cerveja amanteigada. Ele só tomava quando visitavam Hogsmeade. Teria ido até lá só para...
- Peguei na cozinha, os elfos me deram de bom grado. – adivinhando seus pensamentos – Foi só pedir. – deu de ombros.
Ergueu a garrafa e bateu de leve na dela, em um brinde. A chinesa sorriu e tomou um gole do gargalo, saboreando o gosto da cerveja. Permaneceram assim por um longo tempo. Malfoy fitava um ponto cego qualquer a sua frente, estava um pouco escuro demais para que Potter pudesse ver a expressão sombria de seu rosto transfigurado.
- Me diz... – quebrou o silêncio – Como foi no Ministério, quando... você sabe, aqueles comensais foram pegos por Dumbledore? – virou-se para o grifinório – Creio que ainda não me contou.
O garoto suspirou e remexeu o resto da cerveja da sua garrafa, observando o fundo dela. Cho, apesar de participar da AD, não estivera naquele dia com eles. Ela não agüentaria, pensou.
- Foi horrível... Imagine um bom número de Comensais da Morte, prontos para atacar alguns estudantes só para...
- Obter a profecia. – completou para ele.
- Acredito que nos matariam se conseguissem. Eu perdi alguém que estimava muito.
Draco desviou o olhar, sabia do que estava falando. Ouvira sua mãe e sua tia conversarem um dia na mansão, depois que voltara para as férias, Bellatrix estava foragida, mas Narcisa ajudava a irmã. Ela se vangloriava por ter mandado Sirius Black para o outro mundo. Também havia perdido alguém querido para si, de alguma maneira.
- Sabe, eu ia morar com ele. Mesmo que ele continuasse um foragido. – terminou de tomar sua cerveja, brincando distraidamente com a garrafa vazia – Na maioria das vezes desejo não ser quem eu sou.
- E quando você quer ser quem é?
- Quando lembro dos meus pais...
O sonserino voltou a fitar um ponto cego e sentiu seu estômago se revirar, não se sentia assim desde que viu sua mãe receber a notícia de que Lucius estava preso em Azkaban. Ela dizia que a escolha dele havia sido errada, mas uma vez que o Lorde das Trevas retornasse, não haveria jeito. Ele convocaria seus servos, não haveria misericórdia aos traidores.
Dobrou mais os joelhos, fazendo-os quase tocar seu peito feminino. Encolheu os ombros quando sentiu uma mão quente segurar a sua, mas não a repeliu. Era um pouco confortante.
Harry achava que ela havia finalmente voltado a pensar em Cedrico, até que demorou muito. Por que ela havia sempre de parecer triste quando estavam juntos? Apertou a mão fria, aproximando-se mais e levando a mão livre até seu queixo, obrigando a encará-lo. Uma lágrima acabou escorrendo pelo rosto redondo, e aproximou seus lábios por impulso.
Acordou quando sentiu seus lábios roçarem nos dele, pulando para o lado e arregalando os olhos. O que aquele maldito mestiço pensava que estava fazendo? Até o modelo de grifinório que era avançava quando não era permitido.
Amarrando a cara, Draco se levantou de supetão, derrubando a garrafa no trajeto e indo para a entrada do túnel. Pronunciou "dissendium", como o vira fazer antes e a estátua se moveu, abrindo caminho. Potter permaneceu onde estava olhando para a porta em estado catatônico. Fora pior que qualquer soco ou tapa que já houvesse levado na vida.
oOo
Finalizada em 15/11/2005
Publicada em 26/11/2005
N.A.: Sim, eu sei que o Potty tá tapado e leso demais... Mas o que posso fazer se a criatura já é assim? Mais pra frente me redimo, beleza?
E perdão por alguns detalhes dos livros que eu posso ter errado ou esquecido ao longo da fanfic, como o Accio do primeiro capítulo.
Ainda me falta para virar uma enciclopédia ambulante de HP como algumas colegas minhas. Mas deve ser questão de tempo...
Beijin e muito obrigada pelas reviews! 'que emoção'
