-- Capítulo 5 --
O Armário dos Troféus
Logo depois da cerimônia de casamento, todos os Delacour e Weasley dirigiram-se ao outro extremo do jardim da Toca para um almoço que reunia toda a família e mais alguns convidados de honra, como Rufo Scrimgeour, que não parava de lançar a Harry olhares zangados. O resto do dia foi marcado por muita festa, comemoração, festividade e mais uma série de coisas que fez Harry esquecer, mesmo que por algumas horas, tudo que o aguardava pela frente. Já estava anoitecendo quando Fleur e Gui se despediram de toda a família e aparataram para a lua-de-mel. Os Delacour, gentilmente, resolveram ficar para ajudar a arrumar tudo antes de voltar para o hotel onde estavam.
- Quem chamou o Percy para a cerimônia? – perguntou Fred, meio mal-humorado, quando o Sr. Delacour se despediu de todos e aparatou junto da família. O terceiro filho mais velho dos Weasley, Percy, tinha ido embora depois que almoço terminou, sem se despedir de ninguém com exceção da mãe.
- Fui eu, Fred – disse a Sra. Weasley a ponto de chorar – E sim, eu quero que o Percy volte à convivência da família dele, Jorge – disse ela, ao ver que Jorge iria retrucar.
- Bela convivência a dele, não? – disse Rony, igualmente chateado – Não olhou pra nossa cara em hora nenhuma da cerimônia, e ainda trouxe aquela mala do Scrimgeour.
- Rony! – ralhou Hermione, ao lado do namorado.
- O próximo casamento da família será o do Percy, que pelo visto juntará nossa família à dos Scrimgeour, né? – disse Jorge com raiva.
- Já chega! Todos para cama agora – disse o Sr. Weasley.
Harry fora convencido por Rony e Hermione a adiar por dois dias suas idéias de ir embora da Toca, pois na segunda-feira próxima aconteceria o teste de Aparatação de Rony, que não passara em sua primeira tentativa, e Harry, que tentaria pela primeira vez. Só então Harry decidira ficar de fato, pois ter permissão de aparatar facilitaria nas suas buscas pelas Horcruxes restantes.
O domingo passou rápido e alegre para Harry. Ele e Rony foram ajudados por Hermione, Fred, Jorge e Carlinhos com dicas para uma Aparatação perfeita. Hermione não parava de mostrar como era "claramente fácil", segundo ela, aparatar de dentro da Toca para o jardim sem nenhum problema. Fred e Jorge contavam a Rony histórias assombrosas sobre pessoas sem perna ou órgãos internos do corpo durante aparatações mal sucedidas, mas frustraram-se ao perceberem que Rony não ficara com medo, e sim rira das histórias surreais de Fred e Jorge. Carlinhos dava dicas para o irmão e Harry não ficarem nervosos na hora de aparatar. E Gina ficou sentada na cozinha tentando captar o maior número de informações possível, pois seria a próxima e a última dos irmãos Weasley a fazer o teste de aparatação.
- Quando você pretende partir, Harry? – perguntou Rony, quando eles chegaram no quarto de Rony e sentaram-se, acompanhados por Mione, depois da janta daquela noite.
- Amanhã mesmo, se eu passar no teste – disse Harry, olhando a volta do quarto de Rony. Aquela poderia ser a última noite que veria aquele lugar, que dormiria naquela casa.
- Mamãe não vai gostar nada disso – disse Rony, balançando a cabeça.
- Infelizmente ela não pode mandar no Harry, Rony – disse Hermione, triste.
- Nem em nós, Mione – disse Rony, decidido.
- Ei, o que você está querendo dizer com isso, Rony? – perguntou Harry.
- Que nós vamos com você, lógico! – disse Rony, como se aquilo fosse absurdamente óbvio.
- Não vão, não – disse Harry, ficando de pé.
- Claro que vamos, Harry – disse Hermione – Não se lembra do que dissemos a você no enterro de Dumbledore? Nós vamos sim, Harry. E nada que você fizer impedirá que isso aconteça.
- Vocês estão cientes de tudo que pode lhes acontecer se forem comigo? – perguntou Harry, ainda preocupado.
- Sim.
- Estamos realmente cientes de que queremos acompanhar você nisso, Harry – disse Hermione – Não será a primeira vez que nós correremos perigo por você, Harry. E sinceramente, espero que não seja a última.
Rony riu. Harry olhou os amigos, feliz. Os primeiros amigos que tivera na vida. As primeiras pessoas que ele conheceu, que realmente se importavam com ele, depois dos pais.
- Então, Harry? Já sabe por qual Horcrux vamos começar? – perguntou Hermione.
- Bom, não podemos começar pela Nagini. Ela está muito perto de Voldemort para podermos chegar perto – começou Harry, enumerando as Horcrux – Sobram então o medalhão de Slytherin, a taça de Hufflepuff e algo de Griffyndor ou Ravenclaw.
- Não seria legal começar com algo que ainda não sabemos o que é – disse Rony – O que nos deixa apenas com duas opções: o medalhão e a taça.
- Sabem, entre o medalhão e a taça, eu fico com a taça – disse Hermione, pensativa – Pois podemos nos frustrar de novo com o medalhão.
- Como assim? – perguntou Rony.
- Ah, Rony... – começou Hermione, impaciente - Estou querendo dizer que o medalhão pode estar destruído, ou escondido em lugar que não tenha nenhuma conexão com Voldemort, – ela tremeu ligeiramente ao dizer o nome – ou quem sabe ainda está sob domínio de R.A.B.
- Peraí, Hermione – disse Harry - R.A.B. morreu. Estava escrito na carta.
- Não estava escrito que ele tinha morrido, até porque ele não poderia escrever depois de morto, né? Ele pode ter escrito aquilo pensando que morreria em breve, mas nada garante isso – disse Hermione, rápido demais.
- De qualquer maneira, não poderíamos saber se o medalhão está ou não destruído, sem antes procurar né, Mione? – perguntou Rony.
- Realmente. A única maneira de saber é procurando – confirmou Hermione – Mas ainda acho melhor destruirmos aquele que está mais fácil de se achar... Se é que isso pode ser chamado de fácil...
- Então está decidido – disse Harry – Vamos atrás da taça de Helga Hufflepuff.
- Ahn... Sem querer ser chato, Harry, mas onde essa taça está exatamente? – perguntou Rony, encabulado.
- Não sei.
- É... isso dificulta bastante as coisas – disse Hermione.
- Mas de acordo com o que Dumbledore me disse, Voldemort deixou suas Horcruxes em lugares marcantes na sua vida. O anel de Slytherin, por exemplo, estava na casa da mãe de Voldemort, antes de ela fugir com Tom Riddle – disse Harry.
- E o diário estava em Hogwarts, não é? – perguntou Rony.
- É. E o medalhão deveria estar na caverna para a qual Voldemort, ainda como Tom Riddle, levou alguns de seus colegas de orfanato, e lá descobriu finalmente como dominar seus poderes – disse Harry.
- Bem... levando em consideração tudo isso que você disse, e tudo que contou pra gente antes sobre o passado de Voldemort, creio que eu sei onde está um dos Horcruxes – disse Mione.
- Onde? – perguntaram Harry e Rony juntos e surpresos.
- Não é óbvio? – perguntou Mione, com aquele ar de sempre – No tal orfanato! Foi lá que Voldemort aperfeiçoou seus poderes. Foi lá que ele passou a infância e adquiriu esse caráter. Foi lá que ele recebeu a notícia que mudou a vida dele.
- Hermione, eu realmente amo você – disse Rony, deixando a garota muito vermelha.
- Você é um gênio, Hermione! – disse Harry – Então já sabemos pra onde devemos ir amanhã: pro orfanato em que Tom Riddle viveu.
O dia estava nublado e parecia que ia chover em breve quando Harry acordou. Rony não estava no quarto. Harry desceu as escadas, seguindo os gritos da Sra. Weasley vindo da cozinha.
- Não! ABSOLUTAMENTE NÃO! – berrava ela pra Rony e, surpreendentemente, Hermione, na cozinha.
- Mas Sra. Weasley é realmente algo importante – dizia Hermione, parecendo contrariada.
- EU NÃO QUERO SABER O QUÃO IMPORTANTE É! MAS A SENHORITA E MEU FILHO NÃO VÃO, HERMIONE! – berrou a Sra. Weasley, apontando com uma colher de pau para Rony – E SE EU PUDESSE IMPEDIR, NEM MESMO O HARRY IRIA!
- Não iria aonde? – perguntou Harry, aparecendo finalmente na cozinha. Somente o Sr. Weasley estava na cozinha tomando café da manhã, além do trio que discutia.
- Para o orf... a missão que Dumbledore lhe passou – disse Rony, chateado.
- Quantas vezes eu vou ter que repetir que não vou pra lá, Rony? – perguntou Harry. A Sra. Weasley ficou repentinamente surpresa, assim como Hermione, cuja boca abriu, e Rony, que ficou momentaneamente paralisado e sem ação. O Sr. Weasley simplesmente olhou Harry de esguelha.
- Mas... mas... mas... – gaguejou Rony.
- Eu não vou, Rony. Dumbledore sabe disso e já deve ter dado a outro membro da Ordem essa missão – disse Harry para tomar café.
Hermione, depois de quase meio minuto, parecera entender o que Harry queria e sentou-se ao seu lado, sem protesto. Rony também sentou, contrariado e de cara amarrada. A Sra. Weasley pareceu considerar o assunto como encerrado e serviu Rony, Harry e Hermione, que logo viram a mesa se encher com todos os Weasley da casa.
- Está na hora, Rony e Harry – disse o Sr. Weasley levantando-se depois do café da manhã.
- Eu posso ir junto, Sr. Weasley – disse Hermione, apressada – Tenho que comprar ração pro Bichento.
- Pensei que o Bichento tinha ficado com seus pais nessas férias, Mione – disse Rony, displicente. Hermione olhou de cara feia e disse:
- Mas é minha tarefa mandar a comida dele pelo correio – Harry achou aquela uma mentira muito mal feita, mas pelo visto servira para despistar o Sr. Weasley e fazer Rony finalmente entender o que se passava.
Um carro do Ministério estava à espera do Sr. Weasley, Harry, Rony e Mione quando eles chegaram lá fora. Fazia um dia frio. Em pouco tempo o carro já parara em frente ao Caldeirão Furado e, minutos depois, Harry se viu diante do Beco Diagonal (cercado por aurores mal-encarados do Ministério em seu encalço). O Beco estava vazio, a não ser por alguns poucos bruxos que varriam, esperançosos por clientela, a calçada de suas lojas. O trio foi guiado pelo Sr. Weasley e os aurores até uma loja que ficava espremida ao lado da sorveteria agora vazia e fechada de Florean Fortescue.
Harry se admirou com o aspecto do local onde seria feito o teste de aparatação. Um cubículo onde uma mulher velha, raquítica e bastante acabada esperava por Harry e Rony que, aparentemente, eram os únicos que fariam teste naquele dia.
- Bom dia, senhores... – ela forçou a vista para ler a letra garranchuda na lista dos dois inscritos pro teste – Potter e Weasley.
- Bom dia – responderam os dois.
- Eu pensei que os testes de aparatação fossem feitos em Hogsmeade, Sr. Weasley – Harry ouviu Hermione perguntar ao pai de Rony.
- E são, Mione. Mas só quando os inscritos estão em ano letivo. Os testes de férias sempre são feitos aqui com a Sra. Limbertiviks – respondeu ele.
- Então, como são só os dois, eu posso fazer os testes ao mesmo tempo – disse a Sra. Limbertiviks, parecendo aliviada com tal perspectiva – Então, posicionem-se aqui na minha frente... isso... assim, pronto. Agora vejam como o teste é simples: vocês devem me seguir em todas as aparatações que eu fizer. Eu direi o nome do lugar e vocês aparatarão junto comigo, ok? – Harry sentiu um frio na barriga, e suas entranhas reviraram. Sentiu-se frio, independentemente do frio que fizesse lá fora – Pois bem, comecemos. Olivaras! – e sumiu.
Harry percebeu o que deveria fazer: aparatar até o Olivaras. Concentrou-se com todas as forças nos três D's e foi. Aquele gancho que geralmente o puxava pela barriga quando ele aparatava fez mais força agora. Mas antes que Harry pudesse piscar lá estavam a Sra. Limbertiviks e Rony. Rony estava um pouco distante da frente do Olivaras e a testadora estava bem em frente. Harry parara um pouco à frente dela, mas tinha se saído melhor que Rony. E durante meia-hora foi assim que a Sra. Limbertiviks testou Rony e Harry: fazendo-os ir e vir por todo o Beco Diagonal. Por sorte, nem Harry nem Rony esqueceram tufos de sobrancelhas pelo caminho, e, conforme iam aparatando, mais perto dos destinos exatos eles chegavam. Por fim, voltaram para dentro do cubículo de testes para receberem, ambos, os certificados de aparatadores em acordo com as leis mágicas.
- Para onde vocês pretendem ir agora? – perguntou o Sr. Weasley, depois de deixarem o centro de testes.
- Como assim, pai? – perguntou Rony.
- Eu sei que o Harry simplesmente disfarçou na cozinha mais cedo – disse o Sr. Weasley.
- O senhor não pretende nos impedir, não é? – suplicou Hermione.
- Se Dumbledore mandou que vocês três participem de uma importante missão, eu... bem... só acho que ele conhece mais do que ninguém os poderes de vocês, e se ele confia esse tipo de tarefa a três adolescentes, significa que ele acha que vocês podem cumprí-la – disse o Sr. Weasley.
- Mas, Sr. Weasley – começou Harry, meio envergonhado – a missão é só minha, mas é que o Rony e a Mione, eles... ahn... eu os convidei para irem comigo – disse Harry.
- Com certeza Dumbledore previu que você os chamaria, Harry – disse o Sr. Weasley - Não que eu queira mesmo que vocês corram perigo ou algo assim, mas não acho que prender vocês numa redoma de vidro em casa seja a melhor solução.
- Obrigada, Sr. Weasley. É realmente muito importante – agradeceu Hermione.
- Então, até mais – disse o Sr. Weasley, parando de subir o beco – Eu me entendo com a Molly e com Rufo, provavelmente. Podem ir.
Os três se despediram com um aceno e se foram. Harry já experimentara tanto na última hora a sensação de aparatar que o gancho em sua barriga puxava-o cada vez mais fraco.
Lá estavam eles, na rua de Londres na qual Harry vira Dumbledore andar na Penseira do ex-diretor (por sorte, ninguém vira nenhum dos três aparecer repentinamente na movimentada multidão). Então Harry guiou Rony e Hermione pelo mesmo caminho que o Dumbledore de mais de cinqüenta anos antes fizera até o portão de ferro que levava ao pátio do orfanato. Mas os portões de ferro não tinham mais o ar austero de antes: estavam enferrujados, quase caindo. O pátio onde muitas crianças brincavam no orfanato tinha caído aos pedaços, estava com as paredes descascadas, sem vida. Se um lugar pudesse "morrer", aquele orfanato estava decididamente "morto".
- Alohomora – murmurou Hermione, apontando discretamente a varinha para o portão.
Os três se esgueiraram sorrateiros para dentro do pátio, e dalí para o prédio do orfanato. Mais morto que o exterior do prédio, apenas seu interior. As paredes estavam descascadas e havia infiltrações pelo teto. Estava tudo muito empoeirado. Estava tudo escuro, como se fosse noite. Os sofás e as cortinas fechadas estavam comidas por traças.
- O prédio me pareceu grande visto de fora – disse Rony.
- É verdade – disse Harry.
- Onde será que o Troféu está? – perguntou Rony, olhando assustado uma teia de aranhas num dos cantos da parede.
- Ora Rony. Onde? – disse Hermione, impaciente – No quarto de Tom Riddle, óbvio. Você lembra onde fica o quarto dele, não lembra, Harry?
- Sim, sei – disse Harry – Sigam-me.
Harry subiu com os amigos os mesmos lances de escadas de a Sra. Cole, a diretora do local na época de Tom Riddle, subira junto com o Dumbledore da Penseira. As escadas agora estavam fracas e muitos degraus estavam faltando.
Haviam chegado. O quarto de Tom Riddle era ali, diante daquela primeira porta no longo corredor.
- Alohomora – disse Hermione novamente, apontando para a porta. Nada, porém, aconteceu.
- Por que a porta não abre? – perguntou Rony, assustado.
- Ele não pode estar querendo um sacrifício novamente – disse Harry, aborrecido.
- Sacrifício? – perguntou Hermione realmente assustada.
- Nada demais. É só pegar um pouco de sangue de um de nós e passar na porta – disse Harry – Conjure uma faca pra mim, Hermione.
- Harry, você não vai cortar seu braço! – disse Hermione, decidida.
- Ah, eu vou sim, Hermione – disse Harry – Anda... conjura uma faca pra mim.
- Eu acho que deveríamos tirar na sorte – disse Rony.
- Seria o mais justo realmente, Harry – disse Hermione. Harry cedeu à idéia de Rony, contrariado.
- Bem, cada um de nós pega um palitinho desse – disse Hermione, conjurando três palitos de tamanhos diferentes na palma da mão, fechando-a em seguida e deixando todos os palitos na mesma altura, como se fossem do mesmo tamanho – quem pegar o palito menor se sacrifica.
- Bem, parece que fui eu, hein – disse Rony, olhando receoso seu toquinho de palito, depois que todos pegaram e Hermione ficou com o que sobrou.
- Toma, Rony, e... cuidado – disse Hermione, lhe entregando a faca que acabara de conjurar.
Rony respirou fundo, pegou a faca e espetou um pouco no dedo. Depois de furar o dedo, ele passou o sangue na porta branca, deixando um filete vermelho nela. A porta se abriu num clique fino e ressonante. Rony se virou e riu para Harry e Mione, largando a faca no chão.
- Entra, gente – disse ele, entrando no quarto de Tom Riddle. Harry foi apreensivo até o portal do quarto, mas, quando estava prestes a atravessá-lo, algo o impediu. Algo invisível. Uma força invisível lacrara a entrada do quarto, mas ela continuava aberta.
- O que houve, Harry? – perguntou Hermione, também ficando de fora, enquanto Rony se virava lá dentro, observando cada canto do quarto.
- Eu não sei – disse Harry, apavorado – Alguma coisa não está nos deixando entrar, mas eu não sei por quê.
- Rony, não se mexa! – gritou Hermione, quando Rony começou a andar até alguma coisa no fundo do quarto.
Mesmo que ainda estivesse do lado de fora do quarto, a porta ainda continuava aberta e por isso Harry podia ver para onde Rony se dirigia. Era o armário do quarto de Tom Riddle. O armário onde ele guardava os objetos roubados de seus colegas de orfanato. Seus verdadeiros troféus naquela época. Um lugar perfeito para se colocar um novo troféu. Um de verdade.
- Rony, não toque nesse armário! – berrou Harry, quando Rony levantou a mão para a maçaneta do armário.
Tarde demais. Rony encostou na maçaneta. O armário foi iluminado repentinamente por uma luz amarela que emanava de dentro dele, e uma língua brilhante saltou do armário lançando Rony longe, fazendo-o bater inconsciente na parede e cair na cama de Tom Riddle.
- NÃÃÃÃÃÃO! – berrou Hermione chorando, batendo com os punhos fechados na energia invisível que deixara ela e Harry fora do quarto, enquanto a porta do quarto lentamente se fechava, totalmente branca novamente.
Então Harry entendeu.
- Hermione, cada um de nós tem que nos sacrificar pra entrar aí – disse ele, pegando a faca do chão e cortando a própria mão.
- Que... que... – disse Hermione, meio atordoada.
- Parece sádico? Sim, é tudo que Voldemort é: sádico – disse Harry, esfregando a mão ensangüentada na porta, enquanto Hermione cortava a sua e a passava na porta, antes que ela se abrisse para Harry.
A porta se abriu. Os dois entraram. Ambos correram para ver como Rony estava, mas, conforme Harry constatara, estava só desmaiado.
- Mas e se tiver acontecido algo pior? – perguntou Hermione, chorosa.
- Mas o pulso dele está normal, Hermione. Acredite, Voldemort não iria querer matar tão cedo alguém que chegasse tão longe – disse Harry, lembrando das palavras de Dumbledore na caverna.
- Então, o que faremos agora? – perguntou Mione.
- Temos que descobrir um jeito de abrir esse armário – disse Harry – E isso deve ser com um feitiço, pois não podemos abrir com a mão.
- Ora... um feitiço? – perguntou Mione, tirando a varinha do bolso – Bombarda!
A porta do armário de troféus de Tom Riddle explodiu em mil estilhaços, e alí dentro, no lugar onde deveria existir uma caixa de pertences de crianças, estava uma taça de ouro reluzente, emanando uma luz amarela. A Taça de Helga Hufflepuff.
- Viu, Harry? – disse Hermione, indo pegar a taça – Não é tão difícil assim.
Harry olhava estarrecido para a taça. Ela estava a alguns passos dele, mas ainda assim parecia inalcançável. Não podia ser tão fácil assim. Não podia. Então veio a Harry uma idéia sádica, própria de Lord Voldemort. Ele seria cruel o bastante para fazer isso.
- Pára, Mione! – berrou Harry, mas pela segunda vez naqueles vinte minutos, seu berro chegou tarde demais aos ouvidos dos amigos. Hermione acabara de tocar na taça.
Harry sentiu o chão tremer. Estava caindo poeira do teto. Parecia um terremoto, mas sabia que não era. O prédio ia implodir a si próprio.
