Filhos da Nova Era
Capítulo 11 - Filhos da guerra
Heero se levantou rápido, tentando se recuperar do soco. Black veio para cima dele, pronto para dar outro, mas ele desviou. Aproveitando-se da defesa aberta, Heero mirou no estômago, mas o outro também evitou o golpe. Os dois permaneceram nesta disputa por algum tempo, ora batendo, ora apanhando, até que ouviram uma pequena explosão. O chão tremeu um pouco e os dois pararam, mas assim que puderam se equilibrar continuaram a disputa. Andrei estava agachado atrás de um mobile suit, os olhos fechados, torcendo para que tudo explodisse de uma vez e ele pudesse sair daquele estado de desespero.
Heero parou de repente de se defender. Black continuou a bater nele por um tempo, então parou também. Heero deu alguns passos para trás enquanto Black o olhava confuso. Então ele ouviu o som de algo caindo. Olhou para cima, mas tarde demais. As placas do teto começavam a despencar por causa da explosão, e uma delas caíra exatamente sobre a perna de Black. As placas eram finas, mas extremamente pesadas, por isso, por mais que Black tentasse, não conseguia sair do lugar.
-Papai! - Num impulso, Andrei correu até ele. Não conseguiu chegar até lá, pois Heero o agarrou.
-Porque você me segurou! - disse o garoto se debatendo. - Eu sei que não vale a pena, mas ele é meu pai...
Mais placas começaram a cair, espalhando estilhaços e cortando os dois. Podia-se ver apenas parte de Black, já fraco.
-Eu só queria que você tivesse um futuro melhor que o meu, Andrei.
Uma placa enorme caiu, fazendo barulho e soltando vários fragmentos grandes e cortantes. Um deles acertou a perna de Andrei, que gritou.
-Vamos tentar sair daqui. - murmurou Heero.
Hilde, Quatre e Duo estavam parados próximos ao painel de controle, a observar a boca do corredor e o relógio. Ouviam-se baques e explosões e via-se fumaça e fogo por toda parte. Quatre consultou o relógio pela última vez.
-Não podemos mais ficar. Vamos morrer nós quatro!
Hilde concordou, pesarosa.
-Vamos...
-Esperem! - gritou Duo. - Acho que vi alguma coisa!
Os três olharam para o corredor novamente. No meio da fumaça, uma forma mais escura parecia se mexer. Uma sombra enorme, que caminhava para fora. Duo correu para fora da nave. Heero apareceu. Carregando um garoto.
Quatre também desceu para ajudar. Pegou o garoto no colo e correu para a nave. Duo veio atrás, ajudando Heero a andar. Assim que todos embarcaram, Hilde deu a partida na nave. E, com a base em chamas às costas, eles fugiram.
Hilde veio da cabine de controle e abraçou Duo.
-Essa foi por pouco... Me dêem mais dez anos sem uma aventura dessas, está bem? - disse ele.
Quatre colocou o garoto desmaiado em uma das poltronas e virou-se para Heero.
-Você está bem?
-Um pouco cansado... - disse o piloto sentando-se no chão. - Quatre?
-Sim?
-Valeu pela ajuda. Você chegou na hora exata. - Heero sorriu. Duo e Hilde não puderam deixar de achar aquela cena engraçada.
-Eu preciso agradecer a vocês. - respondeu ele. - Por terem feito tudo que fizeram.
-Sem esse papo de agradecimentos! - exclamou Duo. - O que eu quero é acertar contas! Posso saber porque você me mandou embora com o garoto e ficou fazendo o trabalho mais divertido sozinho?
-Alguém tinha que fazer o trabalho sujo... a probabilidade de não conseguir escapar com vida era grande. De nós três, acho que eu era o mais indicado a fazer isso... - A verdade é que eu pensei nisso mas quando estava lá dentro, naquele caos, senti algo estranho... Me senti vivo, senti vontade de viver...
Andrei soltou um gemido e então todos se viraram para ele.
-Quem é o menino, Heero?
-Filho do Black.
-Ele está bem ferido... na verdade, vocês dois estão – Disse Hilde, olhando os cortes dos dois e a perna de Andrei – Vou ver se tem caixa de primeiros socorros em algum lugar.
Ela foi revirar alguns compartimentos no fundo da nave. Quatre foi até a cabine de comando, tentar fazer o videofone funcionar. Alec continuava sentado a um canto, sério. Ninguém mais tentara falar com ele até então.
-Não adianta, o negócio pifou de vez. - disse Quatre, voltando. - Como poderemos falar com Trowa e Wufei?
-Com os comunicadores! - respondeu Duo, lembrando-se dos aparelhos que haviam dividido antes da missão. - Mas eu não tenho mais o meu, um soldado esmagou.
Heero tirou o dele do bolso. Não tinha uma aparência muito boa.
-Não funciona. - disse ele.
-Que ótimo! - exclamou Duo.
-Espere, eu dei um a Quatre quando ele chegou.
Quatre tirou o dele do bolso, incrivelmente inteiro.
-Por falar nisso, o que que foi aquele discurso, Quatre? Assustou até a mim!
-Não sei de onde tirei tudo aquilo, Duo. Mas o mais engraçado é que o negócio das bombas era verdade, mas eu não tinha como acioná-las.
-Então aquilo na sua mão...
-Era o controle remoto do portão lá de casa...
-Por essa eu não esperava! - disse Duo, em meio a uma crise de riso.
Quatre riu também, mas então parou. Olhou para baixo. Alec o agarrara pela cintura, como costumava fazer e o apertava de olhos fechados.
-Filho...
-Eu gosto muito de você, pai... mas estou confuso.
Quatre passou a mão pela cabeça dele.
-Eu entendo.
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Quatre? É você? Aqui é Trowa!
-Fala, Trowa! Aqui é Duo, no comando! - ele havia conseguido ligar o comunicador. - E tenho ótimas notícias! Pegamos Alec, explodimos a base e estamos todos quase inteiros...
-Isso é ótimo! - exclamou o piloto. - Eu e Wufei estamos em um espaçoporto, incendiamos o galpão onde Sir Simon guardava as naves ontem, e já demos um jeito naqueles garotos...
-Você diz os soldados de Black? Conseguiram localizá-los?
-Sim, estavam na colônia. A maioria tem 17 anos ou menos, por isso um juizado local se encarregou do caso. Nossa nave está chegando agora, preciso ir.
-Vocês vão pra L2?
-Pode contar com isso. Até mais, amigo.
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Relena estava sentada na sala de Quatre, assistindo a um noticiário. Não muito longe, três crianças brincavam, vez ou outra impedindo-a de ouvir a TV com o barulho que faziam. Ela estava realmente preocupada com Heero e os outros, e ligara a TV numa esperança de ouvir alguma notícia relacionada à base. Uma mulher apareceu à frente de um prédio em chamas.
-Não se sabe ainda a causa do incêndio. Os bombeiros só conseguiram controlá-lo hoje à tarde, mais de 20 horas depois de seu início. O galpão pertencia a Sir Simon Swift, que insiste em não pedir uma investigação policial, uma vez que as autoridades acreditam ter sido um incêndio criminoso. Sir Simon é conhecido por suas várias fábricas de automóveis...
-Mamãe, Victor está batendo em mim... - disse uma das garotas. Helen apareceu.
-Fiquem quietos, sim?
Relena se levantou e desligou a TV. Preciso me acalmar...
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-Só mais algumas horas de viajem... - comentou Duo, feliz.
-Será que Trowa e Wufei já chegaram? - perguntou Hilde.
-Provavelmente, eles estavam em uma colônia mais perto da L2 do que nós.
Heero estava sentado em sua poltrona, só ouvindo a conversa de Hilde e Duo, que estavam na cabine de controle. Desviou os olhos para as outras poltronas. Quatre dormia em uma, e à sua frente os dois garotos conversavam. Ele mirou o garoto mais alto, murmurando algo para o outro. Estava sorrindo.
N/a: Não é que eu dei um jeito de resolver tudo? huahuahuahua. Algumas coisas ficaram um pouco clichê, mas eu gostei desse capítulo. Espero que tenha ficado bom, eu demorei um pouco mais pra escrever ele. E o próximo... encerrramento.
Valeu pro povo que deixou review, e desculpa se eu fiz vocês esperarem... me digam o que acharam desse cap, ok?
