Título: Shame
Autora: Senhorita Mizuki
Categoria: Slash
Gênero: Romance/Humor
Classificação: R
Personagens: Harry Potter e Draco Malfoy
Avisos: Spoilers do primeiro ao quinto livro, A Ordem da Fênix.
Disclaimer: Harry Potter e personagens aqui representados não me pertencem, mas sim a autora J.K.Rowlings e a Warner Bros. Foi escrito de fã para fã, sem fins lucrativos.
Shame
Por Senhorita Kaho Mizuki
Capítulo 7
Malfoy atacava sua comida furiosamente no café-da-manhã. Dera-lhe um bolo! Um bolo em Draco Malfoy! Oh céus, ele estava esquecendo que quem estava saindo com Potter era Cho Chang, não ele. Cho Chang! Meta isso na cabeça!
O loiro viu Weasley e Granger chegarem juntos, era impressão sua ou o ruivo tinha lhe olhado de soslaio? Potter vinha atrás, sentando junto dos amigos. Ah que pena, não havia mais olheiras ou olhos inchados dessa vez.
Naquele dia Draco havia compartilhado a aula de poções com os grifinórios de manhã. Passara a aula inteira com a impressão de que tinham olhos cravados nas suas costas, mas não tinha coragem de se virar. Quando saiu da sala, verificou seu botão dourado, estava púrpura. Ele havia feito o feitiço no meio da aula do Snape? Realmente, Potter não tinha noção do perigo.
Então a noite chegara e, devidamente trajado com o uniforme da Corvinal, Draco dirigiu-se até o andar térreo do castelo. Parou um instante atrás de uma armadura, verificando o frasco extra para usar em caso de emergência. Esperava não precisar de mais uma dose.
O ar frio de fora do castelo o atingiu, fazendo-o estremecer e esfregar seus braços. Seus pés afundavam na neve e seus cabelos se enchiam de flocos brancos. Um encontro fora do castelo de Hogwarts em pleno inverno, brilhante! Só podia ter saído da cabeça de Potter.
Ouviu som de pés se arrastando pela neve e se virou, vendo Harry que vinha empacotado em casacos e metade do seu rosto coberto pelo cachecol vermelho e amarelo e a outra metade pelo capuz cinza. Percebeu que carregava um pacote de tamanho considerável. Ele apontou para uma direção e Draco o seguiu.
O sonserino se recusou a dar mais um passo, quando viu para onde estava indo: o Salgueiro Lutador. Como Malfoy não estava com vontade de morrer tão cedo, fincou pé onde estava e cruzou os braços, olhando feio para o grifinório. Este riu divertido, achando graça no seu medo.
Com uma habilidade de quem já havia feito aquilo muitas vezes, Harry desviou-se dos galhos assassinos, como se desviasse dos balaços do quadribol. Se jogando para baixo dos galhos, fez algo que Draco não pôde distinguir por conta da distância, e os galhos ficaram imóveis. O outro fez sinal para que entrasse no buraco que havia debaixo da árvore.
Hesitou, mas o grifinório nem esperou por ele, havia se metido e desaparecido pelo buraco. Blasfemando mentalmente, Draco correu até lá, metendo-se ali também.
Desceu o que pareciam ser escadas, estava escuro e então Harry acendeu a varinha, oferecendo sua mão para ajudá-lo a se levantar. O queixo de Malfoy pendeu, era uma casa. O salgueiro tinha uma passagem para uma casa! Entrou em uma sala, o moreno acendeu a lareira e logo se aqueceram.
Potter tirou o cachecol, casaco, luvas e a touca. O outro fez o mesmo, rondando a sala com os olhos, percorrendo admirados os objetos e as paredes. Olhou pelas janelas, era a Casa dos Gritos. Aquela que ninguém se atrevia a visitar por conta de rumores assombrosos.
Virou-se para o grifinório e cruzou os braços, o maldito não falara nada até aquele momento e tinha um sorriso idiota no rosto.
- Harry, porque não foi ao encontro de ontem?
- Achei que estava ainda brava comigo, então não arrisquei. – deu de ombros.
- Mas se eu mesma marquei. – disse entre dentes.
- Oh, é mesmo! – fez uma cara surpresa, não muito convincente – Desculpe então.
- Desculpe? É só o que tem para me dizer? – ergueu uma sobrancelha, começando a perder a paciência – E o assunto entre nós que ficou pendente?
- Assunto? – cruzou os braços e olhou para cima, como se vasculhasse na memória – Oh, Hermione?
- Sim, Hermione. – disse jocosamente.
- Sem problemas!
- Sério? – piscou os olhos rasgados de Cho. – E como ela reagiu ao fora?
- Fora? – franziu as sobrancelhas escuras – Hermione está namorado com Ron!
Malfoy teve de se apoiar em uma mesa próxima a si para não cair. Com aquela ele não esperava. Weasley e Granger? Claro que, se fosse verdade, demorara pelos menos uns dois anos para se tocarem que aquelas brigas só os levariam a um lugar. De fato, aquele ruivo de família pé rapada merecia isso mesmo, uma sangue-ruim.
Espera. Porque de repente estava pensando no relacionamento dos dois grifinórios?
Potter o olhava com aquele maldito sorriso ainda. O que ele era, algum atendente de loja trouxa? Cruzou os braços e ergueu uma das sobrancelhas da Cho, lançando-lhe um olhar arrogante, uma vez que seus argumentos haviam se esgotado.
- O que tem nesse pacote?
- Oh, você verá... – disse enigmático, percebendo sua ansiedade – Depois.
Draco sorriu forçadamente, cerrando o punho com mais força. Joguinhos. Odiava-os, ainda mais com Potter. O grifinório foi a um armário e retirou alguns almofadões e cobertores, ajeitando-os sobre o único sofá que possuía na sala, em frente à lareira. A casa parecia ter sido habitada não fazia muito tempo, não era abandonada como se fazia crer olhando de fora, de Hogsmeade.
Havia marcas por todos os cantos, na madeira do chão, das paredes, dos móveis. Marcas de dentes selvagens e unhas afiadas. Alguns diziam que os gritos aterrorizantes eram na verdade uivos de um lobisomem. Potter sabia disso?
O rapaz sentou-se no sofá e cobriu-se com os cobertores, convidou-o a se sentar do seu lado. Okay, aquilo parecia mais com alguma estratégia para segundas intenções. Olhou-o aborrecido.
- Potter, não posso demorar aqui.
- Sim, você pode. – deu um sorriso misterioso – Não sabe como parar aquela árvore, só pode sair comigo.
O queixo de Draco pendeu, em choque. Aquilo era uma ameaça? Ele iria ser assediado por Harry Potter! Que alguém, por favor, lhe lançasse um Avada Kedavra no meio das suas fuças!
- Além do mais, só se passaram quinze minutos. – suavizou o tom da sua voz.
Os ombros do sonserino caíram. Como não estava com vontade de virar panqueca de Salgueiro Lutador – talvez um outro dia, quem sabe – sentou-se na parte vazia do sofá. Ficou um momento quieto e tenso, e Harry colocou um braço atrás de seu pescoço. Arrastou-se o máximo que pode até o limite do lado oposto do sofá, mas o moreno não pareceu se abalar.
Ainda de braços cruzados sobre o peito, Draco espichou os olhos para o lado. O rosto de Potter era banhado pela luz alaranjada das chamas, e ele segurava o queixo de uma maneira pensativa, o olhar fixo na lareira. Resistiu à vontade de estalar os dedos na sua cara e dizer em alto e bom som que estava lá. Bufou impaciente, olhando para o relógio no pulso, fazia vinte minutos desde que se encontraram lá fora.
Mas ele tomara a poção cinco minutos antes de sair do castelo. Ou seja, lhe restavam pouco mais de meia hora. Harry pareceu finalmente notar sua ansiedade.
- Não gosta de ficar assim, olhando o fogo e se esquentando?
- Não é que não goste. – apoiou o cotovelo no braço do sofá, afundando na almofada – Só acho que temos muito pouco tempo pra isso.
Potter sorriu malicioso e lançou-lhe um olhar estranho, que fez sua espinha se arrepiar do começo ao fim. Então em um pulo, o grifinório estava sobre ele. No reflexo, Malfoy deitou sobre o braço do sofá, a mão do outro estava ao lado da sua cabeça.
- Por acaso quer fazer algo mais excitante? – sussurrou.
Wow! Quando foi que Harry começou a finalmente honrar o leão que simbolizava sua casa?
Draco soltou uma risadinha nervosa, colocando as duas mãos pequenas da chinesa sobre o peito de Potter e o empurrando. Aquela o havia assustado, e muito.
- Eu estava pensando mais em uma conversa inocente.
- Nós somos namorados, Cho. – rolou os olhos verdes – Pelo menos me deixe abraçá-la. – deu de ombros, parecendo se contentar com isso.
O sonserino o olhou temeroso, mordendo o lábio inferior. Era só um abraço, nada demais. Se tentasse alguma coisa, uma azaração resolveria. Ele tinha uma varinha, não estava totalmente indefeso!
Convencendo a si mesmo, Draco se arrastou para perto dele. O outro sorriu satisfeito e circulou seus ombros, trazendo-o para mais perto de si. O sonserino deitou a cabeça sobre o seu peito, tentando se acalmar e parar com as batidas aceleradas e fortes do seu coração.
Cerrou os olhos e sentiu os cabelos longos da sua transfiguração sendo acariciados. Era de alguma forma uma sensação boa e confortante. Relaxou os ombros, deixando-se descansar sobre o grifinório.
Harry olhava de cima para a expressão sonolenta, sabia que não era real. Aquela expressão e tantas outras, em todos aqueles meses, pertenciam à outra pessoa.
Malfoy moveu-se, respirando fundo e entreabrindo os olhos. Onde estava? Apertou as pálpebras olhando para o fogo da lareira, e então levantou a cabeça, vendo-o ainda encarar as chamas com uma expressão sombria. Puxou o braço de dentro das cobertas, espiando seu relógio de pulso. Merda.
Remexeu-se, tentando se soltar do braço em seus ombros. Harry piscou e encarou seu rosto afogueado.
- Onde tem um toalete nesse lugar? – falou, sem conseguir disfarçar uma nota de desespero.
O grifinório apenas apontou uma direção, que Draco não perdeu tempo em seguir, pulando do sofá e jogando cobertas e almofadas ao chão. Tinha de tomar outra dose da poção, e rápido. Restavam-lhe poucos segundos, e a essa altura já deveria estar começando a mudar de forma.
Viu apenas uma porta na direção indicada, teria de servir. Draco segurou a maçaneta e tentou abrir, nada. Estava emperrada. Em pânico segurou a maçaneta com as duas mãos, mas era inútil. Mandando tudo as favas, tirou ali mesmo o frasco de sua capa. Mas antes que pudesse abri-lo e levá-lo à boca, seus ombros foram agarrados e ele foi jogado contra uma parede.
E então lábios se apertaram contra os seus, uma língua invadindo e vasculhando o interior da sua boca. Seu corpo foi pressionado contra o dele e dolorosamente imprensado contra a parede nas suas costas. O frasco caíra de suas mãos, fazendo um barulho de baque no chão, mas não quebrando.
A boca e seu corpo foram logo abandonados, tão rápido como quando começara. Sentiu perder a força de suas pernas e desabou no chão, zonzo e ofegante.
No mesmo instante flashes estouraram sobre si, Draco ergueu a mão sobre o rosto e os olhos feridos pela luz. Harry segurava uma câmera fotográfica, que reconheceu ser a usada por aquele fanático grifinório Colin Creevey, do quinto ano.
Depois de disparar um bom número de flashes, Harry baixou a câmera, percorrendo com os olhos o corpo caído a sua frente. Roupas amarrotadas e fora de lugar, pernas alvas descobertas e abertas, boca rubra e úmida, cabelos platinados desalinhados e um olhar cinza assassino.
- Já disseram que você fica sexy de saia pregueada, Malfoy?
oOo
Finalizada em 15/11/2005
Publicada em 05/12/2005
N.A.: Okay, dei uma 'destapeada' no Harry dessa vez!
Nossa, estava deprimida esse final de semana que não fui ao show do Pearl Jam, foi só eu abrir meu email e ver tanta review pra me animar! Muito obrigada por lerem! Sinceros sentimentos de uma ficwriter que achava que estava fadada a escrever só Saint Seiya. :-Þ
Espero que ninguém aqui se decepcione com o final...
