Capítulo 3 - Um depoimento

-O jantar será servido em quinze minutos, Sr.

-Está bem, obrigado. - os três amigos haviam acabado de chegar à casa, e agora se dirigiam à sala de jantar por um corredor lateral. - Vocês dois devem estar com f...

Um garoto moreno veio correndo do outro lado do corredor e agarrou Quatre pela cintura.

-Que bom que o senhor chegou, pai. Achei que não viria para jantar de novo.

-Está bem, estou aqui. Agora quero que cumprimente meus dois amigos, Heero e Duo.

O garoto levantou a cabeça exibindo olhos verdes e vivos. Falou de forma educada.

-Olá, meu nome é Alec.

-Agora vá lavar as mãos, está bem?

O garoto concordou e dirigiu-se a uma porta lateral. Duo exclamou:

-Cara, eu sabia que você tinha filhos, mas me espantei... Quantos anos tem esse garoto?

-11. Mas Alec não é meu filho, e sim enteado. Quando casei com a mãe dele, ele tinha cinco anos.

-Mas o garoto parece não ligar.

-Ele é incrivelmente carinhoso e educado, até mais do que meus outros filhos.

-Levando em conta que são seus filhos não devem arranjar muitos problemas... Eu tenho só uma, mas vale por vinte.

-E quanto a Heero? Não te imagino cuidando de crianças.

-Nem pergunte, Quatre. Eu perguntei a mesma coisa.

-Vocês não vão me deixar em paz? Cada um de vocês quatro vai perguntar a mesma coisa?

Quatre riu.

-Não se preocupe, Trowa também não formou família. Mas está cuidando dos sobrinhos... Por falar nisso, parece que ele ligou hoje, enquanto estávamos fora. Mais tarde falarei com ele.

Depois do jantar, os três foram ao escritório de Quatre, onde ele foi tentar falar com Trowa. Heero e Duo sentaram-se em poltronas mais afastadas.

-Porque você pegou aquele papel no hotel hoje, Duo?

-Papel? Que pap... Ah! É! - ele puxou-o de dentro do bolso – Este papel. Sabe que eu nem sei?

-O que tem aí?

Os dois se debruçaram para ler.

-Parece... um depoimento formal.

Venho através deste informar aos senhores o que presenciei, e temendo por minha vida peço sigilo. Por este mesmo motivo não me identificarei, nem me apresentarei pessoalmente à polícia para divulgar estes dados.

Sou um piloto comercial e em uma de minhas viagens tive alguns problemas com o motor. Depois de uma turbulência um tanto forte, creio que bati a cabeça contra o painel e desmaiei. Estando sozinho na nave, só acordei horas depois, em uma região do espaço que não conhecia. Tentei em vão estabelecer contato com outras naves ou me guiar pelo mapa. Quando achava que havia chego a um domínio conhecido, me perdia novamente. Então vi pequenos pontos ao longe, e na esperança de serem naves que pudessem me ajudar, fui atrás deles. Mas não cheguei muito perto, pois logo percebi que não eram naves. Eram mobile suits. Não pude acreditar em meus olhos, há mais de dez anos não se via um daqueles. Mas lá estavam, não um mas dois mobile dolls lutando entre si. Preparei-me para fugir o mais rápido e silenciosamente possível, mas creio que fui visto. Fui perseguido por um longo trecho por nada menos que três mobile suits. Quando já estava desanimado e quase me entregando, eles pararam de repente e logo depois foram embora. Não parei para investigar, continuei a fugir, até porque agora estava em um local que conhecia, e era um pouco mais utilizado como rota.

Isso é o que tenho a relatar. Pode ser que os senhores pensem que tudo não passou de um delírio, mas acreditem, as marcas de tiros em minha nave e as ameaças que venho recebendo são provas mais que concretas. Pode ser que os senhores também não se preocupem com este tipo de coisa, pois vivemos uma época pacífica. Mas ouçam a opinião de um homem que viveu a época de guerras. Aquele que tiver armas e tecnologia, mesmo que sejam alguns mobile suits, fará o que bem entender. Se nos armarmos para enfrentá-lo, estaremos nos livrando da paz que lutamos tanto para conseguir. A vocês cabe escolher o que fazer.

Abaixo segue a localização e horário exatos que tudo aconteceu.

Os dois terminaram a leitura e ficaram a mirar o papel, abobados.

-Ei, vocês dois! Estão ouvindo? - falava Quatre, sentado à escrivaninha.

-Isso não pode ser verdade, Heero... o cara era meio maluco... - dizia Duo, ainda mirando o papel.

-O que aconteceu afinal? - insistiu Quatre

-Maluco ou não, isso devia ser investigado. - respondeu Heero. Quatre se cansou, levantou e pegou o papel.

-O quê é isso?

-Um papel que Duo encontrou no hotel hoje.

-Tem alguém aí? - era a voz de Trowa, que vinha do monitor – Até aceito que tenham feito uma reunião sem me convidar, mas precisam me ignorar?

Quatre foi até o monitor.

-Escuta só isso, Trowa.

Heero, Duo e Quatre estavam em volta do monitor, com o depoimento nas mãos. Depois de um longo tempo em silêncio, Trowa falou.

-Eu vou até aí. Acho que nós mesmos temos de investigar isso, não dá pra simplesmente deixar nas mãos da polícia.

-Não é o que eu queria fazer, mas acho que Trowa está certo. - disse Quatre, pensativo - Será que nosso passado nunca vai deixar de nos assombrar?

-Acho que a questão é: Será que o homem nunca vai conseguir viver sem armas? Vou falar com Wufei e estaremos aí assim que pudermos. Tchau.

Heero e Duo foram para seus quartos em silêncio e Quatre ficou no escritório por mais um tempo. Todos pensavam no que Trowa dissera.

No dia seguinte os três amigos acordaram tarde e foram ao espaçoporto. Duo tinha que encontrar com Hilde, e Heero e Quatre foram junto. Não falaram sobre o ocorrido do dia anterior, parecia haver um consenso silencioso de só discutir o problema quando os cinco pilotos estivessem reunidos novamente.

Eles foram até o setor de desembarque. Estavam atrasados, mas ainda assim a nave não chegara. Sentaram-se e esperaram, por quarenta minutos. Quando ela finalmente chegou, as pessoas começaram a descer, com as caras mais mal-humoradas e impacientes. Hilde vinha sozinha, carregando uma mala e com uma garota no colo. Não parecia com o ânimo melhor do que dos outros passageiros.

-Me lembre de nunca mais dar açúcar pra esta menina antes de uma viajem longa! - foi a primeira coisa que ela falou assim que avistou Duo.

-Também é bom ver você! - Respondeu ele, pegando a menina adormecida nos braços.

-Olá, garotos! Me desculpem. Mas é que meu ânimo não está dos melhores...

-Tudo bem, vamos embora – disse Quatre – Você tem que pegar bagagem?

-Não, está tudo aqui.

-Então vamos.

Eles tomaram um carro e chegaram à casa de Quatre em quinze minutos.

-Sr.? Tem um homem à sua espera no escritório.

-Já vou. Quanto a vocês, sintam-se em casa. Qualquer coisa, é só chamar.

Heero, Duo e Hilde subiram as escadas em direção aos quartos. Quando chegaram ao primeiro andar se separaram, cada um indo para o seu. Heero ligou o lap-top à procura de mensagens novas, acreditando não encontrar nenhuma. Encontra duas. Uma propaganda de internet turbo e um recado do doutor J.

N/a: é, eu sei, terminou de um jeito meio esquisito. o caso é que eu escrevi esta história há algum tempo já, e quando escrevi não pensava em publicar. estou dividindo ela e dando nomes aos capítulos, e agora que estou relendo achei várias coisas que gostaria de mudar. mas não vou mexer em nada, porque se começar, não paro. eu realmente gostaria de receber reviews, pra ter uma idéia de como está...