Duat

Autor (a): phoenix

Comentários

Aline Krux

Não se preocupe, não vou achar que vc está chapada, afinal, os detalhes no texto têm como objetivo a visualização mesmo! Adorei seus elogios, fiquei muito lisonjeada e, sempre que encontrar alguma coisa sobre o Egito e quiser mandar, não se acanhe! Nunca será chato!

Cris

Olha só, se eu não interrompesse no clímaz dos caps, quem me garante que vcs voltariam para ler o próximo? É assim que prendo vcs e a rede Globo é uma boa professora sim. Como eu já disse antes, se Peter Jackson fez com que esperássemos 3 anos para vfer o Senhor dos Anéis por inteiro, o que são algumas semanas? Beijos pra vc tb!

Claudia

Tb adoro esses documentários e já vi algo sobre o Egito; certa vez me submeti até a ver o programa da Eliana só porqueela havia feito uam viagem ao Egito e estava mostrando! Que mico... Quanto às pistas, elas virão, tenha certeza!

Rosa

E quem disse que eu sabia sobre o tal "Canto dos Tuaregues do Saara"? Me bati com ele enquanto pesquisava e não resisti! E olha s´o: eu contei pra minah mãezinha o que vc deve ter dito viu!

kakau

Obrigada pelos elogios, espero que vc continue gostando!

Nessa Reinehr

É bom que eles tenham descansado bastante, pois não acho que as coisas serão tão fáceis daqui a um tempo...

Rafinha

Tadinha de vc Rafinha, caiu nas malhas do fanfiction. Quem entra aqui não consegue sair mais! Da minha parte, eu acho ótimo, pois é audiência garantida!

Jess

Ótima observação, ele realmente baixaram a guarda, mas saiba que nada acontece por acaso....porque será que fizeram isso?!

Towanda

Vc sabe que eu não resisto aos tuaregues né? Fazer o que! Ah, agradeço imensmente pelo seu review, pois foi muita consideração ter colcado aqui, mesmo eu devendo 4 reviews seus...ou mais, who knows...

may

Oi, é um prazer ter uma nova leitora! Como vc achou a fic? Sempre fico curiosa para saber isso, pois a maioria que lê é do grupo Casa da Árvore, mas acho que vc não é, é? Ah e quanto ao sofrimento, de semana em semana ele será aplacado!

CAPÍTULO 5

Caminhando com seu passo lento e cadenciado, um ancião se aproximou do centro da aldeia e todos o reverenciaram imediatamente. Os aventureiros fizeram o mesmo; apesar de não saberem o porque, acharam melhor seguir a atitude dos outros. Além do mais, as vestes dele eram demasiado diferentes e isso parecia indicar que ele tinha uma importância diferenciada.

Os aventureiros não souberam o nome dele, pois ninguém o pronunciava, ele apenas foi apresentado como "o Imã", o líder religioso daquele povo. Ele recebeu os aventureiros com a mesma simpatia do chefe da tribo, embora a sua euforia fosse menor. "Enfim chegaram!", foram as únicas palavras do ancião, que em seguida cumprimentou um a um, longamente e os convidou para voltar às festividades. Os aventureiros estranharam as palavras do ancião, mas nada perguntaram. Diante de tão calorosa recepção, acharam melhor deixar as perguntas para uma oportunidade mais apropriada.

A presença do Imã parecia ter animado imensamente a tribo, e isso podia ser visto pelos largos sorrisos que exibiam. O ancião por sua vez, quis saber se os aventureiros conheciam alguma coisa sobre seu povo e sua história, o Egito de uma forma geral. Constrangidos, eles contaram o pouco que conheciam, na verdade o mínimo, já que naquela época o Egito, assim como toda a África ainda era um enorme mistério a ser desvendado.

Apenas Marguerite sabia coisas interessantes sobre o lugar, afinal ela havia passado boas temporadas na cidade do Cairo. Mas, assim que percebeu que estava falando coisas demais, ela encerrou sua fala, deixando que a dúvida mais uma vez assolasse a mente de seu lorde preferido: quantos mistérios mais se escondiam por trás daqueles olhos? Talvez ele jamais venha a saber.

A conversa rendeu bastante: o chefe insistiu que o Imã tomasse a palavra e tivesse a honra de apresentar seu povo. A partir daí, os aventureiros ficaram sabendo que alguns atribuem a origem dos tuaregues aos egípcios, e isso imediatamente fez com que eles pensassem que isso poderia ser muito útil na tarefa que tinham pela frente. Quem sabe, eles não tivessem alguma pista, algum palpite sobre os vasos de Memptah, ou, ao menos, o paradeiro de Suthameh?

Malone começou a tentar estabelecer ligações e chegou a conclusão de que, se a tarefa que tinham pela frente poderia ter um quê de sobrenatural, talvez saber um pouco mais sobre as lendas e crenças egípcias fosse imensamente útil, e quem melhor para contar isso do que o homem à sua frente?

Roxton tentou repreender o jornalista, visto que ele não achava de bom tom já chegar pedindo coisas, mas o Imã não pareceu se incomodar. Muito pelo contrário, ele pareceu até satisfeito quando começou a falar. Challenger também não gostou, a princípio, da atitude do jornalista, mas não pelos pudores de Roxton. Na verdade, tudo que envolvia doses maiores ou menores de misticismo, ainda incomodava o cientista, deixando-o desconfortável por ouvir coisas que, segundo ele, batiam de frente com sua absoluta crença na ciência.

Verônica era ali a pessoa mais aberta àquela nova experiência: sua única pretensão era ver e ouvir tudo que pudesse e só depois decidir o que fazer. Sua estratégia era simples, mas aparentemente eficaz: primeiro conhecer o terreno para depois agir, com o menor risco possível de cair em armadilhas.

A voz suave e as palavras claras do Imã, expressavam toda a sua sabedoria, além do seu poder e sua força naquela tribo. Enquanto ele contava as lendas que povoavam as areias do Saara, os olhos dos exploradores cintilavam de admiração e fascinação por aquele mundo repleto de sonhos, esperanças e ensinamentos preciosos.

Todos estavam inebriados com os mitos egípcios, a profusão de personagens e acontecimentos fantásticos, mas, de repente, a concentração da tribo foi quebrada pela chegada de um misterioso visitante, aparentemente mais um andarilho, como tantos que cruzam o Saara todos os dias.

É bastante comum a presença deles por ali: alguns se lançam nas areias em busca de riquezas, tesouros perdidos que outros nunca encontraram, enquanto outros saem apenas em busca de aventuras, como as narradas nos livros de história. Afinal, que outro lugar seria melhor para desafiar o desconhecido do que a jóia do Nilo?

Os aventureiros tentaram manter a atenção no Imã, mas o andarilho despertou demais o interesse deles, uma atração quase irresistível. Eles tiveram uma estranha sensação de familiaridade com aquele homem, mas seria isso possível?

O homem foi recebido da mesma forma que os aventureiros e depois de mais descansado, explicou o que estaria fazendo ali. O suposto andarilho, na verdade se revelou um mercador: ele contou que estava procurando compradores para suas mercadorias, mas andou tanto que, sem a noção do tempo, acabou se perdendo. Exausto e faminto, avistou finalmente a aldeia e resolveu pedir abrigo, sabia que teria pouquíssimas chances de encontrar ajuda em outro lugar antes de sucumbir.

Apesar de terem recebido o homem, os tuaregues estranharam: um mercador perdido? Logo eles, tão acostumados a trilhar os invisíveis caminhos das dunas a fim de encontrar fornecedores e compradores? Talvez, depois dos povos do deserto, os mercadores sejam os maiores conhecedores do deserto, de modo que este que agora arecia era deveras estranho.

Além disso, foi-lhe perguntado sobre o paradeiro de suas mercadorias, mas ele logo justificou dizendo ter sido saqueado. De fato, isso não era raro por aquelas bandas. Desconfianças à parte, enfim, o homem foi acolhido. Segundo um interessante conto tuaregue, chamado A cupidez, "há sempre um lugar numa tribo tuaregue para aqueles que viajam", de modo que ele logo foi encaminhado a uma das tendas.

Foi-lhe oferecida comida e um lugar para descansar, mas ele, que a princípio disse estar tão cansado, preferiu voltar para o centro da tribo, onde o povo estava reunido, ou melhor, onde o Imã continuava conversando com os aventureiros.

O Imã não desviou seu olhar dos aventureiros, nem perdeu o fio da meada do que estava falando, mas é claro que não deixou de notar o novo visitante. Quando este se aproximou do lugar onde estava, pela primeira vez o Imã se desviou e fez sinal para que ele se acomodasse. Neste exato momento ele começou a contar uma outra lenda, uma das mais significativas para o povo egípcio. A lenda do sol.

Todos acharam que seu único objetivo era continuar a apresentação da sua cultura para os visitantes e entretê-los, afinal lendas são coisas quase mágicas, absolutamente atraentes, mas o Imã sabia intimamente que a escolha não havia sido aleatória. Na verdade, nenhuma de suas palavras era sem propósito, nem mesmo seu menor gesto.

Antes de começar a narrativa, ele levantou uma das mãos e fez um sinal. Imediatamente após isso, um homem de aparência soturna dirigiu-se a ele. As vestes do homem eram absolutamente iguais às dos demais, mas seu porte altivo e sua expressão séria o distinguiam dos outros tuaregues. O Imã pegou a mão do homem e, com o dedo indicador começou a traçar complexos ideogramas na palma dele. O homem, por sua vez, olhava atentamente e, ao final da mensagem, balançou a cabeça em sinal positivo e saiu, silencioso como havia chegado. Essa forma de comunicação era usada pelos tuaregues quando eles não queriam que outros soubessem do que se tratava.

O Imã começou, então, a contar a lenda:

A lenda do sol estava exposta na maioria dos livros funerários reais do novo império; esta lenda retrata a navegação noturna do sol sobre o rio do além. O deus passa a noite no mundo dos mortos, onde se desloca de barca, como todo mundo no Egito. Ele defronta provas no além antes de renascer completamente novo pela manhã. Reencontra os mortos que podem se aquecer com seus raios e outros deuses, em particular Osíris, com quem se confunde para ressuscitar. Se parte envelhecido (atum com cabeça de carneiro), o sol ressurge no horizonte do leste remoçado (o escaravelho de kepril). Em cada um dos livros, esta viagem do sol é retratada de uma maneira, com pequenas variações. No mais antigo dos livros, chamado "casas secretas", estas, (as "casas secretas") são doze "cavernas" que abrigam as doze horas da noite pelas quais o sol passa de barca antes de renascer pela manhã. Apófis, a serpente do caos, o agride na 7ª hora e depois na 12ª. O sol resiste a seus ataques e renasce na forma de escaravelho, abandonado atrás de si seu despojo, sua múmia. O meio que ele emprega para triunfar sobre os obstáculos é o conhecimento. Há um outro livro, chamado "as portas", que surgiu no túmulo de Ramsés, o grande. Nele, é descrita a viagem noturna do sol que passa pelas regiões das doze horas, transpondo doze portas sucessivas cujos guardiões têm nomes aterradores. À saída das doze horas ele renasce, depois de uma passagem no Nun (caos líquido primordial) tal como uma reprodução da criação. O livro "as cavernas" surgiu no reinado de Seth I, apresenta um além dividido não mais em doze horas, mas em seis regiões, espécies de grutas fechadas por portas como nos outros livros.

O Imã fez questão de salientar que, apesar das várias versões, o sol sempre é representado como o vitorioso e em alguns relatos é reservado um lugar especialmente importante no registro ao castigo dos inimigos do sol, vencidos, decapitados e destruídos. Existe, inclusive, um tacho de cobre para se cozinhar os vilões.

Ouvindo aquilo, o homem se inquietou, como se algo o estivesse incomodando. Ele fazia um enorme esforço para disfarçar, mas até o menos habilidoso dos observadores poderia perceber facilmente o seu desconforto. Discretamente ele tentou sair do centro da aldeia, mas assim que deu alguns passos para trás esbarrou em algo.

Na verdade, em alguém. Ele, o misterioso homem com quem o Imã havia falado. Ele interpelou o homem, querendo saber se havia algo errado, ou lhe faltava alguma coisa, mas este disse que estava tudo bem e que estava apenas cansado, por isso se retiraria para sua tenda.

O homem o acompanhou com os olhos até a tenda, e ficou durante o resto da noite velando seu sono do lado de fora. Na madrugada, quando todos dormiam e apenas alguns tuaregues faziam a guarda da aldeia, o homem permanecia imóvel; apenas ele viu quando o misterioso mercador saiu, sorrateiramente, para não mais voltar.

O Imã permaneceu acordado em sua tenda, ele não viu o que estava acontecendo lá fora, mas também não precisava; via tudo com outros olhos, olhos da alma, alertados pelo canto do gavião, que insistia em gritar lá fora, no deserto. O Imã fechou seus olhos e quase podia ver pelos olhos da ave, que acompanhava o caminhar do suposto mercador.

Sentindo a necessidade, o ancião começou, em sua solidão noturna, a entoar baixinho uma música típica de seu povo, um tindê usado para expulsar os maus espíritos.

Os aventureiros, cansados com tantas informações novas, dormiam. Eles não sabiam, mas estavam muito mais perto do que imaginavam do seu alvo, do único que saberia da localização precisa dos vasos de Memptah e, por isso mesmo faria qualquer coisa para que eles não fossem resgatados. Qualquer coisa.

Como se pressentissem o que viria pela frente, naquele dia a ninguém foi permitido um sono tranqüilo. Marguerite e Verônica passaram grande parte da noite virando-se de um lado para o outro. Malone e Roxton tentavam entender o porque da falta de sono, enquanto Challenger tentava explicar algo sobre o efeito da adrenalina. Intimamente ele sabia que não era isso, mas também não sabia o que poderia ser.

Até o mais sereno dos tuaregues estava inquieto aquela noite; os camelos ficaram ariscos e os cavalos empinavam sem parar; outra vez o vento do Saara se anunciava, e novamente ele era diferente, como se trouxesse em suas asas sinais de tempos obscuros.

CONTINUA...

Referências:

Desculpem por não ter colocado referências no cap anterior. O ritual de lavar os pés dos visitantes eu retirei do relato de um pesquisador que ficou um tempo no Saara, aproveitei o relato dele e transpus para os aventureiros. Minhas referências são basicamente da Internet (é simples, põe a palavra, por ex. tuaregue, no e um novo mundo se descortina!). Para quem quiser saber mais coisas sobre os tuaregues, estão aqui os sites:

http:www.aguas.cnpm.embrapa.br/coracao/aguacrista3.htm (Ritual de lavar os - Revista mundo e missão.

Disclaimer: os personagens aqui citados fazem parte da série "Sir Arthur Conan Doyle's The Lost World", não sendo, portanto de propriedade do(a) autor(a) desta fanfiction.