Título: Obsessão.

Autora: Blanche Malfoy, traduzida por Celly M.

Rating: M

Sumário: Situa-se no sétimo ano de Harry e Draco em Hogwarts. Draco está obcecado por Harry Potter e questiona-se sobre o que deverá fazer para que Harry apaixone-se por ele.

Pares: Draco Malfoy/Harry Potter

Retratação: Esta fic é baseada nos personagens e situações criadas por J.K. Rowling. A autora não possui direitos em nenhum desses personagens e a tradutora apenas seguiu os moldes da fic original, não modificando nenhum aspecto ou idéia.

Nota da tradutora: beijos e um brinde com cerveja amanteigada às pessoas fofíssimas que passaram por aqui, lendo a fic pela primeira vez ou pela milésima, como foi o caso da Daphne, que se assemelha a mim, com as fics da Blanche. Por falar nela, não posso deixar de agradecer à minha nova amiguinha, que tem me apoiado demais nessa investida no mundo de Harry Potter. Suas dicas e conversas são maravilhosas, Blanche, obrigada mais uma vez! À Daphne Pessanha, Trinity Malfoy, Lili Psiquê, Dana Norran, srta. Kinomoto e Dark Wolf pelo incentivo, comentários, sorrisos e tudo mais. Espero que gostem desse capítulo, é um dos meus preferidos. E não se esqueçam que reviews são tão agradáveis quanto ver o Wood jogando Quadribol!


Parte 3 – Chame de Tortura

No dia seguinte, Harry não me olhou. Imaginei que ele estivesse aterrorizado com o que acontecera ou sobre o que ele estava sentindo a respeito de tudo aquilo. Não pude evitar sentir-me irritado, então decidi continuar com o jogo. Granger e eu passamos outra tarde juntos e todos sentiram ciúmes dela. Todos menos Harry.

Granger me disse para continuar tentando e eu estava pronto para fazer aquilo, mas então vi Harry conversando com uma das garotas da Grifinória – acho que seu nome era Padma. Não me importava com ela. Tudo o que reparei foi que aquela vaca estava segurando a mão de Harry e aquilo partiu meu coração.

Fiquei curioso para saber o que ela diria se soubesse que Harry me beijou no dia anterior.

Harry enlaçou sua mão na dela e sorriu. Depois olhou diretamente para mim em clara provocação. Queria tanto chutar seu traseiro. Que audácia a dele! Seus olhos pareciam me dizer que agora estávamos quites. Eu havia saído com Granger, ele com uma das gêmeas.

Esperei pelo próximo movimento dele, e eu sabia exatamente qual seria, mas isso não serviu para diminuir a dor quando vi aquilo acontecendo bem diante de mim. O desgraçado a beijou. E usou a língua.

Me senti como se alguém tivesse cortado minha respiração, não importava o quanto eu tentasse. Alguém pegou minha mão e me levou para fora do castelo.

— Respire, Malfoy! –ouvi a pessoa falar.

Então eu o fiz. E chorei.

— Eu sinto tanto.

Olhei para cima e vi Granger me olhando com tristeza. Eu não queria a pena dela. Não queria a pena de ninguém. Draco Malfoy era melhor e mais forte do que ela pensava. Então por que não conseguia fazer as lágrimas pararem de cair?

— Eu acho que Harry está confuso.

Não me importava. Eu queria que ele morresse e se ela não o matasse, ela era inútil para mim. Ela me abraçou, o que foi esquisito. Não estava acostumado a pessoas me tocando. Não gostava de ser tocado. Mas, de alguma maneira, os braços dela em volta de mim me acalmaram. Ela era uma boa garota. Era o tipo de garota que deveria ser tratada com respeito. Ela era boa. Quantas pessoas eu conhecia que eram realmente boas? Nenhuma. Eu precisava de alguém como ela ao meu lado. Talvez, eu pudesse ser bom também. Talvez Harry me quisesse se eu fosse bom. Talvez...

Naquela noite, quando fui pra cama, agradeci a Granger por ela ser quem era.


A tortura continuou por uma semana. Harry continuou a jogar aquele joguinho perverso comigo. Ele particularmente gostava de beijar Parvati – eu havia aprendido o nome dela, afinal, tinha que saber o nome do inimigo – na minha frente, o que me deixava irritado e deprimido.

Ele estava ganhando, tinha que admitir. E ele estava adorando me observar sofrer. Podia dizer pela sua cara de satisfação. Eu o odiava por isso. Odiava tudo sobre ele. Eu...eu estava magoado.

Foi Granger quem chamou minha atenção. Ela me disse que eu estava agindo exatamente da maneira que Harry queria e que estava na hora de revidar. Eu era um Malfoy e não deveria deixar Harry vencer. Onde estava meu espírito competitivo e vingativo, ela perguntou. Ela estava certa. Ela estava totalmente certa! Beijei-a nos lábios e a agradeci. Ela corou ligeiramente.

Eu estava imerso em auto-piedade e aquele patético e indefeso garoto não era eu, afinal. Eu era um Sonserino, por Merlin! Deveria estar preparado para lutar contra aquilo. Deveria estar preparado para sair com alguma coisa que pudesse fazer Harry se arrepender do que estava fazendo comigo.

Voltei ao meu plano inicial e eu e Granger passamos a sair juntos todos os dias. Parei de andar pelos corredores com a cabeça baixa e tudo o que fazia era sorrir. Sorria para todos, até mesmo Weasley. Eu estava fazendo todos acreditarem que eu estava enlouquecidamente apaixonado por Hermione Granger e que o amor dela havia me transformado.

Funcionou. Não havia uma única pessoa na escola inteira que não falasse sobre nós. Éramos o casal mais invejado do ano. As pessoas começaram a me dizer o tempo todo como nós éramos perfeitos e Granger estava aproveitando a atenção extra, apesar de reclamar às vezes que todas aquelas atividades não a deixavam estudar direito.

Harry percebeu minha mudança. Ele percebeu e eu pude sentir em cada olhar como ele odiava aquilo. Na aula de Poções, ele me olhou de um jeito... Se olhar matasse, eu teria caído morto ali. Em troca, eu dei a ele um dos meus melhores sorrisos. O caldeirão dele explodiu naquele dia e eu fiquei muito satisfeito.

O controle do jogo estava de volta em minhas mãos. A vida era boa. Eu seria o torturador.


Eu era muito bom no papel de torturador. Harry nem se comparava. O único problema era Granger. Ela não gostava das minhas regras e eu não entendia o porquê. Eu estava acostumado a agarrá-la na frente de Weasley e Potter e tocá-la em lugares que ela não permitia. Mas eu tinha que ser agressivo, ou não iria funcionar. Harry tinha que ver que eu não dava a mínima para ele.

Escrevi uma carta de amor à Granger, deixando implicitamente que havíamos dormido juntos e que eu havia gostado de cada minuto. Então deixei-a cair quando Harry estava passando. Sabia que ele ia pegá-la e que certamente a leria.

Por dois dias, esperei que ele viesse me ver. Ele não veio. Imaginei se o plano teria se voltado contra mim e esperei pelo tapa que Granger certamente iria me dar. Aquilo também não aconteceu.

No terceiro dia, ele apareceu no meu quarto. Como ele entrou, não faço idéia. Ele é Harry Potter. Ele pode tudo.

— O quê você está fazendo aqui, Potter?

— Eu vim aqui quebrar a sua cara. –ele explicou, calmamente. Muito calmo pro meu gosto.

— Eu não te convidei.

— Eu não preciso de um convite.

Eu cuidadosamente sentei-me ao lado dele na cama. Harry me assustava. Ele não costumava me assustar, mas agora ele me assusta. Era a escuridão nos olhos dele que nunca estivera ali. Eu gostaria de lê-lo como fazia antigamente.

— Você dormiu com ela, seu filho da mãe! –ele disse, dessa vez, de maneira mais agressiva.

— Como você sabe?

— Isso é irrelevante.

Levantei uma das sobrancelhas e sorri com escárnio.

— Você é um grande mentiroso! Eu achei que você me queria! –ele não me olhou quando disse isso.

— E você é maluco se acha que eu vou ficar sentado, esperando que você decida se me quer ou não! Eu estou farto desse jogo, Potter, e estou farto de você! Vai pro inferno e frite lá! E saia já do meu quarto! –eu explodi.

Era muita pressão e o fim de semana não havia sido fácil pra mim. Levantei minha varinha para que minha ação parecesse mais séria. Não queria que ele saísse, não de verdade. Mas se ele não havia decidido o que queria, então não o queria na minha cama.

— Você vai me enfeitiçar? –ele perguntou, divertido.

Ele estava achando graça naquilo. Não o queria daquele jeito; eu o queria assustado. Com raiva, gritei um feitiço na direção dele. Ele desviou – para meu azar – e fitou-me com ódio. O quê ele estava esperando? Que eu o beijasse ou qualquer coisa assim? É claro que eu o atacaria de verdade! Eu era Draco Malfoy! Podia fazer tudo o que quisesse!

Ele rapidamente me segurou pelas vestes e me deitou na cama, prendendo minhas mãos no colchão. Merda, eu fiquei tão excitado quando ele fez isso! Um calor insuportável tomou conta do meu corpo.

— Você não devia ter feito aquilo. –ele disse, me olhando com um misto de ódio e desejo.

— E o que você vai fazer a respeito disso? –eu zombei.

Se ele pensou que eu ficaria amedrontado com suas ações, ele estava completamente enganado.

— Eu deveria arrancar suas entranhas.

— Me beija. –exigi, com urgência.

— Vá se foder!

— Isso também funciona. –eu arrisquei em dizer.

Ele capturou meus lábios em um beijo de tirar o fôlego e eu me rendi voluntariamente a ele. Uma vez, eu quis arrebatar Harry Potter. Agora, ele estava me arrebatando e eu estava gostando. E muito. Dessa vez, ele usou a língua e foi muito bom.

— Como você faz isso comigo? –ele perguntou.

— Fazer o quê?

— Eu não sou eu mesmo quando estou com você.

Ele parecia mais do que adoravelmente perplexo quando perguntou aquilo.

— Você nunca esteve perto de mim o suficiente para saber isso. E eu não quero que você seja outra pessoa quando estamos juntos. Quero que você seja você mesmo.

Eu realmente disse isso? Sim, eu acho que sim. Acho que eu não sou eu mesmo quando estou perto dele. Ou talvez esse seja o meu eu verdadeiro e eu só podia ser assim perto dele. Ugh. Isso pareceu ridiculamente tolo... A próxima coisa que diria era que nascemos para ficar juntos. Merlin! Pare com isso, Draco!

— Eu vou te beijar de novo. –ele sentiu que precisava me avisar. Tão doce.

— Apenas faça, Potter.

E ele o fez. Rocei meu corpo no dele e ele parou de me beijar.

— Não faça isso. –ele pediu.

— Mas eu...

— Não estou preparado pra isso.

— Tudo bem, podemos ir devagar.

Eu estava sendo suave. Droga!

— Isso é tão errado.

Lá vamos nós.

— Quer dizer, você é um garoto. É errado eu te beijar desse jeito.

Vai pro inferno, você e sua mentalidade da Idade Média.

— Sai de cima de mim, Potter.

Ele apenas me olhou.

— Eu disse, sai! –gritei.

— É assim que você quer me ajudar, Malfoy? –ele perguntou, venenosamente. — Me levando para sua cama?

Foda-se ele! Ele estava tentando me fazer sentir culpado. Bem, eu não daria esse prazer a ele.

— Mudei de idéia. –afirmei.

O quê eu estava fazendo?

— Não quero mais te ajudar porque você é um caso sem cura! –gritei.

O quê eu estava fazendo? Afastando-o daquele jeito. Eu não queria fazer aquilo. Não queria.

— Dumbledore disse que você tinha se voluntariado para me ajudar. –ele soltou aquilo como uma bomba.

Merda! Dumbledore disse aquilo? O velhote era mais esperto do que eu pensava. Meu pai sempre me disse que Dumbledore era um idiota incompetente, mas, cara, ele estava errado. Dumbledore sabia de coisas sobre você que você nem imaginava. E ele era um bastardo sádico que gostava de brincar com a sua vida. Eu não podia culpá-lo, porém. Eu havia mentido sobre tudo aquilo e ele estava apenas dando o troco. Eu havia começado e ele apenas me jogou a Goles de volta. Harry pensava que eu havia me voluntariado. E eu gostaria realmente de ter feito aquilo.

Então eu olhei para Harry e vi sua expressão perdida e os olhos verdes que eu amava tanto perdidos em desespero. Harry precisava de ajuda. Ele não precisava de mentiras; não precisava de nenhum dos meus joguinhos idiotas. Ele precisava de um amigo. Precisava de alguém que entendesse o que ele estava passando. Ele havia aceitado minha oferta porque achava que eu sabia como era ser sombrio. E ele estava certo. Mas eu era um idiota egoísta que só estava pensando em minhas vontades e em mim mesmo. Nenhuma vez eu pensei no que Harry precisava. E, cara, ele precisava de alguém para abraçá-lo, alguém que dissesse que se importava com ele. Ele não precisava de um amante, ele precisava de um amigo. E, por algum milagre, ele queria que eu fosse essa pessoa.

Me senti péssimo. Sabia como ser um bom amante, mas não sabia nada como ser um bom amigo. Eu nunca tive um amigo de verdade minha vida inteira. O que eu deveria fazer?

— Eu não sei como ser um amigo. –expliquei, sem tanta certeza do porquê. — Nunca soube.

Ele sorriu, tristemente.

— Eu posso te mostrar.

Dessa vez, eu sorri. Não havia sido um sorriso aberto, apenas um simples.

— Eu é que deveria estar te ajudando. –eu zombei.

— Talvez se eu te ajudar, vou estar me ajudando.

Era uma frase profunda. Eu gostei. A pergunta era: será que ele podia? Será que eu podia? Não estava tão certo. Não estava acostumado a ser amigável com os outros. Nunca precisei. E ser amigo de Harry... não era exatamente o que havia planejado. Mas aquilo bastava. Por enquanto, pelo menos.

Continua...