N/A: Eu fui bem rápida dessa vez. Achei que não ia ser legal deixar vocês esperando, principalmente depois daquele sonho! Espero que vocês gostem desse capítulo!

Capítulo 11 – Explicações à la Mr. Darcy

Ela abriu os olhos lentamente. Estava em um quarto claro, deitada em uma cama. Olhou para os lados e viu Harry sentado em uma cadeira próxima à cama, fitando-a com ansiedade.

- Ginny, você acordou!

Ela sorriu, sentindo-se confusa. Um milhão de imagens passavam pela sua cabeça. Era tudo tão rápido que ela se sentiu tonta, fechando os olhos novamente. Para a ruiva, era como se estivesse vendo sua vida inteira passar, e sua cabeça latejou.

Nem percebeu quando adormeceu novamente.


Quando acordou pela segunda vez, Harry não estava mais lá. No lugar que o noivo antes ocupara estava Lizbeth.

- O que aconteceu, Beth? Que lugar é este?

- Você caiu e bateu a cabeça enquanto caminhava perto da sua casa, há uma semana. Acordou faz três dias, e dormiu novamente logo em seguida, Harry estava aqui. Não se lembra?

Ginny levou uma das mãos à cabeça, e se sentou na cama.

- Sim, eu me lembro de tudo. Estamos em St Mungus?

- Estamos, sim. Você não sabe o escândalo que Neville deu para me deixarem entrar. Eu não poderia, sabe, por ser trouxa. Mas ele chegou ameaçando todo mundo, até que seus pais interferiram. Então eu entrei. Mas o que quer dizer com "eu me lembro de tudo"?

Ela encarou a amiga, e Lizbeth entendeu. Abriu um sorriso largo, e se debruçou para abraçar a amiga, quando Neville entrou no quarto.

- Ginny, você está acordada! – ele exclamou, deixando cair as flores que estavam em sua mão. – Eu trouxe flores, como você pode ver.

Neville trocou as flores do vaso que ficava em cima do criado-mudo de Ginny, e depois se sentou ao lado da noiva. Lizbeth olhou para ele sorrindo e disse:

- Ela tem uma novidade. Conte a ele, Ginny.

- Nev, eu recuperei a minha memória. Toda a minha memória.

O amigo deu um grito de felicidade, e houve muitos abraços e risadas ali. Quando Lizbeth e Neville finalmente se contiveram, Ginny começou a se levantar.

- O que diabos está fazendo? – perguntou Neville.

- Eu tenho que ir.

- Ir aonde? Você precisa descansar! – exclamou Lizbeth, atônita.

- Não, já descansei o suficiente, preciso ir agora. Preciso fazer isso imediatamente.

- Fazer o quê, Gin?

Ela fitou os amigos, ainda sentada na beirada da cama.

- Eu... Me lembrei de como saí da casa dos Lestrange. Foi Draco, ele me tirou de lá.

Lizbeth levantou as sobrancelhas, mas Neville não parecia surpresa.

- Você sabia? – Ginny perguntou.

- Sim. Ele me contou faz pouco tempo. Mas não podia dizer nada, claro. Não poderia trair a confiança de Draco. – respondeu o moreno, com um sorriso tímido.

- Por que Draco faria isso? – perguntou Lizbeth. – Vocês vivem dizendo que ele era realmente ruim naquela época.

- Eu não sei, Beth. – respondeu a ruiva.

- E agora você quer ir lá falar com ele, não é?

- Eu tenho que ir. Preciso saber.

Lizbeth assentiu com a cabeça. Nunca gostara de Draco, mas sabia que Ginny estava loucamente apaixonada por ele. A ruiva se levantou e se despediu dos amigos, deixando o quarto logo em seguida.


Foi um tanto complicado para Ginny sair do hospital sem que nenhum medico a visse. Quando finalmente conseguiu, usando as escadas, foi direto para a casa de Neville, já que Draco ainda estava morando ali.

A porta não estava trancada; ela entrou sem tocar a campainha. A casa estava silenciosa, e Ginny ficou com medo de Draco não estar. Foi direto para a sala, e suspirou de alívio ao avistar o loiro ali. Ele estava sentado no sofá, lendo um exemplar do Profeta Diário. Se ficou surpreso ao vê-la, não demonstrou. Ergueu as sobrancelhas e disse:

- Se está procurando Neville e Lizbeth, eles foram até St Mungus para vê-la. Não sabiam que tinha recebido alta.

- Eu acabei de acordar, não recebi alta ainda. Fugi de lá.

- Então é uma pena que não tenha os encontrado em casa.

Ele voltou seus olhos para o jornal, como se esperasse que ela fosse embora.

- Não vim para encontrar Neville e Lizbeth, já os vi hoje. Vim para falar com você.

Draco pousou o jornal lentamente no sofá, fitando-a.

- Sou todo ouvidos. – ele disse, num tom irônico.

Ela não se intimidou com a falta de paciência do loiro; sentou-se na poltrona de frente e resolveu ser direta.

- Eu recuperei minha memória, Draco.

Finalmente, com aquela declaração, ele esboçou uma reação. Primeiro empalideceu, logo em seguida corou, e quase teve um sobressalto. Ginny ficou satisfeita ao ver que finalmente conseguira prender a atenção de Draco.

- Eu me lembro até mesmo de como a perdi. Bati a cabeça com força numa pedra. E como dez dias atrás bati de novo, recuperei toda a minha memória. Nunca vou entender a ciência, isso não faz o menor sentido, mas estou feliz mesmo assim. E você, não está?

Ele sentiu todo o cinismo contido nessa ultima frase e se irritou:

- Pare de tagarelar e vá direto ao ponto, Weasley. Está aqui porque se lembrou de como saiu da casa dos Lestrange.

- Sim, este é um dos motivos. E já que o mencionou, vamos começar por ele. Por que me ajudou, Draco?

- Você fez essa pergunta naquele dia.

- E você não quis responder. Mas acho que agora, você não tem mais nada a esconder. Conte-me sua história, Draco. Eu preciso saber.

Draco suspirou.

- Eu não estava apaixonado por você, Weasley.

- Não achei que estivesse.

Ele se levantou do sofá, apreensivo, e pôs-se a caminhar pela sala, numa postura muito à la Mr. Darcy. Ginny o seguia com os olhos.

- O porquê, você quer saber. Acho que há inúmeros motivos. Primeiro, eu tinha certeza que você não sabia de nada sobre os planos de Dumbledore. Segundo, também sabia que Potter não tinha certeza de onde você estava e não poderia ajudá-la porque estava se preparando para a batalha final contra Voldemort. Em resumo, você era uma perdida ali dentro que não sabia de nada e que não seria ajudada por ninguém.

- E então você ajudou.

- Eu não era um Comensal, como bem sabe. Não sentia prazer nenhum em ver torturas e mortes. Naquele dia, antes de sair, meu pai havia me dito que à noite, eu teria que... te violentar na frente dos Comensais, para provar que poderia ser um deles. Claro que meu pai achava que esse era meu desejo.

- Mas quando você me ajudou, não recusou meu beijo.

- Sim, Weasley, não recusei, mas uma coisa é violentar uma mulher, outra é ser beijado por ela. Eu sou homem, e as circunstâncias...

- Eu sei, Draco, não podemos explicar aquele beijo. Mas o que aconteceu depois?

- Voltei para casa e acordei os guardas. Claro que lancei um feitiço de memória em cada um deles. Quando meu pai e os Lestrange chegaram, ficaram furiosos com seu sumiço e mataram todos os guardas. E depois...

Ele fez uma pequena pausa, e ela se preparou para o pior.

- Ficaram nervosos comigo também, já que eu deveria estar cuidando de tudo. – ele deu uma risadinha cínica. – Nunca recebi tantas Maldições Cruciatus na vida. Até o próprio Voldemort apareceu para a festa.

Ginny levou as mãos à boca, chocada demais para dizer alguma coisa. Ergueu-se para ir em direção a ele, mas um olhar do loiro a impediu. Ela sabia que Draco detestava que sentissem pena dele. Resignada, ela sentou-se de novo na poltrona.

- Eu tive sorte, pois meu pai contentou-se apenas com a tortura. Ele não usou a Poção Veritaserum; não passou pela cabeça dele que você tinha saído de lá com minha ajuda. Para ele, eu tinha cometido um deslize, mas meu maior desejo ainda era ser fiel a Voldemort. Por isso não desconfiou.

- E como você se livrou de ser um?

- Dois dias depois, encontrei-me secretamente com Lupin. Eu confiava nele, sabia que seria discreto. Contei-lhe a localização da base principal de Voldemort, e disse que os Lestrange tinham capturado você. Contei a ele tudo o que sabia, menos que você já tinha escapado e estava na França. Não era seguro ainda. Por algum motivo que desconheço, Lupin acreditou em mim, e pouco tempo depois, Potter derrotou Voldemort e a guerra acabou.

Ela o olhava incrédula. Nunca poderia imaginar que Draco tivera tal participação. Sua interferência havia mudado o rumo da guerra e praticamente assegurado a vitória de Harry e Dumbledore! Era absurdo que ninguém reconhecesse seus feitos.

- Draco, por que nunca contou isso a ninguém?

- Naquela época, não queria mais fama, como na época de Hogwarts. Não teria um minuto de sossego de fosse aclamado como herói. Resolvi, então, deixar toda a glória para os outros. Quando procurei Dumbledore, disse-lhe que tinha motivos para acreditar que você estava na França. Acho que ele sempre soube da minha participação, mas não disse nada. Algum tempo depois, recebi uma carta dele dizendo que você não estava na França. Já devia ter assumido a identidade de Dominique Vallosh.

Eles ficaram em silencio por alguns motivos, cada um com seus pensamentos. Depois de um tempo, ela se levantou e sentou-se no sofá ao lado dele, que a fitou.

- Você disse que há outros motivos para você ter vindo aqui. Quais?

- É apenas mais um motivo, e você sabe bem qual é.

Ele a encarou.

- Está apaixonada por mim. – ele disse. – E o que vamos fazer agora? Ser felizes para sempre? Você tem um noivo, e sua família não me vê como o namorado ideal para você.

- Então você gosta de mim.

Ele não respondeu. Ginny achava que essa tinha sido a pior declaração de amor que ela já ouvira. Não houvera romantismo, nem da parte dele nem da parte dela. E mesmo assim, estavam os dois certos que tinham que ficar juntos.

Mas Draco havia se lembrado muito bem. Havia Harry, haviam os Weasley. Seus pais e irmãos nunca iriam aceitar o loiro na família, e ela não queria magoar seu noivo. Harry não merecia. E Draco sabia que ela não iria arriscar uma briga com a família agora.

Ambos pensavam nos contras da relação, mas mesmo assim, aproximaram-se para um beijo. O último.

Foi um beijo rápido, apenas um toque de lábios. Quando se afastaram, ela tinha lágrimas nos olhos.

- Seu noivo deve estar esperando. – ele disse.

Ela assentiu, e se levantou do sofá; olhou para o loiro uma última vez e disse:

- Adeus, Draco.


Ginny voltou para o Hospital St Mungus, para encontrar quase toda a sua família lá. Sua mãe estava sentada em uma cadeira, enquanto seu pai a abanava. Neville e Lizbeth estavam em um canto, e sorriram ao vê-lo.

- Veja, Sra. Weasley. Ginny voltou. – disse a morena.

Molly se levantou e quase pulou em cima da filha.

- Ah, Ginny, nunca mais faça isso! Neville me disse que você simplesmente tinha ido embora porque tinha que resolver algo, mas não quis dizer onde! Eu não posso perder você de novo, Ginny, minha Ginny.

- Você não vai me perder, mamãe; eu vou ficar aqui do seu lado pra sempre.

Ginny foi abraçada por todos os seus familiares, e logo Lizbeth contou que a ruiva tinha recuperado sua memória. Isso foi recebido com tantos aplausos e beijos que Ginny achou fosse sufocar ali.

Ela recebeu alta depois de muita insistência. Os médicos queriam examiná-la por mais uma semana, mas Ginny afirmou que estava ótima. Tudo o que queria, naquele momento, era ir para casa.

Lizbeth a seguia com os olhos, ela sabia. Queria conversar com a amiga, contar-lhe tudo o que tinha acontecido com Draco na casa de Neville. E assim que chegaram na Toca, Ginny contou à morena sobre sua conversa com Draco.

- Eu não acredito que você está desistindo dele. – disse Lizbeth, olhando-a com pena.

- Não me olhe desse jeito, você sabe que a ultima coisa que quero é magoar minha família. Eu não tenho escolha, Lizbeth. Eu tenho minha memória de volta, eu sei o que Draco Malfoy significa para a minha família.

- Mas se você contar o que Draco fez, talvez...

- Eu não posso contar, Draco não quer. Eu não vou traí-lo. Não se preocupe comigo. Vou ficar bem.

- E o que vai fazer em relação a Harry?

- Só há uma coisa a fazer, não é?


Neville chegou em casa quase voando. Tinha saído sem sua varinha, algo muito imprudente, e não podia aparatar. Demorou para chegar mais do que previra.

A noiva havia ido para a Toca conversar com Ginny, e ele sabia que tinha que falar com Draco. Encontrou-o no mesmo lugar em que a ruiva o deixara. Draco estava sentado no sofá, e encarava a lareira. Neville sentou-se ao lado do amigo e esperou até que o loiro percebesse a sua presença.

Quando isso finalmente aconteceu, Neville perguntou:

- Você contou a ela?

- Sim, tudo.

- E vão ficar juntos?

Draco o olhou.

- Por que diz isso?

- Porque eu te conheço. E sei que você gosta dela. E é um tanto óbvio que ela gosta de você.

- Que seja, Neville. Sim, eu gosto dela. Está feliz que admiti? Mas não vamos ficar juntos.

Neville riu.

- Você só pode estar brincando!

- Eu tenho cara de palhaço?

- Por que diabos não vão ficar juntos?

- Porque a família dela não me aceita, Longbottom! Nunca vai aceitar. E ela não vai querer deixá-los tristes, vai? – ele disse isso no maior tom Malfoy que Neville ouvira desde que estavam em Hogwarts.

- E você vai deixá-la ir? O que seu pai diria se visse um Malfoy desistindo por causa de um monte de Weasleys?

- Eu realmente poderia te bater agora.

O moreno deu um sorriso e se levantou, indo parar na frente da lareira.

- Draco, a família dela não te aceita agora. Mas você pode fazer com que eles te aceitem.

- Do que está falando?

- Você sabe. Não a perca. Você não achará outra como ela, acredite.

Draco olhou para o amigo com as sobrancelhas erguidas, num sinal de que tinha entendido. E então, pela primeira vez na vida, ele disse com todas as letras:

- Você pode me ajudar?

Continua...

N/A: E aí? Expliquei bonitinho?

(1) Esse Mr. Darcy não é o Mark Darcy de Bridget Jones, mas o Fitzwilliam Darcy de Orgulho e Preconceito, livro de Jane Austen que eu tinha acabado de reler pela vigésima quinta vez quando resolvi escrever essa cena.

Obrigada pelas reviews: Carol Malfoy Potter, Sarah-Lupin-Black, Ronnie Weezhy, Dark Angel Malfoy e Ellen-Potter.

O próximo capítulo ainda não tem nome, e está sendo escrito. Já to no finalzinho, então não devo demorar...

Deixem reviews!

Beijinhos!