Capítulo I
Sabia que aquele seria o último dia de batalha. Os comensais não gostaram nada dessa notícia. Era do conhecimento de todos que Voldemort não tinha forças suficientes para derrotar Harry.
Vigiava o Beco Diagonal como seu "mestre" tinha mandado; mesmo que visse aurores se aproximando não avisaria a Voldemort, estava cansado daquela situação de adoração a um homem cujo corpo estava em avançado estado de decomposição e que não tinha mais força nenhuma para enfrentar ninguém.
Estava quase cochilando, tamanha era a falta do que fazer, quando sentiu o braço queimar. Voldemort estava chamando. Agora seria a hora do tudo ou nada, apesar de ter quase certeza que seria nada, mesmo assim foi até o Mestre.
Assim que aparatou na Mansão Riddle, agora "QG" dos comensais, viu vários raios de luzes e gritos. Enfim estavam lutando. Entrou e começou a lutar junto com os outros comensais. Na verdade, não sabia em que lado lutar, estava atingindo mais comensais do que aurores. Odiava os comensais e os aurores também, por isso, naquela última batalha, atingiria o máximo que pudesse de cada um deles.
Nunca tinha proferido tantos Avadas em toda a sua vida, era incrível como adorava aquilo. Sentia-se invencível. Até que uma dor aguda tomou conta da sua cabeça. Tudo ficou escuro. Tinha certeza que ainda estava vivo, pois mexia os braços e as pernas normalmente, o problema era sua cabeça, doía muito. Tentou chegar em um local calmo, mas era quase impossível, já que não conseguia enxergar nada. Andava desesperado, até que sentiu algo o atingir. Uma dormência tomou conta do seu corpo, até que sentiu a queda. Depois não sentiu mais nada, apenas uma sensação de paz...
Sentiu que estava deitado em algo muito fofo. Uma nuvem? Sim, ele tinha ido para o céu! Sabia que Merlim não o decepcionaria! Abriu os olhos, mas ainda estava tudo escuro. Moveu um dos braços e levou a mão até os olhos. Sentiu um pano os cobrindo. Não era possível que tinha dedo de Voldemort naquilo; não era possível que tinha sido pego e agora seria castigado. Tentou tirar o pano, mas uma voz o impediu:
"Sr.Malfoy, não mexa aí."
"Quem é?"
"Eu sou enfermeira deste Hospital. Por favor, não tire o curativo."
"Curativo? E eu preciso de curativos, sua louca?"
"Claro que precisa, Sr.Malfoy. Agora, mantenha sua mão longe do curativo ou vou ter que amarra-lo na cama?"
Draco não respondeu, apenas tirou as mãos dos olhos.
"Muito bem. Bom menino."- disse a enfermeira- "Agora tome essa poção."
Ele obedeceu e em poucos segundos adormeceu novamente.
Acordou e novamente estava tudo escuro. Sentiu-se muito incomodado. Odiava o escuro, porque não podia ver o que os outros estavam fazendo contra ele. Sentou-se na cama e julgando que ninguém estava vendo, levou uma das mãos aos olhos, mas alguém ao seu lado o impediu:
"Malfoy, não mexa aí."- disse uma voz feminina, muito diferente da que falou com ele mais cedo.
"Por que?"
"Você foi atingido por um feitiço. Os seus olhos foram a parte mais atingida. Você já tomou o antídoto, mas para ter mais efeito é necessário que seus olhos continuem cobertos por essas gazes."
"E você quem é? É a médica?"- disse arrogante.
"Não. Sou a enfermeira."
"Ah, pelo amor de Merlim, quem é você para me dar ordens?"- disse Malfoy mexendo nas gazes.
"Malfoy, eu não repetirei."
Vendo que o rapaz não obedecia, proferiu um feitiço que amarrou os braços de Draco na cama.
"Solta meus braços."
"Não. Eles ficarão assim até o doutor mandar tirar."
"Você não sabe quem é meu pai. Ele vai fazer você pagar por essa ousadia."
"Eu sei quem é seu pai, querido. Lúcio Malfoy, comensal da morte, mas eu suponho que hoje ele não seja nada além de um corpo sem alma."
"O quê?"- Draco gritou.
"Sim, ontem os dementadores o beijaram. Que romântico, não?"
"Como? Ele foi preso?"
"Sim. Há um mês ele foi preso, quando Voldemort foi derrotado."
"Eu estou aqui há um mês?"
"Sim. A sua situação era crítica até uns dias atrás. Mas eu não tenho permissão para falar sobre isso. Logo mais o médico virá vê-lo. Agora tenho que ir, Malfoy. Até mais."- disse e logo depois Draco ouviu a porta se fechando.
Então seu pai morrera? Não podia dizer que estava triste, o odiava. Mas e sua mãe? Será que também tinha morrido? E aquela enfermeira? Sabia que conhecia aquela voz, talvez tenha sido alguma mulher que tenha conhecido pela noite, claro, conhecia várias.
Pensou em várias coisas ao mesmo tempo, até sentir-se muito cansado e dormir novamente.
Ginny tinha escolhido ser enfermeira desde o dia em que foi visitar o seu pai no St.Mungos (quando ele foi picado por uma cobra). Achava aquela profissão tão fascinante, só não esperava que logo seu primeiro caso, oficialmente, como enfermeira seria cuidar do Malfoy.
Estava com 20 anos e não via Draco desde os 16, quando ele terminou Hogwarts e partiu para sua vida de comensal. Ela também se envolvera na Guerra, mas lutou ao lado de Harry, nunca teve a oportunidade de enfrentar Draco, até porque sabia que se isso tivesse ocorrido, um dos dois não estaria vivo para "contar a história".
Logo quando soube que cuidaria de Draco teve vontade de desistir da profissão. Só podia ser uma prova de fogo, aquela... como tentaria ajudar alguém que desejava a morte?
Assim que entrou no quarto que Draco ocupava sentiu-se mal, mas ignorou o sentimento e assim como foi mandado, sentou-se na cadeira ao lado da cama de Draco e esperou o rapaz acordar.
Olhou-o detalhadamente, parecia tão frágil quando dormia. E bonito também. Quem sabe até atraente. Ah, mas não ia ficar pensando nessas coisas... afinal, ele era seu paciente. Pensou em como ele reagiria com a notícia que o Dr. Lynn daria a ele...e a julgar pela prepotência de Malfoy quando recebeu uma ordem sua, ele reagiria muito mal.
Assim que saiu do quarto de Malfoy, resolveu ir para sua sala, descansaria antes de ter que realmente cuidar de Draco.
"Sr.Malfoy?"- disse uma voz masculina.
"Sim?"- respondeu Draco abrindo os olhos, embora a escuridão ainda fosse tudo o que 'via'.
"Hoje vamos tirar o seu curativo. Está pronto?"
"Ah, claro"- disse Draco alegre.
O médico começou a tirar as gazes. Draco ficava mais feliz a cada volta que o médico dava. Depois de alguns minutos o médico parou e o rapaz disse:
"Dr. Por que não tira o resto?"
"Bem, Sr. Malfoy, creio que já tirei tudo."
Draco tateou os olhos, realmente estavam sem nada cobrindo.
"E como eu não vejo nada?"
"Sr.Malfoy, sinto dizer que... bem... o feitiço que o atingiu...o deixou cego."
"O QUÊ?"
"Acalme-se. Isso pode ser temporário."
"Quanto tempo?"- disse Malfoy desesperado.
"Um dia...uma semana... não sabemos...mas também pode ser permanente."
"Vocês são um bando de incompetentes! Como podem não saber?"
"É a primeira vez que alguém tem esse tipo de problema, ou seja, cegueira por causa de um feitiço. Tenho que ir agora. Daqui a pouco a enfermeira vem ficar com você. Até mais."- dizendo isso, saiu.
Draco ficou sentado na cama pensando em como seria dali para frente. Estava inutilizado. Pela primeira vez na vida sentiu vontade de chorar. Poderia ter ficado sem as pernas ou sem um braço, mas a visão era o mais importante de tudo.
Ouviu a porta do quarto bater, então disse:
"Quem está aí?"
"A enfermeira que vai cuidar de você."
"Ah, você."
"Sim, eu. Bem, vou me apresentar: Meu nome é Ginny."
"Ginny o quê?"
"Não interessa, Malfoy. Apenas saiba que é Ginny."
"Hm...esse nome não me é estranho. Você estudou em Hogwarts?"
"Sim."
"E era sonserina?"
"Não interessa, Malfoy. Nossa relação aqui é estritamente profissional."
"Meu pai diz que se conhece alguém pelo seu sobrenome."
"Mais uma vez seu papai errou, Malfoy."
"Quem é você para falar assim dele?"
"Eu o conheci e ele me fez muito mal, uma vez. Mas agora se deite ou vou ter que utilizar minha varinha para faze-lo dormir."
Draco obedeceu e sem muito esforço adormeceu novamente.
Nota da Autora: Bem, mais uma fic...primeiro capítulo não está muito bom, mas creio que vai melhorar nos próximos...por favor, se puderem, deixem reviews...Beijos...
Manu Black
