Duat

Autor (a): Phoenix

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Olá queridos leitores, acho que não preciso dizer o porque da demora deste capítulo, afinal todos já sabem da crise existencial pela qual passa meu PC; mas devo confessar que este não foi o único motivo, dado que a escritora aqui foi contaminada pela terrível "EASI" (Escritoras anônimas sem inspiração). Mas, eis que de vez em quando algumas idéias surgem e eu tenho que correr para não esquecê-las; perdoem-me se a estória não tomar o rumo esperado por vcs ou não estiver altura dos demais caps. Críticas e sugestões são sempre aceitas e altamente desejadas, exceto aquelas em que me mandam lavar roupa, pois eu detesto esta atividade; prefiro lavar pratos!

Um beijo a todas,

Phoenix!

CAPÍTULO 12

"Eu sou Hórus, o grande falcão.

O meu lugar está longe do de Seth, inimigo de meu pai Osíris.

Atingi os caminhos da eternidade e da luz.

Levanto vôo graças ao meu impulso.

Nenhum deus pode realizar aquilo que eu realizei.

Em breve partirei em guerra contra o inimigo de meu pai Osíris,

calcá-lo-ei sob as minhas sandálias com o nome de Furioso...

Porque eu sou Hórus, cujo lugar está longe dos deuses e dos homens.

Sou Hórus, o filho de Ísis"

O silêncio que seguiu àqueles acontecimentos ainda perdurou por um bom tempo; não se ouvia nada no deserto, como se todos os seres houvessem se calado em respeito aos exploradores. Depois de muito, o barulho da areia fofa sendo pisada começou a ser ouvido; de início bem levemente, mas o barulho ia aumentando indicando a aproximação furtiva de alguém ou alguma coisa. Como um chacal que espreita astuciosamente, ele foi se aproximando e vi, um a um, os corpos dos exploradores.

Temendo o pior, hesitou em tocá-los, mas a curiosidade e porque não, dizer, a ansiedade foram maiores e ele finalmente constatou que estavam realmente inertes. Procurou por todos e teve a mesma triste surpresa ao se deparar com o rosto de cada um deles. Por fim, procurou o caçador, mas sem sucesso. Ele não sabia, mas o lorde estava embaixo de toda aquela duna, que misteriosamente havia lhe coberto, como se a fofa areia tivesse atuado como movediça, engolindo seu corpo e calando para sempre sua voz.

Ali mesmo no deserto o homem sentou e, com a cabeça entre as mãos, levou um longo tempo refletindo sobre as mais diversas coisas, especialmente sobre o porque daquilo ter acontecido. Ele, mais do que ninguém, sabia como o deserto poderia ser implacável com seus visitantes, mas não esperava que isso acontecesse com aqueles que ele havia aprendido a gostar em tão pouco tempo.

Mas esperem aí: quem seria este misterioso homem? Vcs já sabem de quem eu estou falando não é? Pois bem, para quem ainda não sacou, é ele mesmo: Ardeth. Afinal de contas vcs não acharam que eu ia matá-lo...

Depois do incidente com as estátuas, ele, com a ajuda preciosa de Hórus, seu sempre fiel amigo, conseguiu escapar e se escondeu até estar mais forte e poder procurar pelos novos amigos. Mas qual não foi a sua surpresa ao encontrá-los abatidos pelo deserto. Enquanto permanecia sentado, e deixava discretas lágrimas escorrerem, viu a aproximação de seu falcão e estendeu o braço para que ele pousasse. A ave parecia inquieta e seu olhar, sempre sagaz denotava que havia algo estranho e que ele precisava comunicar.

Ardeth estava tão atordoado que não entendeu de início o que a ave queria lhe dizer e apenas lamentava pela vocação de algoz que o deserto teimava em exercer, mas notou que quanto mais lamentava, mais a ave se debatia, até que finalmente ele começou a entender: talvez o deserto tivesse atuado apenas como coadjuvante nesta história ...restava saber quem teria sido o algoz principal.

Ao mesmo tempo em que o homem de olhos negros fitava com tristeza os corpos combalidos dos exploradores, algo extraordinário, que nem os mais crentes poderiam supor, estava acontecendo em um outro plano, imperceptível para olhos e ouvidos mortais.

Vcs ainda lembram da maldição das pirâmides que foi citada lá no começo da nossa história? Vamos recapitular, de qualquer forma. Os exploradores foram avisados que ao aceitar a tarefa de ajudar Memptah, poderia recair sobre eles uma maldição. Pois é, mas quem disse que eles levaram isso muito à sério? Existia a lenda sobre a maldição das pirâmides, mas após o choque inicial diante desta revelação, deixaram a idéia de lado, não levando muito em consideração.

Sabe aquelas coisas que só acontecem quando vcs acredita? Pois é, os exploradores achavam que se não acreditassem na maldição ela simplesmente não aconteceria. Para ser mais exata ainda, para eles, a maldição era uma espécie de crendice, e os supostamente afetados por ela, na verdade, haviam sido afetados por seus próprios medos. Talvez fosse melhor para eles ter lembrado que "existem mais coisas entre o céu e a terra do que julga a nossa vã filosofia"!

"Ut declinemus et fugiamus oculos invidorum ab omnibus operibus nostris"

(Fugir dos olhos do invejoso, evitar que seu olhar caia sobre nossas ações)

São Tomaz de Aquino

O que os aventureiros não sabiam, e na verdade, ninguém poderia prever é que o ardiloso Suthameh havia preparado mais uma armadilha, a derradeira. Ele não acreditava que algum dia os vasos de Memptah pudessem ser encontrados, mas como "seguro morreu de velho", ele resolveu lançar uma maldição que recairia em quem ousasse tentar ajudar o faraó.

Sua obsessão era tamanha, que a simples possibilidade de que alguém encontrasse os vasos atormentava sua mente doente, então ele resolveu lançar uma maldição sobre os objetos, mais especificamente na sua associação entre: encontrar os objetos e levá-los até a pirâmide a fim de completar o ritual. Por esse motivo, é que, no exato momento em que puseram suas mãos nos vasos, os levaram até a pirâmide e tentaram, em seguida, deixá-la, os aventureiros tornaram-se reféns da maldição. Nada mais que um feitiço lançado por Suthameh.

Os deuses, apesar de todo o seu poder, não poderiam impedir que a maldição recaísse sobre os aventureiros, então decidiram revelar um lado positivo neste acontecimento aparentemente trágico.

Por favor não me chamem de louca depois de lerem o que vem a seguir. Na verdade, a morte dos exploradores poderia e deveria ser encarada como uma espécie de segunda chance. Isso mesmo, uma segunda chance! Enquanto o tuaregue quebrava sua cabeça tentando dar sentido aos acontecimentos, os aventureiros eram transportados para uma espécie de limbo, onde poderiam "ver" suas vidas passadas, na verdade, a última vida da qual fizeram parte.

Para que vcs não fiquem mais perdidos do que já devem estar, vou fazer um compacto do que vai acontecer: os aventureiros terão uma chance de voltar no tempo e corrigir as coisas que não deram certo na primeira vez. Mas, mesmo se conseguirem resultados positivos, eles ainda terão outra tarefa: precisarão voltar para o mundo dos vivos! E aí começa outra batalha, onde eles deverão trilhar os caminhos do reino de Duat e terão exatas doze horas para realizar esta tarefa: passar pelas casas da navegação noturna e vencer os perigos a fim de voltar.

Deste modo, vcs devem agora ter pelo menos uma pergunta em mente: quem eram eles na outra vida? Pois bem, vcs querem estória, vamos à ela ...

Foi há muito tempo atrás ... os tempos eram outros, mas as ambições humanas não eram tão diferentes assim. Os homens lutavam por poder e dinheiro, além da vantagem de desfrutar de belas mulheres. Estas, por sua vez, tinham como paixão, homens poderosos e jóias, muitas delas, de todos os matizes, e quilates.

É neste período que encontramos 5 personagens muito interessantes: O dr. George, o Lord Jonathan, a cortesã Margie, o jovem sonhador Ed e a inocente Veronik. Todos levavam suas vidas de acordo com as possibilidades oferecidas pela época e por suas condições sociais, e estavam, todos eles, ligados entre si das mais variadas formas. Mas o que há de interessante neles? Tirando o fato de que correspondem as últimas encarnações de nossos exploradores... há o fato de que suas vidas chegaram ao fim, naquela época, sem que tivessem concluído certas coisas. Entenderam agora porque eu falei de segunda chance?

O dr. George era um eminente cientista em sua época; respeitado por todos, pois sempre encontrava engenhosas soluções para os mais diversos problemas. A maior delas foi quando decidiu construir uma arma de guerra, cujo poder de fogo jamais havia sido conhecido pelo homem. Sem dúvidas, aquela havia sido sua maior invenção e ao mesmo tempo, seu maior erro. Sua perdição como ele concluiria mais adiante. Antes mesmo que ele pudesse das os últimos retoques em sua invenção, ela foi roubada e acabou por cair em mãos inescrupulosas, que não hesitaram em transformar aquela invenção, em um instrumento de destruição em massa.

O brilhante cientista não agüentou o fardo de ter construído algo tão destruidor, cuja potência ele não havia imaginado e se isolou do mundo, destinado a se penalizar pelo absurdo que havia cometido. Foi assim que ele tornou-se um andarilho e embrenhou-se nas matas, jurando ir até os confins da Terra. Ouviu-se dizer que morreu, vítima de uma erupção vulcânica. Nunca se soube a verdade.

A cortesã Margie era uma belíssima mulher, disputada pelo mais nobres homens da época, mas nenhum deles foi capaz de despertar o amor naquela mulher, nem mesmo o mais charmoso dos lordes. Não era o amor, mas a ganância que guiava as ações daquela mulher e foi por causa disso, que ela arquitetou um miraculoso plano para roubar algo bastante importante para os poderosos e assim, receber seu espetacular pagamento: jóias. Muitas delas. Entretanto, nem sempre as coisas acontecem como se espera e, no exato momento em que a mulher fugia como seu precioso pagamento, cortando a noite em seu luxuoso coche, ela foi surpreendida por uma avalanche. Foi esse desastre natural, em uma estrada deserta que pôs fim a saga da cortesã, que, em troca de jóias, vendeu um dos mais poderosos segredos científicos da época: a arma do dr. George.

Veronik era uma bela e inocente jovem que, devido a falência de sua família, passou a ser vista como uma fonte em potencial para adquirir recursos financeiros e manter a todos. É claro que ela não sabia disso, mas seu pai tinha planos de casá-la o mais rápido possível com um nobre e assim, voltar a ter a boa vida a que estava acostumado. Foi aí que apareceu a proposta do Lord Jonathan, e ele não pensou duas vezes em mandar sua filha cruzar o oceano, como um presente para os caprichos no nobre. O que ele não sabia, é que a jovem jamais chegaria a seu destino. Um maremoto extremamente violento e nunca antes visto, tragou o barco, cujos destroços nunca foram achados.

O jovem Ed, amava tanto Veronik quanto ela o amava, mas ambos sabiam que este era um amor proibido, com pouquíssimas chances de dar certo algum dia. Mesmo assim ele não desistia, e já que a família dela fazia questão de um noivo afortunado, ele trabalhava noite e dia nos mais diversos ofícios, com o único intuito de juntar dinheiro suficiente para o dote da jovem. Por este motivo, ele ficou tão desesperado ao saber o destino reservado a ela; a única coisa que conseguiu pensar, foi que deveria partir para salvar sua amada e isso ele fez. A tragédia da falha do balão e seu fracasso não diminuíram o ato heróico que foi capaz de fazer por amor.

Resta sabermos sobre o lord com quem Veronik iria se casar. Bem, mesmo que a jovem prometida tivesse chegado a seu destino são e salva, ela não encontraria ninguém para casar. O lord não era apenas charmoso e rico... ele também era encrenqueiro até demais. Seu jeito arrogante, sempre dono de si e do mundo irritava muitas pessoas, entre elas o Lord Adams. Sempre que se encontravam, era briga certa, mas os dois sempre iam embora sem maiores problemas, mas naquele dia foi diferente. Desiludido por ter sido rejeitado pela mulher que realmente amava, a cortesã Margie, nem mesmo a idéia de casar com uma bela jovem o animava. Talvez mesmo procurando o seu fim, em um dos encontros com Adams, ele o desafiou para um duelo de espadas. Bêbado, como estava anadando naqueles últimos tempos, seus reflexos ficaram prejudicados impedindo que ele se defendesse do golpe fatal: uma luta de espadas, tão comum na época, pôs fim ao lord Jonathan.

Ou seja, as coisas haviam se dado basicamente assim:

George desiludiu-se da vida por ter tido seu segredo mais precioso roubado e se tornado uma ameaça à humanidade; este roubo foi obra da ardilosa Margie, que pensou em sair de cena e levar uma vida farta e luxuosa em alguma parte deste enorme mundo pronto para ser depenado por ela. Ao fazer isso, ela larga para trás o charmoso Jonathan, que, desiludido e abandonado, resolve fazer a besteira de comprar uma noiva que estava perdidamente apaixonada por outro. A jovem não aceita ser tratada como coisa, vendida a um nobre, mas não tem outra opção. Ops! Quem disse que não? Os mistérios de um revolto oceano põem um fim na viagem, tragando a bela jovem em suas águas azuis, como os olhos dela. Seu amado Ed bem que tenta resgatá-la, no mais perfeito estilo cavaleiro e armadura, tirando é claro, o cavalo e armadura e pondo em seu lugar, um balão de ar quente e toda a coragem que conseguiu reunir! Infelizmente, ele não conseguiu chegar até seu destino, mas foi melhor do que ter visto sua amada casada, ou pior, saber que ela havia sido tragada pelo mar. O Lord Jonathan não foge a sua vocação de cavaleiro e encontra seu fim na ponta de uma espada delicadamente talhada e feita do mais precioso metal.

Relatado o caso, partimos agora para a solução. Assim como no Egito Antigo, também nesta época todos eles haviam morrido. Como seria possível consertar as coisas então?

CONTINUA ...

Informações adicionais:

Só a título de curiosidade, se fosse feita uma autópsia no corpo dos exploradores, é bem provável que não houvesse ninguém para dizer que as mortes haviam sido conseqüência de maldição, mas sim de coisas muito mais simples e absolutamente explicáveis. Muitos estudos foram feitos e muitas teorias surgiram sobre as mortes de pessoas ligadas às pirâmides.

Uma delas é a hipótese das radiações: Acredita-se que os sábios e sacerdotes egípcios conheciam o urânio e é possível que se tenham se utilizado da radioatividade para proteger seus santuários. Inúmeros arqueólogos se queixaram de cansaço e outros deram mostras claras de problemas mentais e depressão, sintomas comuns daqueles afetados por radiação. Nem todas as pessoas tiveram a mesma reação às radiações, assim muitos cientistas sofriam alterações fisiológicas pouco tempo depois de começar seu trabalho nas tumbas ou nas múmias. Em outros, os efeitos apareciam meses ou até mesmo anos depois. Uns morriam inesperadamente e outros sofriam problemas cerebrais ou embolias. E muitos outros aparentemente não sofriam nenhum sintoma. Entretanto, nenhum detector de radiações permitiu demonstrar a presença de alguma substância que tenha estas propriedades. Para apoiar esta tese, há referências ao naufrágio do Titanic. Lord Canterville levava naquele navio da Inglaterra à Nova York a múmia de uma famosa pitonisa egípcia da época de Amenofis IV encontrada em Tell-el-amarna. Devido ao seu extraordinário valor e delicadeza, não se atreveram a guardá-la na parte de cargas. A presença da múmia foi relacionada a estranha conduta do capitão do barco, que fez e disse coisas estranhas no dia do naufrágio, algumas das quais foram relacionadas com o maior número de vítimas.

Houve também a hipótese do "aspergillus niger": Em 1962, o Dr. Ezz Eldin Taha, médico biólogo da Universidade do Cairo, descobriu a presença de um fungus, o "aspergillus niger"nos exames feitos em vários arqueólogos que há muito tempo apresentavam uma infecção chamada de "sarna copta", onde surgiam equizemas na pele das mãos e às vezes nas vias respiratórias. Segundo os estudos do Dr. Taha, os aspergillus viviam nas múmias e nas sepulturas fechadas e provocavam febre e inflamação das vias respiratórias, podendo ser a explicação da suposta "maldição dos faraós", com a qual podia se combater com antibióticos.

Mas ainda havia aqueles que acreditavam na hipótese do veneno: Mais uma das teorias que foram encontradas para explicar racionalmente a "maldição dos faraós", foi a do veneno que os sacerdotes, hábeis na preparação de substâncias tóxicas pudessem ter colocado nas tumbas depois de terem sido fechadas. Os egípcios conheciam a existência e a obtenção do ácido prússico ou cianídrico a partir dos ossos de molocoton. Este gás causa a morte instantânea por asfixia. O fato de fechar hermeticamente a tumba como se fazia no Egito, contrasta com o conceito religioso de deixar abertura para que o Ka (espírito) possa sair. Eles também conheciam o mercúrio que evapora no frio, sendo perigoso para o sistema nervoso. Os defensores desta hipótese se baseiam em detalhes como os pequenos buracos que os ladrões de tumbas faziam nas portas, tendo como finalidade deixar sair o gás venenoso, por terem visto morrer alguns de seus companheiros em ocasiões anteriores. Outro detalhe é a existência de cadáveres de ladrões de tumbas encontrados perto da múmia, mortos por causas desconhecidas.

DISCLAIMER: Os personagens aqui citados fazem parte da série "Sir Arthur Conan Doyle's The Lost World", não sendo, portanto de propriedade do(a) autor(a) desta fanfiction.