Duat
Autor (a): Phoenix
Comentários
Cris
Pra variar, o seu review foi muito lindo e me deixou bastante lisonjeada. Agradeço imensamente pela ajuda que vc me dá para escrever esta fic, principalmente por me aturar reclamando de tudo: que tô sem inspiração, que o texto tá ruim, que não sei mais o que fazer, etc. Um enorme beijo, e mais uma vez: obrigada!
Maga-Patalogica
Pois então corre para ler Duat 9, que vc vai ver quanta coisa ainda está pra acontecer!
Claudia
Olha só, eu morri de vergonha quando vi este seu review. Foi uma enorme falha, realmente imperdoável, mas acreditando que vc seja uma pessoa magnânima, espero que me perdoe! Please! Eu lembro de cada uma das minhas leitoras quando estou escrevendo a fic, penso em agradar, em fazer o melhor e a alegria ao receber os reviews é enorme! Não pense jamais que foi descaso, mas sim, uma falha humana.
Aline Krux
Quando eu responder aos comentários que vcs faze, não é para deixar vcs sem graça, ma sim para fazer uma gracinha com vcs! Ah, Hórus não vai morrer!
Jéssy
O que eu vou aprontar? Nem eu sei! Eu não sou má, só defendo o que é meu......não divido não! matarei se vc repetir.....
Nessa Reinehr
tadinha de vc, agora que ofereceu ajuda, não vai se livrar mais de mim! Quant ao lorde, pode ficar tranqüila e quanto à Margie tb! Continuo dizendo que sua idéia dos sonhos foi fabulosa! Thanks.
kakau
Quer saber de Ardeth......aí vai. Divirta-se!
Jess
Muitíssimo obrigada pelo toque das roupas. O que eu faria sem leitoras atentas como vc?
Rafinha
Pois nem pense em para de ler! tem muito mais coisa ainda para acontecer!
CAPÍTULO 9
Enquanto para Marguerite, Malone, Challenger e Verônica , as coisas haviam se resolvido com relativa facilidade, talvez como eles nem tivessem imaginado no começo, em outro lugar, um pouco distante dali, as coisas provavelmente não seriam tão fáceis assim. Os dois valorosos homens continuavam procurando pistas do paradeiro de Suthameh; na maior parte do tempo cavalgavam, pois era demasiado cansativo andar na areia e felizmente os cavalos egípcios eram bastante fortes.
Às vezes não tinha jeito, eles eram obrigados a descer dos cavalos por causa da forte ventania e das nuvens de poeira. Vez por outra trocavam umas palavras, mas não acho que isso pudesse ser chamado de diálogo. falavam sobre amenidades e quase sempre a conversa era puxada pelo caçador, talvez como uma forma de se mostrar simpático, ou pelo menos, menos antipático do que ela estava sendo durante boa parte do caminho.
Ardeth realmente não era de muita conversa, mas desta vez ele estava mesmo monossilábico, e às vezes até demorava um bom tempo para responder, como se estivesse com o pensamento bem longe dali. E estava mesmo; há tempos ele não via Hórus, nem mesmo ouvia seu canto, e isso estava preocupando bastante o tuaregue. Roxton foi sensível o bastante para perceber isso, e tentou falar sobre o assunto. Dessa vez Ardeth se abriu um pouco mais.
Para ele, o falcão não representava apenas a possibilidade de obter pistas concretas sobre Suthameh, ou qualquer outro que ele procurasse. Na verdade, para aquele misterioso homem, de fala contida, movimentos planejados e olhar profundo, a ave de rapina temida por tantos por sua implacável capacidade de caça, era um amigo de verdade. E dos mais leais que poderia ter.
Roxton viu a tristeza estampada nos olhos do homem e ficou triste também, mas foi neste exato momento que ecoou no deserto o grito de Hórus, rasgando os céus, imponente como só ele sabia ser. A ave veio direto para seu dono, e pousou em seu braço, que estava protegido por uma luva de couro, pois as poderosas garras de hórus, facilmente retalhariam sua pele. Homem e ave se entreolharam, e como se mantivessem uma secreta linguagem, ficaram um tempo assim. Em seguida, Ardeth o mandou de volta ara a liberdade dos céus, e fez sinal para Roxton. Ele parecia estar certo de onde deveria ir.
Seguindo o Vôo de Hórus, Roxton e Ardeth seguiram para seu destino. Um lugar magnífico que serviria de palco para uma bela caçada: o Vale dos Reis. Antes de contar o que aconteceu com eles, vou deixá-los curiosos por mais um tempinho, mas o motivo é justo: para que vcs imaginem e entendam um pouco do lugar para onde nossos heróis estão se dirigindo, vou apresentar alguns detalhes e o porque da existência desse lugar.
O Vale dos Reis
Os primeiros povos do vale do Nilo enterravam os seus mortos em covas abertas na areia quente, que secava e preservava os cadáveres. Mais tarde, quando os mortos começaram a ser enterrados em túmulos de pedra, os cadáveres deterioravam-se e, por isso, os Egípcios começaram a desenvolver as técnicas de preservação (mumificação). Como eu já disse anteriormente, eles acreditavam que só era possível passar para a outra vida se o corpo se mantivesse intacto, e se fossem cumpridos uma série de rituais de forma que o falecido fosse aceito pelos deuses.
Os reis construíam, em vida, sólidos túmulos em pirâmide e mais tarde, na tentativa de evitar roubos, escavaram-se túmulos escondidos nas rochas. O lugar onde estes túmulos foram escavados nas rochas, é o que se deu o nome de: Vale dos Reis. Os faraós do Novo Império escolheram um vale na margem ocidental de Tebas para lugar do seu último repouso. Oficialmente, era conhecido como Ta Sejet Âat, "a Grande Pradaria", mas Champollion (o mesmo cara que decifrou a escrita egípcia), no século XIX, deu-lhe pela primeira vez o nome de Vale dos Reis.
O Vale dos Reis vai do oeste do Nilo em direção ao pôr-do-sol. E não é por acaso que os egípcios escolheram este vale. Antigamente, o pôr-do-sol era associado com a vida após a morte, e portanto, eles fizeram questão de seguir o costume religioso de situar no horizonte ocidental o reino dos mortos. Este afastado vale proporcionava aos reis um repouso sossegado, garantido por meio da vigilância de um corpo especial da polícia, o medyai, e da proteção da deusa-cobra Meretseger. Esta divindade, também chamada "a que ama o silêncio", encarregava-se de zelar pela segurança das necrópoles tebanas.
Apresentado o cenário, passemos à aventura:
Quando chegaram ao vale dos Reis, Ardeth e Roxton não mais viram Hórus; a missão dele havia sido cumprida. O Imã havia avisado que enquanto tivessem os olhos de Hórus como guia, estariam bem, mas quando ele faltasse, todo cuidado seria pouco. Agora os dois homens estariam por conta própria.
Chegar àquele lugar, já era por si só uma experiência mágica. A sensação de quem chegava ali, era de que milênios de história estavam sob aquelas areias e escondidas nos meandros daquelas rochas. Pé ante pé, eles foram se aproximando; é claro que estavam com medo, mas agora isso não poderia servir de empecilho, mas sim de válvula propulsora.
Logo de cara perceberam que achar alguém ali não seria nada fácil, afinal os egípcios eram mestres em armadilhas e mistérios e aquele enorme complexo subterrâneo não ficava por menos. O lugar acabou parecia ser um verdadeiro labirinto que faria inveja até mesmo ao rei Minos de Creta. Ali havia mais de 60 tumbas reais, incluindo a do faraó Tutankamon; mas é claro que eles não sabiam disso naquela época.
Eles andavam cautelosamente, mas ainda havia muitos caminhos a serem percorridos. Vez por outro Roxton parava e olhava para trás, como se estivesse procurando algo ou alguém. Quando Ardeth perguntava o motivo de sua preocupação, ele dizia que não era nada, só uma estranha sensação de estar sendo observado.
Seu instinto de caçador estava quase gritando, e ele sabia que havia algo muito estranho ali. Mas isso já havia se tornado comum naquele luar, afinal, o que não era estranho ali? estátuas que pareciam de verdade; deuses que apareciam do nada; pessoas que reencarnavam para cumprir uma torpe vingança; um homem que falava com uma ave. Ao dizer isso, levou um olhar de Ardeth, mas não foi de repreensão. O tuaregue apenas riu e continuou sua caminhada.
Era preciso estar atento a todos os detalhes e um deles não escapou aos olhos de Roxton: um pedaço de pano rasgado perto de uma das colunas que ficavam na entrada das tumbas. Ardeth rapidamente o identificou como sendo da roupa de Suthameh, o falso mercador, e souberam que estavam no caminho certo, apesar de só terem chegado praticamente às portas das catacumbas.
De repente sentiram que algo havia mudado. Parecia ter sido a corrente de vento, que havia não só mudado de direção, mas também de intensidade. Roxton pensou em ignorara aquilo, mas Ardeth não; ele sabia que não era um bom sinal. Estavam em terreno sagrado, um lugar construído para abrigara crentes fiéis na vida eterna, e estar ali vasculhando poderia ser interpretado como desrespeito, ou pior ainda, desafio.
Os dois resistiram bravamente a forte e quente ventania, que quase os sufocava, mas não tiveram muito tempo para comemorar. Na tentativa de se proteger, acabaram chegando aos pés de duas gigantescas estátuas que guardavam a entrada das tumbas. Ao olhar para cima, viram o inimaginável: as estátuas de pedra estavam sendo envolvidas por um redemoinho negro que iam dando vida a cada parte de seu corpo. Quando a transmutação estava completa, elas desceram de seus pedestais e começaram se mover na direção dos dois homens, com a intenção de esmagá-los como formigas.
Eles correram o tanto que suas pernas podiam, mas as enormes pernas das criaturas faziam com que rapidamente elas alcançassem os dois. Um delas abaixou-se e estendeu as mãos para pegara Roxton, que foi salvo por um empurrão do tuaregue. Ele conseguiu correr e chegar até a entrada do templo. Foi de lá que ele viu quando a outra estátua viva, pegou com as mãos em concha o tuaregue, que se debatia sem sucesso. Sentindo seu corpo ser comprimido pelas fortes mãos da figura, Ardeth não tinha muito a fazer, mas lembrou do essencial. fechou os olhos e começou a repetir, quase em transe uma milenar oração egípcia dedicada ao deus Hórus. enquanto ele repetia as mágicas palavras, o amuleto que trazia em seu pescoço começou a brilhar e chegou a ficar incandescente, ofuscando os olhos da criatura, que, desnorteada, o soltou.
Como em um passe de mágica, as duas estátuas voltaram a ser o que eram: pedra. Roxton estava são e salvo na entrada das cavernas, mas o tuaregue não teve a mesma sorte. A queda havia sido muito grande, e quando o caçador se aproximou dele, desesperado por oferecer ajuda, ele quase não podia falar. Suas poucas palavras foram: vá em frente e tome cuidado. Roxton hesitou em deixá-lo ali, a mercê de sua própria sorte, mas o homem insistiu que dependia dele, cumprir a missão. Como se soubesse, Hórus apareceu mais uma vez e pousou ao lado de seu amigo.
Bem, com Ardeth estava ferido, não conseguindo nem ficar de pé, que dirá, continuar a perseguição de Suthameh, restava ao caçador seguir adiante. Seus outros companheiros tiveram que cumprir sua missão sozinhos, e para Roxton não foi diferente. Por uma artimanha do destino, ele agora também estava sozinho e cada vez mais perto de seu objetivo: pegar o falso mercador. E então, lá se foi ele rumo a sombra e a escuridão.
Roxton ia caminhando lentamente, sempre a espera de alguma surpresa desagradável , mas na verdade, só o que ele achou pelo caminho foram algumas cobras não venenosas, uns besouros desgarrados e muitas, muitas aranhas. à medida em que ia entrando no coração da montanha, ia notando quão engenhosos os egípcios haviam sido; era bem provável que muitos tivessem perdido ali não só o caminho, mas também a vida.
Para sorte dele, no caminho, ele e Ardeth haviam conversado sobre o lugar e ele havia recebido instruções claras de se manter nos corredores principais. Nada de curvas, lugares tentadores, salas escondidas, etc, por mais atraente que isso fosse. vez por outra ele via sombras nas paredes, que se alguém tivesse passado. Mas quando corria, não era nada. Isso aguçava ainda mais seu instinto de caçador. O perigo daquele intrincado jogo de gato e rato deliciava o caçador, e a possibilidade de sair vitorioso dele fazia seu ego ir ás nuvens.
Suthameh sabia que havia alguém em seu encalço, mas não sabia quem, e foi aí que ele errou. Fatalmente. Ele tinha plena certeza de que escaparia de mais essa, afinal, quem poderia detê-lo? Pois é, jamais incorram neste erro. Jamais subestimem seus inimigos, especialmente se não souberam que são.
O falso mercador ia deixando pistas, tal qual migalhas de pão,a fim de que o caçador o seguisse. Este por sua vez, fingia entrar no jogo dele, mas sua atenção era a máxima possível. O caçador passou por todo tipo de dificuldade: salas sem saída, estátuas e tochas que caiam do nada, buracos que se abriam a seus pés, adagas afiadas que eram lançadas do mais profundo vazio. Mas chegou um momento em que não só ele, quanto o próprio Suthameh já estava cansado daquela brincadeira. O maligno homem resolveu então, brincar com coisas mais sérias: sombras pálidas e com expressão horrenda se desprendiam das paredes e giravam ao redor do caçador, a fim de atormentar sua mente e seu espírito.
Mas imaginem a cara de surpresa de Suthameh, quando seus servos maléficos voltaram e se desmancharam diante dele como pó. Ele preocupou-se pela primeira vez: quem seria aquele que não sucumbe diante de nada? A hora era chegada; resolveu se colocar frente a frente com seu pretenso algoz; quando ele pensava nisso, gargalhava, e podia ser ouvida a uma longa distância. Roxton ouviu a gargalhada maligna e um frio percorreu sua espinha. Segundos depois, lá estava ele, de costas. O falso mercador. Roxton bem que tentou disfarçar, mas o pavor estava estampado em seu rosto, pavor este que o deixou e se transferiu para a face de Suthameh ao encarar o caçador.
Você! Gritou Suthameh, para espanto do caçador. Ele parecia conhecer Roxton, e mais: temê-lo. Mas porque? Suthameh tentou fugir dali, mas não pode. havia ficado preso em sua própria armadilha, havia tentado encurralar Roxton exatamente na sala onde ele mesmo jamais poderia entrar: a sala dos rituais de mumificação, pesagem das almas e julgamento. Ele foi se afastando, com o horror na sua cara, na medida em que o caçador se aproximava dele. Quando roxton fez menção de tocá-lo, ele apenas se protegeu com as mãos em frente ao rosto; ao ser tocado, sua energia transformou-se em uma espiral de luz negra, em forma de redemoinho, que percorreu os quatro cantos da sala e sumiu, de repente. No lugar onde ele estava sobraram apenas seus restos mortais e suas vestes.
Roxton ficou confuso; o que poderia ter acontecido? Teria ele falhado e Suthameh escapado? Depois de tanta correria, muitos arranhões e hematomas, isso não seria justo.
Com os restos do falso mercador no chão a sua frente, Roxton olhou novamente a seu redor e sentiu uma forte emoção por se dar conta de onde estava: um lugar destinado à eternidade. Ali ficava claro o quanto os Egípcios acreditavam na vida além-túmulo e quanto tempo dispendiam preparando-se para ela.
As câmaras funerárias eram decoradas com belas pinturas e relatos que contavam a vida do defunto, da sua família, dos seus criados e dos dias felizes passados a caçar. Os Egípcios acreditavam que no outro mundo estas cenas se tornariam realidade, graças à oração. Nos túmulos eram também colocados alimentos e bebidas, amuletos, o Livro dos Mortos, Orações escritas em papiro, juntamente com todas as jóias e objetos pessoais do defunto.
Tudo estava ali intacto, pensou ele, depois de tantos milênios, rumo à eternidade. Sua hipnose diante das maravilhas do Egito antigo, foi quebrada pela chegada de alguém a quem caberia levá-lo à pirâmide, onde os outros já estavam: SEKHMET, a deusa mulher com cabeça de leoa.
Está divindade tinha duas formas de representação: ao mesmo tempo em que simbolizava os poderes destrutivos do Sol, como uma leoa sanguinária, ela também operava curas e tinha um frágil corpo de moça. Era a deusa cruel da guerra e das batalhas e tanto causava quanto curava epidemias. Roxton foi ofuscado pelo brilho de seu rosto que cintilava como o sol, e acabou por inundar a sala com sua luz.
Era mesmo uma deusa temida, com sua juba cheia de chamas, sua espinha dorsal cor do sangue. O deserto ficava envolto em poeira, quando sua cauda o varria; mas nessa ocasião ela tinha um propósito benéfico e justo. Sua missão era levar não só o caçador para junto de seus amigos, mas, principalmente, levar Suthameh pra sua punição definitiva. Dela não haveria como escapar. A alma dele agora estava devidamente presa para o julgamento e seus restos encontrariam descanso. Ou não.
Roxton quis voltar para ver como Ardeth estava; não posso dizer que se tornaram amigos, mas era impossível que dois homens de tamanha nobreza não tivessem pelo menos respeito um pelo outro. Mas ele não pôde. Sekhmet sumiu, envolta na poeira, e com ela, lá se foram o caçador e o que havia sobrado de Suthameh. O momento do encontro entre Memptah e Suthameh estava chegando. Luz e escuridão.
Dentro da luz há escuridão,
mas não
tente compreender essa escuridão;
Dentro da escuridão
há luz,
mas não procure por essa luz.
Luz e
escuridão são um par,
Como o pé na frente e
o pé detrás ao andar.
Cada coisa tem seu valor intrínseco
e está
relacionada a tudo o mais em função e posição.
Vida comum se encaixa no absoluto como uma caixa à sua
tampa.
O absoluto trabalha com o relativo,
Como duas flechas
se encontrando em pleno ar.
Lendo estas palavras apreenda a
grande realidade.
Não julgue por nenhum valor.
Se você
não vê o Caminho,
não o vê mesmo ao
andar nele.
Quando você caminha,
não é
perto nem longe.
Se estiver desiludido, estará há
rios e montanhas de distância.
Respeitavelmente
digo àqueles que querem ser iluminados:
"Noite
e dia, não percam tempo."
Trecho do texto A Identidade do Relativo e Absoluto, retirado do site )
DISCLAIMER: Os personagens aqui citados fazem parte da série "Sir Arthur Conan Doyle's The Lost World", não sendo, portanto de propriedade do(a) autor(a) desta fanfiction.
