A RODA DA FORTUNA
Cap. IV AMIZADE COLORIDA
NO PREDIO DA HOKAGE
Atrasado como sempre, Kakashi entrou no prédio da Hokage pensando na desculpa que daria para Shizune pelo seu pequeno atraso de 20 minutos quando de longe vê a garota esbaforida com uma pilha de papéis em mãos.
Kakashi coçou a cabeça e se aproximou da pupila da Quinta, vestida com um belo quimono lilás com borboletas brancas e douradas, sendo recebido com um sincero e cálido sorriso.
"Yoh, Shizune! Achei que você já estaria livre para irmos até o festival", Kakashi cumprimentou a garota que ficou sem graça.
"Ai... Kakashi-san... desculpe, mas você sabe como é a Godaime..." Shizune suspirou, inconformada," ela deveria ter assinado essa pilha de missões para que os times possam começar seus trabalhos pela manhã, logo após a Tanabata... mas ela enrolou a manhã toda, e agora preciso esperar que faça isso antes de ir embora."
"Hum, entendo", o Jounin fitou a garota, pensativo."Acredito que isso não seja demorado, então eu posso esperar por você aqui."
Uma grande gota surgiu na testa de Shizune que pensou 'bem se vê que você não conhece a Godaime', mas que se limitou a sorrir e se despediu do acompanhante para terminar com suas obrigações.
"Muito bem... enquanto Tsunade-sama assina os papeis, vou me entreter com minha leitura preferida", tirando o Icha Icha paradise do bolso, Kakashi sentou-se, aguardando pacientemente sua acompanhante retornar.
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NAS IMEDIAÇOES DE KONOHA
Enquanto isso, próximos à cachoeira citada por Naruto, Shikamaru e Temari estavam deitados sobre uma esteira posta sobre a relva, observando preguiçosamente as nuvens que deslizavam no céu azul de Konoha.
A suave e agradável brisa da manhã era acompanhada pelo barulho da queda d´água que parecia uma linda canção que embalaria os corações mais atormentados num transe de conforto e tranqüilidade.
Vez por outra, Temari desviava os orbes azuis cobalto do céu para o seu acompanhante e furtivamente admirava a beleza e a tranqüilidade do rapaz. Observou Shikamaru que continuava sendo sossegado como sempre e concluiu que se não fosse por aquela preguiça crônica tão característica dele, certamente o seu alto intelecto e sua grande capacidade de criar estratégias já teriam lhe brindado com o status de jounin, assim como ela.
A Kunoichi sempre achara os ninjas da Folha fracos se comparados aos ninjas da Areia, mas ironicamente Shikamaru havia feito algo que nenhum outro havia conseguido até então: o ninja preguiçoso da técnica das sombras havia conseguido burlar todas suas barreiras e conquistá-la com pequenos gestos e quando se deu conta, percebeu que o rapaz havia roubado seu coração e para seu completo desespero, ela não tinha a menor idéia se tinha uma chance ou não.
Perdida nesses pensamentos, Temari não notou que o rapaz a olhava de esgueira também. Shikamaru deu um meio sorriso ao perceber os olhos azuis medindo-o por um bom tempo, chamando a atenção da garota e divertindo-se ao notar que ela quase enfartou quando percebeu que fora pega no flagrante.
"Algum problema, Temari?" A voz rouca e preguiçosa soou, para em seguida mover o rosto em direção da garota.
Os intensos olhos negros se encontraram com as safiras azuis de kunoichi da areia, fazendo-a sentir um frio subir-lhe pela espinha ao ser encarada daquela forma.
"Er.. Não, nenhum. Porque haveria algum problema?" , sentindo o rosto ruborizar, Temari fechou a cara e olhou para o outro lado, tentando ignorar a incomoda sensação de frio na boca do seu estomago.
"Não sei..." disse calmamente enquanto se sentava, "Você estava me olhando já há algum tempo. Queria me perguntar alguma coisa?", Shikamaru continuou a fita-la com intensidade, concluindo que ela estava bonita com as faces ruborizadas por aquele raro momento de timidez.
Shikamaru sempre achara as mulheres problemáticas mas após algum tempo de relutância, aceitou que talvez Temari tivesse algo de diferente; talvez porque eles tivessem boas conversas quando eles se encontravam ou talvez por que ela fosse um pouco mais velha que suas colegas da escola ninja e por isso fosse mais interessante. Pelo menos esse era o argumento que ele usara para convencer a si próprio quando se pegou sentindo saudades dela após o Chuunin Shiken, quando ela retornara para a vila oculta da areia.
Agora, enquanto a observava bem a sua frente, com os cabelos cor de mel soltos e vestida com um quimono de festa especialmente comprado para o Tanabata, o rapaz chegava a duvidar que seu interesse nela durante todo aquele tempo fosse só de amizade.
"Talvez eu devesse conversar com ela... ou talvez eu devesse deixar para lá... A Temari e tão problemática... mas continua linda. Será que ela sente o mesmo? Se não sentir, ela nunca mais vai me dar sossego novamente. Taku! Isso tudo é tão trabalhoso!" a mente analítica do chuunin trabalhava a pleno vapor naqueles segundos de silencio que pareciam ser uma eternidade para Temari.
"Eu.. Não tenho nada a dizer", disse numa voz trêmula, sinal claro que estava mentindo.
O shinobi girou os olhos e deu-lhe de ombros, inconformado com a mentira descarada.
"Taku..." , Shikamaru reclamou, deitando-se novamente na relva, sendo observado atentamente pela kunoichi da areia "Se você tem algo a dizer, Temari, diga. Eu nunca consigo imaginar o que passa na cabeça de vocês, mulheres... vocês são complicadas demais."
A loira franziu o cenho irritada: será que ele nunca iria parar com esses comentários sexistas? Se Shikamaru tivesse uma idéia como aquele tipo de coisa colocava sua integridade física em perigo, certamente nunca mais faria um comentário desse tipo próximo dela.
"Se as mulheres lhe são tão irritantes, Shikamaru, por que você perde seu tempo andando comigo?." , a garota replicou num tom malcriado e o fitava com o seu olhar mais assassino, mas isso não parecia incomodar o shinobi que continuava deitado tranqüilamente sobre a esteira de palha, apoiando o pescoço sobre mãos e com os olhos fechados.
Antes que ela pudesse abrir a boca para expressar sua insatisfação, o rapaz a surpreendeu com outra pergunta.
"Por que você sempre volta para a vila da folha, Temari?" , a perfeita combinação da voz macia e do olhar penetrante de Nara Shikamaru fora o suficiente para quebrar o clima tensão existente até alguns segundos atrás.
Temari piscou algumas vezes completamente muda e, indignada com a capacidade do rapaz em mudar de assunto. Respirou fundo e tentou articular uma resposta coerente ao invés de simplesmente recomeçar uma discussão onde certamente ela seria a única pessoa irritada no final.
"Hum... você sabe..." , disse, sob o olhar preguiçoso dele que agora se apoiava sobre o braço para que pudessem conversar cara a cara, o que fez com que a kunoichi ruborizasse novamente, pois seus rostos estavam mais próximos que mandaria o bom senso. "Todos esses testes e treinos para ser uma examinadora... você também está passando pelo mesmo processo, não esta?" atônita, a garota ponderava sobre o que Shikamaru estava pensando, pois em nenhum momento os orbes negros deixaram de observá-la atentamente, aguçando a tão conhecida curiosidade feminina e fazendo-a desejar descobrir qual seria a real intenção por trás de todas aquelas perguntas estranhas.
"Estou." , Shikamaru respondeu, finalmente desviando o olhar dela para o alto e passando observar as nuvens. Em silêncio, Temari aguardou que ele dissesse mais alguma coisa por alguns minutos, mas como o rapaz não se pronunciou, ela concluiu o discurso havia terminado.
Se havia uma lição que Temari aprendera naqueles anos de convivência, era que Nara Shikamaru sempre tinha uma dúzia de estratégias montadas para cada situação em que engendrava. Entretanto, a única pergunta que martelava em sua cabeça era: o que ele estaria tramando daquela vez?
"Afff! Eu que não vou ficar aqui ouvindo mais besteiras" pensou irritada, enquanto calçava o kesa que fazia conjunto com o quimono de festa que lhe impedia de movimenta-se livremente como o de costume.
O chuunin das sombras observava de esgueira a irritação da garota, segurando-se para não rir. Notou a dificuldade com a qual ela colocava as pesadas sandálias de madeira usadas com as roupas tradicionais do Tanabata e como sempre, aguardou pelo momento certo para colocar sua estratégia em ação.
Quando Temari conseguiu se por de pé e tentava se equilibrar de forma nada elegante sobre as kesa exatamente de frente a ele, num movimento calculado, o rapaz jogou um pequeno pedregulho no calçado que a kunoichi estava apoiando no chão, fazendo-a perder o equilíbrio e premiando-a com um tombo certeiro.
POFT!
"Ai!" Temari gemeu, sem entender exatamente o que tinha acontecido, prestes a soltar um palavrão por cair de forma tão ridícula na frente dele.
Isso foi antes dela tomar consciência que na verdade, a colocação correta não era cair na frente dele, mas cair em cima dele.
Seu rosto estava bem rente ao pescoço de Shikamaru e uma de suas mãos descansava sobre a esteira de palha sobre qual eles estavam deitados e a outra no peito do shinobi, permitindo-a sentir físico bem cuidado por baixo dos finos tecidos dos quimonos de festa.
O perfume que vinha dele era algo muito bom e que quase a fazia esquecer a situação constrangedora em que ela se encontrava naquele momento. O tórax dele se movia numa respiração lenta, onde ar era inspirado e expirado num ritmo calmo, embalando-a de uma forma deliciosa e fazendo-a desejar que aquele momento não acabasse nunca.
"Ele deve estar achando que eu caí de propósito", pensou, completamente sem graça e com seu amor próprio gritando em sua cabeça para sair dali e acabar com aquela situação constrangedora de uma vez.
Se Temari tivesse se dado o trabalho de encarar Shikamaru, saberia que ele não estava nada incomodado com a situação, alias por sua expressão, poderia se dizer que ele estava muito confortável com aquilo tudo.
Ainda com os olhos fechados e tensa com a situação, a jovem tirou a mão que descansava sobre o shinobi para aboiá-la no chão e assim levantar-se com mais firmeza.
Qual não foi a surpresa dela quando sentiu um dos braços do rapaz envolvê-la pela cintura e puxá-la para junto dele? Os olhos azuis turquesa se arregalaram para encontrar as pérolas negras de Nara Shikamaru fitando-a intensamente.
As sobrancelhas finas levemente arqueadas emolduravam o olhar cativante do shinobi enquanto um sorriso sedutor iluminava seu rosto. Ele parecia decidido a levar adiante sua marota estratégia.
"Taku!Você é mesmo problemática, não é Temari?" comentou num tom irônico para em seguida envolvê-la com o outro braço, trazendo-a para mais junto de si enquanto elevava o próprio o rosto para encontrar os lábios da garota.
Temari parecia chocada demais para processar todos os acontecimentos que se seguiram a partir desse momento: a única coisa que se recordava era da ansiedade que tomou conta dela quando sentiu os braços dele envolvendo-a e prendendo-a junto dele.
Sentiu a respiração do rapaz aquecer seu rosto e lentamente fechou os olhos para aguardar ansiosa o desfecho da situação. Sentiu os lábios Shikamaru tocar os dela, num beijo de reconhecimento, suave e envolvente.A língua do rapaz provocava-a a dar-lhe passagem aumentando gradativamente a intensidade da caricia.
Quando Shikamaru percebeu que Temari havia se rendido aos seus beijos e que havia baixado a guarda, num movimento lento e calculado, girou os corpos e inverteu a posição em que se encontravam: o rapaz deitou-a sobre a esteira e palha e continuou a beijá-la, sentindo a maciez do corpo feminino embaixo dele.
A mão do shinobi brincava com os cabelos dourados e acariciava a pele macia de Temari, ansioso por desfrutar daquele contato com o qual sonhava já há algum tempo, sentindo os braços da garota envolverem seu pescoço, desfazerem seu rabo de cavalo, libertando seus cabelos que caíram em negras cascatas sobre seus ombros. Ele arqueou a sobrancelha num sinal de leve aborrecimento, mas sua expressão contrariada durou pouco porque Temari passou a beijá-lo no pescoço, desarmando-o completamente.
Nenhum dos dois saberia dizer quanto tempo ficaram daquela forma, se perdendo nas sensações proporcionadas um pelo outro: Temari sentia o Chuunin das sombras envolvê-la numa deliciosa sensação de cumplicidade, proteção e carinho. Os beijos molhados e intensos do rapaz a remetiam a um oásis de sentimentos desconhecidos até então. Nunca Temari se sentira tão querida e amada.
Shikamaru sentiu seu corpo pedir pelo calor que vinha dos lábios dela como se fosse uma droga necessária para sua sobrevivência, sorvendo-o de uma forma possessiva, quase instintiva. As curvas generosas e bem marcadas da Jounin dos ventos despertavam seu desejo, atraído pelas contradições que faziam com que ela fosse uma pessoa única. Uma beleza forte e fatal. Um corpo feminino ao mesmo tempo forte e delicado.
Naquele momento nascia um relacionamento pouco usual que estreitaria as relações entre a Vila da Folha e a vila da Areia e que mostraria que uma união entre opostos podia funcionar com maestria.
Afinal, era praticamente impossível não notar como eles eram diferentes.
Ele, um preguiçoso e estrategista Chuunin das Sombras.
Ela, uma ferina e geniosa Jounin dos ventos.
Água e óleo.
Fogo e vento.
Um casal perfeito.
Mas infelizmente para eles, nem todo mundo tem a mesma opinião sobre as coisas.
Não muito longe deles, um par de olhos azuis claros assistia o novo casal, nada contente com a cena que se desenrolava frente à sua pessoa.
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"Saia da minha frente, Chouji! Aquela gorda esta agarrando o meu Shikamaru!" Ino rosnou, com o rosto claro vermelho de raiva e com veias saltando em suas têmporas, dando-lhe uma aparência assustadora.
"Pare com isso Ino, se tem alguém sendo agarrado ali, essa pessoa é a Temari", Chouji bronqueou, tentando inutilmente fazer a loira desistir. O obeso shinobi já conhecia o suficiente do temperamento da companheira de equipe para saber que o máximo que ele conseguiria seria adiar um pouco mais a inevitável confusão que estava por vir.
"Faz-me rir, Chouji! Como se o preguiçoso do Shikamaru tivesse iniciativa o suficiente para agarrar alguém! Além do mais, ele nunca iria se interessar por uma gorda irritante e boca suja como aquela metida do pais do vento!." disse em tom agressivo, visivelmente ofendida pela insinuação de Chouji que Shikamaru não era uma vítima, mas o criminoso em questão.
Chouji balançou a cabeça negativamente e murmurou "Você se surpreenderia em saber o quanto Shikamaru tem iniciativa própria quando é do interesse dele". Desistindo de se pronunciar a respeito daquele assunto, o shinobi serviu-se de uma generosa porção de batatas fritas e procurou por um bom lugar para sentar-se para assistir de camarote toda a novela que se seguiria assim que a kunoichi loira já meio distante dele chegasse ao local onde o casal de pombinhos continuavam entretidos em sua interessante 'conversa' .
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NO PREDIO DA HOKAGE
"Hum.. Hum.." O jounin de cabelos prateados lia a última folha do seu novo livro da série Icha Icha Paradise, fechando o tomo para verificar o horário novamente.
Já havia se passado mais uma hora desde a última vez que vira Shizune correndo esbaforida atrás da Quinta que como sempre estava tentando fugir das solenidades e responsabilidades que o cargo de Hokage lhe proporcionava – desse jeito, o festival ia acabar antes deles saírem.
Suspirou.
Parecia brincadeira, mas desde que se acomodara naquela cadeira, a impressão que ele tinha era que todos os shinobis de Konoha haviam decidido passar por lá, divertindo-se em encontrar Kakashi naquela situação inusitada.
"Afinal, não é todo dia que os papéis se invertem", Kurenai brincou com o amigo,"Nunca pensei que alguém um dia te deixaria esperando tanto".
"Bem, acho que não teria problemas em tirar um cochilo", o shinobi pensou, recostando a cadeira na parede e colocando o livro sobre o rosto para bloquear a claridade.
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Shikamaru admirava o sorriso de Temari, ainda mantendo-se por cima dela e acariciando-lhe o rosto. Nunca os olhos azuis lhe pareceram tão cativantes e límpidos. A kunoichi da areia tinha um semblante tranqüilo, livre de seu eterno tom de irritação e sarcasmo.
Temari brincava com os cabelos negros que chegavam a tocar-lhe o rosto devido a proximidade em que se encontravam. Os cabelos do Nara eram grossos e sedosos, fazendo-a imaginar o motivo pelo qual o rapaz os mantinha presos daquela forma, pois se dependesse dela isso mudaria dali por diante.
"Você continua achando as mulheres problemáticas, Shikamaru?" A jovem perguntou-lhe num tom provocante, assistindo um meio sorriso de deboche despontar no rosto dele.
"Taku... Você ainda tem dúvidas?" Shikamaru assistiu ela franzir o cenho fingindo estar irritada ," Pois saiba que você é a mais problemática de todas... mas ao menos é a minha' problemática", brincou para em seguida brindá-la com um novo selinho.
Temari riu descontraída e num movimento inesperado, girou os corpos, voltando a ficar por cima dele. Shikamaru também sorriu conivente, pois sabia que ela não iria se portar timidamente por muito tempo, não oferecendo resistência alguma quando ela vez menção de ficar sobre ele como no começo de seu plano. Temari agora tinha um sorriso felino no rosto adornado pelo o olhar intenso e sedutor que fazia sua imaginação trabalhar a mil por hora.
"Muito bem, seu preguiçoso... agora é a minha vez de te ensinar um truque ou dois", a garota murmurou com a voz provocante enquanto aproximava seus lábios do dele.
Entretanto, esse contato nunca aconteceu, pelo menos da forma que ambos ansiavam.
Temari notou uma sombra bloqueando a luz do sol sobre eles e antes que ambos dirigissem seus olhares para sua origem, a voz aguda de Ino soou:
"Pode tirar as suas patas gordas e oferecidas do meu Shikamaru, garota da areia." Ino bradou , com varias veias saltando de sua testa e chamando a atenção do casal a sua frente.
"Gorda? "Escuta aqui seu projeto de espantalho desnutrido"..." Temari franziu o cenho e apoiou uma das mãos no chão e só não se pôs de pé num pulo porque Shikamaru a segurou pelo pulso e levantou-se antes dela.
"Taku... o que você quer Ino?" Shikamaru resmungou, se colocando entre as duas garotas e tentando acabar com o clima pesado, enquanto as duas trocavam ofensas e faíscas através dos olhos claros.
"Eu vim até aqui para buscá-lo para me acompanhar no festival, Shika-kun" Ino murmurou com olhos pidões enquanto se agarrava no braço dele, o que fez Temari trincar os dentes de raiva e se preparar para acabar com a aquela geração da família Yamanaka, mas o rapaz anteviu seus movimentos e adiantou-se antes sua colega de time pagasse por suas provocações.
"Acho que você perdeu seu tempo, Ino. Eu vou ao festival com a Temari." Shikamaru disse em tom entediado, cruzando os braços sobre o peito e ouvindo as duas garotas exclamarem juntas "nani?"
Shikamaru girou os olhos ao ouvir a voz de Temari juntamente com a de Ino: não era óbvio que eles iriam juntos ao festival depois dos últimos acontecimentos
"E posso saber por que você vai com essazinha ai?" Ino reclamou, altamente irritada com o sorriso vitorioso que Temari exibia após a última declaração de Shikamaru.
"Não seja inconveniente, Ino. Caso você não tenha percebido, Temari e eu estamos juntos", o Shinobi coçou a cabeça, entediado por ter que dizer algo tão óbvio.
Ino abriu a boca para dizer mais alguma coisa e engoliu a resposta, chocada. Quando imaginaria que perderia alguma conquista para aquela baleia do país do vento? Isso realmente era um pouco demais para ela.
"Ótimo!Tomara que essa gorda caia em cima de você e te esmague!" a garota deu de ombros e saiu pelo caminho pelo qual viera, dando as costas para o casal antes que qualquer um deles notasse o brilho molhado que passou a embaçar os olhos azul-claros enquanto ela se distanciava dali.
Temari ainda soltou alguns palavrões e só não foi atrás da companheira de equipe de Shikamaru porque o rapaz usou de argumentos muito convincentes para mantê-la junto dele.
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NO PREDIO DA HOKAGE
Tsunade passa com seus convidados no corredor e de longe vê Kakashi dormindo. Fechou os olhos cor de mel, sentindo uma veia saltar em suas têmporas. Ao olhar de esgueira para os ilustres convidados que a acompanhavam, notou que eles estavam distraídos com um dos quadros que decoravam o corredor e aproveitou a distração deles para jogar uma pedra de um vaso próximo na perna da cadeira na qual o jounin estava apoiando no chão.
Poft!
O jovem senhor e a adolescente que a acompanhavam voltaram sua atenção para o barulho surdo veio do corredor à frente deles e sem entender nada, assistiram um rapaz de cabelos prateados se levantar um pouco tonto, coçar a cabeça sem graça após receber um olhar assassino da Godaime e subir as escadas onde Shizune deveria estar.
"Isso aqui esta ficando fora de controle" pensou um pouco desanimada, voltando sua atenção para os visitantes.
"Espero que vocês apreciem o festival, Kiyoshi-san, o festival do Tanabata é um dos eventos mais belos de Konoha", Tsunade comentou polidamente, vestida com um requintado verde e branco onde flores douradas bordadas com fio de ouro combinavam com a faixa verde com bordados dourados. "E creio que você poderá fazer algumas amizades, Mieko-chan ,já que Konoha tem muitos jovens na sua faixa de idade".
A garota citada tinha cerca de 20 anos e longos cabelos cacheados que chegavam à sua cintura, enfeitados por uma exuberante rosa vermelha, além de olhos violetas e pele muito clara. A garota andava um pouco atrás dos dois adultos e respondeu um "tanto faz" sem muita vontade, sem sequer dirigir o olhar para a hokage. Seu rico quimono amarelo era decorado com bordados de rosas vermelhas, dando vida à pele clara e as bochechas rosadas.
"Não seja tão rude, Mieko. Tsunade-hime está sendo gentil, tentando deixá-la mais à vontade entre pessoas da sua idade." Kiyoshi censurou a filha, mas antes que a jovem se desculpasse pela indelicadeza, Tsunade interviu.
"Não se preocupe com isso, a menina só está incomodada por estar num lugar estranho e tão agitado como Konoha está hoje. Creio que é só questão de tempo para que ela possa se habituar, não, Mieko-chan?" Tsunade sorriu para a adolescente que pela primeira vez desde que chegara, olhava-a diretamente nos olhos.
"Hum, pode ser", respondeu sem muita convicção, "mas eu não gosto de grandes aglomerações, Tsunade-sama, eu preferiria voltar ao meu quarto." Mieko desculpou-se polidamente frente ao olhar desaprovador do pai, o que a fez reconsiderar ao menos uma parte de sua posição. "Bem, pelo menos eu gostaria de voltar ao meu quarto após uma rápida visita ao festival e retornar cedo, se possível antes do anoitecer."
"Creio que é justo", Tsunade assentiu com a cabeça, enquanto deixavam o prédio e passavam a caminhar pelas largas ruas de Konoha, enfeitadas com faixas e papeis coloridos que faziam alusão ao festival do Tanabata
"Afinal," Mieko perguntou timidamente, "o que é esse festival de Tanabata, que deixa as pessoas tão agitadas dessa forma?"
"Hum, então você não conhece a historia?", surpresa, Tsunade viu a garota negar com a cabeça para em seguida ouvir a justificativa do pai da garota.
"Mieko viveu a maior parte da vida com a mãe dela que era uma cigana, Tsunade-sama, de forma que ela sabe muito pouco de nossos costumes. Há pouco mais de 2 anos que ela voltou para nossa vila, devido à morte de minha ex-esposa.". Kiyoshi explicou num tom de voz quase inaudível
"Entendo", a Godaime contemplou a expressão triste de Kiyoshi, recordando dos problemas que o amigo havia enfrentado com o casamento com uma cigana. "Ciganos são como os pássaros, se você lhes tira a liberdade, eles morrem", pensou, recordando-se de quando a garota se fora levando consigo a filha recém-nascida.
Eles caminharam em silencio por algum tempo, admirando os enfeites espalhados pelas casas, ruas e árvores.
Os habitantes de Konoha desfilavam com suas roupas de festa e o som de descontraídas risadas e conversas animadas preenchiam o ambiente, contagiando a todos que se aventuravam a passear entre as barracas de jogos e guloseimas.
Agora Mieko observava tudo com atenção, um pouco menos retraída. Na vila onde seu pai era uma espécie de primeiro ministro as pessoas não eram tão simpáticas ou agradáveis assim, pelo menos não com ela – afinal, ela não era filha da cigana ingrata que abandonara a vila com uma criança no colo na surdina da madrugada?
Vez por outra, os olhos violeta pousavam nos dois adultos que continuavam conversando sobre assuntos sérios pelos quais ela não tinha o menor interesse, para depois voltar o olhar curioso para uma coisa ou outra que lhe chamasse atenção.
Dentre essas coisas, a garota girou os olhos na direção de uma voz muito aguda que parecia aproximar-se a passos largos.
"AKAMARUUUUUUU! Volta aqui seu saco de pulgas! Devolve meu pedido!"
Arqueando uma das sobrancelhas, Mieko assistiu um pequeno cachorro branco correr com um papelzinho azul na boca, sendo seguido de perto por um garoto loiro de cabelos espetados vestido com um kimono formal preto. O pequeno animal corria desviando dos pedestres sem a menor dificuldade, embora o seu perseguidor não tivesse a mesma destreza.
Infelizmente para o hiper-ativo ninja adolescente, algum cidadão pouco consciente de Konoha havia jogado um resto de fruta no chão exatamente no ponto onde ele tentou apoiar o peso do corpo para fazer uma manobra brusca, escorregando e dando de cara com uma parede.
POFT! Gota na cabeça de todos os presentes.
"Er ... então, Kiyoshi-san, o que acha de conhecer o Kazekage? Ele esta nos visitando também". A vontade de Tsunade era esganar Naruto, mas certamente isso não repercutiria bem... Alem do mais, se esses incidentes envolvendo os shinobis daquela vila continuassem, talvez o visitante desistisse de contratar os serviços de Konoha. O que ela poderia fazer além de sorrir amarelo e puxar Kiyoshi para outro ponto bem longe dali?.
Mieko estava boquiaberta com força com qual o rapaz loiro bateu na parede, imaginando que eles deveriam ter praticamente a mesma idade.
"Ai..Isso deve ter doido", pensou. Um pequeno latido tirou-a de seus devaneios e ao baixar o olhar encontrou o tal cachorrinho branco encrenqueiro abanando a cauda alegremente para ela. Como ela adorava animais, não pensou duas vezes antes de pega-lo no colo, afagando-o enquanto se aproximava do garoto com olhos em espiral.
"Hoy, Akamaru, o que foi que você aprontou com o Naruto?" uma voz grave próxima fez com que ela voltasse sua atenção à sua origem, encontrando um belo rapaz de olhos em fenda e tatuagem vermelha no rosto acompanhado de uma delicada garota de cabelos rosados.
"Esse cachorrinho é seu?" Mieko entregou Akamaru ao rapaz quando este assentiu com a cabeça, corando ao pensar em como ele era bem apessoado."Parece que este papelzinho pertence à aquele rapaz que se machucou correndo atrás dele."
"Ah, o Naruto? Não se preocupe com ele, o sujeito tem uma cabeça dura demais para se machucar com um tropeço desses", Kiba sorriu galanteador, curioso por encontrar uma garota tão bonita desacompanhada - se Akamaru havia gostado da desconhecida a ponto pular em seu colo, por que ele não gostaria dela também? Mieko baixou os olhos e corou ainda mais, sorrindo timidamente para o rapaz.
Sakura sentiu que estava sobrando e dando um risinho afastou-se, indo até o companheiro de equipe que começava a retomar a consciência naquele instante.
"Ai, Naruto, você não tem jeito mesmo.." Sakura suspirou, enquanto verificava se o loiro não havia tido alguma contusão mais seria.
"Itai... minha cabeça dói..", o shinobi ergueu-se num salto ainda meio tonto, aproximando-se de Kiba e Akamaru com cara de poucos amigos, arregaçando as mangas do quimono. "Hoje eu fazer salsicha de você e desse seu vira latas, Kiba".
Mieko, que até então estava de costas para o ninja hiper ativo, girou o corpo assustada com a gritaria logo atrás dela, dando de cara com Naruto que havia se aproximado para tentar pegar o Kiba.
Os olhos violetas se arregalaram com a proximidade inesperada daqueles dois olhos azuis meio confusos – Naruto não teve tempo de fazer nada além de resmungar "hum... quem é v..."
PAFT!
Sakura e Kiba se encolheram ao ouvir o tapa estalado que Naruto recebera fazendo-o cair sentado no chão, com uma expressão de "o que foi que eu fiz dessa vez"
Mieko havia se escondido atrás de Kiba, segurando o quimono do rapaz ainda assustada com a velocidade de seus reflexos, soltando-o assim que percebeu que o estava agarrando. "Oh... desculpe-me, não foi minha intenção..."
"Tudo bem, você estará desculpada se me disser seu nome, já que não me recordo de tê-la visto antes... você veio para participar do festival?", Kiba perguntou, sorridente.
"Não..Hum... eu vim acompanhar meu pai.. Ele veio contratar os serviços de Konoha. Eu sou Nozomi Mieko, muito prazer" Mieko se apresentou, fazendo uma leve reverência.
"Eu sou Inuzuka Kiba, esta aqui é Haruno Sakura e o seu saco de pancadas é o Uzumaki Naruto" o shinobi fez as honras e ao ouvir o latido do seu companheiro, completou: "bem, você já conhecia o Akamaru, não?".
Emburrado, Naruto se levantou para se integrar à conversa quando a atenção do grupo se dirigiu a uma cena inusitada: Shikamaru e Temari vinham caminhando lado a lado pelas festivas ruas de Konoha.
Até ai, nada de mais, já que sempre que a Jounin da vila da Areia os visitava, os dois amigos passavam boa parte do tempo juntos.
O que chocava os shinobis era o sorriso escancarado no rosto de Temari que tinha um dos braços de Shikamaru envolvendo-a protetoramente, num claro sinal de intimidade maior que uma simples amizade permitiria.
"Nani!" Kankurou estreitou o olhar para a cena que se desenrolava frente aos seus olhos, colocando o copo de chá verde de volta na mesa ao ver as liberdades que shinobi preguiçoso de Konoha estava tomando com sua irmã.
Gaara conversava com Tsunade e Kiyoshi quando notou a chegada inusitada de Temari e a expressão nada amigável de Kankurou.Aperpicaz Hokage notou o olhar do Kazekage deslizar tranquilamente de uma ponta para a outra da rua para em seguida pedir licença e caminhar calmamente de encontro aos dois irmãos mais velhos que estavam tendo uma conversinha um pouco mais "acalorada".
Tsunade suspirou, imaginando o tamanho de mais esta confusão... Este Tanabata estava sendo único, sem sombra de dúvida. De longe, localizou a filha de Kiyoshi conversando animadamente com sakura, Kiba e Naruto.
"Pelo menos alguma coisa esta dando certo hoje", pensou enquanto sugeria ao ilustre visitante que eles fossem conversar com os garotos.
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"Vejo que fez amigos, minha filha", Satisfeito, Kiyoshi e Tsunade aproximaram-se do grupo de adolescentes que conversavam animados.
"Sim, meu pai", Mieko sorriu, enquanto os demais cumprimentavam os recém chegados.
"O quimono lhe caiu muito bem, Sakura", Tsunade elogiou a pupila, notando o quanto a jovem havia desabrochado – quanta diferença da garotinha complexada que se tornara sua pupila anos atrás.
"Oh, obrigada Tsunade-shishou! Eu gostei muito do seu presente!" a jovem respondeu, corando.
"Bem, aproveitando já que vocês parecem estar se entendendo bem, Sakura, o que você me diz de levar Mieko-chan para conhecer a Vila e se divertir no festival?", a Godaime pediu, diante da expressão surpresa de seu convidado.
"Oh, mas é claro! Vai ser um prazer!" Sakura respondeu prontamente, pegando a visitante pela mão. "Vamos, Mieko-chan?"
"Mas.. Eu.." Mieko titubeou, mudando de idéia assim que Kiba se pronunciou.
"Pode deixar conosco, Godaime... Vamos cuidar para que ela se divirta" o Inuzuka sorriu olhando para Mieko, que corada,deixou-se arrastar pelos jovens shinobis.
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"Eu já disse para você não se meter, Kankurou!" Temari sibilou, segurando-se para não jogar seu irmão para bem longe, "você deveria procurar uma companhia ao invés de ficar cuidando da minha".
"Esse idiota preguiçoso não é bom o suficiente pra você, Temari! Se ele acha que eu vou ficar quieto enquanto esse arremedo de ninja se aproveita de você, ele enlouqueceu!", Kankurou provocava Shikamaru que parecia não tomar conhecimento do Jounin, deixando-o ainda mais irritado. "Você é tão fraco que precisa de uma mulher para protegê-lo, chorão?"
"Frase errada dita para a pessoa errada", Shikamaru pensou, engolindo seco ao notar o brilho assassino nos olhos azuis da namorada."Taku... Se eu achava a Temari complicada..."
Temari abriu a boca para responder à altura da frase machista, mas arregalou os olhos e calou-se ao notar a figura que se aproximava.
"Isso não é você quem decide, Kankurou" um voz fria bem atrás de Kankurou fez seu sangue gelar, encontrando a figura de Gaara observando-os calmamente, de braços cruzados sobre o peito.
"Ótimo, era só o que faltava... mas que complicado", Shikamaru pensou, inconformado.
"Mas, Gaara, o chorão..." o mestre das marionetes engoliu seus argumentos ao receber um olhar estreitado caçula, que caminhava em direção de Shikamaru e Temari, parando frente a ele apenas para dizer:
"Respeite a hospitalidade de Konoha e não arranje confusão, Kankurou. Temari é capaz de se cuidar sozinha, entendeu?". Sucinto como sempre, o olhar do Kazekage fora o suficiente o shinobi compreendesse o recado. "Desculpe-se pelas grosserias e deixe-os em paz."
Boquiaberta, Temari assistiu o irmão rebelde assentir com a cabeça e resmungar uma desculpa a Shikamaru diante o olhar atento de Gaara, que esperou que ele se fosse para caminhar até o novo casal, aproximando-se de Shikamaru olhando-o nos olhos em silencio.
"Se você magoá-la", apontou para Temari ainda encarando o Nara, "você morre, entendeu?". Gaara disse sem alterar o tom de voz, fazendo Shikamaru e Temari suarem frio.
O que o chuunin poderia fazer além de concordar com a cabeça?
"Taku... Que família problemática... por que eu tinha que escolher justo a pessoa mais complicada?"
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Oi gente...
Eu gostaria de me desculpar pela demora para atualizar este capitulo...sabe, trabalhar com sistemas é uma caixinha de surpresas.
Devido a boatos sobre a proibição de respostas de reviews no corpo das fanfics, eu criei um blog especialmente para responder as reviews para falar sobre meus futuros projetos.
Puxem uma almofada, peguem uma xicara de chá e venham fofocar comigo.
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