Capitulo II – Reencontros.
Milo cobriu o garoto antes de sair e fechar a porta. O japonês estava no sétimo sono, dormia serenamente. Ao observar aquele rostinho tranqüilo, Milo se lembrou de quando vira o garoto pela primeira vez.
Shun estava sujo e tinha um olhar assustado. Ayumi o trazia no colo e tinha um sorriso.
- Olhe só esse anjinho que achei, Milo-kun. Não é uma gracinha?
- Ayumi, você ficou louca? De onde tirou esse garoto?
- Ele estava perdido! Ainda não fala direito, mas pelo que consegui entender ele e o irmão saíram do orfanato e no caminho ele se perdeu do irmão. Acho que os dois fugiram, talvez o outro tenha voltado para lá.
- Temos que levá-lo para lá também.
- Não! – replicara Ayumi, agarrando mais o garoto. – Você não viu o estado dele? Vou cuidar desse pequeno anjo e depois decidiremos o melhor a ser feito.
- Hunf...
Milo saiu levemente irritado para seu quarto, enquanto Ayumi ia alegremente preparar um banho para o assustado Shun.
oOo
Ao fechar a porta do quarto e sair para o trabalho, Milo ainda se lembrava do crescimento de Shun, de como lutaram para ter a guarda dele, de como ele e Ayumi quase haviam sido presos...
"Se não fosse o irmão daquele louco com quem a Ayumi se meteu...", pensou, se lembrando de Saga, o advogado que cuidara do caso deles, fazendo-os conseguir a guarda de Shun. Ficaram sabendo na época que o irmão dele tinha sido adotado por estrangeiros.
Se lembrou então de quando Ayumi disse que ia embora.
- Eu não posso levar o Shun comigo, Milo-kun. Eu e o Kanon não temos destino fixo. Além do mais, a personalidade dele é instável, o Shun não ficaria seguro com nós. – fora se afastando, levando duas malas. – Eu voltarei para visitá-los quando puder.
Ficaram quase três anos sem noticias de Ayumi, pois ao mudarem-se para a Grécia (terra natal de Milo) não tinham como avisar a mulher a não mandar cartas ao Japão. Mas ainda hoje ela aparecia, de tempos em tempos, para rever os dois.
oOo
Milo estava na rua quando se lembrou de Camus.
"Será que vou rever aquele francês? Seria bem divertido acabar com aquela formalidade dele...".
Sorriu com o pensamento e saiu animado, assobiando pelo caminho a fora.
oOo
- Hyoga! Não se esqueça de que se sair deve trancar o quarto e deixar a chave na recepção. – disse Camus, já próximo à porta.
- Sim papai, eu sei! – gritou o garoto, do quarto adjacente.
- Tenha cuidado! Até a tarde.
Camus saiu apressado. Um táxi o esperava. Naquele dia conheceria o engenheiro da Aiolia & Aiolos com quem trabalharia na primeira fase do projeto. Já fizera alguns esboços, que carregava numa valise preta.
Esperava que não fosse alguém difícil de lidar. Já tivera experiências ruins nesse tipo de trabalho em equipe.
- Senhor... senhor... para onde?
- Ah sim... para... – deu o endereço ao taxista.
Olhou pela janela e crispou os lábios. Mais uma vez se distraíra pensando no surfista grego.
oOo
Hyoga passou a manhã assistindo tevê. Era verdade que lá havia canais diferentes, mas ele era um garoto muito ativo e não tinha muita paciência em ver tevê.
Era quase meio-dia quando olhou pela janela e viu que estava sol.
"O dia está ótimo, mas muito quente! Vou tentar achar uma sorveteria."
Trocou de roupa, trancou o quarto e deixou as chaves na recepção do hotel, como Camus o orientara.
Saiu pelas ruas italianas como se já as conhecesse muito bem. Observava as placas e sinalizações e suas pernas pareciam guiá-lo.
Quando se deu conta, estava parado em frente a um sobrado azul. As janelas pareciam todas fechadas, mal parecia haver habitantes ali.
"Será mesmo aqui?"
Tocou a campainha e aguardou.
Um movimento sutil na cortina e logo a porta se abriu. Shun vinha sorrindo por ver o novo amigo.
- Hyoga! – seu sorriso se alargou. – Olá!
O loiro retribuiu o sorriso e antes que pudesse dizer algo foi abraçado por Shun, ficando um pouco sem graça.
- Entre! Meu tio Milo foi trabalhar... é horrível ficar sozinho o dia todo aqui, já que para mim é quase um lugar estranho, viemos poucas vezes a essa casa.
- Bem... na verdade, eu vim te chamar para tomar sorvete.
- Ah...! Sim, vamos! Espera só um pouquinho!
Voltou correndo e em dois minutos estava na porta novamente. Trancou tudo.
- Vamos Hyogaaa! – puxou o loiro pela mão e logo caminhavam pelas ruas, animados.
oOo
Após falar com o diretor da empresa, Camus fora conduzido pela secretária até a sala destinada a ele. Seu parceiro de trabalho ainda não chegara.
Sentou-se na macia poltrona de couro e espalhou seus esboços sobre a mesa de vidro, revendo cada detalhe. Tanto o diretor da filial francesa quanto o da matriz italiana haviam adorado o projeto. Queriam desenvolvê-lo em vários países.
Camus fazia algumas mudanças quase despercebiveis nos desenhos quando a porta se abriu. Lá estava seu suposto parceiro no projeto e o diretor da empresa.
- Camus?
- Milo?
O diretor sorriu, olhando de um para o outro.
- Já se conhecem?
- Ah! Sim! – exclamou Milo sorrindo.
- Há pouco tempo. – complementou Camus.
- Bom, vou deixá-los à vontade, trabalhando. É um grande projeto. Com licença, senhores.
Quando ficaram a sós, se entreolharam.
- Como está o Shun?
- Bem. E o seu sobrinho?
- Bem também. Bom, vamos ao trabalho.
Milo já ia dizer que era uma grande coincidência eles se encontrarem ali, mas percebeu que Camus não ia aturar sua tagarelice no ambiente de trabalho. Percebeu também que o francês era extremamente metódico.
Tinham duas semanas para apresentar a primeira parte do projeto. Em quatro semanas deveriam ter o plano pronto, para que as obras começassem.
Camus logo percebeu que Milo era extremamente inquieto e agitado.
Seriam semanas difíceis, de fato.
oOo
Continua...
N/A: Espero que tenham gostado desse também! Tem certos clichês, mas...
Respostas as reviews:
Kitsune Lina: O que acontece? Hauahua Vc vai saber! E nhaa... sei que o Shunzin non merece sofrer mas... era o que ia fazer mais sentido na historia!
Shakinha: O Hyoga e o Shun estão com 13 anos e o Milo e o Camus numa faixa entre 25, 28...
Agradeço a todos pelas reviews! Beijos e continuem lendo! Agora que já estou quase d férias, vou tentar atualizar mais rápido!
