2 – O Regresso do Padawan
Alguns meses passaram. A rainha Jamillia deixou de precisar de Padmé; os Jedis iam morrendo; a República ia sendo destruída; Anakin continuava no treino.
O senador Bail Organa chamou Padmé a Coruscant. Ela foi. O trabalho fazia-a esquecer as saudades. Sofreu dois atentados. Dormé, a sua aia, estava no hospital, às portas da morte, sofrendo pelo atentado destinado a Padmé. A senadora foi novamente enviada para Naboo, desta vez sozinha. Vivia num enorme palácio com a companhia de R2-D2 e C-3PO. Nem a sua própria família sabia onde se encontrava. Nem Anakin o sabia. Ela perdeu a esperança de voltar a vê-lo. Ele não sabia onde ela se encontrava e não poderia adivinhar.
Triste, passava os dias na varanda em que casara, brincando com os anéis (o seu e o de Anakin), olhando para o sol, esperando um novo dia. As saudades sufocavam o seu peito, o coração parecia mais pequeno, com batidas mais lentas.
Uma noite, não conseguiu dormir. A luz do luar não a deixava fechar os olhos e a varanda só lhe causava inquietação. Dirigiu-se ao jardim, sentindo-se leve, com os pés a roçar nas ervinhas. A cascata produzia um som bonito e havia um outro som, calmo e relaxante, de que ela desconhecia a fonte. Deixou a cabeça encostar-se ao verde das plantas. Arrepiou-se quando o pescoço tocou nas ervas mais frescas, cobertas com a água da noite. O longo vestido de noite espalhava-se pelo chão, as mãos repousavam sobre o coração.
Ao amanhecer, voltou para o castelo. Vestida de azul celeste, com os cabelos ondulados sobre os ombros, salpicava os pulsos de uma fragância agradável, de cheiro silvestre quando sentiu uma mão nas suas costas. Receosa e ansiosa ao mesmo tempo, voltou-se. Ali estava ele. Em frente a ela, sem separações. O homem que amava. Anakin Skywalker.
- Como me encontraste? – perguntou, os olhos marejados de lágrimas doces.
- Obi-Wan contou-me. Estou aqui. Voltei.
Não era necessário haver mais alguma frase ou gesto. Beijaram-se, apaixonados. Abraçaram-se e beijaram-se, novamente. Como marido e mulher.
- Estás bem? – ela encostou a cara ao peito dele.
- Sim... Tu estás? Soube dos atentados...
- Eu estou bem... Não me aconteceu nada...
- Eu queria vir... – sentou-se ao lado dela, os lábios pousando no pescoço dela, ocasionalmente – Obi-Wan não deixou.
Padmé notou a ira na voz dele – Para que usas uma luva? – apontou para a mão direita dele.
- O braço... – a cara de Anakin ficou triste.
A jovem tirou-lhe a luva, revelando uma mão feita de metal, como a de um robot, e encostou-a à cara, fechando os olhos e sorrindo.
Uma das coisas que Anakin amava em Padmé era o facto de não repelir o seu braço direito. Qualquer outra rapariga ficaria assustada ao ver o amado com um braço de metal e rejeitaria o seu toque. Padmé era diferente. Aceitava o facto naturalmente e agia como se fosse de pele, carne e osso.
- Lutaste? – perguntou ela, abrindo os olhos.
- Nas guerras? – ela acenou – Não.
Ela reparou, com felicidade, que o rapaz já não tinha uma trança no cabelo. Só poderia significar uma coisa – O treino acabou?
- Nunca mais te vou abandonar... – abraçou-a e repetiu, de voz abafada – Nunca mais...
Padmé retribuiu o abraço e eles riram, contentes por estarem juntos. Finalmente, poderiam amar-se, sem obstáculos, sem mentiras, sem saudades um do outro, no paraíso que lhes pertencia.
