N/A: Olha só, dessa vez eu fui bem rápido. Acho que é porque a fic está acabando... Opa, não devia ter contado isso... Enfim, espero que vocês gostem desse capítulo!

Procurando Ginny

Capítulo 8 – Recompensas e Decepções

- Eu telefonei para o hotel de Remus ontem à noite, ele quer nos encontrar hoje, na hora do almoço, em frente ao Museu Reina Sofia.

Eles estavam tomando café num lugar chamado Museo Del Jamón, que parecia ser muito popular.

- E como vamos até lá? - perguntou Ginny.

- Metrô. Pegamos na Plaza Mayor e desceremos em Atocha(1). - respondeu Neville.

Ele já tinha feito todo um plano, provavelmente com a ajuda de Lizbeth. Terminaram de comer e saíram dali; o restaurante parecia cada vez mais cheio de madrileños ocupados e atrasados.

Passearam por Madri durante um tempo, foram à Puerta Del Sol, uma praça famosíssima perto da Plaza Mayor, e na hora do almoço, desceram do metrô praticamente em frente ao Museu.

- Escutem, acho melhor eu ir falar com ele primeiro. - disse Neville. - Fiquem aqui, conversarei com ele e depois o trago aqui.

- Está bem. - disse Ginny. - Mas leve Lizbeth com você, ela pode explicar uma porção de coisas.

Neville assentiu, e ele e a namorada deixaram Draco e Ginny ali, sozinhos. Seguiram para a entrada do Museu, e o moreno avistou Remus parado ali, vestindo uma calça preta e uma camisa verde. Ele olhava ao redor como se o procurasse, e logo o avistou também. Acenou, e se encaminhou em direção ao casal.

Remus Lupin estava bem grisalho, mas não sustentava mais a aparência cansada e cheia de pesar da época em que Neville era estudante de Hogwarts. Logo após o término da guerra, ele havia se casado com Nimfadora Tonks, prima de seu grande amigo Sirius Black. O próprio Sirius havia sido o padrinho, juntamente com Hestia Jones, sua mulher. Sirius havia sido dado como morto depois de um episodio envolvendo Voldemort e o Departamento de Mistérios, mas depois de tudo esclarecido, todos ficaram sabendo que havia sido um plano de Dumbledore para que o animago pudesse capturar Peter Pettigrew e provar sua inocência(2).

O lobisomem se aproximou deles com um sorriso. Deu um abraço em Neville, que disse:

- Remus, essa é minha namorada, Lizbeth Morgan. Liz, esse é Remus Lupin.

Os dois apertaram as mãos, e Remus perguntou:

- Você parecia um tanto urgente na carta, Neville. Aconteceu alguma coisa?

- Aconteceu, para falar a verdade. - ele olhou para a namorada, que o encorajou com um aceno de cabeça. - Não sei se você sabe, Remus, mas eu vivo na África do Sul com Draco Malfoy, ele é meu amigo agora.

- Sim, Dumbledore me disse que vocês trabalham em um zoológico lá.

- Algumas semanas atrás, nós dois conhecemos Lizbeth e uma outra mulher, Dominique Vallosh. O que acontece é o seguinte... Dominique perdeu a memória dez anos atrás, não se lembra de nada. Mas Draco e eu a reconhecemos.

- O que quer dizer?

- Nós encontramos Ginny Weasley.

Remus os olhou por um momento, com o olhar calmo. Neville sabia que tinha escolhido a pessoa certa para confiar, o lobisomem era calmo e compreensível o suficiente para ajudá-los sem ter nenhum tipo de ataque histérico.

- Vocês têm certeza?

Lizbeth contou toda a história de como encontrara Ginny e tudo o que fizera para ajudá-la a recuperar a memória.

- Depois de um tempo, ela desistiu, e se registrou como Dominique Vallosh. Viveu como trouxa desde então.

Neville tomou a narrativa daí, contou de como se encontraram até os sonhos de Ginny.

- Acredite, Remus, é ela.

- Ela está aqui?

- Está aguardando com Draco aqui perto.

Os três seguiram em direção à Draco e Ginny, e ao vê-los, Remus ergueu uma sobrancelha. Sem dúvida alguma era Ginny, e vê-la ali, parada, conversando amigavelmente com Draco Malfoy, era ainda mais bizarro.

Os dois estavam sentados num banco na calçada, e se levantaram quando viram os outros se aproximando.

Draco cumprimentou Remus com um aperto de mão, e o lobisomem olhou para Ginny.

- É, você é Ginny Weasley.


Almoçaram em um restaurante pequeno, quase sem clientes, para poderem conversar em paz e decidirem o que fariam a partir dali.

- Vocês voltarão comigo para a Inglaterra, isso já está decidido. - disse Remus. - Eu vou amanhã, de trem.

- Não posso aparecer na casa de meus pais, assim, do nada. Preciso me preparar antes. - disse Ginny.

- Você fica na antiga casa da minha avó comigo, até se sentir pronta. - disse Neville. - Claro que o convite se estende para você também, Draco.

Lizbeth não precisava ser convidada, eram praticamente noivos.

- "timo. - disse Remus. - E então, quando Ginny quiser, iremos para A Toca.

- Os Weasley ainda moram lá? - perguntou Draco.

- Sim. Aumentaram a casa, mas não se mudaram. Gostam muito de lá.

Ginny assentiu; pelo menos a casa seria a mesma de seus sonhos.

Ficou decidido que Remus contaria apenas para Tonks, o que Neville já esperava. Afinal, era a mulher dele, e Tonks era muito confiável.

Hospedaram-se com Remus num hotel bem melhor do que o último. Jantaram ali mesmo, e Ginny foi a primeira a ir dormir. Neville e Lizbeth se retiraram logo após a ruiva, e quando Draco fez menção de se levantar, e se levantar, Remus o chamou de volta.

- Não esperava vê-lo aqui, Draco. Ajudando uma Weasley.

- Eu só quero voltar para a Inglaterra e ficar rico de novo.

- Claro, está fazendo isso pela recompensa.

- Por que outro motivo eu estaria fazendo isso?

Lupin sorriu.

- Você pode enganar a todos, Draco. Mas não eu. Estou velho demais para ser enganado.

- Do que você está falando?

Remus se levantou e sorriu novamente para o loiro.

- Boa-noite, Draco.


Ela não estava surpresa, já devia esperar por algo do tipo. Estava decepcionada; no fundo, ainda tinha esperanças que ele gostasse dela. Ginny olhou para Lizbeth, e a morena parecia furiosa.

As duas tinham ouvido a conversa de Remus com Draco, e depois de ficarem paradas ali, perto do quarto, estáticas, decidiram fazer uma visita aos dois pilantras, como Lizbeth agora os definia.

Não se preocuparam em bater na porta; Lizbeth a abriu com tal violência que os dois pularam. Draco tinha acabado de ir se deitar, e ergueu as sobrancelhas ao vê-las entrarem com tal escândalo. Neville, por sua vez, estava dormindo, e acordou num pulo, quase caindo da cama.

- Tem uma recompensa? - Lizbeth gritou.

- O quê? - perguntou o moreno, ainda um pouco zonzo.

- Nós ouvimos tudo. Ouvimos Remus e Draco conversando sobre uma recompensa, sobre esse pilantra estar ajudando Ginny apenas pela recompensa! E você, Neville?

- Eu posso explicar...

- Explicar o quê? Você está fazendo isso pelo dinheiro! Não posso acreditar que eu um dia cogitei a possibilidade de me casar com você!

Ela saiu do quarto a passos duros, o rosto banhado de lágrimas. Neville pulou da cama e partiu atrás da noiva, gritando seu nome.

Ginny, que até então não tinha dito uma só palavra, olhou para Draco com uma expressão fria.

- Você sabe, eu não estou surpresa.

- Então o que está fazendo aqui? Estou fazendo minha parte, Weasley. Seus pais vão me pagar.

Ela assentiu, com raiva.

- Então é isso?

- Você estava esperando algo mais?

- Não. Claro que não.

Eles se encararam por um momento.

- Parece que eu não tive que recuperar minha memória para ver o quão repugnante você é, Malfoy. Não é surpresa alguma minha família te odiar. E eu também. - ela disse, com um ódio evidente.

- Você sabe, eu não te amo, Weasley. Meus sentimentos por você não passam de desprezo. Por você e pela sua família nojenta.

- Não sou que tenho uma família negra, Malfoy.

Ele não respondeu. Ginny virou as costas e saiu do quarto, sem uma única lágrima.


- Lizbeth, por favor.

- Nós não temos nada para conversar.

- Por favor, me escute!

Ela parou. Estavam andando pelos corredores do hotel; Lizbeth não fazia idéia de onde estava indo, só queria fugir de Neville.

- Você tem razão, eu estava fazendo isso pela recompensa. - ele disse. - Mas então eu te conheci, e tudo mudou. E reencontrar Ginny, que sempre foi minha amiga, me fez ver que havia mais do que isso. Eu não vivo sem você.

- O que quer dizer, reencontrou Ginny? Você a viu antes de fazer isso pela recompensa! Ou por acaso você não a reconheceu desde o início?

- Eu não reconheci, mas...

- Mas o quê? Você achou uma ruiva para tirar o dinheiro dos Weasley e teve sorte o suficiente para a ruiva ser realmente Ginny?

Ele não respondeu, e viu que, naquele momento, tudo estava perdido.

- Ah, então foi isso! Você é nojento!

- Eu te amo, Lizbeth, perdoe-me... Eu não queria te magoar, por isso não te disse sobre a recompensa...

- Mentira é pior, Longbottom! Se você tivesse me dito desde o começo, minha opinião talvez fosse diferente! Mas agora, eu não quero falar com você nunca mais. Até o fim dessa viagem, não dirija a palavra a mim.


O clima estava tenso no dia seguinte. Remus percebeu logo de cara, mas ninguém quis explicar o que tinha acontecido. Lizbeth e Neville pareciam ambos com cara de choro, enquanto Ginny e Draco estavam tão frios que Remus ficou com receio de dirigir a palavra a eles.

Pegaram o trem logo cedo, no primeiro horário da manhã. Depois de algumas poucas horas de silêncio total, o lobisomem decidiu que era hora de alguém falar. Não importava, naquele momento o que tinha acontecido, eles tinham que decidir, novamente, o que fariam quando chegassem à Inglaterra.

- Eu não sei o que aconteceu. – ele disse alto, e todos se viraram para olhá-lo. – E sinceramente, não quero saber. É problema de vocês. Mas precisamos decidir o que faremos quando chegarmos. Pelo que posso ver, os planos mudaram.

- Ginny e eu precisamos de um lugar para ficar. – disse Lizbeth.

- Isto é ridículo... – Neville interrompeu, mas a ex-noiva não deu bola.

- Nós não ficaremos mais na casa de Longbottom.

- Eu oferecia minha casa, mas ela é muito pequena, principalmente agora com o bebê que está para nascer.

- Você não disse que Tonks estava grávida. – disse Neville.

- Oito meses. Enfim, não posso oferecer minha casa, e vocês não tem outros amigos que possam ajudar.

- Não podemos pagar hotel tampouco. – disse Ginny.

- Eu acho que vocês deveriam deixar essa briga, ou o que quer que tenha sido, um pouco de lado. A casa de Neville é o melhor lugar. Apenas por alguns dias.

Ginny e Lizbeth hesitaram. Sentiam tanto ódio naquele momento que mal podiam pensar com clareza. Remus insistiu mais um pouco, e elas relutantemente acabaram aceitando. No fundo, não tinham mesmo escolha. Por enquanto, não tinham dinheiro, pelo menos até falarem com os pais de Ginny, e não podiam ficar pedindo emprestado a Remus o tempo todo.

Quando chegaram à Inglaterra, Remus os acompanhou até a antiga casa de Neville, e depois seguiu para a sua própria; estava com saudades da mulher.

Ao entrarem, Neville soltou uma risada de nervoso. Claro que ele estava esperando que a casa estivesse um pouco bagunçada, não pisava nela há dez anos. Mas aquilo já era demais! No mínimo, um furacão tinha passado por ali, ele pensou. Os sofás ainda estavam cobertos com panos, que agora estavam encardidos, mas as mesinhas laterais, cadeiras, mesinhas centrais, todos os demais móveis estavam jogados no chão, caídos. Ele nem queria ver o resto da casa.

Lizbeth e Ginny entraram, a primeira fazendo uma cara de reprovação que não passou despercebida por Draco.

- Neville não entra aqui há dez anos. Até que não está tão ruim. – o loiro disse, encarando Lizbeth.

- Eu espero que você não ache que nós, por sermos mulheres, iremos limpar tudo sozinhas, Malfoy. – atacou Ginny, já esperando uma resposta malcriada.

- Como todos nós iremos usar a casa, todos nós limparemos. – disse Neville, evitando mais uma briga.

Eles subiram as escadas carregando suas coisas, e Neville indicou um quarto para cada um. Ele, claro, ficaria no seu antigo, e deixara Lizbeth com o de sua avó, que era o melhor da casa. Ginny pegou um ao lado do da amiga, e para Draco sobrou a menor suíte, que não era pequena.

Ao entrar em seu quarto, Ginny soltou um suspiro. Colocou sua mala em um canto e olhou ao redor. A cama, no centro do quarto, estava com lençóis velhos, roídos pelas traças. Os travesseiros estavam quase sem condições de uso. Havia um armário enorme, dois criados-mudo, um de cada lado da cama, uma poltrona e uma mesinha ao lado. Tudo estava com tanto pó que ela mal conseguia ver a cor da madeira.

Ela saiu do quarto e encontrou Lizbeth no corredor, com a mesma expressão desanimada. Logo Draco e Neville juntaram-se a elas.

- Bem, precisamos começar pelos quartos, ou não teremos onde dormir hoje. – disse Lizbeth.

- Claro. Eu vou buscar tudo o que precisamos, e vou ver também se temos alguns lençóis guardados. – respondeu Neville.

- Vou com você. – disse Ginny.

Lizbeth olhou para a amiga com as sobrancelhas erguidas, mas a ruiva não disse nada. Seguiu Neville rapidamente, deixando Lizbeth e Draco sozinhos.

- De quanto é a recompensa? – disparou a morena, os olhos faiscando de raiva.

- Eu estava me perguntando quando é que você ia tocar nesse assunto novamente. Não consegue ficar de bico fechado, Morgan?

- Malfoy, responda a minha pergunta.

- Duzentos mil galeões. Neville e eu vamos rachar.

Ela não disse mais nada, sua raiva não era dirigida ao loiro. Nunca gostara dele, desde o começo. Estava decepcionada com o ex-noivo, por tê-la feito se apaixonar por ele daquele jeito.

- Se serve de consolo, Morgan, ele se apaixonou por você. Quer se casar com você e tudo o mais. Estava disposto a abrir mão da recompensa.


Neville ainda procurava por lençóis. Ginny estava segurando tudo o que tinham encontrado de produtos de limpeza em um balde, o que não era muito.

- Por que, Neville? Você era meu amigo! – ela desabafou depois de um tempo de silêncio.

Ele olhou para ela com o rosto cansada, então parou de mexer no armário e os dois se sentaram ali mesmo, no chão.

- Acho que dez anos vivendo daquele jeito podem mudar muito uma pessoa. – ele respondeu. – Especialmente na companhia de Draco Malfoy. Nós realmente precisávamos do dinheiro, Gin. Não sabia que você era realmente Ginny, no começo. A idéia foi minha, sabe, para pegar a recompensa. E então me apaixonei por Lizbeth, e descobri que você era realmente a minha amiga perdida.

- E então já era tarde demais para nos contar sobre a recompensa.

- Sim. Não queria mentir, eu sou seu amigo, apesar dessa mentira absurda. Mesmo que eu não sabia que era você, sei que o que fizemos é injustificável. Mas estávamos tão pobres que agarramos a primeira chance de conseguir dinheiro. Sabe, dias atrás eu disse a Draco que não queria mais a recompensa. Disse que estava disposto a me casar com Lizbeth e tentar arrumar alguma coisa aqui.

- O que Malfoy disse?

- Que eu estava com medo de contar a verdade para Lizbeth, e por isso estava dando a ele a minha parte na recompensa. E ele tem razão. Eu preferiria ser pobre pra sempre e ter Lizbeth ao meu lado do que ser rico sem ela.

Ginny sorriu.

- Eu te perdôo, Nev. Você é meu amigo, afinal, e amigos perdoam. Agora vamos voltar, eles estão nos esperando.


(1) Sim, eu sei, é a estação que sofreu o atentado.

(2) Já que, na minha opinião, o Sirius não morreu, essa é minha versão do que aconteceu.

N/A: Vocês estão querendo me matar por ter feito a Ginny e o Draco brigarem? Desculpem, era estritamente necessário. Enfim, obrigada pelas reviews: Lú (o que você achou da reação do Lupin?), Lillix (sério? Eu até que gosto da Luna), Chi Dieh (desculpe por não ter colocado D/G action. Você deve estar querendo me trucidar) e Sarah-Lupin-Black (pronto, não demorei!). Muitos thanx!

Próximo Capítulo: A Toca

Trailer:

A porta não estava trancada, e eles acharam melhor entrar sem bater. A sala estava vazia, então eles se dirigiram em direção ao barulho. Chegaram nos fundos da casa. Acontecia realmente uma reunião de família, no quintal.

Uma grande mesa havia sido posta ali. Neville sorriu ao reconhecer boa parte das pessoas ali. O senhor e a senhora Weasley estavam sentados às cabeceiras da mesa. Nas laterais, ele viu Rony e Hermione, com um bebê no colo. Os gêmeos Fred e Jorge também estavam ali, com seus filhos e esposas. Gui Weasley e Fleur Delacour, Carlinhos e uma mulher que Neville não reconheceu. Estavam todos ali, inclusive Harry Potter.

... Os Weasley!

Espero que vocês tenham gostado desse capítulo! Espero reviews!

Beijinhos!

P.S.: Como propaganda é a alma do negócio, leiam minha fic nova, No Escuro.