Título: Obsessão.

Autora: Blanche Malfoy, traduzida por Celly M.

Rating: M

Sumário: Situa-se no sétimo ano de Harry e Draco em Hogwarts. Draco está obcecado por Harry Potter e questiona-se sobre o que deverá fazer para que Harry apaixone-se por ele.

Pares: Draco Malfoy/Harry Potter

Retratação: Esta fic é baseada nos personagens e situações criadas por J.K. Rowling. A autora não possui direitos em nenhum desses personagens e a tradutora apenas seguiu os moldes da fic original, não modificando nenhum aspecto ou idéia.

Nota da tradutora: chegamos então ao fim de uma enorme jornada de 14 capítulos. Foi boa para vocês? Porque pra mim foi demais, me aventurar em uma tradução de uma autora que admiro e que se tornou uma grande amiga, receber os comentários positivos e animadores de todas as pessoas que passaram por aqui, pelo msn, por email e até mesmo pelo telefone! Estou com outras fics da Blanche aqui prontas para serem traduzidas e elas serão, em breve, então aguardem mais novidades. Às pessoinhas lindas que revisaram o último capítulo logados no site, receberam minha resposta, não foi? Ainda assim, agradecimentos mais que especiais à Maaya M, Tsuki Koorime, Aniannka, Chibiusa-chan, DW03, Carlos Bert, Markus Malfoy-Bloom, Arsínoe e Sofiah Black pelas reviews amáveis. Um beijo também à quem não revisou esse último capítulo, mas esteve aqui uma ou outra vez: Pipe, Senhorita Mizuki, Ju, Bela-chan. Vocês todos foram um pouquinho da alma dessa humilde tradução. Adoro vocês! Aproveitem o útlimo capítulo, os prêmios do último capítulo estão no final da página e meninos, é claro que Gina e Hermione estão na lista! Somos democráticas! Um beijão e até a próxima atualização!

Parte 14 – Chame de Amor

-Você me ama?

Não, não, não! Droga, Draco! Não estrague as coisas!

Uma frase tão pequena, mas com um significado tão enorme. Simples palavras que não eram assim tão simples. O amor é o sentimento mais complicado do mundo. O amor faz você esquecer quem você é, faz você esquecer suas crenças e seu orgulho. E existe uma grande dualidade aí. Quero dizer, o amor pode nos fazer fortes, mas, ao mesmo tempo, pode te enfraquecer. O amor pode te transformar no homem mais feliz da Terra, mas também no mais miserável. Basicamente, para simplificar, era uma grande sensação, mas ao mesmo tempo era uma merda.

O silêncio de Harry me enervou. Eu não sabia se deveria levar aquilo como um bom ou um mau sinal. Decidi ser um pouquinho otimista. Talvez ele apenas estivesse assustado de confessar seus sentimentos por mim. Ou, e aquele era um pensamento muito triste, estava de volta à Terra da Negação. Harry não me amava. Por que amaria?

Ele abriu a boca para responder, mas um medo súbito me tomou e eu pedi que ele ficasse em silêncio rapidamente.

-Me deixe refazer isso. –disse. –Você acha que um dia será capaz de me amar?

-O que havia de errado com a primeira pergunta? –ele questionou.

-O que havia de errado? Você sabe o que havia de errado! Eu já sei a resposta para isso.

-Ah, sabe? Você deve ser vidente então. –ele teve a audácia de fazer piada.

Eu o fitei.

-Isso não teve graça!

Não, não tinha. Era uma tragédia. Bem, para mim, pelo menos. Sim, melodrama era o meu sobrenome. O que mais há de novo?

-E qual seria a minha resposta, Sr. Sabe-Tudo? –ele perguntou.

-Sua resposta seria 'não', é claro.

Ele balançou a cabeça negativamente.

-Eu já disse para não supor coisas sobre mim.

-E eu já te disse que tinha todo o direito de supor coisas sobre você porque...

Espere um segundo, Draco. Retroceda um pouco. O que ele acabou de dizer pra você? Não. Não! O que era importante era saber o significado daquela palavra.

-O que quis dizer com isso? –perguntei.

-Como pode ter tanta certeza de que a minha resposta vai ser negativa? Tudo bem, eu fui cruel com você e eu realmente me envergonho disso, mas desde a primeira vez que fizemos amor, estive tentando me redimir. Pensei que soubesse como eu me sentia.

-Não sei. Na verdade, não faço idéia. Havia uma época em que eu conseguia ler você, Harry, mas agora...é difícil fazer isso. Você é muito misterioso e seus olhos – que supostamente deveriam ser as janelas da sua alma – estão sempre fechados! Se você não me disser como se sente, eu nunca vou saber.

Ele mordeu o lábio inferior.

-Não é fácil para mim. Eu não queria amar, não queria depender tanto assim de alguém. Mas não importa quantos esforços você faz para se afastar do amor. Você não pode fugir. Eu não consegui fugir. Eu...eu te amo. Já te amo há algum tempo.

Eu apenas o fitei por um longo tempo. Estava em estado de choque. Não conseguia pensar em nada, além de 'ele me ama!', 'ele me ama!', 'ele me ama!'.

-Você está bem? –Harry perguntou, passando as mãos na frente do meu rosto. Eu pisquei.

-S-Sim.

Eu consegui! Eu ganhei o coração de Harry! Ele me amava!

-É só que...que... –eu dei um sorrisinho, depois gargalhei.

Harry me olhou como se eu tivesse enlouquecido.

-Você tem certeza de que está bem? –ele perguntou.

-Sim. SIM! Estou mais do que bem. –eu o beijei.

Não conseguia parar de sorrir e logo Harry estava rindo também.

-Então, oficialmente, nós somos um casal agora. –eu afirmei.

-Sim, eu acho.

-Você acha?

Eu o belisquei e ele gargalhou.

-Tudo bem, tudo bem! Eu tenho certeza disso.

-Muito bom. –disse com uma expressão séria e então sorri.

-Essa não é a primeira vez que eu digo que te amo, Draco.

O que? É claro que era. Obviamente eu me lembraria se ele tivesse dito antes. Esse não era o tipo de coisa que eu deixaria escapar. Não mesmo! Ele provavelmente estava apenas me provocando.

-A primeira vez que eu admiti para mim mesmo que estava apaixonado por você foi quando fizemos amor pela primeira vez. E eu disse que te amava, mas acho que você não me ouviu.

-Eu estava praticamente adormecido! Não era justo! Por que você não me disse no dia seguinte?

-Eu não sei. Eu quis, mas...uma parte de mim ainda estava assustada com a coisa toda. Eu tentei te dizer de novo depois daquela briga enorme que tivemos, mas então Cho apareceu e estragou tudo.

Humm...já que Ron era o responsável pela aparição de Cho naquela sala de aula, ele deveria pagar. E muito. Mas Harry não gostaria que eu fizesse algo de ruim a seu melhor amigo. Mas ainda assim...Talvez uma pequena vingança? Como um caldeirão explodir ou uma aranha ser encontrada em sua cama? Não...Harry odiaria que eu fizesse alguma daquelas coisas. E será que eu realmente queria fazer aquilo? Eu não era mais o mesmo Malfoy. Odiava admitir, mas eu até que gostava de Weasley. Ele não era tão ruim assim. Ele achava que estava ajudando Harry. E ele era irmão de Charlie...É, eu deveria esquecer meus planos de vingança.

-Estive escrevendo em um diário desde o dia em que te beijei no campo de Quadribol. –ele disse.

-Mesmo?

-Sim. Hermione achou que poderia me ajudar a descobrir meus sentimentos. E de uma maneira, ajudou mesmo.

Percebi que ele estava nervoso. Harry levantou-se e abriu a mochila da escola, tirando um livro lá de dentro.

-Eu quero que você o leia.

Eu engoli em seco. Aquilo era um bem tão precioso. Ele estava me permitindo ler seus pensamentos mais íntimos. Ele estava me dando a oportunidade de descobrir seus sentimentos e medos mais íntimos. Ele queria que eu o entendesse. A maioria das pessoas mataria para ler aquilo. As confissões de Harry Potter. Imaginei se ele sabia que passo enorme era aquele e o quanto significava pra mim.

-Obrigado, Harry, por confiar tanto em mim.

Meus olhos deveriam estar brilhando.

-Bem, não é muita coisa. E, além do mais, não está completo. Está faltando uma última coisa.

-O quê?

-O final. O final feliz. –ele provocou.

Eu sorri.

-Vem aqui então. Acho que posso te ajudar com isso.

Eu o puxei para perto de mim e nós nos agarramos até ficarmos sem fôlego e em êxtase. O livro caiu das minhas mãos e foi parar no chão, esquecido por alguns momentos. Se minha curiosidade fosse qualquer indicação, a primeira coisa que faria pela manhã seria lê-lo. Mas não agora. Agora eu queria arrebatar Harry Potter e queria que ele fizesse o mesmo comigo. Na verdade, ele já estava fazendo isso.

Aquela foi uma das melhores noites da minha vida.

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Eventualmente, eu li o diário de Harry e tive a oportunidade de entendê-lo um pouco. Ele não estava em negação. Bem, não exatamente. Em sua maioria, ele estava com medo de amar. Quem não ficava? E ele havia acabado de sair de uma situação delicada, com a morte de Hagrid e tantas outras. Como ele explicara no diário, ele estava com medo de amar porque havia sofrido demais em nome do amor. Não apenas isso, mas o fato de se sentir atraído por mim, acima de todas as pessoas, não o ajudava a clarear seus pensamentos.

Eu estava feliz que ele havia superado aquilo. Estava contente que ele finalmente estava vivendo o presente novamente.

O tempo passou. Nós paramos de brigar como costumávamos. As únicas brigas que tínhamos eram quando jogávamos Quadribol, mas aquilo já era de se esperar. O maldito time dele havia ganhado e eu disse que ele havia trapaceado. É claro que ele não tinha, mas eu estava irritado naquela hora. Graças a Deus ele me perdoou apesar de seu orgulho – e do meu também – ter ficado no meio do caminho.

Eu não me importei quando a Grifinória ganhou a Taça das Casas. Eles fizeram uma grande festa depois de tudo para celebrar e eu me diverti bastante, especialmente porque Harry esteve comigo o tempo todo. A única coisa que estragou um pouquinho foi quando Charlie apareceu. Harry não gostou daquilo, mas eu lhe assegurei que ele não tinha nada com o que se preocupar. Meu coração era dele pela eternidade.

Quanto a Ryan, fico feliz em dizer que ele foi preso pelo Ministério e eu nunca mais ouvi falar dele.

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Hoje é o último dia de aula. Temos toda nossa vida pela frente. Hermione vai para Londres ser medibruxa. Ron irá com ela, ele quer tentar o exame para Aurores. Aqui entre nós, eu acho que ele vai conseguir. Não importa nossas diferenças, eu realmente gosto de Ron. Ele é um bom amigo. Um pouco irritante às vezes, mas um cara legal.

Hermione o está pressionando para que eles se casem. É muito engraçado observá-los. O rosto de Ron fica completamente vermelho quando a palavra casamento é mencionada. Eu acho que ele apenas está assustado com a responsabilidade, mas sei que eventualmente, eles irão se casar. É uma questão de tempo.

Quanto a Harry e eu, nós vamos dividir um flat em Londres. Ele foi convidado para jogar Quadribol pelo time da Inglaterra e o salário é muito bom. Eu acho que vou trabalhar para o Ministério. O Sr. Weasley me ofereceu um cargo em seu departamento. Ele e eu dividimos o mesmo interesse pelas coisas dos Trouxas. E ele é um cara engraçado também.

Dumbledore me ofereceu um trabalho como professor de Defesa Contra A Arte das Trevas e eu estou muito tentado a aceitá-lo. Porém, eu não veria Harry com freqüência. Esse é um grande problema...Um problema que eu ainda não sei como resolver.

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-Draco? –ouvi Harry me chamar.

-Sim?

Nós estávamos em seu quarto e eu estava olhando pela janela enquanto ele fitava suas próprias unhas. Havíamos chegado a um impasse. Deveríamos seguir por caminhos diferentes ou ficar juntos? A dúvida estava me matando.

-Você quer ficar em Hogwarts? –ele perguntou.

Suspirei.

-Eu não sei. Eu gosto de Hgwarts. Aqui é meu templo.

-Bem, você tem que decidir logo porque vamos embora amanhã! –ele disse, irritado.

-Dumbledore te ofereceu um emprego também! –respondi. –Por que não podemos ficar aqui? Você pode ensinar Quadribol às crianças e...

-Eu quero saber como é jogar pela Inglaterra! Eu quero viajar para lugares exóticos e diferentes.

-E quanto a mim, Harry? Eu não poderei ir aos lugares exóticos e diferentes com você. Já pensou nisso? Mesmo que eu trabalhe para o Ministério, não vou vê-lo com tanta freqüência.

-Vai me ver mais do que se ficar aqui!

-Você está sendo egoísta!

-Não estou! Você é o egoísta aqui! Eu sempre sonhei em jogar Quadribol pelo nosso país.

-Ah, isso é uma grande mentira! Esse é o sonho de Weasley, não o seu! Foi ele quem colocou essa idéia na sua cabeça e você concordou com isso. –eu gritei. – Você disse pra mim uma vez que queria ficar aqui, que seria mais do que feliz ensinando Quadribol às crianças. Você disse, Harry. Você disse que queria viver uma vida tranqüila e em paz. E agora você está me dizendo que quer ver lugares novos. Bom pra você. Se é isso o que vai te fazer feliz, então vai. Na verdade, eu quero que você vá. Já tomei minha decisão. Eu vou ficar aqui. Eu realmente gosto de Arthur Weasley, mas vou ficar aqui, Harry. Você pode me visitar quando quiser. Eu sempre estarei esperando por você.

Doía dizer aquilo, mas eu sentia que Harry deveria ir e eu deveria ficar. Aquele seria um grande teste para nós dois. Se ele ficasse, sempre se perguntaria como teria sido jogar pela Inglaterra. Então, ele me culparia por aquilo. E eu não queria isso. Eu queria que ele fosse. Eu queria que ele experimentasse aquilo sem mim. Eu não poderia ir com ele e ele sabia disso.

-Você é um desgraçado! Eu sei o que você quer. Você quer ficar aqui sozinho com Charlie.

Ah, aquilo era uma grande besteira!

-Eu não acredito que você disse isso! Não é verdade e você sabe disso, Harry. Você está sendo injusto.

-Estou mesmo?

Eu vi tanta raiva em seus olhos. Por que ele estava fazendo aquilo com a gente? Eu queria mandá-lo para o inferno.

-Quer saber? Apenas vá, Harry. Vá e seja feliz. Vou torcer por você.

Meus olhos estavam brilhando com lágrimas não despejadas e eu sabia que tinha que sair dali. O quarto estava me sufocando. A presença de Harry estava me sufocando.

-Adeus, Harry. –as palavras quase ficaram presas na minha garganta.

Eu abri a porta, mas ele a fechou violentamente com uma mexida de varinha.

-Essa conversa ainda não acabou. –ele afirmou.

-Ah, acabou sim!

Nos fitamos em desafio mútuo e silencioso. Ele queria que eu desistisse, mas eu não o faria. Não importava que meu coração estivesse partido e minhas lágrimas estivessem a ponto de cair. Não importava que ele parecesse repentinamente perdido e triste. Não importava que ele estivesse acariciando meu rosto suavemente.

-Por favor, Draco. Vem comigo.

-Eu não posso, Harry. Você sabe que eu não posso. Isso é algo que você quer experimentar, não eu. Eu já conheço metade do mundo. Costumava viajar bastante com meus pais. Eu gostaria que viajássemos juntos um dia, mas no momento eu quero ficar aqui. Eu quero ter um lugar onde posso chamar de casa.

-Você pode ter isso em Londres.

-Eu estaria sozinho em Londres. Você sabe disso, Harry.

-Você não estaria sozinho! Ron e Hermione vão estar lá.

-Não é a mesma coisa, Harry. Olha, eu já tomei a minha decisão.

-Mas...O que você quer que eu faça?

-Eu quero que você vá, Harry. De verdade. Se é isso o que você quer, vai atrás disso! Eu estarei aqui. Vou esperar por você.

Aquilo não soava como algo que eu diria, mas eu nunca soava como eu mesmo quando Harry estava por perto. Eu estava sendo sério a respeito daquilo. Eu esperaria por ele. A pergunta era: será que ele voltaria pra mim? Era um risco que eu tinha que correr. Eu precisava sair dali naquele momento, então eu o beijei com força.

-Eu te amo. –murmurei contra seus lábios.

Percebi que ele estava chorando. Eu estava chorando também.

-Eu não estou com raiva de você, Harry. E eu vou esperar por você. Se fomos destinados um para o outro, eventualmente ficaremos juntos novamente.

Eu o beijei mais uma vez, sentindo o gosto salgado das lágrimas dele misturadas às minhas em seus lábios.

-Adeus, Harry.

-Draco, por favor...

Ignorei seus protestos e pedidos e simplesmente saí.

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Harry viajou com o time de Quadribol. Eu não me despedi no dia em que ele foi embora. Eu simplesmente não podia. Aquilo seria pedir demais. Mas eu ouvi o barulho do trem partindo e chorei silenciosamente. Hermione ainda tentou me fazer ouvir a voz da razão e pedir para que Harry ficasse, mas eu estava determinado em deixá-lo partir. Se ele realmente me amasse, ele voltaria.

Por três meses eu esperei que ele voltasse ou ao menos entrasse em contato. Mas ele nunca nem me escreveu uma carta sequer! Eu também não escrevi para ele. Pra quê? Seria humilhante e eu não faria aquilo comigo mesmo. Eu estava feliz em Hogwarts. Eu gostava se ensinar e, cá entre nós, eu era muito bom nisso. As coisas não poderiam estar melhores.

É, tá bom.

Eu estava me sentindo miserável. Não que eu não gostasse de Hogwarts, eu gostava. E eu gostava dos meus alunos também. Mas sem Harry meus dias eram tão vazios. Sem ele, havia um grande vazio na minha vida e, conforme o tempo foi passando, esse vazio aumentou cada vez mais. Eu sentia tanto a falta dele que meu coração doía.

Charlie tentava me animar todos os dias e conseguia na maioria das vezes. O problema era quando eu ia pra cama, completamente sozinho. Então, as memórias minhas e de Harry juntos ficavam me atormentando infinitamente.

Pelo Profeta Diário eu descobri todas as notícias sobre Harry. Ele estava fazendo um grande sucesso. Alguns dos fanáticos pelo esporte escreveram que ele era o melhor apanhador do século. Eu acreditei. Ele realmente era. E ele estava viajando bastante. Só esperava que estivesse se divertindo.

Não, não de verdade. Eu esperava que ele estivesse tão miserável como eu estava! Esperava que ele fosse para cama todas as noites sentindo como se fosse morrer de tristeza porque era exatamente assim que eu estava me sentindo. Eu esperava que ele estivesse sentindo a minha falta como eu sentia a falta dele.

Eu queria...eu queria que ele estivesse comigo.

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Cinco meses. Era Domingo e não havia nada pra fazer. Charlie havia me convidado para ir a Hogsmeade, mas eu não tinha vontade de fazer nada. Decidi dar uma caminhada pelo lago. O céu estava nublado, o que era ainda melhor. Eu adoraria sentir a chuva no meu rosto. Conforme andava, finas gotas começaram a cair do céu. Em um minuto, começou um temporal e logo eu estava encharcado. Porém, não me importei. Continuei caminhando, como se nada estivesse acontecendo.

Pensei em Harry. Bem, eu estava sempre pensando nele. Mas dessa vez era diferente. Dessa vez eu estava pensando em abandonar tudo e ir atrás dele. Estava a ponto de desistir do meu orgulho. Pensei na canção de Billy Myers novamente. Se encaixava bem com o momento. Harry estava longe e eu estava beijando a chuva. Estava chorando, mas ninguém poderia dizer porque as lágrimas estavam se misturando à chuva.

Eu odiava chorar. Não combinava comigo chorar o todo tempo. E eu não chorava o tempo todo. Era só que eu estava me sentindo deprimido naquele dia... Eu havia acabado de saber que Harry havia encontrado alguém. Uma modelo que era sua fã número um. Uma vaca que eu nem me importava em saber o nome.

Harry não me amava. Ele tinha uma vida excitante agora, provavelmente nem se lembrava de mim. Aquele moleque! Eu deveria ensinar uma lição a ele! Ninguém me ignorava e continuava vivo para contar a história. Talvez eu devesse começar a sair com Charlie. Ron com certeza contaria a Harry. Mas então Harry teria a chance de jogar na minha cara que eu havia ficado por causa de Charlie, o que não era verdade mesmo. Humm... ainda assim... eu tinha que pensar em alguma coisa.

Não, eu não rastejaria e pediria para ele voltar. Não pediria para que ele me aceitasse de volta também! Pode esquecer isso, Draco! Você se lembra quando costumava ter orgulho? Ainda está aí, em algum lugar, entre seus sonhos despedaçados e seu coração partido.

De repente, eu ouvi passos atrás de mim. Só poderia ser Charlie, tentando colocar algum juízo na minha cabeça. Me virei para mandá-lo ir embora e vi Harry caminhando na minha direção. Meu coração parou. Talvez ele fosse uma miragem. Ou talvez eu estivesse perdendo o juízo, finalmente. Ele continuou a se aproximar e eu apenas esperei. E então...

-Não posso acreditar em você! O que diabos você está fazendo aqui no meio dessa merda de chuva? Eu não pude acreditar quando Dumbledore me disse que eu provavelmente o encontraria aqui! Está tentando ficar doente? Ou talvez você esteja tentando ser acertado por um raio! É isso? –ele gritou. –Você tem vontade de morrer ou algo do tipo?

Tudo bem, o que era aquilo tudo? O cara havia ficado fora por cinco meses e agora ele se achava no direito de gritar comigo e me dizer o que fazer da minha vida. Há! Pros diabos que ele podia! Pelo menos eu sabia que não se tratava de uma miragem. Uma miragem não gritaria daquele jeito. Uma miragem iria me beijar. Afinal de contas, miragens devem ser boas, certo?

Abri minha boca para falar alguma coisa, mas estava ultrajado demais para dizer qualquer coisa.

-Eu viajei de tão longe até aqui! Você sabe onde eu estava? Estava no Japão! Estou cansado e tudo o que quero é um lugar bom e quente para descansar! Então Dumbledore me disse que você estava aqui e agora olhe pra mim! Estou totalmente ensopado e a culpa é toda sua! –ele continuou com suas estúpidas acusações.

-Vai pro inferno, Potter! Qual é o seu problema? Nós não nos vemos há meses! Eu esperava que você estivesse menos nervoso. E eu sou a Drama Queen. Se você está assustado com uma chuvinha de nada, então volta pro castelo. Na verdade, você não tinha que vir atrás de mim. Por que diabos está aqui mesmo? Se me lembro bem, você não me escreveu e eu não ouço nada de você já há um tempo. –então eu me lembrei das notícias sobre ele e a tal modelo idiota. –Se você está aqui para me dizer que vai se casar com uma maldita modelo bulímica, eu te enfeitiço, Harry! Não pense que eu não teria coragem de fazer isso!

-Modelo? Que modelo? –ele pareceu pensativo por um momento e então disse. –Ah! Você está falando sobre Sharon, certo?

-Eu não dou a mínima pro nome dela! Na verdade, eu não quero ouvir nada sobre ela.

-Não estou aqui por causa da Sharon. Ou talvez esteja.

ARGH! Eu poderia matá-lo. Em um minuto ou dois. Primeiro, eu queria olhar decentemente para ele. Ele estava tão... ai meu Deus! Ele estava tão maravilhoso! Visitar lugares exóticos e distantes havia feito tão bem a ele. Seus cabelos ainda estavam bagunçados – o que era parte de seu charme – mas estava um pouco mais comprido que antes. Ele usava calça jeans e uma jaqueta de couro marrom sobre uma camisa verde-escuro. As roupas pareciam se encaixar perfeitamente no corpo dele. Os lábios, o nariz delicado e os olhos verdes como esmeraldas que eu amava tanto ainda estavam tão lindos como eu me lembrava. Como eu senti falta dele!

-Olha, provavelmente você viu nossa foto juntos no Profeta Diário. Não é bem o que parece.

-Nunca é! –sorri, com escárnio.

-Não, estou falando a sério. Sharon era na verdade muito irritante e não aconteceu nada entre nós. A única coisa boa que ela fez foi me lembrar de como eu sentia falta daqui. –ele suspirou. –Odeio admitir, mas você estava certo. Ser um jogador de Quadribol não era meu sonho, era o de Ron. –ele disse, amargamente. –Mas eu tinha que ir e você estava certo sobre isso também. Droga! Você estava certo sobre a coisa toda! Espero que esteja feliz porque eu falhei miseravelmente.

Feliz? Não. Muito longe disso, pelo contrário. Muito, muito longe. Do que diabos ele estava falando?

-Por que está dizendo que você falhou? –perguntei. –Eu não entendo, Harry. Todos amam você. Você é mais famoso que Krum! Você ainda não perdeu nenhum jogo! Do que diabos está falando, Harry? Você não falhou...longe disso! Por que...

-Sim, eu falhei. Não importava quantas vitórias eu tinha, no final do dia, não havia ninguém para compartilhar aquilo comigo. Os caras do time eram legais, mas nenhum deles era você. Toda maldita noite eu olhava pra cama, apenas para encontrá-la vazia. Eu senti tanto a sua falta. E senti falta desse lugar também. Você disse que eu não te escrevi, mas isso não é verdade. Você não escreveu pra mim! Nem uma vez! Mas eu te mandei tantas cartas, que perdi a conta!

-Isso é uma grande mentira! Você não escreveu, Harry. Eu sou honesto o suficiente para admitir que não escrevi pra você.

Espere. Pare tudo. Ele havia sentido a minha falta! Humm... não, aquilo não era suficiente. Ele teria que rastejar aos meus pés.

-Mas eu te escrevi! Eu juro!

-Então, onde estão as cartas?

E, como num passe de mágica, Edwiges apareceu e jogou uma pilha de cartas na minha mão, todas endereçadas a mim. Rapidamente coloquei-as dentro das minhas vestes para que não ficassem molhadas. Eu fitei a coruja com incredulidade e Harry fez o mesmo. Ele provavelmente estava mais irritado que eu porque seu rosto estava tão vermelho que eu pensei que ele fosse explodir.

-Edwiges! Por que você não entregou as cartas ao Draco? O que diabos há de errado com você?

Edwiges piou alto e voou para longe, nos deixando confusos.

-Aquela coruja é maluca! –Harry gritou.

-Talvez...talvez ela só quisesse que você voltasse.

-Ainda assim... não faz sentido.

Eu dei de ombros. Como poderia saber como a mente de uma coruja agia? Honestamente.

-Já pensou em terapia? –fiz uma piada.

-Terapia? –ele me olhou com confusão.

-Sim, para Edwiges.

Ele me olhou impressionado e ambos caímos na gargalhada no instante seguinte.

-Esse é um pensamento engraçado. – ele disse.

-É sim.

-Eu acho que ela sentiu falta de Hogwarts. E acho que ainda está brava comigo.

-Então ela resolveu fazer greve.

Ele sorriu.

-Parece que sim.

Nossos olhos se encontraram e sua mão subiu para alcançar meu rosto.

-Senti sua falta. Estava miserável sem você. –ele confessou. –Não posso viver sem você. Infelizmente, eu ainda tenho cinco jogos pela frente, então eu tenho que voltar para Londres em uma semana, mas depois que a temporada acabar, eu serei o novo professor de Quadribol de Hogwarts. Já falei com Dumbledore e a Madame Hooch ficou bem feliz em me ver. Ela quer se aposentar.

-Você voltou pra mim então. –disse, com um enorme sorriso nos lábios. Não consegui me controlar.

Ele parecia tão adorável que eu não consegui resistir.

-Eu te amo, Draco. Espero que não seja tarde demais para nós. Eu sei que você está com Charlie...

-Quantas vezes eu tenho que te dizer que Charlie é apenas meu amigo?

-Bem, ele é bem mais atraente que eu. Eu não poderia culpá-lo se você escolhesse ficar com ele. Claro que isso não me impediria de odiar vocês dois. –ele me puxou para perto e nossos lábios roçaram um no outro. –Você está maravilhoso. Senti falta dos seus lábios. Não existe nada mais suave que seus lábios, Draco. E nada mais saboroso também.

Nos beijamos. Era tão bom sentir os lábios dele contra os meus depois de tanto tempo. A boca dele procurou pela minha com desespero e eu apenas me rendi.

-Você ainda me ama, Draco? –ele perguntou, em um sussurro.

-O que você acha? É claro que eu ainda te amo, Harry.

Nos beijamos mais uma vez. Estava tão feliz que mal podia descrever. Finalmente Harry e eu ficaríamos juntos. Bem, ele teria que voltar para Londres em breve, mas logo ele estaria comigo. E eu sabia que dessa vez era de verdade. Eu vi a verdade nos olhos dele. O abracei apertado.

-Eu te amo tanto... –murmurei. –Por favor, não me deixe de novo... – Droga! Eu estava implorando.

-Não vou. Não poderia. E eu descobri isso da maneira mais difícil. –ele me beijou suavemente. –Será que podemos ir para um lugar seco? Não me entenda mal, você fica muito bem com as roupas grudadas no corpo desse jeito, mas essa chuva está me irritando! Sem mencionar que ela está estragando meus óculos!

Ele os havia tirado por um momento logo que chegara. Ele ficava lindo na chuva. Eu tinha uma fantasia com Harry na chuva. Fantasiei esse momento desde o dia em que o havia visto tomar banho no meu quarto. Harry Potter e a chuva eram uma combinação tão deliciosa. Eu o puxei para perto do meu corpo e sussurrei no ouvido dele tudo o que queria fazer. Conforme as palavras iam saindo da minha boca, ele ia ficando cada vez mais excitado. Eu queria lamber cada gota de chuva que caía naquela pele macia.

-Eu acho que a chuva não é tão ruim assim. –ele murmurou enquanto eu o acariciava mais intimamente.

-É... –eu murmurei em resposta.

E lá estava eu, beijando Harry Potter na chuva, e não havia nada mais perfeito que aquilo.

The End

É, final mesmo. The End. That's It. I'm Leaving The Building. Mas próximas fics lindas da Blanche estarão por vir e eu sempre me aventurarei em Harry Potter! Obrigada a todos pela leitura, pelas reviews, pelo apoio. Vocês são demais. Os prêmios pelas reviews estão bem aqui, podem pegar! Até mais!