Capítulo II

Acordou sentindo-se um pouco melhor. Estaria ótimo, se tudo o que visse não fosse escuridão. Ajeitou-se na cama e pensou em como iria até o banheiro (se por acaso existisse um naquele quarto imundo). Tirou as cobertas e sentou do lado direito da cama. Procurou (com os pés), um par de chinelos. Não tinha. Resolveu ir descalço mesmo. Levantou-se e pensando que estava andando em linha reta, seguiu até bater a cabeça na parede.

"Droga!"- gritou, massageando a região afetada.

Depois de 'recuperado', continuou andando até bater de novo na parede. A cena se repetiu várias vezes, até a porta do quarto ser aberta. Draco ouviu passos se aproximando e logo em seguida, a mesma voz feminina falou:

"Malfoy, quem mandou você sair da cama?"

"Ninguém manda em mim, sua incompetente!"

"Ah é? Pois quero ver você fazer isso sozinho."

Draco preparou-se para andar, mas mais uma vez chocou-se com a parede.

"Que quarto é esse? Isso aqui é um cubículo! Eu sou um Malfoy! Posso pagar uma suíte nessa joça de Hospital!"

"Primeiro, você está num Hospital, não em um Hotel, logo aqui não tem suítes. Segundos, eu pensaria duas vezes antes de dizer que você pode pagar coisas caras. E por fim, você está cego, Malfoy, aceite que precisa de ajuda a partir de agora."

"Eu estou pobre? É isso que você está querendo dizer?"

"Não só estou querendo, como já disse. Você está pobre. Todos os seus bens foram confiscados pelo Ministério da Magia."

"E com qual direito eles fizeram isso?"

"A maioria dos seus bens foram adquiridos de maneira ilícita, Malfoy. Mas não se preocupe, pode ser que eles sejam bonzinhos e sobre alguma coisa para você. Agora, vamos, volte para a cama."

"Eu não vou voltar para a cama."

"Ah sei, vai fugir?"

"HaHa, você é muito engraçada! Eu preciso ir ao banheiro."

"Certo, segure meu braço."

"Eu até seguraria se enxergasse onde ele está."

Draco sentiu um braço por baixo do seu, a mulher disse:

"Pronto. Vamos."

Andaram um pouco até uma porta ser aberta e a mulher dizer:

"Pronto, vou ficar aqui fora. Quando terminar me chame."

Draco tateou o objeto que estava a sua frente. Era a pia. Abaixou-se e lavou o rosto. Percebeu que havia um espelho na parede e sentiu falta de não poder se ver no espelho. Como viveria sem ver aquele belo rosto de manhã cedo? (N/A: narcisismo? Huahauahauahauahuahauaahuahauahaua) Foi tateando todo o cômodo até encontrar a parede. Abriu-a e logo a enfermeira foi ao seu encontro:

"Certo. Agora, vamos até a cama."

Ele obedeceu, sentando-se apoiado na cama.

"Vou buscar seu café. Não saia daí. Se me desobedecer, vou amarra-lo na cama."

Saiu e logo em seguida voltou, trazendo a bandeja do café.

"Aqui está o café. Dê-me sua mão."

"Ah, não me diga que vamos agradecer à Merlim pela comida?"

"Não, se bem que você deveria fazer isso sim, mas vou dizer quais são os alimentos da bandeja."

Draco estendeu a mão e a mulher foi dizendo o que era cada alimento que ele tateava.

Depois do café, pediu à enfermeira que lesse o jornal para ele. A mulher lia o Profeta Diário e acrescentava alguns comentários, o que para Draco era muito mais divertido do que ler sozinho.

Logo chegou o almoço e assim como o café, a enfermeira dizia o que era cada alimento que ele tateava.

Á tarde foi levado para o pátio onde ficavam os outros doentes. O fato de ouvir várias vozes ao mesmo tempo sem poder ver quem falava, o deixava perturbado. Por isso, desejou estar no seu quarto, ouvindo somente a voz da enfermeira chata.

Quando já estava muito perto de enlouquecer, ouviu a voz da enfermeira e deu graças a Merlim por isso.

"Gostou dos seus companheiros?"

"Adorei! Principalmente porque eles falam todos de uma vez, me deixando perturbado."

"Ah, eles não sabem do seu problema."

"Como assim?"

"Os outros doentes não sabem que você está cego, por isso eles falam como você fosse igual a eles."

"Você acha que um dia eu vou poder enxergar de novo?"

"Claro, Malfoy. Agora, sente-se na cama. Vou buscar seu jantar."

Depois do jantar a enfermeira despediu-se e Draco sentiu-se muito sozinho. Perdera o pai e possivelmente a mãe, não tinha bens, não tinha amigos e por fim, perdeu a visão. Não passava de um inútil. Queria tanto ter morrido na Guerra. Por que viveu? Era mau em tudo que fazia. Talvez Merlim tivesse achado a morte um prêmio para ele e agora estava pagando tudo de ruim que fizera.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxDraco/Ginnyxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Estava cuidando de Draco há quase três meses e começava a perder as esperanças de que ele um dia voltasse a enxergar. Sabia que uma parte do problema do rapaz era psicológico, ele talvez não quisesse ver a vida agora e por isso não conseguia enxergar.

Pensava em formas de ajuda-lo, mas tinha recebido ordens do Dr.Lynn para fazer apenas seu trabalho ( alimentar Draco e leva-lo para o pátio).

Passou noites em claro tentando desvendar aquele problema, mas considerava impossível. Seu cansaço era tão visível que sua mãe, um dia, disse:

"Ginny, o que está havendo?"

"Nada, mamãe, por que?"

"Você parece exausta."

"Estou tentando resolver um problema é impossível."

"Que problema? É o Malfoy, não é?"

"Sim. Ele continua na mesma e não sei se o caso dele tem solução, mamãe."

"Deixe que o médico cuida disso. Você é a enfermeira, seu trabalho está sendo feito. Agora coma, já está tarde."

Alimentou-se e logo em seguida foi para o St.Mungus. Passou na Sala das Enfermeiras apenas para pegar o prontuário de Draco e logo seguiu para o quarto do rapaz.

Assim como nos outros dias, o levou até o banheiro. Enquanto Draco tomava banho, Ginny olhava o prontuário, procurando novidades. Até que encontrou uma: o rapaz seria operado em vinte e quatro horas. Decidiu dar a notícia somente no fim do dia, aquilo poderia prejudicar o estado dele.

Draco saiu do banheiro, sentou-se na cama e esperou Ginny trazer o café. Pela primeira vez ele fazia aquilo tudo sozinho e ela percebeu que talvez ele não precisasse mais tanto dela. Por algum motivo, sentiu-se triste. Tentou afastar aquela idéia da cabeça e foi buscar a refeição dele. Colocou a bandeja de frente a ele e sem ajuda dele, alimentou-se normalmente.

Logo depois leu as notícias do Profeta Diário, mas parecia muito menos animada do que nos outros dias.

"O que houve, Ginny?"

"Nada.Estou cansada."

"Eu estou tomando muito do seu tempo, não é?"

"Claro que não."

"Eu sei que estou. Deve ser muito chato cuidar de um cara inválido como eu."

"Draco, não é isso..."

"Olha, Ginny, você tem me ajudado muito e eu agradeço. Mas eu acho que não preciso mais dos seus cuidados."

Nunca pensou que aquilo a magoaria tanto. No dia que soube que cuidaria dele quis, realmente, se matar. Mas o tempo passou e os dois começaram a se entender (como amigos, claro) e agora ele a dispensava. Não só ela, mas sua amizade.

"Tudo bem, Draco. Se você não precisa mais de mim, eu vou embora."- disse levantando-se.

"É...bem...obrigado por tudo..."

"Certo. Até mais!"- disse fechando a porta logo em seguida.

Foi para a Sala das Enfermeiras e deu graças a Merlim por não ter ninguém lá. Sentou-se em uma poltrona e chorou muito. Não entendia o porquê de tal atitude, apenas sentia-se mal, talvez por Draco ser seu primeiro paciente ou talvez por já sentir falta do dia que passava com ele. Mas talvez fosse pelo simples motivo de sentir falta dele.

Pensou um pouco e lembrou dos momentos que passaram juntos, ora conversando sobre as novidades no Mundo Mágico, ora ensinando Draco a andar sem ajuda de ninguém.

Então chegou a conclusão de que talvez estivesse atraída, mas só um pouquinho, por Draco. Mas se era só um pouco, porque sentia tanta angústia, como se tivesse perdido uma parte de si?

Tentou afastar aqueles pensamentos quando a enfermeira-chefe entrou na Sala:

"Ginny, você não devia estar cuidando do Malfoy?"

"Sim, mas ele não precisa mais de mim."

"Pelo amor de Merlim, Ginevra. Ele precisa de você! Seu dever é estar lá com ele."

"Ele sabe se mover sem minha ajuda."

"Mesmo assim. Volte para lá, mesmo que fique sem ele perceber. Depois, avise-o sobre a operação."

Ginny concordou e voltou para o quarto de Draco. Abriu a porta cuidadosamente, torcendo para que ele não ouvisse.

"Tem alguém aí?"- disse Draco

Nada.

A porta se fechou e o rapaz falou:

"Eu sei que entrou alguém, responda."

Vendo que não obteria resposta, levantou-se e foi até a poltrona que ficava de frente à sua cama. Ajoelhou aos pés de Ginny e ergueu uma mão.

"Eu sei que tem alguém aqui."- disse aproximando a mão do rosto da mulher.

Tocou toda a face dela, tateando, assim como fazia com os alimentos ou com as paredes. Aproximou o rosto e aspirou o ar, bem próximo ao rosto de Ginny, estava tentando sentir seu cheiro.

A cada toque dele, prendia mais a respiração, era como se fazendo isso pudesse reprimir todos os sentimentos que a perturbavam.

"Ginny, eu sei que é você."- disse, para Ginny sua voz parecia um pouco rouca e sensual.

Nada.

"Por que você não responde? Eu não posso vê-la, mas posso sentir sua presença."

"Sim, sou eu, Draco."- disse, enfim respirando de novo.

"Por que não respondeu?"- falou sem tirar as mãos do rosto da mulher.

"Você disse que não precisava mais de mim."

"Foi você que disse que estava cansada."

"Sim, mas não de cuidar de você. Eu disse isso porque percebi que agora você já aprendeu a se virar sozinho, não precisa mais de mim."

"Ginny"- disse rindo um pouco- "graças a você eu não me sinto mais tão inválido. Eu posso ver, a partir dos meus outros sentidos. Hoje, mais do que antes, eu preciso de você. Não para andar ou para comer, mas para viver. Você é a única pessoa que eu tenho."

"Mentira. Você tem o Snape, seu padrinho."

"Mas eu não quero beijar o Severo." (N.A: mas eu quero, meu filho...hauahuahauahaua)

Ginny ficou boquiaberta. Cogitava a possibilidade de algum problema auditivo e conseguiu dizer apenas um inaudível "O quê?".

E sem esperar mais, Draco a beijou. Assim como fez com as mãos, tocou a boca dela com a sua como se quisesse sentir o sabor que tinha. Depois aprofundou o beijo explorando cada pedacinho da boca dela com a língua. O beijo parecia ficar mais intenso a cada segundo que passava. Ginny começava a sentir um calor percorrendo todo o seu corpo, quando alguma parte de si (talvez o cérebro) dotado de um restinho de sensatez, a lembrou que Draco era seu paciente e que nem mesmo sabia seu sobrenome (quando soubesse logo desistiria da idéia de que gostava dela). Afastou-se de Draco, relutante e disse:

"Não faça mais isso!"- falou querendo justamente o contrário.

"Por que? Logo depois que eu sair daqui nós podemos nos casar!"

"Não, Draco. Isso nunca vai poder acontecer."

"Por que?"

"Um dia você vai saber. Agora tenho que ir."- disse indo até a porta.

"Ginny."

"Ah, amanhã você será operado."- disse abrindo a porta.

"Pelo menos você estará lá comigo?"

"Sim."- disse saindo logo em seguida.

Foi para a Sala das Enfermeiras, pegou suas coisas e foi para casa. Descansaria muito, pois sabia que a partir do dia seguinte, tudo mudaria entre eles.

E não seria para melhor.

Nota da Autora: HuaHuaHua...Manu Black é má...sim...podem querer me matar...:P Mas o próximo capítulo vai ser ótimo (hahahahahha...ainda nem escrevi e to dizendo isso), por isso não deixem de ler..no mínimo 10 reviews ou nem tem 3o. capitulo...hauahauahaua...

Agradecimentos:

Em virtude da minha gripe, não farei um agradecimento detalhado, pq to com dor de cabeça e uma dor e garganta dos infernos, mesmo assim vou colocar o nominho de quem comentou: Hermione J G Potter, Rema, Rafinha M. Potter, Fefs Loka Malfoy, -Bem-Te-Vi-, Babi, Lanuxa, Lou Malfoy e ChunLi Weasley Malfoy: VALEU, GENTE...MUITO OBRIGADA...CONTINUEM LENDO, POR FAVOR E MANDANDO REVIEWS PLEASEEEE... :)

Na próxima, Tia Manu estará curada (não é possível que não) e fará um agradecimento decente...

Beijos!

Manu Black.