Título: Shame
Autora: Senhorita Mizuki
Categoria: Slash
Gênero: Romance/Humor
Classificação: R
Personagens: Harry Potter e Draco Malfoy
Avisos: Spoilers do primeiro ao quinto livro, A Ordem da Fênix.

Disclaimer: Harry Potter e personagens aqui representados não me pertencem, mas sim a autora J.K.Rowlings e a Warner Bros. Foi escrito de fã para fã, sem fins lucrativos.


Shame


Por Senhorita Kaho Mizuki

Capítulo 9

Não tinha como evitar, era como se fosse um imã atraindo seus olhos para ele. Não importava onde, quando e a ocasião, era só Malfoy entrar em sua linha de visão.

Isso estava começando a ficar perigoso demais, uma vez que Harry começara a reparar em detalhes que antes não percebia: que Draco roçava a pena na testa quando lia algo em seu pergaminho ou livro; no modo sensual como o loiro umedecia os lábios finos, passando a língua sobre eles, deixando-os rosados; no ar aborrecido e entediado que ostentava o tempo todo... Os olhares furtivos em sua direção, claramente incomodado com sua análise silenciosa.

Harry deixara que Ron e Mione pensassem que ainda estava com raiva do que o loiro fizera com ele. Mas não era verdade, sentia-se frustrado. Lembrava-se das noites, dos beijos, da frieza das mãos, da arrogância e das atitudes coquetes. Quem diria que sentiria falta disso?

Malfoy voltara das férias cabisbaixo, com o olhar perdido e suspirando de cansaço. Isso não era típico do comportamento do sonserino, sempre atazanando alguém e inflando o peito de orgulho. Gostaria de saber a que se atribuía sua mudança, se ao plano fracassado ou ao fato do pai estar em Azkaban.

E Snape! Tudo bem que o professor de poções sempre fora mais atencioso com seu aluno favorito da Sonserina. Acontece que esse fato agora o incomodava, e muito. Os olhares assassinos que Potter lançava ao professor nas aulas com os sonserinos estavam mais intensos do que nunca. Claro que o professor percebia, intensificando sua marcação sobre o grifinório.

Cada vez que Severus se inclinava na mesa de Malfoy ou tecia longos elogios ao seu preferido, Harry parecia rosnar. Nessas horas, Ron olhava-o assustado, nem ele conseguia mostrar tanto ódio contra o professor. Ainda que merecesse.

Uma vez que o sonserino se mostrava frágil e esgotado, Snape redobrava sua atenção com ele. Mandava que o encontrasse em sua sala depois da aula para conversar, e o outro acenava, sorrindo agradecido. Potter queria pular no pescoço do homem de cabelos oleosos.

Era pior que sua raiva quando via Cho Chang se engraçando com Miguel Corner ou sentando no colo dele em um bar como o Três Vassouras. E isso era um problema que não conseguia impedir de acontecer!

Em mais uma aula de Poções, vira Snape parar na mesa duas fileiras à frente, falando algo de forma confortadora para Malfoy. Sua concentração em sua poção se fora, e ela estava negra ao invés de rosa. E estava novamente lançando olhares assassinos para o professor. Afasta! Arreda! Não encosta!

Severus levantou a cabeça, fitando desagradavelmente o grifinório de óculos. Potter revidou o olhar, Ron do seu lado pareceu tremer e se encolher.

- Potter! Sua poção do Bem-Estar está parecendo que causará mais dores de barriga. – disse, na sua voz arrastada – Por um acaso algo o incomoda, Senhor Potter?

- Na verdade, sim. – cruzou os braços.

O professor ergueu uma sobrancelha e os alunos pararam tudo, esperando pela bomba.

- Então diga-nos, o que incomoda o grande Potter para ter de atrapalhar minha aula?

- Gostaria de saber se o nosso mundo, como o mundo trouxa, também condena o assédio contra menores de idade. – respondeu Harry, olhando significativamente para Draco.

O queixo do sonserino loiro caiu, chocado com o que acabara de ouvir. O Cicatriz estava maluco, tinha perdido completamente a noção do perigo! Ou talvez estivesse se achando demais. Como sempre, preferiu escolher a última opção.

Draco olhou para Snape, que tremia ligeiramente uma das sobrancelhas, e Blaise do seu lado assobiou baixinho. Potter estava mais que ferrado.

Poucas e pausadas palavrinhas. Tensão nas masmorras.

- Detenção. Minha Sala. Sábado de manhã.

oOo

Potter se arrastava pelos corredores, olheiras abaixo dos olhos verdes, mão esfregando a base da coluna. Desta vez Snape havia caprichado na detenção, fizera-o limpar cada frasquinho de poção do seu estoque sem usar magia. Quase desmaiara quando abriu a porta da sala onde estavam. Eram prateleiras e mais prateleiras forradas de vidros do chão ao teto. Tinha a impressão de que aquela sala fora esticada por algum encantamento.

Felizmente esse armazém era ligado à sala de Snape. Malfoy realmente veio até lá, e o Harry tentou ouvir o quanto pode da conversa. Chegou a ouvir algo sobre o pai dele, o professor oferecendo aulas extras para os NIEMs do próximo ano. Até ele lançar um feitiço de silencio na sala e não poder ouvir mais nada.

Quando terminou, a lua já despontava em meio a nuvens lá fora. E outra detenção já estava marcada para o próximo sábado. Perfeito! Só queria ver que desculpa daria à capitã do time por faltar ao treino.

Oh, certo, no dia seguinte haveria o jogo entre Corvinal e Sonserina. Mas duvidava que estivesse cem por cento para assistir.

Quando chegou à torre da Grifinória, todos já estavam dormindo. Meteu-se logo em sua amada cama, sem perceber o botão púrpuro no meio do seu material escolar.

oOo

Draco encarou a apanhadora do time adversário enquanto os capitães se cumprimentavam. Deu uma olhada de cima a baixo, com desprezo. A chinesa lançou-lhe um olhar de desagrado a essa atitude. O sonserino não pretendia perder para aquelazinha, não mesmo!

A partida foi dada e no segundo seguinte os jogadores voaram aos céus. Simas narrava o jogo de forma entediada, a Grifinória havia perdido para a Corvinal e de jeito maneira simpatizaria com o time da Sonserina. Logo McGonagall lhe deu um beliscão, e o garoto foi obrigado a se animar.

Em certos momentos, Draco avançava na chinesa, fazendo-a se desequilibrar ou atraindo um balaço para ela. Estava fazendo o possível para complicar a vida daquela garota. Não sabia bem o por quê, mas sua vontade era de acabar com ela nesse jogo, literalmente. Alias, sabia, mas ainda não queria admitir para si.

Se o apanhador atacado fosse grifinório, Simas estaria esbravejando indignado. Mas o narrador estava desanimado demais para notar o jogo sujo de Draco. Típico de um Malfoy - observou Potter da arquibancada, ao lado de Ron e Hermione. Perto deles, Miguel Corner berrava nervoso.

Cho mergulhou atrás do sonserino, acreditando que ele havia visto o pomo. Mas de repente ele ergueu a vassoura, partindo para cima, e a chinesa deu um encontrão na arquibancada. Enquanto subia, Draco viu um brilho dourado e sorriu, avançando sobre ele, sem sinal da corvinal.

Seus dedos se fecharam no pomo e a juíza apitou, encerrando a partida, enquanto uma Cho Chang esbaforida saía de debaixo dos panos da arquibancada da Corvinal.

oOo

Era a primeira vez em dias que via Draco animado com algo e voltar a sorrir de peito inflado. Uma parte de si, a que tomava conta de si mais e mais, estava feliz por ele. Mesmo que Cho Chang tivesse sido feita de palhaça nessa partida. Mas tinha certeza que Miguel a consolaria essa noite.

Harry apenas viu o botão com a cor modificada quando voltou ao dormitório depois do jogo. Resolvera sentar e arrumar suas coisas para a aula de segunda, não queria ouvir a comemoração da Sonserina. Foi então que esbarrou nele e bateu os olhos, estacando.

Chegou a piscar algumas vezes, não acreditando. Largando tudo o que fazia, colocou a capa sobre os ombros e saiu da Torre, agradecendo à Merlin pelos corredores vazios por conta das comemorações.

Dirigindo-se ao sétimo andar, Harry parou na frente de uma parede, lugar de muitas reuniões da AD. Certo, ele descobrira aquela sala por causa da Brigada da Umbridge no quinto ano. A sala precisa.

Tentou pensar em algo que fizesse a porta aparecer, mas nada lhe vinha à mente. Não foi preciso, ela se abriu sozinha como se sua presença tivesse sido notada.

Harry entrou, fechando a porta atrás de si. Seus olhos passearam pelo lugar, havia velas espalhadas e uma enorme cama. Arregalou os olhos verdes, estava enxergando bem? Para que precisariam de uma cama!

- Bem vindo, Potter.

Harry virou-se na direção da conhecida voz arrastada. Malfoy estava sentado em uma mesa, num canto da sala. Seus fios loiros estavam ainda úmidos e emanava um perfume, fazendo-o crer que viera do vestiário direto pra lá. Porque não estava participando da comemoração com os outros sonserinos?

O loiro descruzou as pernas e levantou-se, se aproximando dele, andando como uma cobra andaria: lenta, mas pronta para dar o bote. Harry cruzou os braços, fingindo não se abalar.

- O que foi, Malfoy? Por acaso quer renegociar as fotos?

- Huh. – soltou uma risada curta – Não estou realmente interessado em voltar a atacar Granger e Weasley.

- Então ficou com saudades? – zombou.

- Talvez.

O loiro lhe lançou um olhar que o fez estremecer ligeiramente. Draco encostou-se em uma das vigas da cama, pendendo a cabeça para um lado. Ficaram se encarando em silêncio, parecia extremamente com o dia em que...

Draco puxou a varinha e Harry fez o mesmo.

- Incen...

- Impedimenta!

Mas o sonserino foi mais rápido, e o feitiço atingiu Harry, que bateu as costas na parede atrás de si e caiu no chão. O moreno via apenas os pés dele, até que uma mão agarrou sua capa, ergueu-o e arrastou-o pelo chão.

- Urgh, por que tem que ser tão pesado? – murmurou Draco, enquanto com dificuldade jogava o corpo inerte de Harry na cama.

Em seguida, o loiro sentou-se sobre os quadris de Harry, uma perna em cada lado dele. O moreno arregalou os olhos verdes, sem poder mexer seus membros. O loiro tirava a capa e afrouxava a gravata verde e cinza, os fios dourados sendo bagunçados na afobação. Agarrou as laterais da capa do grifinório, erguendo um pouco seu corpo do colchão e aproximando seus rostos.

- Muito bem, Potter. Poderia me explicar o que foi aquela cena ridícula na aula de poções?

oOo

Finalizada em 15/11/2005
Publicada em 09/12/2005


N.A.: Já disse que eu adoro o Snape?

E para quem reclamou de ação... :-Þ