Título: Obsessão.
Autora: Blanche Malfoy, traduzida por Celly M.
Rating: M
Sumário: Situa-se no sétimo ano de Harry e Draco em Hogwarts. Draco está obcecado por Harry Potter e questiona-se sobre o que deverá fazer para que Harry apaixone-se por ele.
Pares: Draco Malfoy/Harry Potter
Retratação: Esta fic é baseada nos personagens e situações criadas por J.K. Rowling. A autora não possui direitos em nenhum desses personagens e a tradutora apenas seguiu os moldes da fic original, não modificando nenhum aspecto ou idéia.
Nota da tradutora: agradecimentos à todos que deixaram reviews, que pediram por mais um capítulo por email e MSN e claro, como não poderia deixar de ser, à Blanche, pela betagem, pelos comentários e, acima de tudo pelas conversas e pela amizade. Não se esqueçam que as reviews são tão gostosas quanto aprontar junto com os gêmeos Weasley!
Parte 4 – Chame de Estoicismo
Eu até estava gostando de todo aquele lance de amizade. Eu gostava de ser amigo de Harry. Não que ele compartilhasse todos os seus segredos ocultos, mas eu estava chegando lá. Porém, ele não me dizia se gostava de ser meu amigo. Aquilo era um pouco irritante, para não dizer que me fazia sentir inseguro. Sim, podem acreditar? Draco Malfoy estava inseguro...
Por uma semana, nós perambulamos juntos. Falávamos sobre coisas bobas, provocávamos um ao outro, ríamos do novo penteado de Millicent Bulstrode. Estudamos juntos e eu o ajudei na sua tarefa de Poções. Em troca, ele me ensinou a Finta de Wronski. Aquilo era um pouco perigoso para ele, já que ainda estávamos jogando Quadribol um contra o outro. Ele parecia não se importar e eu me perguntei se deveria ficar insultado com aquilo. Claramente, ele não parecia acreditar que eu pudesse fazer aquilo. Deixei o campo irritado. Sim, eu havia decidido me sentir insultado.
— Malfoy, espera! –ele gritou, mas eu não olhei para trás.
Eu não ia olhar para trás. Honestamente, aquela história de amizade estava me dando nos nervos.
— Malfoy! –ele me segurou pela manga das vestes e eu parei de andar.
— O QUÊ? –perguntei, irritado.
— Não quis dizer daquele jeito! –ele respondeu, com a mesma insolência.
— Eu posso te vencer, Potter! Você acha que eu não posso, mas está enganado! Eu posso fazer a finta de Wronski!
— Eu nunca disse que você não podia!
— Mas você deixou implícito que eu não poderia!
— Não, eu não deixei!
— Sim, você deixou!
— Só pra te provocar!
Me provocar? Vai pro inferno, Potter! Eu precisava de um banho para relaxar.
— Tudo bem. –eu dei de ombros. — Eu vou tomar um banho.
— Eu vou com você.
Eu congelei ali mesmo. Aquilo não era parte do acordo. Tomar banho com ele significava dividir o mesmo espaço. Eu teria a oportunidade de vê-lo. Eu não estava preparado para aquilo. Era muita tentação. Não queria destruir nossa recém descoberta ligação pulando em cima dele assim que ele tirasse as roupas.
— Não. Você vai ficar aqui.
— Por quê?
— Porque eu estou dizendo! E não discuta comigo sobre isso. –eu estava muito irritado com o rumo daquela conversa.
— Eu não entendo.
— Então você é mais inocente do que eu pensei.
Uma coisa que eu aprendera sobre Harry Potter era que realmente ele era muito inocente, mas não a respeito da vida e traição. Ele era um mestre naquelas coisas. Ele era inocente quando se tratava de sexo. Nesse campo ele era tão inexperiente que eu me perguntava se ele ainda seria virgem. Mas nós não falávamos muito sobre sexo e os motivos eram óbvios.
— Eu vou tomar banho no meu quarto, então. –eu disse.
— Mas, Malfoy...
— Não, Potter. Aproveite seu banho.
E eu o deixei sozinho.
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O negócio era o seguinte. Ter Potter à minha volta quase todos os dias não era tão bom, não apenas porque ele era chato e irritante, mas porque ele era bom e justo com todos. Quer dizer, ele ainda era sombrio e se recusava a falar sobre aquilo, mas não tratava os outros como se fossem merda. Ele era muito bonzinho para aquilo. Ele era tão gracioso e bonzinho que eu tinha vergonha de mim mesmo. Nós éramos tão diferentes. Eu não dava a mínima para os sentimentos dos outros, mas ele sim. E muito.
Tê-lo ao meu lado 24 horas por dia só fez com que eu me apaixonasse ainda mais e aquilo não era bom. Eu não queria me apaixonar por ele. Certo?
Eu sorri, amargamente, pensando que Harry não era o único a viver em negação.
Ele era um grande amigo. Eu conseguia finalmente entender o porquê de Weasley ser o seu defensor. Tive sorte que Hermione – ela era Hermione agora – e Weasley finalmente se acertaram, então podia ter Harry todo para mim. Weasley reclamou bastante quando eu comecei a sair com Harry, mas ele aprendeu a aceitar. Eu tinha que agradecer a Hermione por isto.
Era a primeira vez na minha vida que eu tinha um amigo e acho que Harry gostava da minha companhia também, porque ele estava sempre ao meu lado, não importava aonde eu ia. Chocado era o mínimo que eu poderia usar para descrever como a escola se sentiu sobre isso. Harry Potter estava confraternizando com o inimigo.
E daí?
Apesar do fato de que eu gostava de ser amigo de Harry, não era o suficiente para mim e ele sabia. Eu o queria mais do que antes. Às vezes eu me perdia em deslumbramento somente fitando-o. Adorava a maneira com a qual ele chupava a pena de açúcar quando estava estudando, desligado de tudo a sua volta. Adorava a maneira como suas mãos passavam por seus cabelos, bagunçando-os ainda mais. Adorava a maneira como ele mordia o lábio inferior quando estava pensando. Eu adorava tudo nele. Eu o amava.
Meu coração comprimiu quando me dei conta dos meus sentimentos. Eu estava terrivelmente apaixonado por Harry.
Merda.
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Outra semana se passou e Harry percebeu que eu estava agindo de maneira estranha a volta dele. Na verdade, eu estava tentando evitá-lo o máximo que podia. Eu sabia que era errado. Eu deveria estar ajudando-o, não afastando-o. Mas não podia fazer mais nada. Doía estar ao lado dele e não poder tocá-lo ou beijá-lo.
Eu tinha que ser estóico ao lado dele, mas não conseguia. Não conseguia ser indiferente a ele. Eu o amava. Mas tinha que tentar. Era fato que Harry não gostava de mim da mesma maneira que eu gostava dele, não importava se eu o havia pegado me olhando de cima em baixo uma ou duas vezes.
Eu precisava de espaço. Estava sofrendo e aquilo era muito ruim. Draco Malfoy não sofria. Nunca.
— Malfoy! Malfoy! Espere por mim! –ele gritou meu nome quando estava saindo da aula de Aritimancia.
Esperei por ele. Não deveria, mas o fiz.
— O quê foi, Potter? –tentei bancar o indiferente novamente.
— Por quê você está me ignorando? –ele parecia magoado.
— Não pensei que você se importava. –eu disse, desprezando-o.
Deus, eu era um bastardo! Por quê eu não podia ser gentil com ele ou ao menos agir com compreensão? Ele estava passando por momentos difíceis na vida e tudo o que eu pensava era em como eu o queria na minha cama. Pensando bem, eu também estava passando por momentos difíceis. Eu merecia felicidade. Foda-se ele! É, bem que eu queria...
— Não me importo. –ele disse, seus olhos tremendo de raiva. —Por mim, você pode queimar no inferno.
Ele virou-se para ir embora, mas eu tomei sua frente.
— Olha, me desculpa. –sussurrei. — Eu acho...
Não sabia o que dizer. Voltei a ficar sem palavras.
— Eu sei. –ele disse, em um tom triste.
Olhei pra ele e soube que ele me entendeu. Ele sabia pelo quê eu estava passando. Ele sabia que eu estava frustrado e queria beijá-lo, e tocá-lo e... bem, vocês sabem o que quero dizer.
— Você quer um tempo só pra você? –ele me perguntou, educadamente.
Mas que droga! Não queria que ele fosse educado a respeito disso!
— Talvez.
E o quê diabos eu estava falando? Estava a ponto de arruinar tudo por causa do meu orgulho idiota!
— Tudo bem. Então eu vou te deixar sozinho. –ele resmungou, indiferente.
Ele estava bancando o indiferente agora! Aquele desgraçado. Eu o odiava tanto! Minha raiva se elevou a níveis perigosos.
— Vai se foder, Potter! –eu gritei e o empurrei.
Alguns alunos que estavam passando pararam para nos observar. Eu não me importava. Eu queria enfeitiçar Potter.
— O quê?
— Eu disse foda-se. Você não é tão frio assim.
— Você é maluco, Malfoy.
— E você está me enlouquecendo!
Eu apontei minha varinha para ele, que franziu a testa.
— Não faça isso, Malfoy. Você sabe bem como terminou da última vez que você tentou isso. –ele disse, friamente.
Eu sorri, com maldade.
— Sim, eu me lembro muito bem.
E eu imagino o que aconteceria se eu o enfeitiçasse na frente de todas aquelas pessoas. Será que ele me empurraria contra a parede e me beijaria? Aquela era uma possibilidade realmente interessante. Deveria arriscar? Sim, eu decidi que devia.
Expelliarmus, ele disse, quieto, quando eu estava distraído e tomou minha varinha.
Merda! Merda! Merda! Aqueles alunos estúpidos da Corvinal estavam rindo de mim! Eu fiz a única coisa que podia naquele instante. Voei em seu pescoço. Nós caímos no chão e eu fiz de tudo para bater nele. Ele segurou meu punho e trocou nossas posições para que ele pudesse ficar em cima de mim. Eu estava começando a ficar excitado e ao invés de bater nele, comecei a me esfregar no seu corpo. Ele me olhou com os olhos arregalados e eu sorri vitorioso ao sentir a ereção dele entre as minhas pernas. Nós estávamos dando um verdadeiro show.
Repentinamente ele se afastou e eu percebi que ele estava tremendo.
— Fique bem longe de mim. –ele disse, em tom de assobio, como uma cobra.
Ele. Assobiou. Como uma cobra. Eu era a cobra. Minha casa era a Sonserina, por Merlin! O quê ele esperava de mim? Eu não era um santo. Eu tinha minhas necessidades. Eu tinha minhas ambições. Eu o queria para mim. Eu não queria que fôssemos apenas amigos. Eu queria tudo.
Por favor, volte, meu coração gritou enquanto observava Harry se afastar.
Eu passei o resto do dia no meu quarto, me chamando de idiota sem parar.
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Então, aquele havia sido o fim da minha amizade com Harry Potter. Havia durado quanto tempo? Duas semanas? Era um recorde. Nunca tive um amigo. Harry foi meu primeiro. Eu não sentia falta dele. Não mesmo. Ele era um moleque irritante.
Mesmo quando ele era sombrio, ele era bom. Eu não era bom. Nunca teria funcionado entre nós. Estava fadado a terminar em lágrimas e tristeza. Mas eu não estava triste. Não mesmo. Eu estava... resignado a respeito de toda aquela situação. Sim, essa era a palavra certa.
Deus, a quem eu estava enganando? Eu era um grande mentiroso. Eu sentia tanto a falta dele! Eu queria pedir desculpas por quem eu era. O quê ele esperava? Que eu seria outro Ron Weasley? Que eu seria mais um aliado na vida dele? Nem pensar. Eu era Draco Malfoy. Eu não gostava de ficar em segundo lugar. Nunca fiquei.
Mas ainda assim... eu estava a ponto de desistir do meu orgulho. Eu precisava falar com ele. Eu queria provocá-lo e assisti-lo jogando Quadribol. Eu queria estudar com ele e ouvir o som de sua voz. Eu queria que fôssemos amigos de novo.
Apesar disso, eu não fiz nada. A vida continuou e eu tentei esquecê-lo. O Professor Snape me ajudou bastante nesse aspecto. Como eu era o Monitor-chefe da Sonserina, ele me deu um número de lições cada vez maior, na esperança que eu tirasse Harry da minha cabeça de uma vez por todas. Funcionou por um tempo, até que Hermione me deu uma lição de moral duas semanas atrás, a respeito do meu comportamento asqueroso.
— Eu confiei em você, Malfoy! Até mesmo Ron confiou em você e você destruiu tudo!
— O quê você queria que eu fizesse? Ele é um grande idiota. Ficava me provocando e depois me afastando como se nada estivesse acontecendo entre nós. Ele continuou negando o óbvio e eu estava cansado daquilo. Eu não sou o brinquedinho dele! –disse, irritado.
— E ele não é o seu! –ela declarou.
E ela estava com a razão. Droga!
— Você estava tão perto, Malfoy. Tão perto! Ele estava finalmente sorrindo de novo e Ron até me disse que os pesadelos dele haviam diminuído.
Ele tinha pesadelos? Mas que merda! Por quê ninguém me disse isso?
— Ele estava quase superando a morte de Hagrid. –Hermione continuou. — Sabe, desde que aquilo aconteceu, ele se recusou a falar com qualquer pessoa a respeito disso. Eu acho que ele se sente culpado. E você estava quase conseguindo que ele falasse com você! Ele me disse que gostava de conversar com você, porque você o ouvia!
Meu coração derreteu. Ele gostava de falar comigo. Ele nunca havia falado sobre seus sentimentos mais profundos, com a exceção do dia em que ele confessou que gostava de Snape, porque Snape o havia salvado tantas vezes, que era o mais próximo de uma figura paterna que ele tinha, junto com Sirius Black e Remus Lupin. Mas Snape ainda agia como se não gostasse de Harry e isso o deixava muito triste. Aquela havia sido a única vez que ele abrira seu coração pra mim e me deixou segurar sua mão por algum tempo. Eu adorei aquele momento.
E então teve a morte do gigante mestiço. Eu nunca gostei muito de Hagrid. Quero dizer, ele era um gigante, não importava se Dumbledore confiava nele. Pra mim, ele era perigoso e instável. Mas não para Harry. Para Harry, Hagrid era um herói. Um herói que o salvara dos Dursley.
Harry falara comigo sobre ele uma vez, mas nunca fora muito longe naquele assunto. Eu percebi que doía falar sobre Hagrid, então não o pressionava. Agora eu desejava tê-lo feito. Eu não sabia que ele tinha um trauma tão grande a respeito da morte dele. Eu nunca soube como ele havia morrido.
— Então é por isso que ele é sombrio desse jeito? –perguntei. — Por causa de Hagrid?
— Eu não sei, mas acho que sim. Ele nunca falou sobre isso com a gente, por mais que insistíssemos.
Foi então que eu decidi ganhar Harry Potter de volta. Não importava se ele iria me fazer rastejar por ele. Hermione me disse que ele estava no campo de Quadribol, sozinho e triste. Eu o vi encostado em uma das traves e percebi que seus olhos estreitaram quando ele me viu.
— Malfoy, o quê você está fazendo aqui? Pensei que havia dito para você ficar bem longe de mim! –ele disse.
Ele estava tentando manter-se estóico a meu respeito. Eu não deixaria.
— Me desculpe. –simples assim.
Ele balançou a cabeça.
— Não faz mais diferença.
— Você sabe que eu te quero. –eu disse, quase gaguejando.
Ele fechou os olhos e balançou a cabeça novamente.
— Por favor, vai embora.
— Eu te quero... como meu amigo de novo.
Então ele abriu os olhos lentamente e me fitou.
— Eu disse que não sabia como ser amigo de alguém. –eu disse, sabendo que aquela desculpa esfarrapada não era suficiente.
Ele sorriu, fracamente.
— Sim, eu me lembro.
— Então. Você quer ser meu amigo de novo?
Ele apenas assentiu. Meu coração parou de bater porque eu não acreditava que havia sido tão fácil.
— Ok. –eu disse, não escondendo minha surpresa.
Silêncio.
— Então, o quê você quer fazer? –perguntei.
E, novamente, as ações dele me pegaram de surpresa. Ele beijou na bochecha e me abraçou forte.
— É assim que os amigos se reconciliam? –fiz uma piada, o abraçando de volta.
— É sim. –ele disse e com meus olhos fechados para evitar maior sentimentalismo, eu sorri.
Continua...
Ahhh...eles voltaram! Sim! Celly dá pulinhos e soquinhos no ar. Mas será que Draco vai se contentar apenas com a amizade? Esses meninos e seus hormônios... Não percam o próximo capítulo.
Atualizações rápidas vêm na mesma proporção e rapidez das reviews! LOL
