Capítulo 1
As Obrigações de uma Dama do Mundo Espiritual
"Botan!"
Botan correu para dentro do escritório de Koenma, um leve rubor cobrindo suas bochechas. "Sim, senhor Koenma?" ela perguntou entre goles de ar.
"Que diabos você estava fazendo?" Koenma perguntou, incrédulo, afundando em sua cadeira. Arqueou uma sobrancelha, notando o kimono amassado e seu cabelo mal preso pelo rabo-de-cavalo. "Na verdade, esqueça. Eu não quero saber."
Botan sentiu a face arder e tentou ajeitar seu kimono. "Hum..." Ela correu as mãos para os cabelos, puxando o elástico para ajeitá-los. Havia prendido o cabelo no usual rabo-de-cavalo, mas logo foi desfeito pelo terrível vento do Makai.
Koenma suspirou. "O que quero saber é, Botan, você está pronta? O baile começa em meia hora."
Botan soltou um grito de surpresa. "O quê! O baile é hoje à noite?" Ela puxou o cabelo com força, nervosa. "Eu não vou conseguir me arrumar em tempo! Será que eu não posso simplesmente não ir, ao menos nessa, Koenma? Por favor?"
Koenma cruzou seus braços sobre o peito, sério. "Não, Botan. Você não pode apenas decidir não fazer uma coisa porque não vai ser conveniente a você. TODOS os meus Detetives Sobrenaturais foram inquiridos, não convidados, a ir."
Botan grunhiu sem muita opção e recomeçou a luta com seu cabelo. No mesmo instante em que o elástico se esticava entre seus dedos, a porta do escritório de Koenma se abriu e Hiei entrou por ela. Botan deu um salto, deixando o elástico saltar entre os dedos. "Ops! Hiei o quê-"
Hiei o pegou entre seus dedos um segundo antes do elástico tocar seu nariz. "Koenma," ele começou, como se nada tivesse acontecido. "Preciso falar com você."
Koenma suspirou, se afundando ainda mais em sua cadeira. "Sim, eu sei, Hiei. Eu pensei sobre isso, e você não tem que comparecer hoje à noite" ele resmungou.
Os olhos de Botan se arregalaram, atônitos. O quê!
Hiei sorriu de canto. Com um pequeno gesto de cabeça, se virou para sair. Botan se enfureceu. Correu e se pôs na frente de Hiei, fechando a porta violentamente. Mantinha seu corpo como um bloqueio para a porta, então se virou para Koenma e Hiei. "Esperem um minuto, vocês dois!"
Os olhos de Hiei se arquearam numa surpresa cômica. Koenma grunhiu. "Boooootan..."
"Se ele não tem que ir, então eu também não tenho!" ela disse, ora se focando na expressão de Koenma, ora na de Hiei. Hiei arqueou uma sobrancelha.
Koenma olhava para ela incrédulo. "Botan!" ele grunhiu. "É diferente-"
"Não é diferente!" ela o interrompeu, zangada. "Ele é tão membro do Reikai Tentai quanto eu sou! Mostre alguma justiça em seu reino!"
Koenma suspirou, fechando os olhos em derrota. "Está certo. Hiei, você tem que ir também."
Hiei se ergueu até Koenma, que abriu a boca em choque. "Você está brincando."
"Não. Por ordem do Príncipe - vá ou seja preso," Koenma respondeu desanimadamente.
Os olhos de Hiei ardiam de raiva. Abriu a boca para dizer alguma coisa, mas decidiu o contrário. Deu meia volta e se dirigiu para a porta. Botan soltou um pequeno grito e saiu de seu caminho. Hiei a fitou com olhar mórbido e levantou sua mão. Os dedos tocaram a bainha de sua espada e Botan pensou que dessa vez, sua vida chegava ao fim, mas ao invés disso, ele pegou seu elástico entre os dedos e o jogou contra sua cabeça.
Ela recuou para longe enquanto o elástico lhe era lançado, e depois recuou ainda mais com o som da porta se fechando. Coçando sua nuca, ela se virou para Koenma. "Não acho que está muito feliz comigo."
Koenma olhou para ela através dos dedos das mãos que, até então, protegiam sua cabeça. "Ah, é. Nós tivemos foi sorte dele sair sem nenhum de nós ter virado churrasquinho."
Botan riu, nervosamente. "É, bem, acho que é melhor eu ir me arrumar logo, já que eu só tenho 15 minutos para estar pronta..." Rápida como uma flecha ela saiu da sala.
Koenma segurou a cabeça com as mãos, espremendo a testa. "Estou ficando muito velho pra isso."
oOo
"Estou feliz que tenha vindo! Eu não te via há anos!" Botan sorriu com sarcasmo para a velha senhora que mais parecia um pavão laranja.
"Que querida...," ela respondeu curta, seu nariz empinado até o alto.
Botan se forçou a um sorriso e com uma rápida reverência, saiu de seu caminho. Ela andava pela multidão, buscando um rosto familiar.
"Botan!"
Botan se voltou para ver a amiga sereia de gelo. "Olá Yukina. Está gostando do baile? "
"Sim, estou, é tão maravilhoso," Yukina respondeu com um sorriso. Seus olhos dançavam numa prolongada antecipação. "Mas eu tenho que lhe apresentar essa mulher espantosa, ela é uma Guru do Amor!"
"O quê?" Botan riu, numa expressão curiosa. Yukina simplesmente sorriu e agarrou o braço de Botan. Atravessou a massa de pessoas até que chegaram a uma alta e magra mulher, de longos cílios e pálpebras brilhantes. Ela estava cercada por uma pequena multidão, em geral moças.
Yukina olhou para Botan e lhe sorriu excitadíssima. "Vamos!"
Yukina empurrou Botan praticamente de frente para a mulher. "E quem é essa jovem?" a Guru perguntou.
"Essa é a Botan," Yukina respondeu. "Ela é minha amiga."
"Ah, Botan. Que nome adorável," a Guru respondeu, sua voz rouca e grossa. "Eu estava agora mesmo discutindo sobre almas gêmeas. Quem aqui acredita em almas gêmeas?"
Keiko levantou sua mão timidamente. A mulher sorriu sabiamente. "Ah, sim. Keiko não é? O que lhe faz acreditar em almas gêmeas?"
Keiko corou. "Bem.." ela gaguejava. "Eu acredito porque eu achei a minha, só isso..."
A face da Guru se iluminou ainda mais, como se isso fosse possível. "Que maravilha! Ele está aqui?"
Keiko afirmou. Nervosamente ela apontou para Yusuke em meio à multidão, que ria histericamente com Kuwabara e mostrava seus músculos. A Guru levantou uma sobrancelha. "Oh, oh, vocês dois parecem ser muito diferentes..."
"É por isso que eles são almas gêmeas." Botan disse alegremente, finalmente dando sua opinião sobre o assunto.
"Exatamente," disse a Guru. "Você é bem esperta, tem olho para assuntos do amor." Ela tocou o nariz de Botan delicadamente. Botan se viu encher de um orgulho ridículo, corando ferozmente.
"Agora, é minha opinião," continuou a Guru, "que todo mundo possui uma alma companheira. Mesmo as pessoas não se dêem bem com ninguém - em algum lugar, alguém foi feito em todos os detalhes para completá-las perfeitamente. Peguem como exemplo uma velha gente que conheci na Inglaterra. Havia um homem insuportável e feio como um sapo. Ele não se socializava com ninguém, e quem quer que tentasse tinha a cabeça cortada fora. Mas um dia ele conheceu uma linda jovem. Quando eles estavam juntos ele se transformava - ele sorria, era educado, pelo toque de sua mão ele faria qualquer coisa por ela."
Todas as meninas suspiraram animadamente.
"Que romântico!"
"Isso não é lindo?"
Botan sorriu junto ao resto das meninas. De repente ela percebeu quanto tempo já estava lá, ouvindo a Guru do Amor. Ela era uma assistente de Koenma! Ela deveria estar cumprimentando e recepcionando os convidados! Ela se despediu de Yukina e Keiko, tomando caminho em meio à multidão. Ela ajeitou seu vestido amarelo cuidadosamente e olhou em volta do lugar. Sua face brilhou ao reconhecer uma cabeleira vermelha.
Rapidamente ela caminhou em direção da raposa e alcançou seu ombro. Ele se virou surpreso. Ao ver Botan, suas feições se levantaram num sorriso "Botan," ele cumprimentou carinhosamente.
Botan tentou usar sua melhor e mais doce voz. "Espero que esteja aproveitando a festa, Kurama."
Kurama riu, zombando. "Ah, sim... eu estou. Obrigado." Disse, com um olhar gracioso.
Botan riu. "Na verdade, eu estou aproveitando mais do que imaginei. Claro, não estou muito bem para uma festa dessas, mas mal tive tempo de me arrumar."
"Você está bem... pra quem teve tão pouco tempo." Kurama argumentou com um sorriso. Ele deixou sua atenção pousar em algum lugar atrás de Botan, caindo sobre uma das poltronas perto da mesa de frios.
Curiosa, Botan se voltou para ver para onde Kurama olhava. Lá, jogado numa das cadeiras de descanso estava um mal encarado Hiei. Um muito irritado e aborrecido Hiei. Ela dá um passo pra trás. "Oh, você ouviu sobre aquilo?"
Kurama conteve o riso. "É difícil não ouvir quando alguém reclama disso o caminho todo até aqui." Ele deu de ombros e olhou para Botan. "Mas ele vai superar isso."
Ainda mantendo seu olhar fixo no letárgico demônio de fogo, ela suspirou. "Ele se divertiria mais se ao menos se socializasse um pouco e tentasse aproveitar por si mesmo."
"Algumas pessoas apenas não se dão muito bem com ninguém..." replicou Kurama.
Botan tossiu, seus olhos se arregalando.
Mesmo as pessoas não se dêem bem com ninguém - em algum lugar, alguém foi feito em todos os detalhes para completá-las perfeitamente.
"Aposto que Hiei é solitário!" Botan exclamou.
Kurama começou a engasgar com seu champagne. "O quê!" ele riu, limpando sua boca com sua manga.
"Você não acha?" Botan perguntou, como se essa fosse a coisa mais óbvia do mundo.
Kurama sorriu e meneou com a cabeça. "Hiei não tem muitos relacionamentos, mas é assim que ele quer. Ele gosta da solidão dele."
"Isso é porque ele ainda não encontrou a sua alma gêmea." Botan concluiu com um satisfeito gesto de cabeça, se reafirmando.
"Eu não acho..." ele disse calmamente com um sorriso maroto.
Botan continuou a observar Hiei. Eu tenho um olhar clinico para assuntos de amor, ela lembrou a si mesma. E não há uma Guru do Amor aqui no Mundo Espiritual, então eu sou tudo que resta. Pobre Hiei. Ele provavelmente está se contorcendo por dentro! Ele só precisa de companhia! E eu sou a única pessoa que pode encontrar uma pra ele!
Botan respirou fundo, como alguém que se prepara para uma missão que vai mudar sua vida. Mantendo sua face em determinada maneira, ela marchou em busca da Guru do Amor, deixando para trás Kurama, que a olhava totalmente confuso.
Ela encontrou a Guru até quem bem facilmente, ela não era alguém fácil de se perder. "Com licença," ela chamou, se empurrando através da multidão. "Com licença senhora, eu tenho uma pergunta!"
A Guru olhou para Botan e sorriu, a reconhecendo. "Ah, Botan. De volta?"
"Sim," Botan respondeu seriamente. "Eu queria lhe perguntar - como se encontra uma alma gêmea? Sabe, eu tenho um amigo que é um verdadeiro cretino arrogante que definitivamente não gosta de ser amigável e -"
A Guru segurou sua mão, pedindo que Botan parasse. "Eu sei o que você quer, Botan, mas eu não posso criar uma alma gêmea para o seu amigo."
"Sim, eu sei," Botan replicou, irritada, "mas eu queria achar uma para ele."
"É difícil dizer quando duas pessoas são almas gêmeas..."
A cara de Botan caiu. "Quer dizer que você não pode fazer nada?"
A Guru refletiu por um momento, a examinando sobre seu longo nariz. "Hum, há uma coisa que eu acho que posso fazer..."
"Sério!"
"Se você puder me dizer tudo sobre seu amigo - o que ele gosta, o que não gosta, quando está feliz, o que faz ele rir... você sabe, a personalidade dele - então, talvez eu consiga lhe ajudar a encontrar uma alma gêmea para ele." Ela ponderou por um momento. "Eu tenho uma poção que encontraria a melhor alma para se juntar a ele, se eu souber o que ele mais gosta. Essa poderia não ser sua alma gêmea absoluta, mas é o único jeito que conheço para ajudar."
Botan já havia baixado sua cabeça em derrota. Ela não sabia nada sobre Hiei. Ninguém sabia. Bem, Kurama o conhecia muito bem, mas ela duvidava que ele soubesse o que fazia o koorime rir. "O problema é que eu não conheço meu amigo muito bem..."
"E ainda sim o chama de amigo?" a Guru perguntou, estranhando.
"Ele é muito fechado..." ela murmurou, culposa.
A Guru a observou por alguns momentos mais. "Eu vou voltar ao Reikai em uma semana. Você pode me informar então, e eu trarei a poção."
Botan se encheu de esperança novamente. "Mesmo? Oh, isso é ótimo, obrigada, Miss...um..."
"Me chame de Gizelle."
"Gizelle," Botan disse, com um sorriso. "Te vejo em uma semana!"
Gizelle lhe devolveu um sorriso. "Espero por isso. Mantenha seus instintos pelo amor em alerta. Você poderia até encontrar uma alma gêmea para ele sem a poção."
O estômago de Botan se encheu de excitação com aquela possibilidade. Ela tentou imaginar a cena... uma demônio de cabelos negros e presos e uma expressão cínica no rosto, similar a de Hiei. Ela carregaria uma espada e teria um corpo delgado e atraente. Ela pegaria a mão de Hiei e juntos sairiam saltando através das árvores...
Ela parou de sonhar acordada, tentando entender porque aquele sentimento tão feliz a havia abandonado. Ela deu de ombros e voltou a olhar para Hiei. Ela tinha muito trabalho a fazer. Mas o que mais seria um de seus deveres como uma das únicas mulheres no Mundo Espiritual? E uma com olho clínico para assuntos de amor...
De repente, Koenma correu até ela, uma expressão contente estampada no rosto "Botan, eu não posso te agradecer suficiente por fazer o Hiei vir!" ele exclamou, entusiasmado. "Todo mundo está comentando sobre finalmente poderem conhecer o único ser que dominou as chamas negras!"
Botan levantou uma sobrancelha. "Ele está 'conhecendo' pessoas? Tipo... se comunicando?"
"Bem, não, ele de vez em quando solta um 'Hn'" ele respondeu com desanimo. "Mas ainda - isso é tudo graças a você ele estar aqui! Eu não sei como lhe agradecer!"
Botan de repente teve uma idéia e um sorriso mal intencionado brincou em seus lábios. "Na verdade, Koenma, há uma coisa que você poderia fazer por mim..."
Koenma lhe deu um olhar confuso. "Eh?"
"Me dê uma desculpa para seguir o Hiei durante uma semana." Ela disse, com um olhar sinistro sobre o demônio de fogo.
"O quê!" Koenma gritou, surpreso. "Primeiro, como você espera que eu faça isso e segundo, por que diabos você ia querer passar uma semana com o Hiei!"
Os olhos de Botan piscaram com um ar de travessura. "Isso é surpresa," ela respondeu calmamente, seu sorriso crescendo de excitação. "E eu não sei como você poderia - com certeza ele fez alguma coisa errada ultimamente..."
Koenma franziu as sobrancelhas, pensativo. "Não...ele tem andado na linha, na verdade."
"Invente alguma coisa!"
"Botan!" ele ralhou.
"Eu sei!" ela se apressou a dizer, como se Koenma não tivesse falado, puxando suas ."Diga a ele que eu vou avaliá-lo por uma semana e se ele passar o... hum... o teste, ele é livre para andar por aí sem que nunca mais tenhamos que checá-lo!"
"Er, Botan," Koenma disse, "Nós não checamos ele de qualquer forma."
"Ele não sabe disso!" ela sussurrou baixinho. "Por favor, Koenma?"
Koenma suspirou. "Tudo bem. Mas depois disso, estamos quites. Eu não vou te dever mais nenhum favor."
Botan concordou. "Feito."
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-Depois da Festa-
"Hiei, espere! Não vá ainda!"
O demônio de fogo se virou vagarosamente, suas mãos fechadas ao seu lado. "O quê?"
Koenma engoliu a seco. "Eu, uh...tenho uma coisa a te dizer - um, te informar..."
Hiei batia os dedos contra seus braços, impaciente, dando um olhar aborrecido para Koenma.
"Eu estarei inspecionando por uma semana!" De repente, Botan os interrompeu, pulando para o lado de Koenma.
Os olhos de Hiei se arregalaram de horror. Ele olhou para Koenma, para Botan, e para Koenma de novo, antes de sacudir a cabeça violentamente. "Espere...o quê?"
"Estou dando a Botan permissão para ficar com você por uma semana para que ela possa inspecioná-lo e reportar seus feitos."
Hiei fitou-o nervoso. "Por quê?"
"Bem, já faz tempo o bastante sem que você não tenha atividades suspeitas que você pode ter uma inspeção final..." Koenma começou a explicar.
Hiei o fitava completamente perdido.
"Isso significa que se você passar meu teste, você está completamente livre para fazer o que quiser sem nos ter vigiando você."
"Vocês me vigiam?"
"Eu tenho muitas câmeras."
Hiei respirou fundo, seus olhos dançando sem disfarçar sua raiva. "Já foi ruim o bastante você me forçar a vir a sua festa infernal, e agora eu tenho que passar uma maldita semana inteira com essa tagarela!" ele soltou um rugido seco, enraivecido, se movendo em direção à assistente espiritual de cabelos azulados.
Ela corou furiosamente. "Eu não sou uma tagarela!"
"Preciso admitir, se passaram longos 38 segundos desde a última vez que você falou," Hiei replicou calmamente, seu lábio num meio sorriso.
"Desculpe!"
"Sete."
"Por que eu-"
"Três."
Botan resolveu ficar quieta e grunhiu irritada. Ela o olhou com raiva, mas sabia que só provaria a ele que estava certo se dissesse mais alguma coisa.
Hiei sorriu de canto. "Você está aprendendo."
Ela rosnou e teria estrangulado o koorime se Koenma não tivesse entrado e seu caminho. "Ok, ok - crianças, POR FAVOR! Hiei, Botan vai levá-lo de volta para... qualquer lugar... em seu remo. Ás dez em ponto da próxima sexta-feira, sua semana será encerrada. Capiche'?"
Hiei franziu as sobrancelhas. Finalmente, murmurou lamentosamente. "Certo."
"Botan?"
"Frangote," ela replicou com certa cautela, ainda hesitante quanto a falar. Mas Hiei não disse nada. Ou sequer deu um olhar para ela. Rapidamente ela pulou em seu remo. "Todos a bordo!"
Hiei rodou os olhos e caminhou até seu remo. Parou, olhando prudentemente. Botan soltou um risinho. "Vem, ele não morde."
Hiei a fitou por um momento e saltou para o remo. Botan segurou outro riso quando percebeu quão forte ele se segurava, o rosto rijo e forçado. Com um movimento final de Koenma, eles voaram para o palácio no Reikai.
Assim que chegaram ao portal, Botan resolveu tentar uma conversa. "Hiei, eu tenho umas boas novas para contar a você."
"Hn." Ele continuou a olhar para o vento.
"Eu decidi que vou te ajudar a encontrar um amor!"
Hiei deu pulo de surpresa, saltando para fora do remo. No último segundo, ele se segurou no fim do remo com a mão direita. Botan espiou alguma coisa embaixo de si e gaguejou. "Hiei! Você está bem! Aqui, me deixe ajudar você a subir!"
Hiei levantou seus olhos para ela. "O que exatamente você quer dizer com isso!"
Botan piscou. "Quero dizer... eu vou ajudar você a subir...e..."
"Não, baka! A outra coisa!" he gritou, se balançando lado a lado.
"Oh, aquilo," ela respondeu, aérea. "É, eu decidi que ninguém merece ser tão solitário e, uma vez que você não vai ajudar a si mesmo, eu vou!"
Os olhos de Hiei se encheram de raiva. "Eu mal estou aceitando você me 'testar'! Você não vai -"
"Eu sei!" ela interveio alegremente. "Isso é só um bônus!"
"Ótimo," ele diz, sarcástico. "Agora eu tenho um bônus de encheção de saco."
Ela cruzou os braços altivamente. "Você realmente é um canalha às vezes, sabia? Pelo menos você poderia agradecer."
"Agradecer!" Hiei se enfureceu, fazendo o remo tremer enquanto subia de volta em sua ponta. "Pelo o quê? Por uma cabeça-de-vento pôr seu nariz na minha pessoal, tentando se meter em assuntos que não são da conta dela!"
Botan engoliu em seco, fitando Hiei intensamente. "Melhor uma cabeça-de-vento que um demônio arrogante, cretino e..." ela gaguejava.
Hiei rodou os olhos. "E eu acho que colocar o seu nariz em minha vida pessoal não importa? Se eu bem sei, Botan, você também é sozinha. Talvez eu devesse achar um amor pra você.."
Os olhos de Botan se arregalaram de horror. "O quê! Não! Quero dizer..."
Hiei sorriu de canto, triunfante. "Não é muito tentador, não é?"
"Eu sou diferente de você! É diferente!" ela respondeu, sua face queimando. "Eu sou sociável e amigável -"
"Não parece que isso tem te ajudado em achar uma companhia, não é?"
Botan corou violentamente. "Cale a boca, ou eu vou pisar na sua mão e te fazer cair!"
"Não se preocupe, eu mesmo vou."
"Hiei não!" Botan gritou, largando o remo para segurar as mãos dele. Nesse exato momento, Hiei jogou seu corpo para cima, girando o remo em sua subida. Botan, que havia largado o remo para ajudar o koorime, deslizou do remo quando ele se virou.
Ela soltou um grito, mas parou quando Hiei agarrou sua mão. Ela o fitou, a mão dele era a única coisa que a segurava da queda para sua morte. Ela engoliu a seco, nervosa.
Hiei olhou para ela, pensando um instante. "Ouça onna, estou te avisando-"
"Desculpe, Hiei," ela suspirou baixinho. "Mas você não acha... Quero dizer, ninguém quer ficar sozinho, certo?" Ela engoliu a massa que se formava em sua garganta.
Hiei a fitou por uns momentos, franzindo o cenho - como se as palavras estivessem na ponta de seus lábios, mas ele não as diria. Finalmente ele murmurou alguma coisa e a puxou. "Venha," ele murmurou, a pousando no remo.
Ela soltou um pequeno grito e se segurou no casaco dele no balanço. Ela se sentou lá, tremendo e temendo. Finalmente, Hiei grunhiu e agarrou seu pulso. Silenciosamente pedia que ela tirasse as mãos dele, e a empurrou para longe de si no remo. "Eu gostaria de não passar muito tempo em um remo nessa maldita posição, se você não se importa."
Botan corou e fez um gesto com a cabeça, afirmando. Aterrisou o remo em frente ao portal novamente. Uma vez tendo o passado, ela arriscou. "Um...Hiei?"
"Hn."
"O que faz você rir?"
"Eu não rio."
"Que isso. Todo mundo ri."
"Eu não."
"Você sente cócegas, então?"
"Abaixe suas mãos, agora, onna."
"Eu não posso acreditar que você nunca tenha dado risada."
"Eu não me importo se você acredita ou não."
"Certo. Eu vou fazer você rir então."
"Claro."
"Não seja tão convencido!"
"Tanto faz."
"Está fazendo de novo!"
"Hn."
"Você não pode usar "hn" para tudo, sabia?"
"NADA agrada você, mulher!"
Esta vai ser uma longa semana. Já está mais difícil que eu pensei...
Isso vai ser os sete infernos e mais...
