Filhos da Nova Era

Capítulo 4 - Planejando a ação

Quatre entrou na sala já encontrando o detetive sentado e acomodado. Cumprimentou-o.

-Algum problema?

-Bem, o senhor me pediu para lhe manter informado, por isso lhe trouxe o resultado da autópsia.

Quatre pegou o papel e agradeceu, mas estava achando estranho. Se era só pra entregar aquilo, porque o detetive foi pessoalmente?

-O senhor veio aqui só por isso?

-Na verdade, não. Fizemos uma análise de digitais e encontramos algumas coisas reviradas no local do crime.

-Não entendi onde você quer chegar.

-Acredito que seus amigos mexeram no quarto naquele dia em que os deixamos sozinhos, e gostaria de saber porquê.

-Pergunte a eles. - disse Quatre com a voz muito calma, mas tentando imaginar uma desculpa que pudesse dar sem deixar suspeitas.

-É o que vim fazer.

Heero abriu a mensagem e leu-a. Falava sobre uma base da Oz que fora desativada há alguns anos. Ficava em um local pacato do espaço, e parecia estar secretamente em atividade.

Tenho uma missão para você.

-Esse velho não marca bobeira.

Ele se sobressaltou com um som agudo. O alarme vinha do próprio aparelho, avisando que havia uma ligação.

-Heero? É Você?

A imagem de Relena apareceu na tela.

-O que te parece?

-Eu não falei pra você ligar!

-Não tive tempo.

-Vou fingir que acredito... de qualquer maneira, liguei pra avisar que o doutor J está te procurando.

-Eu sei, recebi uma mensagem dele.

-O que está acontecendo? Ele falou de urgência...

-Algumas coisas estranhas, mas que logo vão se resolver.

-Que coisas estranhas? Vocês vão esconder isso de mim?

-Não te interessa, está bem?

-Pois eu vou descobrir o que está acontecendo sem sua ajuda.

-Faça como quiser.

-Ao menos posso pedir para se cuidar?

-Como se eu não soubesse fazer isso . - ele desligou o monitor. Ela se preocupa demais.

-E aí, camarada, beleza? - Duo entrou na sala da maneira mais desleixada possível. O detetive estava sentado no sofá com uma xícara de chá na mão. Não gosto nada desse cara.

-Olá. Cavalheiro. - ele disse, educado. Parecia uma disputa de gênios. - Parece que alguém revirou o quarto de hotel ontem. O senhor ficou sozinho no quarto. O que tem a me dizer?

-Não podia mexer?

O homem se afogou com o chá. Quatre olhou para o amigo um pouco surpreso.

-É lógico que não podia! - respondeu o detetive, recuperando o fôlego – O senhor mexeu!

-Achei que não tinha nada demais...

-O que procurava!

-Nada. Só estava... sei lá, mexendo.

-Numa cena de crime! Você é burro? Sabia que não era uma boa idéia deixar dois desconhecidos sozinhos!- ele estava começando a perder a compostura.

-Meu amigo, eu conserto naves. Você acha que sei alguma coisa de investigações policiais?

O detetive pegou o chapéu e levantou-se, irado. Olhou para Quatre, que deu de ombros.

-Com todo respeito ao senhor, Quatre. Seu amigo é um completo idiota! E isso não termina aqui! - e saiu, batendo a porta.

Duo teve de se segurar para não rir a ponto do detetive escutar do corredor.

-Não sei se foi algo sensato, Duo.

-Relaxa, cara! O quê que o homem pode fazer?

-Onde está Heero? - perguntou Quatre a Duo, na manhã do dia seguinte. Eles estavam do lado de fora da casa, sentados no jardim.

-Não sei. Sabe que não o vejo desde que chegamos ontem?

-Também não o vi. Deve estar entocado no quarto, depois vamos procurá-lo.

Uma garotinha passou como um raio pelos dois.

-Vai com calma, menina! Vai cair!

-Você quer brincar, papai? - a garota voltou correndo e parou à frente de Duo, seus longos cabelos castanhos amarrados para trás.

-Agora não, Amy. Porque não vai procurar o Alec?

-Aquele garoto que mora aqui? Ele só estuda.

-Alec está fazendo provas. - disse Quatre – Por isso que passa a maior parte do tempo estudando, e por isso que não pôde viajar com os irmãos.

-Quantos filhos mais você tem, Quatre?

-Mais dois. Acho que logo eles devem voltar, faz duas semanas que estão na Terra.

-Tomara. Não gosto de brincar sozinha.

-Vamos até os fundos que eu te mostro o canil, o que acha? Gosta de cachorros? - perguntou Quatre.

-É claro.

-Não deixe ela ficar muito perto de seus cães, Quatre. Eles não sobreviveriam... Vou procurar Heero, depois alcanço vocês.

Duo entrou na casa e encontrou Hilde no corredor.

-Por acaso você não viu o Heero por aí?

-Ele não tinha saído? Ontem à noite ele passou por mim quando eu estava na biblioteca.

-Ele saiu? Mas não avisou ninguém! Esse cara é muito imprevisível. Vamos até o quarto dele, vai que ele deixou alguma coisa, tipo um recado.

-Acho que não – comentou Hilde, depois de olhar a escrivaninha e a mesa de cabeceira.

-Pra onde será que ele resolveu ir? Talvez Relena saiba...

-Que bonitinho aquele filhote! Posso pegar?

-Claro. - Quatre pegou o cachorro e colocou no colo de Amy.

-Se você quiser, pode até levá-lo. Estamos com uma ninhada, deve ter uns oito filhotes.

-É só eu me distanciar cinco minutos e você já está dando idéias pra ela... - disse Duo, entrando no canil acompanhado de Hilde.

-Ah, pai. Olha como ele é bonitinho.

-Depois a gente conversa sobre isso. Quatre, não achamos Heero. Hilde disse que ele saiu ontem à noite.

-Saiu? Pra onde?

-Não sei. Falamos com Relena, e ela tinha conversado com ele ontem. Parece que o Doutor J estava o procurando, mas ele não disse a Relena para onde ia.

-O doutor J? Será que ele sabe alguma co...

-Quatre? Não vai nos receber!

Eles saíram para o quintal e avistaram Trowa e Wufei. Depois de alguns cumprimentos confusos Trowa perguntou:

-Onde está Heero?

-Nem nós sabemos. Mas vamos entrar, conversamos lá dentro.

Essas naves são muito lerdas... quem anda a uma velocidade dessas? Bem, estou quase chegando.

Vá até o local. Há uma colônia não muito longe, você pode se recuperar da viajem lá.

Não vou parar, vou direto.

Investigue o local. A movimentação, as naves que circulam. Quero que descubra o que puder sobre essa base.

O doutor J podia ter me emprestado uma nave... não confio nessas alugadas.

Não deixe que o vejam. Vamos descobrir com o que estamos lidando primeiro. Pode se tratar de um alarme falso como pode se tratar de uma ameaça para a paz.

Não vou deixar que acabem com a paz que foi conquistada com tanto sacrifício.

-Provavelmente ele foi até a base a pedido do doutor J. - disse Quatre.

-Vamos atrás dele. - respondeu Wufei.

-Eu já cansei de ficar parado, acho que a gente tem que se mexer mesmo. - disse Duo.

-Mas não podemos simplesmente sair desse jeito. Temos que investigar primeiro.

-Acho que é isso que Heero foi fazer, Trowa.

-Se ele se der ao trabalho de ligar, saberemos.

-Com Heero ou sem Heero, acho que devíamos ir até o local. Munidos de armas e explosivos. Sabe como conseguir isso, Quatre?

-É meio complicado, mas acho que consigo. O que você tem em mente?

-Se chegarmos lá e realmente estiverem fabricando armas, explodimos tudo. Fim da história.

-Veremos. Em quanto tempo você acha que poderemos partir, Quatre? - perguntou Trowa.

-Levando em conta o tempo para conseguir as armas, acho que uns três dias.

-E quanto às naves? Acho que vamos precisar de uma. - lembrou Wufei.

-Tenho algumas, melhores que as naves que alugam por aí.

Um barulho de algo se estilhaçando veio da sala do lado.

-De novo não! - exclamou Duo. Ele se levantou e foi até a outra sala, enquanto os outros davam risada.

Quatre foi atrás dele.

-Não se preocupe, crianças fazem esse tipo de coisa o tempo todo.

-Você vai me levar à loucura, Amy!

-Foi sem querer, a bola bateu no vaso e...

-Jogando bola! Vai pro quarto!

Ela passou pelos dois com a cara mais angelical que conseguiu. Quatre ficou a mirá-la.

-Não sei o que eu vou falar para Alec. Terei que deixá-lo sozinho.

-Hilde cuidará dele. Ela vai ficar, com certeza. É só você dizer que precisa fazer uma viajem, e que não vai demorar.

-Sabe, Duo? É isso que me preocupa: não sou mais como era há dez anos atrás. Minhas prioridades mudaram. O que acontecerá se realmente tivermos de pegar em armas?

-Não sei, cara.


N/a: Taí o quarto cap, com um final estranho de novo... da próxima vez q escrever uma fic, vou escrever capítulo por capítulo, pra dar finais mais interessantes. E minha parte favorita da história está chegando, só vai melhorar daqui pra frente, eu prometo!


Dioni: valeu pela review e pelos elogios, e não se preocupe com seu jeito malukinho, gostei dele. Continue acompanhando a história que prometo continuar postando, ok? ;)

Stéph's: oie miga! valeu pela review e pela força que você deu desde que comecei a escrever a história! bjos.