Filhos da Nova Era
Capítulo 9 - Dois garotos
-Andrei? Leve este papel para Joan.
-Sim, pai.
Black ficou a mirar o filho sair da sala, então sua atenção se voltou para o garoto moreno caído ao chão, que começava a se mexer.
-Resolveu acordar, afinal?
Alec levatou a cabeça. Seus olhos verdes miraram Black com ódio.
-Você é o chefe, afinal?
-Ora, vamos. Não precisa me olhar desta maneira. Sim, sou o chefe e responsável por você estar aqui. Mas tenho meus motivos. Se seu pai não resolvesse se meter onde não dev...
-Não fale de meu pai!
-Ousado já vi que você é. Mas o que mais pode fazer além de me dar respostas ríspidas?
Andrei abriu a porta e entrou na sala novamente. Lançou um olhar rápido a Alec e foi sentar-se à frente do computador.
-Agora, tudo que quero é que você não me cause problemas. Acredito que em breve seu pai virá atrás de você e então poderemos negociar uma troca. Se você se comportar, ninguém sairá ferido. Acredite, não é isso que quero.
Alec encostou-se na parede, um pouco mais calmo.
-E o quê você quer?
-Voltar a viver normalmente, como antes.
-Fabricando armas?
-Se este foi o meio que encontrei de viver e me sustentar, a resposta é sim. - Ele observou melhor o garoto. Era realmente perspicaz. Um soldado abriu a porta.
-Comandante, temos uma falha no fornecimento de ar do setor 3.
-De novo? - Black se levantou – Andrei, já volto. E quanto a você, garoto. Não vai tentar nada, lembre-se do que falei.
Alec deu um chute na máquina que estava à sua frente, com raiva.
-Como se eu fosse burro.- ele olhou para o garoto, digitando algo furiosamente.- Como você agüenta viver aqui?
O outro não respondeu. Alec insistiu.
-Eu odeio qualquer coisa relacionada a guerra ou armas. Estou aqui há menos de uma hora e já me sinto mal...
O garoto se virou.
-Eu também não acho totalmente certo... mas como diz meu pai, foi o meio que nos restou para tentar sobreviver. Além do mais, enquanto tivermos armas estaremos seguros.
-Você acredita nisso? Enquanto você tiver armas, sempre haverá alguém tentando lhe ultrapassar com armas mais potentes. Não dá pra viver em paz assim!
-Você não sabe o que diz.
-Como se você soubesse. Acredite, eu já tive de correr pra proteger minha vida enquanto pessoas insanas atacavam colônias inocentes.
Pela primeira vez Andrei olhou o garoto sentado ao chão com outros olhos.
-Como? Achei que você fosse...
-É meu pai adotivo. Meu pai verdadeiro era soldado da OZ.
-Como ele morreu? - perguntou o garoto de forma fria, mas interessado na história.
-Numa luta contra um gundam. Ficamos eu e minha mãe, e então a colônia foi atacada... A guerra é uma estupidez, e é por isso que a odeio.
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-Estes são os lugares onde devemos pôr os explosivos?- perguntou Duo a Heero, apontando um esquema na tela do computador.
-Isso mesmo. Acho que é o suficiente.
-Se não for...
-Se não for ainda podemos explodir tudo atirando no centro elétrico, que fica aqui. - ele apontou para uma sala bem embaixo, uma das últimas da base.
-Mas aí não haveria tempo para fugir.
-É por isso que os explosivos têm de dar certo.
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-Comandante, não acha que devíamos ficar na base este sábado? - perguntou um soldado a Black, na plataforma.
-De forma alguma. Vão para a colônia e não se preocupem.
-Pelo menos deixe que fiquem mais guardas que o normal...
-Sim, deixarei. Agora pare de me aportunar. Vão e relaxem.
-Sim, senhor.
Wolfgang aproveitou que o comandante estava livre e correu até ele.
-Senhor, o que faço com aquele garoto na sala de controle?
-É melhor trancá-lo em uma das salas de depósito. Mas cuide para que ele receba comida e água. E não quero que o maltratem, entendido?
-Sim, senhor.
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Duo e Heero acertaram a conta no hotel. Era pouco mais de dez horas, mas eles não viram uma pessoa sequer andando na rua enquanto faziam o trajeto até a nave. Embarcaram, e em pouco menos de uma hora estavam próximos à base.
Foi pedido um código, o qual Heero deu e foi aceito. Eles desceram na plataforma de desembarque, totalmente deserta.
-Vou desligar as câmeras do corredor, me dê cobertura. - disse Heero, afivelando as pistolas e pendurando os explosivos em um suporte na cintura.
Duo atirou na câmera da plataforma onde estavam e foi na frente. Heero o seguiu, até um painel na parede. Abriu-o e começou a mexer nos fios. Um soldado apareceu e atirou, mas Duo foi mais rápido e atirou antes. Ficou a olhar para a pistola e para o homem caído.
-Sua mira ainda está boa. - disse Heero. O outro não respondeu.
Heero cortou um fio e saíram algumas faíscas.
Na plataforma, um soldado correu até Black.
-As imagens do corredor principal sumiram!
Black sorriu.
-Mande alguns homens para guardar o garoto.
Heero e Duo entraram no corredor. Foram interceptados duas ou três vezes, sempre acertando os soldados que apareciam. A certa altura, havia uma escada à direita.
-Essa escada leva aos depósitos. - disse Heero a Duo, entrando por ela cauteloso. Estava escura como breu, e cada passo que davam ecoava em seus ouvidos como tambores. Pararam no último degrau, encostados à parede. Uma luz se acendeu e ouviu-se uma voz.
-Não sei o que está acontecendo hoje, nada funciona direito.
Outra voz respondeu.
-Nada nunca funciona direito nesse lugar. É um milagre que a luz tenha funcionado.
Ouviram-se batidas metálicas. A mesma voz continuou a falar.
-Esse garoto tá enchendo o saco. Manda ele parar.
Ouve um chute e então silêncio. Logo depois, as batidas continuaram, mais fortes.
-Deixa pra lá. Se pudéssemos bater nele, aí ele aprenderia.
Heero e Duo, frente a frente, trocaram um olhar siginificativo. Então, juntos, entraram no corredor, as armas em punho, os dois gritando. O corredor era comprido e cheio de portas, e haviam dois soldados congelados bem no meio. Um deles saiu correndo apavorado. Heero atirou várias vezes, mas errou todas e o cara fugiu por uma passagem lateral. O outro soldado ajoelhou-se e pôs a mão na cabeça, tremendo. Heero o imobilizou. Duo começou a correr, para alcançar o outro.
-Deixe, Duo. Vamos acabar nos separando.
Outro soco na porta metálica voltou a atenção dos dois para um ponto à esquerda. Heero foi até lá e gritou:
-Afaste-se da porta! - então atirou nas dobradiças e meteu um pontapé.
Alec saiu para fora, as mãos amarradas, o rosto lívido.
-Não te prenderam no cano! - disse Heero, olhando pro garoto. - Que mordomia!
Duo olhou para o amigo, incrédulo. Heero tentara fazer uma piada? Era demais para ele.
-Porque vocês dois estão parados? - perguntou o garoto aos dois homens. - Vamos embora logo!
-É isso aí, camarada! - disse Duo, começando a correr atrás do garoto. - Heero, vamos!
-Eu vou pelo outro lado. - disse ele – Se eu não chegar em 15 minutos, vão embora.
-Mas...
-Leve o garoto de uma vez! - Heero virou as costas e correu na direção oposta, para onde o soldado havia ido.
-Maldito! - reclamou Duo. Então virou-se também. -Vamos, Alec.
Os dois subiram as escadas e observaram o corredor. Totalmente vazio. Correram para a plataforma de desembarque. Antes que alcançassem a porta, um tirou passou zunindo. Duo se virou e avistou uns três soldados, perseguindo-os. Disparou alguns tiros por cima do ombro mas não acertou nenhum.
-AAAhhhhhhh! - Duo se virou para ver porque Alec gritara. Na boca do corredor onde estavam, mais uns quatro soldados os esperavam com pistolas em punho.
-Eu sabia que tava muito fácil... - comentou ele, largando a pistola e colocando a mão na cabeça. São sete homens armados, é melhor não arriscar...
Heero começara a espalhar os explosivos. Já cobrira todo o subsolo da base, faltando apenas nos lugares mais difíceis: nas salas do galpão e da plataforma. Ele chegou ao galpão por um corredor lateral e observou. Haviam pouquíssimos soldados, e os mesmos containeres ainda estavam empilhados. Antes de continuar é melhor falar com Duo...
Os soldados amarraram Duo e Alec e os levavam pelo corredor principal. Então ouviu-se uma voz distante. 02? 02? Responda! Tudo OK para continuar? Um dos soldados arrancou o comunicador do bolso de Duo e atirou-o ao chão. Depois, esmagou com o pé.
-Acho que isso responde à pergunta dele. - disse o soldado – Vocês três, revistem a base novamente.
É bom você ter um ótimo plano em mente, Heero...
N/a: Mais um cap! E eu realmente gostei de escrever com esses dois garotos... De qualquer maneira, acho que a história já está se encaminhando para um final, talvez ela tenha 11 ou 12 capítulos. Então ateh a próxima... bjos!
