Título: Obsessão.

Autora: Blanche Malfoy, traduzida por Celly M.

Rating: M

Sumário: Situa-se no sétimo ano de Harry e Draco em Hogwarts. Draco está obcecado por Harry Potter e questiona-se sobre o que deverá fazer para que Harry apaixone-se por ele.

Pares: Draco Malfoy/Harry Potter

Retratação: Esta fic é baseada nos personagens e situações criadas por J.K. Rowling. A autora não possui direitos em nenhum desses personagens e a tradutora apenas seguiu os moldes da fic original, não modificando nenhum aspecto ou idéia.

Nota da tradutora: Blanche, sinto-me muito honrada pela sua permissão em traduzir fics tão especiais pra mim. Espero que faça jus à sua narrativa original e dinâmica. Um beijo! Aos que lerem esse primeiro capítulo, deliciem-se e boa leitura! E sim...reviews são tão agradáveis quanto sapos de chocolate e cerveja amanteigada!


Parte 1 – Chame de Obsessão.

Ok. Pros diabos, eu admito. Eu, Draco Malfoy, o moleque que transformou a vida de todos nesses últimos sete anos em um inferno, o Deus do Sexo da Sonserina, aquele que pode ter quem ele quer, estava obcecado.

Eu. Estava. Obcecado.

Não conseguia acreditar em um primeiro momento, mas enquanto eu o observava longamente, sabia que não poderia mentir para mim mesmo. Não era minha culpa. A culpa era toda dele, por ser tão tentador e sexy com aqueles cabelos desgrenhados e aqueles olhos verdes como esmeralda, que pareciam me convidar a me aproximar e ser arrastado pra dentro deles, e aqueles lábios que imploravam para serem beijados e arrebatados.

Eu queria arrebata-lo.

Pergunto-me como pude ser tão tolo a respeito de meus verdadeiros sentimentos sobre dele durante todos esses anos.

Ódio.

Achei que o odiava e de uma certa maneira, ainda odeio. Mas agora percebo que eu simplesmente estava obcecado por ele. Precisava tê-lo pra mim por pelo menos uma hora do dia.

Eu queria Harry Potter.

O único problema era que eu não sabia se ele me queria e não iria arriscar uma rejeição. Uma rejeição acabaria com a minha reputação e eu nunca poderia permitir que isso acontecesse. Precisava de um plano.


Tudo bem. Não conseguia pensar em uma maneira de me aproximar dele e isso estava me enlouquecendo. O que eu mais odiava era que eu era aquele que tinha que caçá-lo. Eu é que tinha que arrumar uma maneira de fazê-lo cair na minha e não o contrário. Deveria ser da outra maneira, mas não era e eu estava enlouquecendo.

Sentei perto dele na aula de Poções e tentei puxar papo. Tudo bem, chamá-lo de Cicatriz e Granger de Sangue Ruim não foi o mais acertado, mas ainda assim... Por que ele não poderia ficar encantado pelos meus olhos como eu era pelos dele? Era tão injusto que eu tinha vontade de arrancar os cabelos. Mas isso me deixaria careca então, não era uma boa opção. Eu queria enlouquecê-lo, mas ele não dava a mínima pra mim e não era como se eu não soubesse o porquê. Eu havia transformado a vida dele em um inferno e seria difícil para ele me notar.

Eu queria me mostrar para ele sem a máscara que costumava usar no dia-a-dia. Não tinha mais meu pai como desculpa, ele estava exilado, trancado em uma prisão de bruxos – não Azkaban, mas outra que foi construída – banida do mundo da magia por ter cometido tantas atrocidades em nome de Lord Voldemort. Mesmo ele tendo sido um desgraçado e maligno, eu sinto falta dele. Não sei o porquê, afinal ele nunca me tratou com respeito. Ainda assim...

Mas estou perdendo o fio da meada. Mesmo com meu pai tão longe e não mais representando uma ameaça para mim ou para minha mãe, não conseguia me livrar da máscara...

Nem posso acreditar que pensei nisso! É óbvio que eu não quero mostrar a ele quem eu sou. Eu apenas o queria, simples assim. Não era como se eu estivesse apaixonado por ele ou algo do tipo.

Só para constar, eu NÃO amo Harry Potter. É apenas atração, nada mais que isso.


E lá estava ele novamente. Sozinho na biblioteca. Questionei-me aonde suas "sombras" poderiam estar.

— Potter.

Merda. Eu realmente falei o nome dele em voz alta?

— Malfoy. –ele disse, friamente.

Sim, eu falei. E o que deveria falar agora? Estava mudo pela primeira vez em toda minha vida, então fiz a única coisa lógica naquele momento. Sentei ao lado dele e o fitei, assim, quem sabe ele percebesse o quanto eu o queria. Porém, ele não disse nada, apenas me olhou com uma expressão indecifrável.

Já fazia um tempo desde a última vez que eu conseguira lê-lo. Sempre tive o talento em saber exatamente o que ele pensava ou sentia e estava até orgulhoso disso. Mas desde a última batalha contra Voldemort, o rosto de Harry passou a ser ilegível para mim. E eu tinha a impressão de que os amigos dele tinham a mesma sensação de frustração e angústia que eu sentia. Eu queria rastejar até seus pensamentos mais profundos e saber o que diabos estava acontecendo com ele. Às vezes eu acordava com ele gritando por ajuda e eu não sabia o que fazer com aqueles pesadelos. Eu queria entendê-lo. Eu queria...

Não, eu não queria! Eu só queria transar com ele. Simples assim. Infelizmente, Harry era tudo, menos simples.

— Por que você está me olhando desse jeito? –ele perguntou, incomodado. — Não tem nada melhor pra fazer com seu tempo?

Aquele irritante filho da mãe! Quem diabos ele pensa que é pra falar comigo desse jeito?

— A biblioteca não é propriedade sua, Potter.

— Eu não disse que era. Você pode ficar aqui se quiser; contanto que fique bem longe de mim.

Ele realmente tinha coragem, o desgraçado. Respirei profundamente e corri com as palavras.

— Eu quero falar com você.

— Então nós temos um problema, porque eu não quero falar com você. Nem hoje, nem nunca. –ele respondeu, imediatamente.

Ele voltou os olhos para o livro aberto a sua frente e eu tive vontade de fechá-lo e sacudi-lo.

— Eu falarei então. – disse, com um sorrisinho de escárnio.

Ele sorriu de volta com o mesmo cinismo. O desgraçado sorriu de volta! Nunca havia visto Harry fazer aquilo e isso me provocou arrepios pela espinha. Eu queria tanto perguntar o porquê de ele ter ficado tão sombrio, mas não me importava com seus motivos.

Não, eu era um mentiroso. É claro que eu me importava. Já fora o tempo em que eu o odiava por sorrir tão livremente e ser tão otimista e feliz, e adorado por todos. Agora eu o odiava porque ele não sorria mais. Eu amava suas risadas. E queria fazê-lo sorrir novamente.

NÃO! Eu não amava nada nele. Eu apenas o queria. Querer, Draco, não amar.

Ele me olhou friamente. Supostamente, eu era o frio e não o Garoto Maravilha. E ainda assim ele estava cada vez mais amargo. Eu queria tanto entender o porquê. Queria abraçá-lo e dizer que tudo ficaria bem.

— Eu quero você.

WOW! Espere um minuto! Eu realmente disse aquilo?

Olhei para Harry e vi seus olhos tremerem e sua boca um pouco aberta. Ele havia perdido a postura fria e aquilo era um bom sinal. Foi uma pequena vitória, eu admito. Achava que Harry era intocável e insensível e pelo visto ele pensava a mesma coisa. Ele realmente deve ter ficado surpreso com tudo isso, eu havia conseguido uma maneira de quebrar a parede de gelo que ele construíra em volta dele. Sim! Tive que me segurar para não fazer uma dança da vitória.

— Você ficou maluco? –ele perguntou, enojado.

Ou talvez não. A parede de gelo estava lá novamente. Desgraçado!

— Você não deixou que eu terminasse. –disse, zombeteiro. — Eu quero que a gente aposte uma corrida com nossas vassouras.

Percebi um certo descontentamento nos olhos dele. Será que eu estava lendo-o certo? Talvez ele quisesse que eu o quisesse. Mas, tão rápido quando apareceu, aquele sentimento rapidamente sumiu dos lindos olhos dele.

— Por quê? –ele perguntou, tentando demonstrar que não estava curioso.

— Percebi que você está isolado, Potter. Você mal presta a atenção às aulas e não anda por aí com seus mosqueteiros. Pensei que gostaria de um pouco de emoção na sua vida, talvez um pouco de adrenalina e excitação. Eu posso te dar isso. Sempre fui capaz de te dar isso.

— E por que você quer fazer isso?

— Porque eu posso. – dei de ombros.

— Não é o suficiente pra mim.

Eu queria bater nele naquele momento.

— Nós podemos apostar. Se eu ganhar, você vai fazer o que eu quero Se você ganhar, pode me pedir para fazer qualquer coisa que você queira.

Subitamente os olhos dele brilharam com uma certa malícia e eu me questionei se estava fazendo a coisa certa.

— Qualquer coisa?

— Qualquer coisa.

Qualquer coisa pra te tirar desse mundo melancólico, Harry Potter. Eu odiava a tristeza e o vazio nos olhos dele.

— Não achei que você se importasse. –ele zombou.

Ops, ele tinha razão. Eu não me importava, mas a maneira como eu falei...precisava pensar em algo rápido, uma mentira muito boa.

— Dumbledore. –foi a única palavra que eu disse. Droga.

Ele me olhou, franzindo a testa.

— Dumbledore?

— Dumbledore disse que eu deveria te ajudar. Ele percebeu que você não tem sido o mesmo ultimamente e perguntou se eu não poderia ajudar, não sei, de repente...falar com você. –eu estava quase gaguejando. Droga!

Aquela havia sido uma mentira tão esfarrapada e piegas. Honestamente, eu poderia pensar em algo melhor, mas nunca fui bom quando tinha que agir sob pressão. Tive vontade de bater a cabeça na parede.

— Por que você? –ele insistiu.

Por que ele não podia simplesmente aceitar, por Merlin!

— Porque...porque...

Ótimo. Estava de volta ao estado de mudez.

— Porque eu sou o único que consegue entrar nessa sua couraça –disse, como se aquilo fosse verdade. Eu bem que queria.

— Isso é ridículo! –ele disse, como se tivesse sido insultado.

Dei de ombros, mas no fundo eu estava... magoado. Droga!

— Não preciso da ajuda de ninguém. Eu estou bem. –ele cruzou os braços. — Por que Dumbledore não pode me deixar em paz? É a quarta vez que ele manda alguém pra me ajudar! Já estou cansado disso! Se não aceitei a ajuda de Ron e Hermione, por que você acha que aceitarei a sua?

— Porque eu sei como é ser sombrio.

— Ninguém...

Ele calou-se imediatamente. Eu gostaria que ele tivesse terminado aquela frase. Ele não o fez e eu não o pressionei.

— Tudo bem, vamos fazer isso. –ele disse, subitamente. —Talvez Dumbledore largue do meu pé de uma vez por todas.

Eu quase caí da cadeira. Talvez minha surpresa estivesse transparecendo demais no meu rosto, porque ele me olhava de maneira diferente.

— Tudo bem. – eu respondi.

Ele levantou uma das sobrancelhas.

— Você está bem? Parece um pouco pálido.

Mesmo? Não sei o porquê, mas parecia que todo meu sangue havia sido drenado das minhas veias. Tudo o que eu sabia era que precisava parar de agir como um mariquinhas e me controlar. Potter havia aceitado meu convite, e daí?

Aprenda a lidar com isso, Malfoy!


Esperei por Potter no campo de quadribol por uma hora. O desgraçado não apareceu. Lá estava eu, nas minhas melhores vestes da Sonserina, achando que finalmente iria consegui-lo e o bastardo nem ao menos apareceu! Não conseguia acreditar em quão estúpido eu fui. Honestamente, eu era seu inimigo. Não havia como Dumbledore ter me mandado para ajudá-lo a resolver seus problemas. Ele provavelmente falara com Dumbledore e descobriu que tudo o que lhe falei havia sido uma mentira. E eu teria que estar preparado para a humilhação pública.

Senti as lágrimas ardendo em meus olhos. Eu não estava a ponto de chorar, estava? Eu odiava chorar. Chorava demais quando era criança. Meu pai costumava me bater sem piedade quando eu não era um bom garoto. Eu nunca fui um bom garoto então vocês podem imaginar o que acontecia na maioria das vezes.

Mas eu não iria chorar por conta desse episódio bobo.

Estava a ponto de ir embora, sentindo a melancolia do momento, quando o vi caminhando calmamente na minha direção. Meu coração falhou uma batida e senti minhas mãos tremerem. Não pude evitar um sorriso – um genuíno! – e tentei o máximo que pude esconder o que estava sentindo.

Ele olhou na minha direção e me lançou um sorrisinho cínico. Deus, eu odiava aquilo!

— Oi, Malfoy.

— Potter.

Ele olhou para o céu e depois na minha direção.

— Acha que vai chover?

Conversa fútil. Eu podia jogar aquele jogo.

— Não sei, Potter. O céu parece limpo pra mim. Com medo de uma chuvinha? Você é feito de açúcar ou algo assim? – sorri cinicamente.

Vejam só, eu podia dar aquele sorrisinho, porque aquilo era a minha marca registrada.

— Não, Malfoy. Só estava querendo calcular a probabilidade de você ser atingido por um raio.

Ouch. Essa doeu.

— Queria que Voldemort tivesse matado você quando ele teve oportunidade. –murmurei, com crueldade.

Era uma coisa estúpida para ser dita, é claro. Eu não estava pensando. Eu estava magoado. Por favor, me perdoe.

— Eu queria isso às vezes também. –ele disse, como se ainda estivesse falando sobre o tempo.

E então ele começou a se afastar. Naquele momento, eu realmente me senti como se tivesse sido atingido por um raio. Não podia deixá-lo se afastar de mim, simplesmente não podia. Estava tão próximo de tê-lo pra mim. Devia aprender a ficar calado!

— Potter, espera!

Corri até ele e segurei-o pelo ombro. Ele retesou sob meus dedos. Meu dedo indicador roçou de leve seu pescoço e não conseguiu se controlar. Minha mão tinha vida própria. Eu queria puxá-lo contra meu corpo e beijá-lo, mas não fiz nenhuma dessas coisas. Eu apenas...

— Me desculpa, não queria falar aquilo...

— Sim, você quis. –ele disse, suavemente.

— Por favor, fique.

Eu por acaso pedi para que ele ficasse? Parecia que sim. Ele virou-se para me fitar e eu pude perceber a confusão nele. Ele estava tentando me decifrar, podia sentir. Seus olhos não deixavam os meus. A ereção que havia despertado no momento em que o vi caminhando na minha direção quase irrompeu naquele momento. Se ele não parasse com aquele exame minucioso da minha alma, eu estaria um caco no final do dia. Começaria a tremer e murmurar incoerências. Iria dizer que o amava.

NÃO! Nunca!

— Vamos correr, Malfoy. Mal posso esperar pra te ver dançando a Macarena em cima da mesa da Sonserina.

Aquilo havia sido como um banho de água fria e eu acordei da terra dos sonhos.

— O quê? O que é isso de Macarena?

Eu estava realmente curioso. Não fazia idéia do que ele estava falando, provavelmente era alguma piada de trouxa.

Ele sorriu. Meu Deus, ele sorriu! Ele sorriu pra mim!

— Deixa pra lá, Malfoy.

Ele montou em sua vassoura e subiu. Eu o segui depois de algum tempo, após ter me recuperado da força de seu sorriso. Expliquei novamente as regras do jogo e nunca pensei que ele iria trapacear, mas enquanto eu estava contando até três, ele voou para longe antes mesmo que eu terminasse. Não sabia se deveria rir ou xingá-lo, então resolvi voar atrás dele.

Nossas vassouras dançavam no ar e eu me lembrei de uma coisa idiota que havia dito a ele no nosso segundo ano. Durante um jogo de quadribol eu havia perguntado se ele estava treinando para o balé. Agora, enquanto nos perseguíamos, estávamos dançando, fazendo 'loops' pelo ar, como no balé. As palavras voltavam para me aterrorizar, eu pensei, incrédulo. Era ótimo dançar com Potter.

Não podia esquecer que aquilo era um jogo e eu tinha que ganhar. Não podia me dar ao luxo de perder. Estávamos na última volta e eu tinha uma pequena vantagem em relação a ele. Já começava a cantar vitória, imaginando se deveria pedir que ele me beijasse logo ou depois, quando o desgraçado passou voando por mim e ganhou.

Não podia acreditar no meu azar. Havia perdido a corrida. Teria que dançar a tal Macarena e ser humilhado publicamente. Eu queria chorar, não apenas porque sabia que Potter iria me obrigar a fazer algo idiota na frente de toda a escola, mas porque havia perdido a oportunidade de tê-lo para mim. Havia perdido a oportunidade de saborear aqueles lábios por pelo menos uma vez na vida.

Desmontamos das vassouras e eu não conseguia olhá-lo, não queria ver o triunfo nos olhos dele. Então, a coisa mais estranha aconteceu. Eu o senti tocando meu queixo gentilmente e levantando-o, deixando nossos olhos no mesmo nível. Reparei em suas bochechas rosadas por ter voado, os olhos verdes brilhando e um lindo sorriso iluminando seu rosto. Já fazia algum tempo que ele sorrira daquele jeito para mim. Esqueci de respirar porque ele tirou meu fôlego.

— Posso recolher meu prêmio agora? –ele perguntou, em um sussurro.

Não tive forças para fazer mais nada a não ser assentir.

Então, ele me beijou.

Continua...