Filhos da Nova Era
Capítulo 2 - Um homicídio
-Como assim você não pode resolver! É só liberar outra carga!
Duo e Heero estavam na recepção de uma empresa de peças para naves. Aquele tentava falar com o presidente ou qualquer um que pudesse resolver a "porcaria do problema" e este tentava entender o que estava acontecendo.
-Isto é um local de trabalho! O senhor não pode falar mais baixo? - pedia a secretária, desesperada.
-Que falar mais baixo o caramba! Eu quero que alguém me receba! Vocês são responsáveis pelas peças!
-Está bem, vou encaminhar o seu problema. Agora o senhor pode sentar e se controlar? Por favor?
-Não sei porque, mas fico nervoso com esse tipo de coisa. Sempre tenho a impressão que estão me enganando. - ele sentou-se em um banco, ao lado de Heero que estava de pé, encostado na parede.
-O que aconteceu?
-Esses trambiqueiros não entregaram um carregamento de peças, QUE EU JÁ HAVIA PAGO INCLUSIVE! - as várias pessoas da sala o olharam espantadas - Disseram que o carregamento se extraviou no caminho. Gostaria de saber como. Um buraco negro engoliu?
-Então você está trabalhando com naves.
-Tenho que sobreviver de alguma maneira.
-Senhor Maxwell, não é? - Interrompeu a secretária – Nosso representante está esperando você. É a terceira porta à esquerda.
-É esse cara que vai ouvir umas verdades...
Meia hora depois os dois saíam do prédio da empresa. Heero achou estranho o fato de não ter ouvido nenhum grito durante o tempo em que Duo ficou na sala. Eles estavam no elevador, e ele não havia falado nada ainda.
-O que houve lá dentro?
-Ah, nada demais. Eu já ia começar a colocar a boca no mundo quando o cara disse que já havia enviado um aviso de que eu poderia retirar a mercadoria ou o dinheiro.
-E você pegou?
-Não, não trouxe a nota fiscal...
-Sua burrice é tamanha que não vou me dar ao trabalho de comentar.
-Obrigado por me xingar de uma maneira educada... Eu mereço! Mas acho que a Hilde não vai ser tão compreensiva quanto você...
Duo tinha razão, como Heero pôde constatar mais tarde no hotel. A voz alterada dela vinda do telefone não parecia nada compreensiva.
-Veja o lado bom! Você pode vir até aqui pra trazer a nota. Não estava reclamando que eu tô demorando muito? Vou estar na casa de Quatre. Tá, eu vou lá. Tchau. - Duo desligou o telefone – Até que não foi tão mal, ela só ficou nervosa no começo... Eu tô quebrado, vou dormir um pouco.
Ele olhou pra Heero, sentado à frente da janela.
-Você não tinha que ligar pra Relena não?
-Depois eu ligo.
-Como quiser. Boa noite.
O homem deixou-se ficar por muito tempo a observar as ruas escuras e vazias. Era uma daquelas noites em que não sentia sono ou cansaço, que passava acordado com uma estranha sensação de alerta e ansiedade. Uma sensação que não provava há muito tempo.
-Meus amigos! Há quanto tempo!
-Sem enforcamentos, Quatre! Também é bom ver você, mas não precisa abraçar tão apertado!
-Que bom que vocês vieram! Meu mordomo disse que alguém tinha ligado ontem, mas não imaginei que fossem vocês.
-Como anda tudo por aqui?
-Normal demais, se quer saber.
-Tem falado com Trowa e Wufei?
-Trowa costuma ligar sempre. Acho que agora está na América. Wufei... da última vez que falei com ele estava na China e ia pra Índia. Mas isso já faz mais de um mês.E quanto a vocês?
-Eu precisava ver uns negócios aqui na L4, por isso aproveitei pra dar uma passada. O Heero acabou vindo junto...
A cabeça de um empregado carrancudo apareceu na porta semi-aberta.
-Ligação para o senhor, mestre Quatre. É da polícia.
-Polícia? O que será que aconteceu? - disse Quatre, ligando o monitor.
-Quatre, se você quiser a gente sai...
-Não se incomode, Duo. Não deve ser nada demais.
-Quatre Winner? Desculpe incomodá-lo, mas é que tivemos alguns problemas com um homem, que parece ser seu empregado.- diz a imagem do guarda no monitor
-O que ele fez, policial? Algo grave?
-Nós encontramos o corpo dele num hotel. E ele parece não ter família, pelo menos não encontramos contato algum.
-Qual o nome do homem? Foi assassinato?
-Era Jean Zenfri e ainda não temos certeza se foi homicídio. Não descartamos a possibilidade de um suicídio.
-Pode me passar o endereço do hotel? Irei pessoalmente.
-Já estamos cuidando de tudo. Era só um empregado, o senhor não prec...
-Me dê logo o endereço!
Ele anotou os dados que o guarda passou e desligou o monitor.
-Parece que eu vou ter que sair. Vocês podem ficar aqui, vou arrumar uns quartos...
-Se você não se importa, eu gostaria de ir junto – diz Heero.
-Eu não acho que vai ser um passeio agradável, mas se quiser ir...
-É isso aí, vamos nós três então – completa Duo
-Aí, Quatre. Não me leve a mal, mas porque você quer ir pessoalmente olhar o local que o tal cara foi morto? - eles estavam dentro do carro e já viajavam há algum tempo sem que ninguém tivesse falado.
-A polícia local não é muito boa em investigações criminosas. Não temos muitos homicídios, os policiais não têm o hábito de investigar este tipo de coisa. Além do mais, acho que é o mínimo que eu posso fazer pelo homem agora.
-Então você conhecia o cara?
-Ele trabalhava pra mim como piloto, em viagens mais longas. Já faziam uns cinco anos, mas nunca cheguei a falar muito com ele. Era muito quieto. Voltou de viajem ontem da Terra, pois estava de férias. Mas eu achei esquisito o policial ter mencionado que ele veio em uma nave comercial...
-Da Terra, ontem, em uma nave comercial? É capaz de ele ter pego o mesmo vôo que a gente. - exclamou Heero.
-Como ele era? Podemos ter cruzado com ele.
-Baixo e gordo, com um cavanhaque.
-Parece aquele cara que sentou do meu lado! Não, não pode ser... Tava se cagando de medo de voar...
-Chegamos.
-Estes são os documentos encontrados. Aqui, uma folha que estava sobre a mesa. - o detetive encarregado do caso mostrava aos três o quarto do hotel, e tudo que haviam achado. Quatre pegou o papel. Em uma letra tremida, liam-se frases confusas.
Eles estão atrás de mim. Eu vi. Eu sei não posso tenho que fugir garotos só garotos
-Vocês leram isso e acham que pode ter sido suicídio? - pergunta Duo ao detetive, depois de ler o papel por cima do ombro de Quatre.
-Nós não achamos que foi suicídio. Apenas não descartamos esta possibilidade. - respondeu o homem.
-O cara foi morto. Viu alguma coisa que não devia, e alguém silenciou ele.
-Com todo respeito ao seu amigo, Sr. Quatre. Nós trabalhamos com provas concretas, não podemos imaginar hipóteses. Agora, se quiser vir comigo até a recepção e ouvir o depoimento do gerente...
-Está bem, vamos. - diz ele sério
-Nós vamos ficar aqui mais um pouco – diz Duo, falando por ele e Heero – Se o senhor não se importar...
Parecia que a única coisa que o detetive não queria era deixar aquele homem com quem não simpatizara sozinho no quarto do crime, mas ele foi forçado a concordar, quando Quatre concordou. Era impossível negar a influência dele naquela colônia.
-Vamos dar uma olhada... - disse Duo, remexendo os armários e gavetas, assim que os dois saíram.
-Acho que você não vai achar nada. Eles não deixariam passar pistas.
-Não estraga a brincadeira... - ele continuou a mexer em várias gavetas da escrivaninha por um tempo - Hum, tem uns papéis aqui.
-Só folhas velhas, nada de importante.
-Não, tem uma aqui diferente...
-O quê é isso?
Passos ecoaram pelo corredor. Instintivamente, Duo guardou o papel no bolso.
-Vamos embora? - Era Quatre- Não tem mais nada para fazermos aqui.
-Agora mesmo – respondeu Duo, com um sorriso inocente. Heero seguiu os dois, olhando para ele intrigado.
N/a:
olá de novo. aki está o segundo cap, e até q foi rápido. tenho
esperanças d conseguir colocar um cap por semana... a propósito, o nome
do primeiro cap tá errado, é L4 e naum L2. desculpem pela minha
distração...
Poly-chan
