-- Capítulo 6 --

O Novo Diretor

- Ah, meu Deus. Ele está acordando finalmente.

Harry estava deitado, não sabia onde. Todo o seu corpo estava pesado e ele abria os olhos com dificuldade. Mas depois de finalmente conseguir abrir os olhos, viu que estava em uma sala branca, deitado em algo que lembrava uma maca. Havia outras ao seu lado, onde estavam Hermione e Rony, ambos dormindo. Em pé, encostados nas paredes, estavam o Sr. e a Sra. Weasley, Gina, Carlinhos, Lupin, Tonks e Olho-Tonto Moody.

- Ah, Harry – disse a Sra. Weasley abraçando Harry – Ainda bem que você acordou. Estávamos ficando preocupados.

- Mãe, ele ainda está acordando – disse Gina, que estava pálida e com olheiras enormes.

- O curandeiro me disse mesmo que o Harry seria o primeiro a acordar – disse Lupin, que tinha uma aparência cansada e segurava a mão de Tonks.

- Há quanto tempo estou aqui? – disse Harry com dificuldade, todo seu corpo doía.

- Duas semanas – disse Tonks, que hoje usava um cabelo loiro cacheado.

- Uau – disse Harry, tentando se sentar – Então o orfanato implodiu mesmo?

- É... implodiu – disse Lupin – Se não fosse a ação rápida da Hermione em usar um Protego grande o suficiente pra proteger vocês três, acho que poderia ter sido bem pior. Vocês com certeza não escapariam.

- Então, ela usou um Protego? – perguntou Harry. Havia alguma coisa importante pra perguntar, mas ele estava tentando se lembrar do que era.

- Sim, usou. E como você estava no meio, Harry, você foi o mais protegido – disse Moody.

- Mas nenhum deles tem marcas no corpo – disse Harry – Sabem, os estilhaços do prédio causariam marcas.

- Não, não, Harry. Se proteger do prédio em si foi a parte mais fácil – disse Lupin – O que aconteceu foi que o prédio desabou, e junto com ele o grande quantidade de magia negra. Foi essa magia negra fortíssima que causou dano em vocês. Danos imperceptíveis externamente.

- E foi essa magia negra concentrada num único ponto, num local quase exclusivo de trouxas, que chamou a atenção do Ministério, que enviou aurores para lá imediatamente – disse Tonks.

- E a taça? Onde está? – perguntou Harry, lembrando-se da parte mais importante naquilo tudo.

- Ah... a taça? Bem, o Kingsley estava na remessa de aurores mandados para lá – disse o Sr. Weasley – E ele achou que a taça que estava nas mãos da Hermione devia ser algo importante e guardou-a antes que outro auror visse.

- Aquela era a missão, não é? – perguntou Moody – Encontrar essa tal taça?

- Não era bem isso – disse Harry – Mas fazia parte.

- Você não pode nos contar mesmo? – perguntou Carlinhos.

- Não. Não posso. Mas onde está a taça agora? – perguntou Harry.

- Está n'A Toca – respondeu Tonks.

- Podiam ter mandado a Dumbledore. Sabem, para o quadro – disse Harry, sem pensar.

- Existem dois motivos para não podermos fazer isso – começou Lupin – O primeiro é que o Ministério desconfiaria; e o segundo é que o novo diretor desconfiaria e contaria para o Ministério, se este não desconfiasse antes.

- Então já existe um novo diretor? – perguntou Harry.

- Sim, foi oficializado no cargo há uma semana – disse Tonks.

- Aposto que está adorando essa novidade, o tal Fudge – disse Moody.

- Fudge? Cornélio Fudge? Ele é o novo diretor de Hogwarts? – perguntou Harry, espantado.

- Sim, é ele – disse o Sr. Weasley.

- Isso é uma afronta daquele Scrimgeour à memória de Dumbledore – disse a Sra. Weasley, com raiva.

- Fudge não ficará muito tempo no cargo – disse Lupin – Já está se aproximando da aposentadoria.

- E quem ficará no cargo depois que ele se aposentar?

- O vice-diretor, é claro – disse Carlinhos.

- E quem é esse? – perguntou Harry? – Slughorn? Flitwick?

- Fudge informou ao Profeta Diário que já escolheu seu vice-diretor, e que ele não é parte do corpo docente de Hogwarts – disse Tonks.

- Não é parte do corpo docente? Mas eu pensei que isso fosse uma tradição – disse Harry.

- Era uma tradição também que somente grandes bruxos ficassem como diretores. E olhe quem está no cargo agora! – disse Moody.

- O Ministério quer tornar Hogwarts um de seus setores – disse Lupin.

- Isso é injusto. Injusto com Hogwarts. Injusto com Dumbledore. Injusto com todos! – disse Harry.

- Mas é justo com o Ministério, pela visão de Scrimgeour – disse Carlinhos.

- E nós pensando que ele era mais competente que o Fudge era – disse Gina.

- Se pensarmos bem, ele é sim, Gina – disse Lupin – Durante anos, o Fudge tentou tomar conta dos negócios de Hogwarts e o máximo que conseguiu foi pôr uma professora maluca por lá. Já o Scrimgeour, bem, parece que ele tomou conta de Hogwarts realmente.

- Isso só aconteceu porque Dumbledore não está mais vivo – disse a Sra Weasley.

- Por mais influente que Dumbledore fosse, Molly, mais cedo ou mais tarde o Scrimgeour conseguiria – disse o Sr. Weasley.

- Então era por isso que ele queria que eu apoiasse o Ministério – disse Harry – Mais do que uma base segura e de confiança, o Scrimgeour queria desacreditar Dumbledore, já que eu sempre deixei claro que era um de seus seguidores.

- Claro, Harry – disse Lupin – Se o Scrimgeour conseguisse o seu apoio estaria matando dois coelhos numa só cajadada: conseguiria uma influência forte para os modos com os quais o Ministério vem agindo e, de quebra, conseguiria enfraquecer a influência de Dumbledore, que estaria perdendo seu mais famoso e importante seguidor.

- Ele é bastante astuto, esse Scrimgeour – disse Moody.

- Eu gostaria que os senhores saíssem daqui, por favor – disse uma bruxinha pequenina, que usava uma roupa de curandeira – O horário de visitas acabou.

Hermione acordou no dia seguinte e Rony três dias depois. Os três voltaram para A Toca na tarde da antivéspera de seu retorno a Hogwarts. Harry mancava um pouco ainda, Hermione tinha que usar muletas e Rony dependia de uma cadeira de rodas, tudo temporariamente segundo lhes disse o curandeiro. Fazia uma tarde calma e levemente ensolarada, quando Harry, Rony e Hermione entraram, depois de semanas no St. Mungus, n'A Toca.

- Lar, doce lar – disse Rony, enquanto entrava com dificuldades em casa.

- Eu preparei um jantar estupendo para essa noite – disse a Sra. Weasley, enquanto os três se sentavam à mesa, onde já estavam Gina e Carlinhos à espera deles.

- Ótimo, Molly. Precisávamos mesmo de um pouco de festa – disse o Sr. Weasley, entrando atrás do trio. O Sr. Weasley os escoltara do St. Mungus até A Toca, junto com mais seis aurores.

- Onde estão Lupin, Tonks, Shacklebolt e os outros? – perguntou Mione.

- Estão todos atarefados. A Ordem está tendo muito trabalho ultimamente – disse o Sr. Weasley.

- Como a Ordem recebe ordens agora? Bem, Dumbledore está morto, não é? – perguntou Rony.

- Vocês sabem que os ocupantes de quadros em Hogwarts podem passar de um quadro a outro no castelo, não sabem? Então, Dumbledore tem visitado a sala de McGonagall para saber das novidades e passar novas ordens. Ela, então, nos manda mensagens pessoais sobre como agir – disse o Sr. Weasley.

- Então mesmo depois de morto, Dumbledore continua ajudando? – perguntou Hermione.

- Exato.

- Não vamos falar de trabalho agora, vamos? – perguntou a Sr. Weasley, colocando as travessas de comida e talheres na mesa.

- Eu quero mesmo é comer agora. Aquela comida do St. Mungus era horrível – disse Rony.

O jantar foi realmente estupendo. A senhora Weasley se deu ao trabalho de fazer o prato preferido de cada um dos membros da família, o que deve ter dado um trabalhão. Harry comeu bem depressa, queria acabar logo o jantar para perguntar sobre a taça, que ainda era uma Horcrux intacta. Ele ainda tinha que destruí-la.

- Sra. Weasley, onde está a taça que o Shacklebolt encontrou com a Hermione no orfanato? – perguntou Harry, enquanto a Sra. Weasley colocava os pratos e talheres na pia.

- Ah... eu deixei em cima da cama do Rony lá em cima.

Harry agradeceu, deu um olhar significativo para Rony e Hermione e aparatou para o quarto de Rony. Menos de um segundo depois, Rony e Hermione estavam lá também. O quarto de Rony estava como Harry o vira pela última vez, exceto por uma taça dourada que estava deitada no meio da cama do garoto. Harry sentou-se na cama e pegou a taça, Hermione deixou as muletas encostadas e sentou também, Rony permaneceu na cadeira de rodas.

- Como será que se destrói algo assim? – perguntou Hermione, depois de alguns segundos de silêncio.

- Quem sempre tem a resposta de tudo é você, Mione – disse Rony.

- Mas isso é magia negra poderosíssima – disse Hermione – E sabe, Ronald, ainda não lançaram um manual do "Faça sua Própria Horcrux" e nem o "Mil e Uma Maneiras de se Destruir uma Horcrux".

- Eu também não sei como se destrói uma Horcrux – disse Harry – Mas devemos fazer isso agora, antes de voltar pra Hogwarts.

- Você acha mesmo, Harry? – perguntou Hermione.

- Eu acho melhor perguntar ao quadro do Dumbledore antes – disse Rony.

- Verdade, Rony. É bem mais seguro – disse Hermione.

- Mas o Dumbledore me disse que eu devia destruir as Horcruxes – disse Harry.

- Ele disse que você devia encontra-las ou destruí-las? – perguntou Hermione.

Harry tentou lembrar da conversa que teve com o quadro, antes de deixar Hogwarts – É, ele disse que eu devia encontra-las.

- Então, pronto! Coloca a taça na mala e leva pra Hogwarts – disse Rony.

- Todos pra cama, agora! – disse a Sra. Weasley, abrindo a porta do quarto de repente – Amanhã é a véspera da partida de vocês para Hogwarts, vocês precisam se preparar.

- Vamos ao Beco Diagonal, Sra. Weasley? – perguntou Hermione.

- Claro que não, eu comprei o material de vocês enquanto estavam no St. Mungus – disse a Sra. Weasley - Agora, todos pra cama, já!

O dia seguinte amanheceu nublado e uma densa névoa descia calma e vagarosa do céu. Harry foi o último a acordar e quando desceu todos já estavam tomando café.

- Bom dia, Harry – disseram cada um dos Weasley presentes, mais Hermione.

- Harry, chegou uma carta do Gringotes para você hoje bem cedo – disse o Sr. Weasley sorrindo, como se já soubesse o conteúdo.

Harry abriu a carta e leu para si mesmo:

Prezado Sr. Harry Tiago Potter,

Esperamos que seja de seu conhecimento que sua árvore genealógica é aquela da qual faz parte o primeiro gerente do Banco Gringotes, e que o cargo é hereditário, ou seja, esperamos que o senhor já tenha conhecimento de que o senhor é nada mais, nada menos do que o novo gerente do Gringotes, agora que completou 17 anos. Nós temos conhecimento de que o senhor cursará a partir de setembro o sétimo ano na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts e, portanto precisamos de sua presença no Banco hoje à tarde às três horas da tarde para que assine o documento oficial que o torna herdeiro do cargo.

Atenciosamente,

Dubarbo Isengoir

Duende Chefe da Seção da Subdiretoria do Banco de Gringotes.

- Então, Harry? – perguntou o Sr. Weasley – Que horas, no Gringotes?

- Às três – disse Harry, ainda um pouco espantado com tudo aquilo – Mas como o senhor sabe que eu, bem...?

- Seu pai era o antigo gerente, Harry – disse a Sra. Weasley – Era óbvio que quando se tornasse maior assumiria o cargo.

- Que cargo? – perguntou Gina.

- Harry é o gerente do Gringotes, Gina – disse o Sr. Weasley.

- Não, ainda. Preciso ir até lá assinar um tal papel – disse Harry.

Harry sentia-se estranho. Nunca pensara que seria herdeiro do Gringotes e quando Dumbledore lhe disse isso pela primeira vez, ele ficou indiferente; mas agora, estava assustado. O Gringotes era o banco dos bruxos, que possuía filiais por todo o mundo e Harry era o gerente do Gringotes de Londres, um dos mais movimentados.

Harry saiu junto com o Sr. Weasley d'A Toca depois do almoço e foi escoltado por meia dúzia de aurores da casa dos Weasley até o Beco Diagonal. Ele estava vazio como estivera da última vez, e Harry e o Sr. Weasley não perderam tempo e se dirigiram para o Gringotes.

- Em que posso ser útil? – perguntou um duende logo na entrada do banco.

- Ele tem uma reunião marcada com o Chefe da Seção da Subdiretoria do Gringotes para às três horas – disse o Sr. Weasley, apontando para Harry.

- Com o Sr. Isengoir? – perguntou o duende - Qual o seu nome?

- Harry Tiago Potter – respondeu o próprio.

- Por esse corredor, por favor – apontou o duende, guiando o Sr. Weasley e Harry por um corredor que se estendia à esquerda.

Eles subiram cinco andares de escadas, depois do corredor até chegarem a uma porta de carvalho, que se abriu quando eles chegaram.

- Boa tarde, Sr. Potter – disse um duende magro e velho sentado numa polida mesa a frente.

- Boa tarde, Sr... – disse Harry, se esquecendo do nome do duende.

- Isengoir – sussurrou o Sr. Weasley.

- Bom, estou bastante ocupado hoje – disse Isengoir – E então basta assinar esse documento aqui – e virou um papel na mesa, mostrando-o a Harry – e pronto!

- Ahn... sim – disse Harry, assinando o documento que o tornava legalmente gerente do Gringotes – Mas eu também gostaria que fazer uma transferência nominal de um dos meus cofres, Sr. Isengoir.

- Ah, claro. É só me falar qual o cofre e ele será colocado no nome de quem o senhor desejar – disse Isengoir.

- Mesmo que a pessoa não queira? – perguntou Harry.

- Mesmo que a pessoa não queira.

- Então eu queria passar o cofre que pertenceu a Sirius Black para o nome dos senhores Arthur e Molly Weasley – disse Harry. Isengoir olhou desconfiado, mas assentiu, estalando o dedo várias vezes, como num código Morse.

- Harry? Você não fez isso! – disse o Sr. Weasley assustado.

- Claro que fiz. Era o mínimo que eu podia fazer pelo senhor e pela Sra. Weasley – disse Harry.

- A Molly não vai gostar nada disso.

- Bem, pelo menos as próximas férias da Gina não serão n'A Toca, com certeza – disse Harry.

A senhora Weasley caiu no choro, quando Harry lhe contou que passara todo o cofre de Sirius para o nome dela e do marido e, que fizera isso porque os considerava uma única família; Gina olhou maravilhada para Harry com brilho nos olhos enquanto ele contava; Carlinhos gargalhou e Rony desmaiou na cadeira, sendo amparado por Hermione, que também chorava, mas não tanto quanto a Sra. Weasley. Os Weasley festejaram durante a noite toda e a Sra. Weasley não parava de agradecer Harry, e de dizer que ele era realmente como um filho pra ela.

Harry, Rony, Hermione e Gina tiveram que acordar cedo no dia seguinte para pegar o Expresso de Hogwarts na Plataforma nove e meia, todos muito sonolentos e cansados devido à festa. A maratona até a Plataforma foi a mesma de sempre. Harry entrou no Expresso e sentou-se com Neville e Luna (enquanto Rony e Hermione cumpriam a tarefa de monitores), junto com Gina, que agia como uma simples colega de Harry, assim como ele pedira que fosse, meses antes. Harry e Gina cochilaram a viagem toda, deixando Neville e Luna conversando praticamente sozinhos.

- Vamos, vocês dois. O Expresso já parou – disse Neville, enquanto balançava Harry e Gina para que acordassem.

Harry, Rony, Hermione e Gina dormiram também na carruagem dos Testrálios, até serem recepcionados pela Profª Minerva McGonagall, que aparentava estar mais velha do que de costume. Ela guiou os alunos pela escola até o Salão Principal, onde seria feita a cerimônia de escolha de casas com os alunos de primeiro ano. Harry olhou para a cadeira que antes pertencera a Dumbledore, e lá estava Fudge, sorrindo debilmente. A cerimônia de escolha de casas foi igual a de todos os outros anos, porém desta vez sem música do Chapéu Seletor, que parecia deprimido com a presença de Fudge como diretor.

- Boa noite, alunos de Hogwarts – disse Fudge repentinamente, levantando-se - Hoje é o primeiro dia de uma nova era para Hogwarts. Uma era condizente com o Ministério, uma era condizente com as leis mágicas, uma era condizente com o que é certo e direito – Harry sentiu o corpo todo arder em ódio e ao olhar para os lados, viu que a maioria dos colegas estava pensando quase o mesmo – Grande parte das regras desse colégio estão sendo reformuladas e moldadas para adquirir aspectos que sejam compatíveis com o que o Ministério espera dos alunos e professores do local. Uma das regras que foi mudada para atender às leis ministeriais foi que o Vice-diretor não será mais do corpo docente. Ele foi escolhido por mim, como todos vocês devem saber graças ao Profeta Diário.

Uma das portas do salão, atrás da mesa dos professores, se abriu e por ela saiu alguém que Harry conhecia muito bem. Ele, Rony e Hermione se olharam atônitos, os alunos mais antigos também se lembravam daquele rosto, e estavam cochichando uns com os outros.

- Eu gostaria de apresentar a vocês – disse Fudge, ignorando os comentários dos alunos que conheciam aquele que acabara de entrar no salão – o nosso novo vice-diretor, o Sr. Percy Weasley.